• Nenhum resultado encontrado

CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO Curso de Direito

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO CAMILO Curso de Direito"

Copied!
86
0
0

Texto

(1)

Curso de Direito

Julia Trevisol Piazzarollo

ENSINO JURÍDICO CAPIXABA: ANÁLISE DO PERFIL DAS GRADES DE FORMAÇÃO DOS CURSOS DE DIREITO DAS FACULDADES DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM E VITÓRIA NOS ÚLTIMOS 10 ANOS – ESCOLHA E APLICABILIDADE

Cachoeiro de Itapemirim/ES

2016

(2)

ENSINO JURÍDICO CAPIXABA: ANÁLISE DO PERFIL DAS GRADES DE FORMAÇÃO DOS CURSOS DE DIREITO DAS FACULDADES DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM E VITÓRIA NOS ÚLTIMOS 10 ANOS – ESCOLHA E APLICABILIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito do Centro Universitário São Camilo/ES, orientado pelo Profº Cristiano Hehr Garcia, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.

Cachoeiro de Itapemirim/ES

2016

(3)

ENSINO JURÍDICO CAPIXABA: ANÁLISE DO PERFIL DAS GRADES DE FORMAÇÃO DOS CURSOS DE DIREITO DAS FACULDADES DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM E VITÓRIA NOS ÚLTIMOS 10 ANOS – ESCOLHA E APLICABILIDADE

Cachoeiro de Itapemirim/ES, de novembro de 2016

_

Professor Orientador: Cristiano Hehr Gracia

_

Professor Examinador (nome)

_

Professor Examinador (nome)

(4)

PIAZZAROLLO, Julia Trevisol. Ensino Jurídico Capixaba: Análise do perfil das grades de formação dos cursos de Direito da Faculdades de Cachoeiro de Itapemirim e Vitória nos últimos 10 anos – escolha e aplicabilidade. 2016. 86f. Trabalho de Conclusão de Curso – Centro Universitário São Camilo, Espírito Santo, 2016.

RESUMO

A presente monografia busca fazer uma amostragem sobre o ensino jurídico capixaba, de forma a analisar os perfis das grades de formação dos cursos de direito das principais faculdades de Cachoeiro de Itapemirim e Vitória, qual seja, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Faculdade de Direito de Vitória (FDV), Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim (FDCI) e do Centro Universitário São Camilo - ES nos últimos 10 anos, qual critério de escolha das grades e sua efetiva aplicabilidade. Em meio à crise enfrentada pelos cursos de Direito, desde sua implantação no Brasil, faz-se necessária uma análise mais detalhada para, enfim, encontrar um meio para solucionar os problemas enfrentados pelos docentes, discentes e pelas Instituições de Ensino Superior nessa área. Para tanto, utilizou de pesquisa bibliográfica, legal e documental, como artigos científicos, resoluções e portarias, material pedagógico e documentos relacionados aos cursos de cada Instituição pesquisada, principalmente seus Projetos Políticos Pedagógicos. Ao final, conclui-se que em quase todos os aspectos, os cursos ofertados por essas instituições se equiparam na oferta de ensino, notando-se poucas diferenças. Com um Projeto Político Pedagógico “padrão”, as faculdades tem ofertado um currículo mínimo estabelecido pelo Ministério da Educação, indo em busca apenas de lucros e bons resultados em exames e concursos, o que caracteriza o perfil mercadológico predominante e, menosprezando uma formação por excelência e pautada na formação crítica e profissional do futuro operador do Direito, economizando na formação humanística, quando na verdade deveria haver um equilíbrio entre a adoção das duas correntes pedagógicas.

Palavras-chave: ensino jurídico, grades de formação, faculdades, capixabas, Direito, Pedagogia, Projeto Político Pedagógico, mercadológico, humanística.

(5)

PIAZZAROLLO, Julia Trevisol. Legal Education Capixaba: Profile Analysis of training grids of law schools of Cachoeiro de Itapemirim and Colleges of Victoria in the last 10 years - in choice and applicability. 2016. 86f.

Completion of Course Work – Centro Universitário São Camilo, Epírito Santo, 2016.

ABSTRACT

This monograph seeks to make a sampling of the legal education of the state of Espírito Santo, in order to analyze the profiles of the training courses of the law schools of the main university of Cachoeiro de Itapemirim and Vitória, namely, Federal University of Espírito Santo (UFES), Faculty (FDV), Law School of Cachoeiro de Itapemirim (FDCI) and São Camilo - ES University Center in the last 10 years, which criteria of choice of grids and their effective applicability. In the midst of the crisis faced by Law courses, since its implementation in Brazil, a more detailed analysis is required to find a way to solve the problems faced by teachers, students and Higher Education Institutions in this area. In order to do so, it used bibliographic, legal and documentary research, as scientific articles, resolutions and ordinances, pedagogical material and documents related to the courses of each Institution researched, mainly its Political Pedagogical Projects. At the end, it is concluded that in almost all aspects, the courses offered by these institutions are equated in the offer of education, with few differences being noticed. With a "standard" Pedagogical Political Project, faculties have offered a minimum curriculum established by the Ministry of Education, searching only for profits and good results in exams and competitions, which characterizes the predominant market profile and, belittling a training par excellence And based on the critical and professional formation of the future operator of law, saving on humanistic training, when in fact there should be a balance between the adoption of the two pedagogical currents.

Keywords: Legal education, training grades, University, capixabas, Law, Pedagogy, Political Project Pedagogical, marketing, humanistic.

(6)

A Deus que em todos os momentos tem me guardado e fortalecido, principalmente ao longo dessa caminhada de cinco anos, a Ele toda honra e toda glória e aos meus amados pais, irmãos e esposo.

(7)

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro a Deus Pai, que durante esses seis meses me fortaleceu sobremaneira, me ajudando nas noites de sono perdidas, sendo eu companheiro nas madrugadas, me mantendo firme nesse propósito.

Agradeço também a minha família, sem a qual eu não teria chegado até este momento, foi o apoio deles e a confiança que têm em mim que me deram o combustível necessário para perseverar e escrever mais um capítulo. Todos os discursos motivadores e toda compreensão.

Ao meu querido orientador, Dr. Cristiano Hehr Garcia, excelente professor e orientador, com certeza eu não poderia ter escolhido melhor.

Obrigada por ser tão solicito, eficiente, paciente e por ser corajoso em me ajudar com esse tema. Levarei seus ensinamentos ao longo da vida.

A Professora e Coordenadora do Curso de Pedagogia do Centro Universitário São Camilo – ES Cristina Lens, que colaborou para a construção do conhecimento e para a realização dessa pesquisa. Assim como a Professora Tatiana Mareto que da mesma forma contribuiu e ajudou.

