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COMO ASSESSOR/CONSULTOR  Conteúdo

No documento CONTROLESOCIAL,FAMÍLIAESOCIEDADE (páginas 184-188)

• A prática profi ssional do Assistente Social como consultor/assessor • Condições e locais de atuação do assistente social como consultor/assessor

 Competências e habilidades

• Compreender que a inserção, manutenção e atuação do Assistente Social no desenvolvimento de consultorias/assessorias demandam conhecimento técnico e estratégias de intervenção • Possibilitar a discussão sobre a ampliação do mercado de trabalho e o projeto ético-político

do Serviço Social

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2 h-a – via satélite com professor interativo 2 h-a – presenciais com professor local 6 h-a – mínimo sugerido para autoestudo

No Brasil a formação da profi ssão de assistente social é generalista, ou seja, não direciona a prática para campos específi cos, fi cando as especializações e direcionamento da atuação a cargo do interesse do profi ssional e da qualifi cação no exercício do efetivo trabalho.

Alguns campos de trabalhão são tidos como “naturais” e/ou “específicos” do assistente so- cial, em virtude de sua atuação já sistematizada e reconhecida como campo tradicional, como é o caso das políticas públicas de saúde, assistência e previdência social, habitação, segurança públi-

ca, empresas, entre outros. No entanto, o leque de possibilidades para esse profissional está aber- to, considerando as demandas, já tradicional- mente conhecidas e as que requerem na atuali- dade um “olhar” diferenciado para as demandas emergentes, como é o caso da “pesquisa social” em diferentes áreas, como também, outros temas de relevância social como: meio ambiente e suas interfaces, economia informal, microempresas, catástrofes naturais, a atual mundialização ou globalização das relações político-econômicas; o Serviço Social e a economia informal; e tantas

outras temáticas1, mais gerais ou específicas, mais

desenvolvidas ou emergentes.

Por meio da pesquisa social, podem-se pautar ca- minhos, conhecer e fundamentar a realidade para o processo de intervenção e também conhecer os movimentos da sociedade e as tendências tecno- operativas dos profi ssionais, possibilitando, em al- guns casos os meios para o processo de prestação de serviços em consultorias/assessorias. De acor- do com Fonseca (2009, p. 3. Disponível em www. assistentesocial.com.br/agora3/fonseca.doc. Acesso em 28.7.2009) “no atual debate da categoria, pensar sobre os novos espaços de trabalho e as novas com- petências profi ssionais tornou-se pauta constante e refl etir sobre as questões que envolvem a qualidade do fazer profi ssional coloca-se como uma demanda prioritária ao assistente social.

Novas possibilidades se apresentam e necessi- tam ser apropriadas, pois, se o assistente social não se apropriar outros profi ssionais o farão, absorven- do campos antes ocupados por ele. É importante que o assistente social esteja atento, e não se apri- sione a uma visão burocrática e rotineira do ser- viço social, pois as transformações na sociedade e no mundo do trabalho estão acontecendo diutur- namente, exigindo a polivalência, o conhecimento técnico, mas também, o conhecimento em outras áreas, como a informática, domínio em outros idiomas, fl exibilidade e disposição para o trabalho em equipes multiprofi ssionais e disposição para o aprendizado.

Diante da complexidade das situações vivencia- das pela categoria, consideramos a assessoria/ consultoria necessárias, possíveis e viáveis, ainda que reconheçamos que não sejam sufi cientes, nem possamos assegurar as reais consequências de um processo que envolve unidade formadora e meio profi ssional, nas suas respectivas complexidades e diferenças, mas antes de tudo na sua unidade. (VASCONCELLOS, 1998, p. 123)

1 De acordo com o livro do MONTANO, Carlos. A Natureza do servi-

ço social: um ensaio sobre sua gênese, a “especifi cidade” e sua repro- dução. – São Paulo: Cortez, 2007. p. 195.

