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AS TÉCNICAS PARA COLETA DE DADOS

No documento CONTROLESOCIAL,FAMÍLIAESOCIEDADE (páginas 118-121)

O PROCESSO DA PESQUISA  Conteúdo

AS TÉCNICAS PARA COLETA DE DADOS

De acordo com os objetivos defi nidos para o estudo, as informações poderão ser obtidas de di- ferentes fontes e três são as principais: a utilização de documentos, a observação e entrevistas e ques- tionários. As fontes devem ser entendidas como os espaços, locais ou pessoas que irão fornecer os da-

dos para a investigação. As fontes se classifi cam em primárias e secundárias; as primárias se referem ao produto de informações elaborado pelo autor como artigos, livros, relatórios, dissertações, entre outros. As fontes secundárias revelam a participação de um segundo autor, por exemplo, os autores citados nas bibliografi as.

Os documentos se referem ao material escrito ao qual o investigador poderá ter acesso, podendo dis- tinguir-se em: documentos ofi ciais (normalmente proveniente de governo ou empresas), documentos pessoais, material de imprensa e utilitários (catálo- gos, folhetos etc.).

A observação como técnica para coletar dados deverá estar atendendo as características próprias de cada pesquisa e se realiza através do contato do investigador com o fenômeno em estudo. Esta téc- nica é fundamental em pesquisas sociais, pois per- mite apreender fatos e aspectos para os quais, outros tipos de instrumentos se mostram limitados, con- tudo deve ser utilizada de forma combinada com outras técnicas.

Segundo Dencker (2001, p. 146) a observação pode ser realizada de duas formas: direta e indireta. “Observação direta, como o próprio nome já diz, é a realizada diretamente sobre o objeto da observação, enquanto a indireta é feita de tal modo que o obser- vado não se percebe como o principal elemento da investigação”.

A entrevista é compreendida como um diálogo entre duas pessoas (entrevistador e entrevistado) com objetivos claramente defi nidos. Esta técnica permite obter as informações diretamente da pes- soa, bem como a observação de toda a situação e reação do entrevistado. Assim como a observação, a entrevista como técnica para coleta pode ter sua validade questionada tendo em vista a possível in- fl uência do entrevistador nas respostas do entre- vistado ou mesmo, a distorção que pode ocorrer na análise do obtido. Entretanto, em que pesem esses aspectos, Minayo (1992, p. 59) destaca a importân- cia da noção de entrevista em profundidade “que possibilita um diálogo intensamente correspondido entre entrevistador e informante [...] Esse relato for-

nece um material extremamente rico para análises do vivido”.

Para se alcançar a validade nas respostas é impor- tante preparar a entrevista atentando-se ao que será indagado e cercando-se de certos cuidados para não interferir nas respostas do entrevistado. Quanto à organização buscar marcar com antecedência, obter algum conhecimento prévio sobre o entrevistado, preparar as perguntas e criar uma situação de dis- crição. No decorrer da entrevista é importante estar mais preparado para ouvir do que para falar, inter- vir no momento oportuno em que uma questão tenha relevância para ser aprofundada e buscando manter-se fi el aos objetivos da entrevista não per- mitindo desvios no que se pretende.

O questionário pode ser defi nido como um ins- trumento impessoal e que permite maior facilida- de na coleta de informações. Neste instrumento o investigador estabelece as questões, cujas respostas serão obtidas de forma escrita e o entrevistado po- derá responder livremente ou assinalar as alternati- vas predeterminadas.

Assim, o questionário poderá apresentar per- guntas do tipo aberta e/ou fechada, dependendo do objetivo da pesquisa. As perguntas abertas são aquelas que permitem a livre resposta do entrevis- tado, fi cando ao seu critério a extensão da resposta a ser fornecida. As perguntas fechadas são aquelas cujas respostas já se encontram previamente esta- belecidas, fi cando o entrevistado no papel de so- mente assinalar a alternativa que achar mais ade- quada.

A elaboração de um questionário requer alguns cuidados por parte do investigador: procurar ini- cialmente explicar de forma objetiva a fi nalidade do questionário não se esquecendo de agradecer a colaboração de quem o respondeu, apresentar as questões de forma compreensível e com palavras e termos que sejam amplamente conhecidos, atentar- se somente aos objetivos da pesquisa, limitá-lo em extensão e cuidar para não ser tendencioso. Sugere- se testar os questionários antes de aplicá-los, ou seja, realizar um pré-teste onde um grupo pequeno esta- rá respondendo o questionário de modo a identifi -

car seus pontos falhos e que mereçam ser revistos, a fi m de que verifi car se atendem às expectativas. A COLETA DE DADOS EM CAMPO

No âmbito das pesquisas empíricas, a fase da coleta de dados em campo corresponde a uma das etapas mais importantes, uma vez que serão essas informações responsáveis por compreender a forma de manifestação do fenômeno na realidade objetiva possibilitando responder o problema inicialmente colocado.

Após a elaboração do projeto, parte-se para a execução do planejado e nessa fase parte-se para a coleta de dados em campo, caso a tipologia defi nida seja do tipo empírica.

Minayo (1992 apud CRUZ NETO, 2001) defi ne como campo de pesquisa “o recorte que o investi- gador faz em termos de espaço, representando uma realidade empírica a ser estudada a partir das con- cepções teóricas que fundamentam o objeto da in- vestigação”.

Seguindo esta orientação a obtenção de informa- ções no campo empírico adquire algumas peculia- ridades.

Considerando que estaremos tratando com os sujeitos em sua dinâmica de vida, é necessária uma aproximação com as pessoas que atuam no âmbi- to da localidade selecionada para o estudo. Duarte (2008) afi rma que em geral as pesquisas de cunho qualitativo utilizam preferencialmente entrevistas como instrumento para obtenção de informações, disso decorre que um dos problemas iniciais a se- rem enfrentados pelo pesquisador é a seleção e deli- mitação do grupo a ser utilizado.