(8)

“O ensino, como a justiça, como a administração, prospera e vive muito mais realmente da verdade e moralidade, com que se pratica, do que das grandes inovações e belas reformas que se lhe consagrem.” (Ruy Barbosa)

(9)

LISTA DE ABREVIATURAS

Art. Artigo Arts. Artigos

Nº Número

(10)

LISTA DE SIGLAS

UFES Universidade Federal do Espírito Santo FDV Faculdade de Direito de Vitória

FDCI Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim

ES Espírito Santo

MEC Ministério da Educação

IES Instituição de Ensino Superior CF Constituição Federal

CNE Conselho Nacional de Educação OAB Ordem dos Advogados do Brasil CES Câmara de Educação Superior PPP Projeto Político Pedagógico NPJ Núcleo de Práticas Jurídicas SISU Sistema de Seleção Unificada ENEM Exame Nacional do Ensino Médio

LM Lei Municipal

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação DOU Diário Oficial da União

(11)

SUMÁRIO

Resumo Abstract

1 INTRODUÇÃO ... 12

2 ENSINO JURÍDICO CAPIXABA ... 15

Evoluções Normativas... 15

Breve História do curso de Direito no Espírito Santo ... 19

Instituições de Ensino no Espírito Santo ... 20

Carreiras Jurídicas ... 26

3 FORMAÇÃO DOS PERFIS DE ENSINO ... 32

Reflexões Teóricas sobre o Ensino do Direito ... 32

Formação Pedagógica do Professor e seu papel no ensino humanizado ... 38

.A Relevância do Projeto Político Pedagógico para o Ensino Jurídico ... 41

4 O PERFIL MERCADOLÓGICO DIFUNDIDO NO CURSO DE DIREITO ... 43

5 A CORRENTE HUMANÍSTICA DE ENSINO ... 49

A interdisciplinaridade do Ensino Jurídico ... 49

Críticas ao método de ensino adotado pelas IES ... 51

Aprendizagem Significativa ... 53

6 O PERFIL PEDAGÓGICO DAS FACULDADES CAPIXABAS ... 56

Direito x Pedagogia ... 56

Perfil predominante nas Faculdades Capixabas ... 57

Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) ... 58

Faculdade de Direito de Vitória (FDV) ... 63

Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim (FDCI) ... 70

Centro Universitário São Camilo - ES ... 75

7 CONCLUSÃO ... 80

REFERÊNCIAS ... 82

(12)

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem o objetivo de apontar qual perfil de ensino predomina nas grades curriculares das principais faculdades do Espírito Santo, sendo elas, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Faculdade de Direito de Vitória (FDV), Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim (FDCI) e Centro Universitário São Camilo ES.

Inicialmente, buscará fazer uma análise geral dessas faculdades, em busca de informações relevantes a respeito de suas finalidades, público alvo, vagas ofertadas, formação acadêmica dos docentes, preocupação em atender às resoluções e normativas do MEC para formação das suas grades curriculares.

Para tanto, fará um estudo das evoluções normativas que ocorreram no curso de Direito nos últimos 10 anos, com o objetivo de demonstrar sua contribuição para o ensino jurídico no Brasil. Tendo em vista a quantidade de modificações normativas ocorridas no processo de construção do ensino jurídico no Brasil, apresentar-se-ão alguns dos decretos, leis e portarias mais relevantes na regulamentação dos Cursos de Direito, após a Constituição Federal de 1988.

Importa que se destaque, brevemente, a história do curso de bacharelado em Direito, pois se trata de um dos mais antigos cursos superiores do Brasil, sendo assim, tem sofrido uma constante mudança desde implantação das primeiras faculdades. Pode-se dizer que essas mudanças ocorreram tanto para o Direito como ciência, quanto em sua relação estreita com as interações sociais, para o qual este é voltado. Além de importantes, as mudanças no meio jurídico ocorrem a todo o momento, gerando efeitos não somente para a sociedade, a qual este é voltado, mas, também, aos operadores do Direito e, ainda, aos que futuramente irão exercer a nobre profissão.

Como foco principal, o projeto abordará de que forma as Faculdades pesquisadas tem se adaptado a essas recorrentes mudanças, principalmente, no que diz respeito à formatação de suas grades de ensino. Sendo que, para

(13)

melhor compreensão, serão estudadas as principais faculdades de Direito do Estado do Espírito Santo, situadas nos Municípios de Cachoeiro de Itapemirim e Vitória, sendo elas, UFES, FDV, FDCI e Centro Universitário São Camilo – ES.

Posteriormente, fará uma breve análise do surgimento do curso de Direito no Espírito Santo e sua consequente evolução, com enfoque nas faculdades pesquisadas. Para tanto utilizará de todas as informações disponibilizadas por essas Instituições de Ensino Superior (IES) em seus sítios de divulgação na internet, assim como seus Projetos Políticos Pedagógicos.

Em seguida, será abordada uma análise histórica dos últimos 10 (dez) anos, de modo que fique evidenciado qual perfil predominante nessas Instituições de Ensino durante esse período, se houveram alterações significativas em suas respectivas grades curriculares e, com base nos dados coletados, quais os impactos gerados para os discentes em sua formação.

Atualmente, duas são as correntes pedagógicas adotadas pelas IES:

humanística e mercadológica. O objetivo central desse trabalho é demonstrar através qual perfil tem seguido as faculdades capixabas. Isso será feito com base no coleta de dado teóricos a respeito das duas correntes, aplicadas ao que as referidas faculdades divulgam sobre seus curso, principalmente, embasado no Projeto Político Pedagógico de cada Instituição.

O perfil humanístico, caracterizado por Chehab e Souza:1

“A essência do real significado do termo humanização é motivo de uma pesquisa que possa levar à assistência humanizada, cujo caminho, da teoria à prática, ou, inversamente, conduza à melhor reflexão sobre o tema, sobretudo, quando se observa o inter-relacionamento dos profissionais de direito diante da vida jurisdicionada. E como sói acontecer, muitos deles, estão submersos em uma atmosfera fria, viciosa e, não raro, obsoleta.”

Por outro lado, o perfil mercadológico preocupa-se com as demandas de mercado, ou seja, o momento pós-formação, onde o discente, para iniciar sua careira de advogado, por exemplo, precisa obter êxito no Exame da Ordem Dos

1 CHEHAB, Isabelle Maria Campos Vasconcelos; SOUZA, Rogério da Silva e. A Formação dos Bacharéis em Direito no Brasil: Fundamentos Histórico-Epistemológicos e Criticidade.

(14)

Advogados do Brasil, quesito necessário para que o bacharel possa exercer tal função. De outro plano, estão os cobiçados concursos públicos, que cada vez mais tem atraído alunos para os cursos de Direito por sua grande gama de cargo, que, além de serem muito bem remunerados, garantem estabilidade ao concursado.

Para identificar tais diferenças, serão analisadas questões cruciais, sendo algumas delas: As IES pesquisadas investem em docentes com formação jurídica e pedagógica, ou seja, que além de conhecimento técnico jurídico, também estão aptos a formarem outros profissionais, utilizando adequadamente as técnicas pedagógicas, de forma que alcancem aos discentes em seu saber, ou mantém a seleção geral de seus docentes baseada no conhecimento específico das matérias que irão lecionar?; Até que ponto os interesses e objetivos das referidas faculdades, sejam eles humanísticos ou mercadológicos, interferem na formação das grades curriculares do curso de Direito?; E, finalmente, que visão os discentes têm de suas instituições. Para eles, qual perfil, humanístico ou mercadológico, melhor atende as suas expectativas como futuros operadores do Direito?.

(15)

2 ENSINO JURÍDICO CAPIXABA

2.1 Evoluções Normativas

Para o bom delineamento de nossa pesquisa é necessário localizar a origem do curso de Direito no Espírito Santo, bem como os impactos sofridos por este curso após as normativas do Ministério da Educação (MEC).