O avanço do debate da categoria, tendo por base uma ação profi ssional pautada no compromisso ético-político condicionará sua prática e dará su- porte ao seu “fazer” profi ssional como consultor ou assessor em um trabalho social e na prestação de serviços. Talvez seja complexo ou mesmo confuso pensar no serviço social sem que o mesmo esteja vinculado a alguma entidade, empresa ou mesmo governo, campos tradicionais de atuação profi ssio- nal; pois, mesmo que o serviço social tenha sido regulamentado como uma profi ssão liberal, no seu bojo de atuação não tem visto essa prática, haja vis- ta, que na discussão dos processos de trabalho sem- pre falta elementos que nos coloca a necessidade de um vínculo institucional, expressa pela venda da força de trabalho, para o atendimento dos usuários. Mas segundo Fonseca (2009, p. 6),

É possível pensarmos a formação da categoria dos assistentes sociais enquanto força de trabalho inseri- do no setor de serviços, o qual se situa no campo das políticas sociais públicas e privadas. (...) Os trabalha- dores que atuam no setor de serviços, entre eles o assistente social, são possuidores e propagadores de saberes e práticas diferentes que se interligam.

Ressalte-se que para qualquer área de atuação a competência político e teórico-metodológica, como também, o domínio dos recursos técnico-instru- mentais são alicerces necessários para um bom de- sempenho e sobrevivência no meio.

Pensar a assessoria como atribuição do assistente social leva-nos a refl etir sobre uma área de atuação do profi ssional que requer preparo técnico, emba- samento teórico e comprometimento ético-políti- co. O profi ssional deve mobilizar-se no sentido de ocupar esse novo campo que se confi gura nos no- vos formatos do mundo do trabalho. (FONSECA, 2009, p. 12)

Outro aspecto a considerar é que as múltiplas ex- pressões da questão social possibilitam a abertura aos profi ssionais da área de serviço social de atua- rem em relação à defesa dos direitos humanos e so- ciais, com a construção e preservação da cidadania,

a participação e mobilização social e na operacio- nalização e garantia efetiva de direitos. Todo esse processo pode ser fomentado na prática, no apon- tamento e trabalho das defi ciências, nos limites e falta de recursos e possibilidades da equipe, tendo por meio da consultoria – assessoria, respostas con- cretas e imediatas àquela respectiva demanda. Para o referido autor,

muitas vezes “nesse processo o assessor contribui por ser um agente externo com um olhar diferen- ciado e especializado sobre a questão problemática; enquanto o assessorado contribui com o mapea- mento das demandas e a facilitação das informa- ções” mais rotineiras, necessárias à desconstrução do problema ou na implementação de alternativas (p.14 – grifo meu).

De acordo com Vasconcellos (1998), “a asses- soria/consultoria é um recurso há muito utilizado pelos assistentes sociais junto a diferentes grupos populacionais...”. Esse pensamento é complementa- do por Fonseca (p. 13), que acredita que “a asses- soria presta grande contribuição para a categoria profi ssional, já que durante o processo ocorre um enfrentamento das questões de maior complexidade no universo do assessorado, que a princípio serão superadas com o auxílio da atividade de assessoria”.

Então, esse texto, pressupõe que o profi ssional para estar apto a prestar assessoria/consultoria deve atuar de forma crítica e comprometida com o ca- ráter ético-político da profi ssão, conhecer os me- andros e necessidades da realidade posta na qual vai assessorar, saber utilizar os instrumentais ope- rativos, dispor de estratégias de acompanhamento e avaliação, enfi m atuar nas atividades inerentes às competências profi ssionais. Para Fonseca (2009, p.14-15),

O processo de trabalho do assistente social na ati- vidade de assessoria deve ser pensado como pos- sível campo de trabalho, já que esta atividade vem gerando postos de trabalho para a categoria e pos- sibilitando a otimização do enfrentamento das re- quisições que surgem nos espaços de trabalho. Por- tanto é necessário que cada vez mais profi ssionais

procurem a competência da atividade de assessoria a fi m de não perderem possíveis oportunidades de trabalho até mesmo em outras áreas do conheci- mento que podem se benefi ciar da singularidade do trabalho do assistente social.

A assessoria/consultoria, para Fonseca (2009, p.15 – 17) pode se dar de diferentes formas e condi- ções profi ssionais, dependendo dos casos expressos:

Nas experiências em que o assessor é um assistente social e o assessorado é uma equipe ou profi ssional da mesma categoria, é possível estabelecer uma re- lação de troca, em que o assessorado fornece todas as informações a respeito de suas rotinas de traba- lho de refl exão entre as partes envolvidas enquanto o assessor mapeia as possíveis rotinas a serem im- plantadas ou abordadas.