A aproximação com os integrantes do univer- so delimitado para o estudo não se dará de forma abrupta ou do dia para a noite, requer uma gradua- ção a fi m de fi rmar relações favoráveis e respeitosas. Para que se estabeleçam boas relações entre o in- vestigador e a comunidade pesquisada, é fundamen- tal que desde o início seja apresentada a proposta de trabalho ou o projeto de pesquisa, com vistas a deixar claro o que se pretende e qual o papel que o grupo desempenhará na investigação. Nesse caso, o

investigador deverá responder quais são suas pre- tensões e esclarecer as possíveis repercussões, que o trabalho terá. A transparência é condição para uma ação cooperativa.

Minayo (2001) destaca que o pesquisador deve entrar no trabalho de campo, desprovido de pre- conceitos e de idealizações prévias, buscando iden- tifi car situações ou levar a respostas que já pretenda antecipadamente encontrar. O trabalho de pesqui- sa, muitas vezes, pode oferecer respostas e resulta- dos surpreendentes, diferentes do que se pretende alcançar, daí compreender que o campo traz novas possibilidades e novas revelações.

Sobre este aspecto é preciso destacar que o posi- cionamento do pesquisador, pode levar a respostas induzidas em função da postura com que se coloca frente aos sujeitos que estarão respondendo os ins- trumentos.

Quando se trata de pesquisas qualitativas o ob- jetivo principal é identifi car o signifi cado dos fenô- menos a partir da perspectiva do outro, e isso signi- fi ca despir-se de visões preconcebidas valorizando o que se ouve e o que se observa em seu contexto de existência. Isso vai além da mera tentativa de ade- quar o que se ouve e observa, a algum quadro ou categoria estabelecida.

Além dos aspectos citados, Cruz Neto (2001) destaca que a atividade da pesquisa não se limita a aplicação e tabulação de técnicas refi nadas dando destaque ao papel que a teoria desempenha, dando signifi cado ao que se busca captar no campo de vi- vência da comunidade em estudo.

Duarte (2008, p. 143) afi rma que:

Numa metodologia de base qualitativa o número de sujeitos que virão a compor o quadro das en- trevistas difi cilmente pode ser determinado a priori – tudo depende da qualidade das informações obti- das em cada depoimento, assim como da profundi- dade e do grau de recorrência e divergência destas informações.

Isso não quer dizer que não se deva defi nir uma quantidade mínima de entrevistas a serem feitas. Tudo dependerá do que se pretende investigar, as-

sim às vezes a entrevista será realizada com um grupo reduzido de pessoas cujas informações são qualitativamente importantes, por exemplo: líderes comunitários, religiosos, diretores ou formadores de opinião. O recomendado é que vá se realizando as entrevistas até se chegar ao chamado “ponto de saturação”, porém já se sabe que o número de vinte tem se mostrado adequado para muitos estudos.

Às vezes ao se realizar o levantamento e a organi- zação das informações obtidas, verifi ca-se a neces- sidade de voltar ao campo para acrescentar dados ou sanar dúvidas sobre pontos que permaneceram obscuros. Um bom planejamento poderá minimi- zar este tipo de ocorrência, nem sempre favorável devido ao tempo com o qual normalmente se conta para realizar o estudo.

A entrevista não deve ser vista como um proce- dimento neutro e despretensioso, uma vez que re- trata a visão dos sujeitos que compõem o universo de investigação, sobre a situação em foco no estudo. Não é, portanto, uma conversa informal, ou bate- papo. Sua organização deve ser cuidadosamente preparada, as perguntas deverão ser elaboradas com antecedência, havendo a possibilidade de se inserir novas questões durante a realização da entrevista, a depender das respostas obtidas e do grau de profun- didade alcançado.

Neste procedimento obter-se-á dados objetivos e subjetivos. Os objetivos se referem aos registros elaborados e normalmente representados por meio de gráfi cos, sensos, tabelas, entre outros; já os subje- tivos se referem às opiniões dos entrevistados, suas visões, idiossincrasias e forma de concepção.

Quanto à forma de realização, a entrevista pode- rá ser realizada individualmente ou em grupos, e o pesquisador desempenhará um papel fundamental de apresentar a questão e animar e coordenar a dis- cussão.

Vale ressaltar que a discussão de grupo conforme ilustrada anteriormente complementa as entrevistas individuais e a observação participante.

A observação participante é uma técnica para ob- tenção de informações, que se realiza por meio do contato do pesquisador com a realidade dos sujeitos

que estão sendo investigados, no seu espaço e con- texto.

O valor deste tipo de procedimento é a possibili- dade que oferece para o investigador em apreender diferentes situações que normalmente não se obtém na entrevista ou na utilização de outro instrumento para coleta de dados. Outro aspecto importante é a possibilidade do confronto entre o que se fala e o que se observa. É evidente que, o apreendido na ob- servação do investigador é marcado pelas suas con- cepções, contudo a clareza na abordagem teórica irá representar o diferencial e estará “atravessando” o processo de investigação na sua totalidade.

Importa destacar que a observação compõe o processo de coleta de informações empíricas, po- rém em função das suas características, sempre será articulada a outros instrumentos a fi m de se alcan- çar a validade científi ca.

O registro poderá ser feito por meio de relatórios diários ou dos chamados diários de campo ou diá- rios de observação, que objetivam relatar todos os eventos e episódios ocorridos no campo empírico, visando garantir a “memória” desses fatos.

A ORGANIZAÇÃO DOS DADOS OBTIDOS

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