Inicialmente, mesmo que não aborde todas as modificações ocorridas no processo de constituição do ensino jurídico no Brasil, apresentar-se-ão alguns dos decretos, leis e portarias mais relevantes na regulamentação dos Cursos de Direito, após a Constituição Federal de 1988, como por exemplo, a Portaria 1886/94/MEC.

A origem do curso jurídico no país vem da própria colonização e por esse motivo sofreu grande influência da coroa portuguesa.

“A primeira fase teve início no desenvolvimento do paradigma liberal no Brasil do Império. A segunda fase se iniciou na República Nova e terminou na era dos governos autoritários. Já a terceira teve início com a promulgação da Constituição Federal de 1988, com o advento da Portaria nº 1.886/94 do MEC e com a tendência à adoção do modelo de Estado Neoliberal pelos Governos a partir da década de 1990, na qual nos encontramos no momento”.2

Como ressalta muito bem Vitor Hugo de Amaral Ferreira3:

“A formação do bacharel revestia-se de grande importância, acompanhado do processo de independência do Brasil, investia-se no Direito a forma de legitimação da própria independência, visando assegurar garantias e direitos do Estado. No lapso temporal de 1827 a 1879, da criação à consolidação dos Cursos Jurídicos no Brasil iniciaram- se os primeiros movimentos que determinaram as sucessivas modificações do currículo jurídico, bem como, as primeiras ideias alternativas ao ensino jurídico oficial.”

2MORAES, Patrícia Regina de. O Ensino Jurídico no Brasil [Internet]. Disponível em:

<http://unifia.edu.br/revista_eletronica/revistas/direito_foco/artigos/ano2014/ensino_juridico.pd f.> Acesso em: 16 de out. de 2016.

3 FERREIRA, Vitor Hugo do Amaral. A transformação do Ensino Jurídico no Brasil: os caminhos percorridos do Império à contemporaneidade. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande,

VII, n. 18,

ago2004.Disponívelem:<http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigo s_leitura&artigo_id=4607>. Acesso em: 21 de set. de 2016.

(16)

Porém, somente após a Proclamação da República, mais especificamente durante o período conhecido como “República Velha” é que o ensino jurídico teve maior e mais notável evolução. As mudanças mais notáveis foram o desdobramento do curso em graduação e pós-graduação, compreendendo, inclusive, o doutorado. Além disso, buscaram criar cursos de formação de professores específicos para área jurídica, proporcionando ao curso uma estrutura acadêmica. Porém, algumas situações continuaram passiveis de transformação, como é o caso das grades curriculares fechadas e inflexíveis, ou seja, as faculdades não tinham liberdade para elaborar as grades de ensino, pois esse papel cabia exclusivamente ao Estado e, consequentemente, a formação do jurista dava-se de maneira dissociada dos problemas e da realidade social de seu tempo.

“Tempos depois, com o advento da Portaria nº 1.886/94, permitiu-se, pela primeira vez, desde 1827, a flexibilização da grade curricular, proporcionando adequação às necessidades do mercado de trabalho e as realidades locais e regionais”.4

A promulgação da “Constituição Cidadã” marcou o início de transformações importantes no ensino jurídico brasileiro, graças à introdução de direitos e garantias fundamentais em nosso ordenamento jurídico que exigiam uma abordagem mais humanística e social. Tal perfil passou a exigir que os cursos de direito no Brasil alinhavassem seus currículos visando a formação de um bacharel em Direito com um olhar voltado também para as questões estranhas ao Direito enquanto mecanismo de solução de conflitos.

A primeira norma criada após a CF/88 foi a portaria 1.886/94 (já revogada) ditava as diretrizes mínimas para os cursos de Direito do Brasil.

“Foi um instrumento normativo que serviu como referência regulatória para os Cursos Superiores de Direito, uniformizando os currículos, estabelecendo, dentre outras exigências, a necessidade de elaboração de projetos pedagógicos que explicassem os caminhos possíveis a serem percorridos pelos alunos e professores na orientação pedagógica dos Cursos Superiores de Direito”.5

Em relação aos conteúdos a serem estudados, como ressalta Martinez:

“[...] foi adotado um currículo mínimo, sendo obrigatória a composição deste com disciplinas regulares, totalizando um mínimo de 3300 horas de carga horária de atividades. Foram criadas e exigidas novas atividades

4 Ibidem.

5 MORAES, Patrícia Regina de. Acesso em: 16 de set. de 2016.

(17)

para os cursos de Direito, como, por exemplo, a monografia final, o cumprimento de carga horária relativa a atividades complementares e o estágio de prática jurídica”.6

Além disso, os arts. 5º e 10 da portaria 1.886/94 trouxeram mudanças significativas para o ensino jurídico. O art. 5º dispunha que as Instituições de Ensino Superior (IES) deviam implantar um acervo jurídico de “no mínimo 10.000 volumes de obras jurídicas e referência às matérias do curso, além de periódicos de jurisprudência, doutrina e legislação”. Por sua vez o art. 10 implantou a criação dos Núcleos de Práticas Jurídicas:

“Art. 10. O estágio de prática jurídica, supervisionado pela instituição de ensino superior, será obrigatório e integrante do currículo pleno, em um total de 300 horas de atividades práticas simuladas e reais desenvolvidas pelo aluno sob controle e orientação do núcleo correspondente.

§ 1º O núcleo de prática jurídica, coordenado por professores do curso, disporá instalações adequadas para treinamento das atividades de advocacia, magistratura, Ministério Público, demais profissões jurídicas e para atendimento ao público.

§ 2º As atividades de prática jurídica poderão ser complementadas mediante convênios com a Defensoria Pública outras entidades públicas judiciárias empresariais, comunitárias e sindicais que possibilitem a participação dos alunos na prestação de serviços jurídicos e em assistência jurídica, ou em juizados especiais que venham a ser instalados em dependência da própria instituição de ensino superior.”7

A portaria de 1994 foi alvo de muitas críticas do próprio CNE e, também, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) por isso, em busca de reestruturar algumas diretrizes do curso, como por exemplo, tornar essencial os conteúdos de Antropologia, Ciências Políticas, Economia, Ética, Filosofia, História, Psicologia e Sociologia na grade dos cursos foi editada a resolução nº 9 pela Câmara de Educação Superior (CES), do Conselho Nacional de Educação (CNE). Contudo, apesar de todas as mudanças na legislação, o problema continuou o mesmo em sala de aula, empiricamente, parece que entre as instituições de ensino de Direito prevalece certa indefinição acerca do perfil que se pretende do egresso.

MURARO acredita que ainda hoje o curso de Direito se debate entre formar advogados e formar juristas:

6 MORAES, Patrícia Regina de; Apud MARTINEZ. O Ensino Jurídico no Brasil. Acesso em:

16 de set. de 2016.

7 Portaria 1.886, de 30 de dezembro de 1994. Disponível em: <http://oab- rn.org.br/arquivos/LegislacaosobreEnsinoJuridico.pdf>. Acesso em: 16 de set. de 2016.