Nas experiências em que o assessor é uma empresa privada especializada em assessoria de projetos so- ciais, as relações podem ser verticais no sentido de que o profi ssional que presta serviços é visto como o detentor do conhecimento e da responsabilidade específi ca para a “solução” ou “direção” de determi- nados eixos do trabalho, sendo a relação contratu- al temporária para determinadas situações. Nestes casos a assessoria está centrada no trabalho dos profi ssionais liberais que a prestam em diferentes instituições e signifi ca a possibilidade de assessorar com base em conhecimentos específi cos acumula- dos por esse profi ssional.

Nas experiências em que o assessor é uma equipe de graduandos e o assessorado uma determinada equipe da instituição, o assessor traz uma gama de conhecimentos novos e úteis ao desenvolvi- mento e à implementação do trabalho do asses- sorado. Esse tipo de assessoria está muito ligado à competência adquirida num plano de ensino da formação, do ponto de vista do conhecimento que é viabilizado através de programas de projetos ex- tensionistas.2

2 A assessoria como forma de articulação teoria/prática no âmbito da

universidade dá-se por meio das atividades de pesquisa, ensino e ex- tensão. O aluno desenvolve e apreende conteúdos teóricos que irão habilitá-lo a prestar assessoria sobre determinados conteúdos que irão ampliar o leque de sua formação profi ssional.

Nas experiências em que o assessor é um assisten- te social ou equipe de serviço Social e o assessora- do é entidade da categoria profi ssional, o assessor auxilia o assessorado, numa relação horizontal, a construir e viabilizar alternativas de avanços dos projetos societários daquela respectiva categoria. Quando a assessoria se dá na esfera educacional, o assistente social contribui como profi ssional que possui o olhar sobre as questões sociais que emer- gem nas relações interdisciplinares, no trato dos temas transversais e nas relações professor-aluno.

Para que o profi ssional de serviço social seja um assessor/consultor, não precisa necessariamente que ele esteja vinculado à academia, como já des- crito anteriormente, é importante que o referido profi ssional esteja engajado e comprometido com o compromisso ético da profi ssão, que seja atualizado em relação aos debates e produções teóricas e que esteja qualifi cado para o desempenho do trabalho que se propõe a realizar.

É relevante observar que entre as competências do assistente social, expresso na lei de regulamenta- ção da profi ssão (8662 de 7/6/93), no art. 4o, inciso

VIII, temos que: “prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo e inciso IX, que reza sobre: prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direi- tos civis, políticos e sociais da coletividade (CRESS 7a região. p. 33:34).

Outros espaços que podem ser oferecidos o tra- balho de consultoria/assessoria, pelo assistente so- cial: conselhos na perspectiva de fortalecimento do controle democrático e ampliação da participação de usuários(as) e trabalhadores(as); no poder judi- ciário, por determinação do juiz; em empresas, que requer uma leitura crítica e lógica do capitalismo e suas implicações; nas universidades, como organis- mo de formação e de produção de conhecimentos.

Percebe-se com o texto acima, que os campos sócio-ocupacionais do assistente social se ampliam na medida em que as questões sociais se redimen-

sionam, trazendo modifi cações ao mercado de tra- balho e como diz Iamamoto (2008, p. 77).

O Código de ética nos indica um rumo ético-polí- tico, um horizonte para o exercício profi ssional. O desafi o é a materialização dos princípios éticos na cotidianidade do trabalho, evitando que se trans- formem em indicativos abstratos, descolados do processo social. Afi rma como valor ético central, o compromisso com a nossa parceira inseparável, a liberdade. Implica a autonomia, emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais, o que tem repercussões efetivas nas formas de realização do trabalho profi ssional e nos rumos a ele impressos.

Dessa forma podemos concluir que cada vez que cresce as demandas da população usuária, mais há necessidades da intervenção profi ssional e assim, muitos caminhos e possibilidades se descortinam, favorecendo e ampliando os campos de interven- ção, e entre estes, temos as consultorias/assessorias.

Unidade Didática – T

eoria e Prática em Serviço Social

AULA

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O ASSISTENTE SOCIAL NO ESPAÇO ESCOLAR:

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