(18)

“O debate se reflete na questão da avaliação. Na questão da avaliação, os professores não sabem mais o que avaliar. Se a política que envolve o curso e o currículo se atém à consolidação e preservação do Estado e das instituições, se afasta das reais necessidades da população, avalia-se o conhecimento descritivo da lei e a prática estreitamente legalista do arcabouço jurídico-legal. Se, ao contrário, atendendo aos anseios e necessidades da população, que, muitas vezes, vão à direção oposta ao Estado instituído, fica também a questão posta sobre o que ensinar e o que avaliar, sobre como realizar a avaliação e, ainda, como avaliar a avaliação.”8

Portanto, o Conselho Nacional de Educação (CNE) emite em 2004 a Resolução CNE/CES nº. 9/2004, com o objetivo de fixar as diretrizes curriculares e o conteúdo mínimo do curso jurídico no país. Ao extinguir a Portaria MEC nº1.886/94, o governo implementa o início uma outra fase para os cursos jurídicos.

A Resolução nº. 9/2004 da CNE/CES entrou em vigor, estabelecendo em seus artigos as novas diretrizes curriculares do curso de Direito prevendo:

a organização dos seus Projetos Políticos Pedagógicos [PPP] pelas IES;

assegurar, no perfil do graduando, sólida formação geral, humanística e axiológica, capacidade de análise, domínio de conceitos e da terminologia jurídica, adequada argumentação, interpretação e valorização dos fenômenos jurídicos e sociais, aliada a uma postura reflexiva e de visão crítica; divisão dos conteúdos em eixos de formação fundamental, profissional e prática; estágio supervisionado é componente curricular obrigatório, indispensável à consolidação dos desempenhos profissionais desejados, inerentes ao perfil do formando, a ser realizado no Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ) e com avaliação progressiva e continuada; a obrigatoriedade do Trabalho de Curso desenvolvido individualmente, com conteúdo a ser fixado pelas Instituições de Educação Superior em função de seus Projetos Pedagógicos; a realização das Atividades Complementares, que deverão ser independentes do Trabalho de Curso ou do Estágio Supervisionado; avaliação interna e externa e o fornecimento dos planos de ensinos de cada disciplina para os alunos com a indicação específica dos conteúdos, métodos de ensino, bibliografia e avaliação.

8 MORAES, Patrícia Regina de; Apud MURARO. O Ensino Jurídico no Brasil. Acesso em:

16 de set. de 2016.

(19)

Breve História do curso de Direito no Espírito Santo9

O curso de Direito no Espírito Santo surgiu em 04 de outubro de 1930, através da iniciativa de um grupo de estudantes capixabas que cursavam Direito em outros estados. Conhecidos como “Clã dos estudantes capixabas”, através de sua iniciativa pioneira, o curso foi o primeiro a ser criado por iniciativa estudantil.

“Esse “Clã” no início de 1930 começou a se reunir com a finalidade de lançar as bases para fundação de um curso jurídico no estado. Após meses de debates e reuniões desse grupo, em 04 de Outubro de 1930 foi criada a Faculdade de Direito do Espírito Santo”.10

Posteriormente, no dia 12 de junho de 1931 foi efetivamente implementado o primeiro curso de Direito do estado, através da Faculdade de Direito do Espírito Santo, com suas atividades se iniciando em 15 de junho do corrente ano em período noturno.

“Em 12 de Junho de 1931 o curso de direito da Faculdade de Direito do Espírito Santo foi efetivamente implementado tendo as atividades didáticas se iniciado em 15 de junho do mesmo ano em período noturno, nas dependências do Grupo escolar “Gomes Cardim” (hoje Escola de Artes FAFI). Dois anos mais tarde a faculdade mudaria suas instalações físicas para a Avenida Capixaba (hoje Jerônimo Monteiro).”11

Inicialmente, o corpo docente do curso era formado por membros do tribunal de Justiça, juízes e alguns advogados. Através do Decreto nº 6.401/35 o governo estadual assumiu definitivamente a manutenção da Instituição de Ensino.

“O governo estadual passou a assumir definitivamente a manutenção da Faculdade em 1935, sendo dessa forma declarada oficial, através do Decreto nº 6.401 de 17 de junho daquele ano. Em 1936, a primeira turma da Faculdade de Direito do Espírito Santo colou grau tendo como paraninfo o Prof. Heráclito Amâncio Pereira. Em 1950, ela passaria a integrar o sistema federal de ensino e, em 1961, seria incorporada à UFES. Em 1968, com o advento da reforma universitária, ocorreria a fusão

9 A presente pesquisa revelou que não há em relação as faculdades pesquisadas uma preocupação de um registro histórico de suas trajetórias. As informações colhidas para esse texto foram extraídas dos sítios das mesmas, que, com alto grau propagandístico, apenas exaltam grandes fatos ou eventos. Foi necessária uma leitura mais específica para se extrair destes sítios o que de fato importa, além disso, foram realizadas algumas entrevistas para o levantamento dos dados.

10 Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória. Direito. Graduação. História.

Disponível em: <http://www.direito.ufes.br/hist%C3%B3rico>. Acesso em: 16 de set. de 2016.

11Ibidem.

(20)

com a Faculdade de Ciências Econômicas para dar origem ao Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas. A partir daí a história do curso foi marcada por muitas lutas e dissabores, mas também por muitas conquistas, a Faculdade prosseguiu em sua trajetória vitoriosa alcançando, cada vez mais, o respeito e o reconhecimento acadêmico e científico das sociedades capixaba e brasileira”.12

Instituições de Ensino no Espírito Santo

Desde o ano de 1930, no qual foi implantado o primeiro curso de Direito no Estado, a área do ensino jurídico vem crescendo consideravelmente. O que antes se limitava a um curso, hoje conta-se com inúmeros cursos de Direito no território capixaba. Sendo assim, norteia essa pesquisa a análise das grades curriculares de quatro instituições de ensino jurídico capixabas escolhidas de acordo com critérios geográfico e penetração regional.

Situadas nas principais cidades do Estado - Vitória e Cachoeiro de Itapemirim - e com excelente conceito em relação ao ensino jurídico ofertado, destacam-se entre as Instituições de Ensino Superior de Direito as seguintes:

Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Faculdade de Direito de Vitória (FDV), Centro Universitário são Camilo/ES e, por fim, Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim (FDCI).

Cumpre destacar, que em primeira análise, percebe-se uma diferença histórica entre as citadas IES (Instituições de Ensino Superior), desde o curso ofertado pela UFES que data do ano de 1930, até o ofertado pelo Centro Universitário São Camilo, criado recentemente, no ano de 2005. Porém, apesar de tal diferença busca definir se as mesmas têm cumprido seu papel no campo do ensino jurídico.

Pioneiro no ensino jurídico capixaba, o curso de Direito da UFES foi implantado no ano de 1930 por meio de iniciativa dos estudantes que moravam no Espírito Santo, porém precisavam se deslocar para outros Estados em busca de IES que atendiam a suas demandas de ensino.

“O curso de direito da Universidade Federal do Espírito Santo nasceu a partir do esforço e da dedicação de um grupo de estudantes capixabas

12Ibidem.

(21)

que cursavam direito em outros estados e aqui residiam, conhecido como o “Clã dos estudantes capixabas”, o que confere ao curso a característica talvez inédita no país de uma instituição de Ensino Superior criada por iniciativa de estudantes.”13

Através dos anos, o curso enfrentou algumas dificuldades, entre elas a escassez de corpo docente que pudesse sustentar o curso, contando apenas com alguns profissionais da área que atuavam no Estado:

“Para esse momento inicial foram convocados para atuarem como docentes da instituição os membros do Tribunal da Justiça, os juizes da Capital alguns advogados entre os quais Carlos Xavier Paes Barreto; João Manuel de Carvalho; José Batalha; Oscar Faria Santos; Heráclito Amâncio Pereira; Walter Morais da Siqueira; Jair Tovar; Aristóteles Santos;

Arnulpho Mattos; Manoel Pimenta; Alarico Freitas; Carlos Sá; Oswaldo Poggi.”14

Porém, atualmente, tanto o curso em seus aspectos gerais, como também o colegiado da referida IES foram atualizados e aprimorados em benefícios dos futuros operadores de Direito, que estão em busca um curso completo que ofereça, entre outras coisas, professores especializados para ensinar a ciência do Direito. Por esse motivo, a UFES conta hoje com 42 professores das mais diversas áreas do direito, dentre os quais: 24 são doutores, 13 são mestres e, por fim, 05 possuem especialização, conforme consta em seu site: “[...] Atualmente, o curso de Direito da UFES conta com um quadro de 42 docentes, sendo 38 efetivos, extremamente qualificados com as seguintes titulações: Doutorado 24; Mestrado 13; Especialização 05 [...]”15.

Em se tratando de uma Universidade Federal situada na capital do Estado, Vitória, a UFES atrai aspirantes a carreira jurídica que vêm de todos os municípios do Espírito Santo e do Brasil. Para atender a essa demanda, essa IES mantém a “[...] oferta semestral de 55 (cinquenta e cinco) vagas, isto é, 110 (cento e dez) vagas por ano [...]”16. O SISU (Sistema de Seleção Unificada do Ministério da Educação), por meio de mudança recente, tornou-se a única forma de ingresso no curso de Direito ofertado pela Universidade Federal do Espírito Santo, sendo assim, o candidato a uma vaga na UFES deve prestar

13 Ibidem.

14 Ibidem.

15 Ibidem.

16 Universidade Federal do Espirito Santo (UFES). Vitória. Projeto Pedagógico de Curso

Direito/UFES [Internet]. Disponível em:

<http://www.direito.ufes.br/sites/direito.ufes.br/files/field/anexo/PPC%202009_0.pdf>. Acesso em: 21 de setembro de 2016.

(22)

vestibular através do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio).17 Vale ressaltar que, anteriormente, o vestibular da UFES contava com duas fases, sendo a primeira o exame do ENEM e a segunda, uma prova discursiva contemplando as disciplinas relacionadas ao curso escolhido.

Por fim, com base nas informações colhidas no sítio da UFES, resta claro que a Instituição continua em busca de mudanças, haja vista que o Direito é uma Ciência Humana, voltada a atender os anseios sociais, que tem por natureza a mutação constante. Sendo assim, além do curso de graduação, a Universidade conta desde 2006 com especialização stricto senso de Mestrado:

“A última e mais importante conquista para o curso de direito da UFES foi a implementação do Mestrado em Direito Processual Civil desde 2006 que veio a contribuir para o engrandecimento e enriquecimento acadêmico do curso. O programa, até 2012, já diplomou 52 Mestres em Direito. Na sua consolidação procura-se desenvolver atividades acadêmicas, investir em intercâmbio e estabelecer atividades permanentes de pesquisa em diversas áreas do campo do Direito Processual Civil, o que lhe confere responsabilidade social como um polo produtor de conhecimento e formação de recursos humanos qualificados.”18

Situada na capital capixaba, Vitória, a Faculdade de Direito de Vitória (FDV), é das mais atuais Instituições implantadas no Estado. A FDV foi fundada no ano de 1995 e, como reconhecimento de sua qualidade de ensino foi aprovada pelo MEC no mês de julho do mesmo ano: “[...] O curso de Direito foi aprovado pelo MEC em julho de 1995. Devido à excelência do trabalho desenvolvido, obteve já no terceiro ano de funcionamento, o reconhecimento pelo Ministério da Educação, fato até então, inédito no país [...]”19.

A FDV é uma Instituição respeitada no Estado por sua trajetória. Com apenas 21 anos de atuação no campo do ensino jurídico é a única Faculdade a ofertar o ensino jurídico desde a graduação até o doutorado: “[...] a FDV, Faculdade de Direito de Vitória, é hoje a mais completa Instituição de Ensino

17Ufes adere ao Sisu como única forma de ingresso nos cursos de graduação. Disponível em: <http://www.ufes.br/conteudo/ufes-adere-ao-sisu-como-%C3%BAnica-forma-de-ingresso- nos-cursos-de-gradua%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 21 de set. de 2016.

18 Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Vitória. Acesso em: 30 de agosto de 2016.

19 Faculdade de Direito de Vitória (FDV), Vitória. Sobre. Uma trajetória de sucesso. Disponível em: <http://site.fdv.br/trajetoria/>. Acesso em: 30 de agosto de 2016.

(23)

de Direito do Espírito Santo, sendo a única a ofertar cursos de Direito da Graduação ao Doutorado [...]”20.

“Os cursos de especialização em Direito são oferecidos desde 1996. Em 2002, teve início o mestrado na área de Direitos e Garantias Fundamentais, o primeiro autorizado pela CAPES no Espírito Santo. E em 2011 conseguiu a aprovação do 1º Doutorado em Direito do Espírito Santo.”21

Atualmente, a FDV conta com 28 Doutores e 35 Mestres compondo seu corpo docente22, que entre outras coisas, possibilitaram grande parte das conquistas obtidas pela Instituição. Para ingressar no curso de Direito ofertado pela Faculdade de Direito de Vitória o processo seletivo de vestibular é a modalidade de seleção válida para os candidatos que já concluíram o ensino médio. Há duas modalidades de ingresso: provas de vestibular que será realizada em dois dias de provas na sede da FDV em dias previamente agendados e; o Exame Nacional do Ensino Médio, caso em que haverá uma seleção através da utilização exclusiva do resultado da prova realizada pelo candidato, sem a necessidade de submissão às provas do vestibular. O candidato poderá concorrer com o resultado do ENEM dos três anos antecedentes à sua inscrição.23

“Das 200 vagas ofertadas, 80% (oitenta por cento) destinam-se aos candidatos que se inscreverem para o Vestibular, realizado por meio de provas e 20% (vinte por cento) destinam-se aos candidatos que se inscreverem para a seleção realizada por intermédio da nota obtida no ENEM”. 24

Outra conhecida Instituição de Ensino voltada para o curso de Direito é a Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim (FDCI). Fundada pela Prefeitura Municipal na década de 60. Inicialmente, se tratava de uma Autarquia Municipal, instituída através da LM (Lei Municipal) nº 971/65 para atender aos anseios da sociedade cachoeirense que enfrentava o problema de ter que se deslocar da cidade em busca de formação jurídica.

20 Ibidem.

21 Ibidem.

22 Faculdade de Direito de Vitória (FDV), Vitória. Sobre. Corpo Docente. Disponível em:

<http://site.fdv.br/corpo-docente-fdv/>. Acesso em: 30 de agosto de 2016.

23 Faculdade de Direito de Vitória (FDV), Vitória. Processos Seletivos. Disponível em:

<http://site.fdv.br/processos-seletivos-2017-2/>. Acesso em: 21 de setembro de 2016.

24 Faculdade de Direito de Vitória (FDV), Vitória. Edital de abertura do vestibular 2017/01.

Disponível em: <http://www.fdv.br/arquivo/uploads/g8qdryuflh.pdf>. Acesso em: 21 de set. de 2016.

(24)

“A história da Faculdade tem início na década de 60 quando, entendendo o desejo de vários segmentos da sociedade e atendendo as necessidades de um povo emergente, inserido num contexto de profundas transformações, a Prefeitura de Cachoeiro assumiu, em 1965, a responsabilidade histórica de concretizar este desejo: instituiu como Autarquia Municipal a Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim, através da Lei Municipal no 971 de 01/09/1965.”25

Após sua inauguração o curso foi se desenvolvendo gradativamente, atraindo alunos de todas as partes do Estado e, também, de outros Estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro. “[...] O tempo passa e a Faculdade, pela sua qualidade de ensino, ganha projeção, recebendo alunos oriundos da Capital do Estado, Vitória, do leste de Minas Gerais e de todo o Norte Fluminense [...]”26.

Apesar de instituída na década de 60, a aprovação do curso pelo Ministério da Educação só ocorreu na década seguinte. “[...] A década de 70 é marcada pelo reconhecimento da Instituição, através do Decreto Federal n

º

68.142 de 29/01/71 [...]”27. Com o passar dos anos a Instituição implementou novas políticas de ensino, proporcionando cursos de especialização, firmando convênios com outras Instituições renomadas do país e do estado, com a intenção de atender os ideais da Lei de Diretrizes e Bases (LDB).

“A década de 90 é marcada por grandes transformações. Diante de novas demandas, buscando uma aproximação expressiva aos ideais da Lei de Diretrizes e Bases, que dedicou especial atenção ao ensino superior, a Instituição enfrenta desafios e adequar-se aos novos tempos e as novas exigências.”28

No ano de 2000 mais uma mudança significativa para a história da Instituição. Antes criada como uma Autarquia Municipal tornar-se-ia agora uma Fundação integrada a Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas, ato que foi regulamentado pela Lei Municipal n° 4.955, de 18 de janeiro de 2000.

“No ano de 2000, um grande marco muda a história da FDCI. Concretiza- se um antigo sonho da comunidade educativa, dos alunos e também da sociedade cachoeirense. Através da Lei Municipal n° 4.955, de 18 de janeiro, a Instituição passa da condição de Autarquia a Fundação

25 Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim (FDCI), Cachoeiro de Itapemirim. História.

Disponível em: <http://www.fdci.br/pagina.php?p=historia>. Acesso em: 30 de agosto de 2016.

26 Ibidem.

27 Ibidem.

28 Ibidem.

(25)

Integrada as Faculdades de Ciências Contábeis e Administrativas, juntas, formam a Fundação Educacional Vale do Itapemirim - FEVIT.29

Atualmente, sua estrutura acadêmica conta com 29 professores, entre os quais, 01 doutor, 12 mestres e 16 pós-graduados. O vestibular ocorre semestralmente, da seguinte forma: “[...] As vagas para o referido curso são em número de 60 (sessenta) para o turno matutino e 60 (sessenta) para o turno noturno, devendo o candidato, no ato da inscrição [...]”.30 O ingresso dar-se-á por meio de vestibular. Realizada em uma única fase, a prova compreende em questões objetivas que versarão sobre as matérias do Ensino Médio.

Além da FDCI, a cidade de Cachoeiro de Itapemirim também é sede do Centro Universitário São Camilo/ES, que dentre os vários cursos que oferece está o curso de Direito. Implantado no ano de 2005, através da Portaria de Autorização nº 317/05 CES-CNE. No ano seguinte a autorização criou-se a primeira turma de Direito do Centro Universitário São Camilo Espírito Santo e, posteriormente, o curso foi aprovado pela portaria nº 68/2013 D.O.U 31/08/2011.

O quadro de docentes do curso jurídico é composto por professores, com especializações doutorado, mestrado e pós-graduação. O curso é ofertado no período matutino, dispondo de 40 (quarenta) vagas e, noturno com 80 (oitenta) vagas31. O vestibular compreende em uma prova objetiva de 25 questões envolvendo conhecimentos de nível médio de escolaridade, além de uma redação, sendo que o candidato tem a opção de ingressar através da nota obtida no ENEM. 32

29Ibidem.

30 Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim (FDCI), Cachoeiro de Itapemirim. Edital

Processo Seletivo 2016/02. Disponível em:

<http://www.fdci.br/arquivos/70/Edital_Vestibular_Atual.pdf>. Acesso em: 21 de set. de 2016.

31 Centro Universitário São Camilo ES. Cachoeiro de Itapemirim. Cursos. Direito. Disponível em: <http://www.saocamilo-es.br/centrouniversitario/cursos/bacharelado/direito.html>. Acesso em: 21 de set. de 2016.

32 Centro Universitário São Camilo ES. Cachoeiro de Itapemirim. Edital Processo Seletivo 2016/01. Disponível em: <http://vest.saocamilo-es.br/midias/documentos/vest/edital-processo- seletivo-2016-1.pdf>. Acesso em: 21 de set. de 2016.

(26)

2.4 Carreiras Jurídicas

Nas palavras do professor Miguel Reale33:

“[...] aos olhos do homem comum o Direito é lei e ordem, isto é, um conjunto de regras obrigatórias que garante a convivência social graças ao estabelecimento de limites à ação de cada um de seus membros.

Assim sendo, quem age de conformidade com essas regras comporta-se direito; quem não o faz, age torto [...].

[...] O Direito é, por conseguinte, um fato ou fenômeno social; não existe senão na sociedade e não pode ser concebido fora dela. Uma das características da realidade jurídica é, como se vê, a sua socialidade, a sua qualidade de ser social [...]”.

E completa adiante: “[...] Como fato social e histórico, o Direito se apresenta sob múltiplas formas, em função de múltiplos campos de interesse, o que se reflete em distintas e renovadas estruturas normativas [...]”.34 Por se tratar de ciência que tem como principal objetivo a regulação das relações sócias, o Direito, como explica Miguel Reale abrange vários campos de interesse. Através dessa função reguladora surge o sistema judiciário, que tem por função “[...] garantir o direito das pessoas e promover a Justiça, aplicando as leis nas mais variadas questões [...]”.35

Surgem, portanto, a partir dessa responsabilidade regulamentadora, as carreiras jurídicas, ocupadas por bacharéis em Direito e que se subdividem desde a postulação do Direito pretendido até a entrega da tutela jurisdicional ao fim do processo. Estão entre as profissões jurídicas mais almejadas entre os graduados e futuros graduado em Direito as de: advogado, delegado, defensor público, promotor, procurador, oficial de justiça e finalmente a magistratura.

Entre as profissões citadas, pode-se dizer que a advocacia é a que mais abarca profissionais nesse ramo. “[...] A palavra advogado deriva do latim ad- vocatus, ou seja, aquele que é chamado em defesa [...]”.36Sua origem data do

33 REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27ª edição, São Paulo: Saraiva, 2002. 394 p.

34 Ibidem.

35 Como se organiza o judiciário [Internet]. Disponível em:

http://www.guiadedireitos.org/index.php?option=com_content&view=article&id=202&Itemid=58 . Acesso em: 31 de agosto de 2016.

36 TAKEDA, Tatiana de Oliveira. A origem e missão do advogado. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 75, abr 2010. Disponível em: <http://www.ambito-

(27)

Império Romano, que em decorrência das mazelas sofridas pelos menos favorecidos, que tinham seus Direitos suplantados. Desta feita, surgem cidadãos que, inconformados com as injustiças causadas a essa parcela da sociedade, começam a, gratuitamente, defender seus direitos e interesses.37

Em sede nacional, o exercício da advocacia tornou-se mais acessível com a implantação dos cursos de graduação em Direito no ano de 1927, nas cidades de Olinda e São Paulo, porém ainda estava restrita a elite brasileira, haja vista que o ingresso e permanência estavam vinculados prestação pecuniária, além do que, os brasileiros interessados em ingressar nas faculdades e não moravam nas respectivas cidades precisavam, também, ter condições financeiras que lhes permitisse residir em Olinda ou São Paulo.

Atualmente, por exigência do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, para inscrição nos quadros da Ordem é necessário que o bacharel preencha alguns requisitos previstos no art. 8º, do Estatuto da OAB:

“Art. 8º Para inscrição como advogado é necessário:

I - capacidade civil;

II - diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino oficialmente autorizada e credenciada;

III - título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;

IV - aprovação em Exame de Ordem;

V - não exercer atividade incompatível com a advocacia;

VI - idoneidade moral;

VII - prestar compromisso perante o conselho.”38

Segundo dados colhidos no site da OAB Federal39, estão regularmente inscritos na seccional do Espírito Santo o total de 17.188 advogados, como demonstra a tabela abaixo:

juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7667>. Acesso em 31 de agosto de 2016.

37 Ibidem.

38 BRASIL Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994. Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil. Legislação Federal. Sítio eletrônico internet - planalto.gov.br. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8906.htm>. Acesso em: 31 de agosto de 2016.

39 OAB Conselho Federal. Disponível em:

http://www.oab.org.br/institucionalconselhofederal/quadroadvogados. Acesso em: 26 de ago de 2016.

(28)

O artigo 133 da Constituição Federal versa sobre o Advogado:

“Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”.40

Em seu artigo sobre o papel social do Advogado, Francisco das C. Lima Filho, cita trecho da obra de Caio Mário da Silva Pereira que diz:41

“Socialmente, ao advogado, no exercício de sua função, incumbe o mister de ser o atuante sujeito de postulação dos interesses individuais e/ou coletivos consagrados pelos diplomas normativos do país. O advogado se encontra, “mais que todos os profissionais, habilitado para penetrar na problemática do desenvolvimento social. Não apenas por ser integrante da sociedade. Muito mais que isto. Em razão de sua profissão mesma, ele se sintoniza com o mais agudo senso de percepção para os dramas da vida social. Na banca vão desaguar, qual estuário vivo, os sofrimentos humanos”.

Portanto, em síntese, ao Advogado cabe o dever de postular judicialmente os interesses dos que contratarem seus serviços prezando sempre pelo cumprimento da lei. Por esse motivo, cumpre dizer que o Advogado desempenha papel de destaque na dinâmica das relações sociais que envolvem os direitos e garantias inerentes aos cidadãos.

40 BRASIL Constituição da República Federativa do Brasil. sítio eletrônico internet -

planalto.gov.br. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 31 de agosto de 2016.

41 LIMA FILHO, Francisco das C. Apud Caio Mário da Silva Pereira. O advogado e seu papel social. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, III, n. 10, ago 2002. Disponível em: <http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=4603>. Acesso em ago 2016.

(29)

Além do Advogado, também fazem parte das profissões que compõe o Judiciário, a de promotor público e magistrado. Ambos cumprem papéis distintos e independentes na proteção ao direito, porém tanto o Advogado, Promotor e Juiz, assim como os demais serventuários da Justiça cumprem o papel de proteção ao Direito tutelado às pessoas físicas, jurídicas e entidades públicas.

Nas palavras de Hugo Nigro Mazzilli, citado por Roberta de Angelis Scaramucci em seu artigo42:

“o Ministério Público é um órgão autônomo do Estado; num estado democrático, sua existência e sua atuação autônoma e independente tornaram-se indispensáveis para assegurar a inércia do Poder Judiciário e para garantir efetivo acesso à jurisdição, quando da ocorrência de lesões a interesses públicos ou coletivos, tomados estes em sentido lato”.

O caput do art. 127 da Carta Magna43 também classifica as atribuições do MP, na figura do Promotor de Justiça, da seguinte forma:

“Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”.

Finalmente, em se tratando da magistratura, percebe-se que dentre as carreiras jurídicas esta é uma das mais almejadas, principalmente em relação ao alto valor remuneratório e a estabilidade. Porém, muitas pessoas não se preocupam com as atribuições e responsabilidades do magistrado.

Em se tratando de suas funções processuais, cumpre dizer que o magistrado não atua efetivamente na lide, pois este atua somente como representante do Estado devendo agir desinteressadamente e com imparcialidade. Enéas Castilho Chiarini Júnior ensina: “[...] Por ser o juiz imparcial, é investido de poderes para dirigir a lide, se colocando numa posição

42 SCARAMUCCI, Roberta de Angelis. Apud MAZILLI, Hugo Nigro. O papel do Ministério Público na tutela dos interesses das populações indígenas. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 73, fev 2010. Disponívelem:<http://www.ambito- juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7176>. Acesso em ago 2016.

43 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Acesso em: 31 de agosto de 2016.

(30)

de superioridade perante as partes, sendo-lhe exigida a imparcialidade, que é condição essencial à posição de juiz [...].” 44

Para ingressar na carreira de magistrado será necessária a aprovação em concurso público de provas e títulos, organizado e realizado com a participação do Conselho Secional da OAB, posteriormente a aprovação será nomeado ao cargo inicial de juiz substituto conforme previsão do art. 93, I da CF, sendo posteriormente promovido a juiz titular após passar por rol de requisitos.45

A função social do juiz torna-se clara na visão de João Batista Herkenhoff, citado por Enéas Castilho Chiarini Júnior:46

“temos todo um sistema legal que sacramenta a injustiça e as disparidades sociais. Os juristas e juizes que se submetem docilmente a esse sistema, sem mesmo descobrir algumas de suas brechas, que possam servir às maiorias oprimidas, colocam-se decididamente do lado das minorias aquinhoadas.”, onde “o positivismo reduz o Direito a um papel mantenedor da ordem. Sacraliza a lei. Coloca o jurista a serviço da defesa da lei e dos valores e interesses que ela guarda e legitima, numa fortaleza inexpugnável”, pois “para a lei, todos são iguais [artigo 5º da Constituição Federal]. Ingênuo engano. Os homens são desiguais. Uma estrutura de opressão cria e alimenta as desigualdades. Dessa constatação há de partir toda tentativa de um Direito justo: apreciação desigual, ante a desigualdade social e a desigualdade humana.” E conclui que “mesmo num país que consagra um rígido sistema de classes, como no caso brasileiro (com enormes privilégios em favor das classes dominantes), as leis não constituem um bloco monolítico que só atua em face dos poderosos. Há, sem dúvida, no sistema legal, brechas que podem servir à luta das classes populares.”

Nas lições de Nancy Andrighi, citada por Ivan dos Santos Cerqueira, ao ser investido nas funções jurisdicionais o juiz agrega ao seu ser a responsabilidade da imagem da instituição que representa, de sorte que a imagem do homem-juiz, no ser, no estar e no participar, sempre estará de forma indissolúvel e permanente associada a do Poder Judiciário47. Portanto,

44 JÚNIOR, Enéas Castilho Chiarini. Do Juiz. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, VI, n. 14, ago

2003. Disponível em:<http://www.ambito-

juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3769>. Acesso em ago 2016.

45 Ibidem.

46 JÚNIOR, Enéas Castilho Chiarini. Apud HERKENHOFF, João Batista. Acesso em ago 2016.

47CERQUEIRA, Ivan dos Santos. Apud ANDRIGHI, Nancy. A ética profissional: estudo sobre a ética do juiz de direito. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/26455/a-etica-profissional- estudo-sobre-a-etica-do-juiz-de-direito>. Acesso em: 21 de set de 2016.

(31)

devendo este dedicar-se para exercer sua função de forma satisfatória e atendendo aos deveres e princípios estabelecidos por lei.

Em síntese, cumpre dizer que a formação na área jurídica abre um grande leque de oportunidades no mercado de trabalho, tratando-se as profissões citadas de uma pequena fração do que pode ser alcançado pelo bacharel em Direito. Mas vale ressaltar que entre o curso de Direito e o futuro profissional existe um longo e árduo caminho de estudo e dedicação que, entre outras coisa, está diretamente ligado com o que está sendo ofertado pelas Instituições de Ensino Superior aos discentes, que futuramente estarão em busca de seu futuro promissor.

(32)

3 FORMAÇÃO DOS PERFIS DE ENSINO

Reflexões Teóricas sobre o Ensino do Direito

O presente capítulo objetiva fazer uma reflexão acerca do ensino jurídico, considerando as grades curriculares adotadas pelas IES, assim com seus Planos Políticos Pedagógicos, entrando na seara da metodologia utilizada pelo corpo docente dos cursos jurídicos e a influência que tais fatores exercem na formação dos futuros bacharéis em Direito. Sendo assim, assume-se o desafio de demonstrar que o ensino jurídico requer grandes mudanças para que efetivamente seja garantida ao discente uma formação acadêmica adequada às adversidades da profissão.

É importante abordar algumas especificidades do Ensino Jurídico, tais como o fato de se tratar de uma ciência humana, voltada para as necessidades sociais, que é encarada como um conjunto de conhecimentos e regras, positivadas e escritas, portanto, predominantemente teórica. Deste modo, surge o impasse de que para ser ensinada, basta que, simplesmente, seja transmitido aos alunos de forma expositiva, ou através da leitura de doutrinas jurídicas e seus respectivos códigos, sendo assim, o papel do aluno torna-se apenas ouvir e reproduzir os conhecimentos transmitidos pelo professor, de forma a não criar seu próprio entendimento a respeito e, consequentemente, não desenvolver um pensamento crítico da ciência jurídica como um todo, haja vista que o conhecimento jurídico não se trata, pura e simplesmente de informações positivadas em leis, doutrinas ou, ainda, nas jurisprudências dos Tribunais.

“Ontem, como hoje, o ensino do Direito nada mais faz do que acumular informações. É um simplificador da realidade. É caracterizado pela transmissão da cultura jurídica positiva, cujo tradicional processo didático- pedagógico é muito simples — dir-se-ia até inexistente —, e que consiste na arte da exposição: nada mais do que uma forma de oratória, na qual a metodologia de ensino predominante é a aula expositiva e o código comentado”.48

48 SIMÕES, Helena Cristina Guimarães Queiroz. Apud JÚNIOR, João Ribeiro. As Concepções Docentes nos cursos de Direito e a prática pedagógica contemporânea. Disponível em: <

(33)

Ao contrário do que o aluno é levado a pensar, trata-se de um conhecimento vivo e dinâmico o qual, mesmo positivado, deve acompanhar a evolução social da forma mais eficaz possível. Por isso que as Faculdades devem preocupar-se em oferecer um ensino jurídico atual e nos moldes sociais contemporâneos, conduzindo o futuro bacharel em Direito a interpretar as fontes do Direito em prol das questões sociais, criando um paralelo entre direito positivado e aos casos em que se aplicam. A origem da crise do Ensino Jurídico mostra-se clara. Perpetuando a prática da simples transmissão do conteúdo aos alunos, com base no fato de que o conhecimento jurídico é meramente um conjunto de normas positivadas, não permitindo que os discentes entendam que o Direito, assim como a sociedade para o qual este está voltado, é um organismo vivo e que interfere diretamente na vida de todos aqueles que a ele se submetem e que, em razão disso, seu ensino não pode apartar a teoria da prática, nem tão pouco ser comercializado.

“O ensino jurídico não tem conseguido acompanhar as transformações sociais, políticas e econômicas pelas quais o país tem passado, dentre outros motivos porque o tempo do Direito é muito mais lento que o tempo da sociedade. O ensino do Direito excessivamente legalista e formalista, sem instrumentos de compreensão da realidade dinâmica da sociedade (SÁ; SILVA, 2007; PAULINO, 2008), apenas aumentaria essa distância entre o “país real” e o “país legal”.49

É indiscutível a importância das disciplinas dogmáticas, pois essas fundamentam o Direito positivo, porém, tais disciplinas por si só não desenvolvem o senso crítico e o raciocínio do bacharel, visto que ele, quando restrito à dogmática, acaba ficando restrito ao texto da lei. Historicamente, percebe-se que as Faculdades de Direito sempre deram um peso maior às disciplinas dogmáticas em suas grades curriculares, seja no período de rigidez das grades, até os tempos atuais, sendo que, a partir dessa flexibilização que propôs a introdução de disciplinas zetéticas50, o fez sem integrar tais matérias

http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=8e0346c7a627447a> Acesso em: 21 de set de 2016.

49 ALMEIDA, Frederico de. SOUZA, André Lucas Delgado. CAMARGO, Sarah Bria de. Direito e Realidade: desafios para o ensino jurídico. Disponível em http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/11274/Ensino%20do%20direito%

20em%20debate.pdf?sequence=1. Acesso em: 06 de out de 2016.

50Entende-se que zetéticas são investigações que tem por objeto o direito no âmbito da Sociologia, Antropologia, História, Filosofia, Psicologia, Ciência Política.

Referências

Documentos relacionados

Nesse sentido, o trabalho realiza uma revisão bibliográfica acerca da conceituação e historicidade das “fake news”, bem como acerca dos parâmetros do direito à liberdade

Há outra teoria minoritária que determina o psicopata como imputável, defende que o psicopata não deve ter sua imputabilidade reduzida, ou seja, não pode se enquadrar

O conceito para o crime de estupro, nas lições de Damásio Evangelista de Jesus 56 , passou a ser tido como a conduta típica de constranger alguém, mediante violência ou grave

a extensão, às uniões homoafetivas, do mesmo regime jurídico aplicável à união estável entre pessoas de gênero distinto justifica-se e legitima-se pela

A relevância do assunto discutido no presente trabalho já foi evidenciada em estudos anteriores, mas não com a abordagem que demonstrassem a correlação entre o

Desse modo, não sendo a empresa individual de responsabilidade limitada uma espécie de sociedade, ou seja, não há coletividade de pessoas para a sua constituição, mas sim

Terminada a análise da incidência do Princípio da Insignificância como causa excludente de tipicidade penal, tratar-se-á da importância dos princípios no

A presente monografia busca fazer uma amostragem do ensino jurídico, mas com o foco principal o Núcleo de Prática Jurídica, aborda desde a criação do curso jurídico