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CRATO, Nuno - O Eduquês Em Discurso Direto - Uma Crítica Da Pedagogia Romântica e Construtivista (Ed. Gradiva, Portugal)

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NUN CRT

O «EDUQUÊS» EM

DISCURSO DIRECTO

Uma Crítica da Peagogia

Romântica e Construtivista

(8)

© Nuno Crato/Gradiva Publicações, S. A.

Revisão de texto: Maria de Fátima Carmo

Capa: Armando Lopes

Fotocomposição: Gradiva

Impressão e acabamento: Multitipo -Artes Gráficas, L.ª

Reservados os direitos para Portugal por:

Gradiva Publicações, S. A.

Rua Almeida e Sousa   r/c esq  - isboa Telef     -Fax    

Dep comercial: Telefs    / -Fax    

geral@gradivamailpt / wwwgradivapt  edição: Fevereiro d  • edição: Setembro de  Depósito legal n  / ISBN: ----

grdiv

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Uma versão reimiar deste traalho oi aresetada um ecotro sore educação romovido ea Sociedade ortuguesa de Matemática, em Caaride. O ivro-sítese das iterveções e deates desse ecotro, icuido uma versão muito code sada deste teto, sairá em reve a coecção SM/Gradiva com o títuo  Ensino a Matemática: Recuperar o Tempo Perio

O autor ão é resosáve eos erros de sitae das cita ções. Os etractos são iemete reroduzidos, matedo-se os erros, as amiguidades e as rases iiteligíveis de agus dos tetos origiais.

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ln dic

Diagnóstico da situação                                     Cultua e conhecimento face a cultua popula

fagmen-tada...  Disciplina   A polémica dos exames   A destuição do cuículo e dos conteúdos cuiculaes  

Competências, contextualização e apendizagens

signifi-cativas...  A teoia das competências conta os conteúdos  

O fascínio pela motivação e pelas aplicações conta o teino

e os autoatismos...  Romantismo e aogância constutivista   Ensino da matemática...  A tabuada e a motivação   Dogmatismo constutivista e omantismo ousseauniano  Algumas conclusões  

Recomendações bibliogáficas  Índice onomástico ... 

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Devido aos curiosos métodos de ensino da Escola Expe rimental, não se aprendia muito Francês nem Matemá tica nem Latim ou coisas desse tipo; mas aprendiase muito sobre a maneira de passar despercebido.

C. S. Lewis, As Crónicas de árnia 

 rono de Prta 1953.

Não é possível perceber o que se passa na Educação em Porugal sem conhecer um debae de deas  umas vezes surdo, ouras agressvo  que dvde a opnião públca, cria desconforo enre profssonas de educação e paua omadas de posção de políicos e decisores.

De um lado, surgem pessoas, deas e audes que êm do um papel domnane na políca educava. Ideias que habualmene se denfcam, nem sempre de forma correca, com a «escola moderna», com o «ensino pro gresssa» ou com o «ensno cenrado no aluno». Ideas que se esendem por váras áreas polícas, que veram uma influênca crescene no Minsério da Educação ao longo dos anos 80 e 0, que, porano, vngaram sob a acção de governanes de pardos ão dversos como o CDS/PP, o PPD/PSD e o PS. Ideas que êm smpaias em odos esses pardos e nouros.

Do ouro lado surge uma opnão pública difusa, que se manfesa desconene com o esado acual da educação e que em a noção nuiva de erem sido os eóricos da pedagogia dia moderna a conduzrem à siuação presene.

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Nessas opiniões críicas incluemse vozes ingénuas ou menos sofisicadas, como as que acusam as «Ciências da Educação» no seu odo, sem perceberem que a pedagogia é necessáia, que a reflexão pedagógica é imporane e que a invesigação pedagógica é imprescindível para ulrapassar os problemas do ensino. Nas opiniões críicas incluemse ambém professores e inelecuais que discordam dos exage ros da ideoogia pedagógica dominane. Umas vezes, essa discordância incide sobre aspecos reaivamene secundá-rios, como a inguagem herméica seguida por muios eó ricos da pedagogia. Eses são enão acusados de falarem «eduquês»  um nome casiço e feliz que o enão minisro Marçal Grilo usou para classificar essa linguagem esoé-rica. Ouras vezes, a discordância é mais profunda e em raízes na deecção, mesmo que inuiiva, de ideias pós-modernas, consruivisas e românicas que êm influen ciado a educação. No enano, apesar dessa consciência, a críica ideológica em sido dispersa e essencialmene limiada a inervenções em conferências e na imprensa. Pes-soas como nónio Barreo, Jorge Buescu, José Manuel Fernandes, Carlos Fiolhais, Maria Filomena Mónica, João Queiró, Guilherme Valene e ouras êm inervindo sisema-icamene em debaes e em arigos dados à esampa no

Públc, no Ex e nouras publicações. nálises parce

lares êm sido apresenadas por Luís Valadares Tavares e ouros. Um livro de Mihá Ribeiro apresena um relao

 Ve o ecete Melho Eudo d Meátic e Potugl

policopiado, Obseatio de Pospectia da Egehaia e da Tecno logia, ulho de 2005

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pessoal e emotivo Um estudo da polémica de divulgação pública dos esultados das escolas (k) fi ecente mene publicado po David Justino s intevenções ante-roes mais extensas paecem limarse, no entanto, a um lvo de Maia Flomena Mónica de 1.

inspiado, entetano, toma contacto com o debate processado nou ros países, nomeadamene nos Estados Undos, onde Chall, Hirsch e Ravitch, ente outos, têm feito uma cítca sistemá tica à pedagoga dta pogessista No Reno Undo, tem sdo desenvolvido um debae semelhante, nomeadamente

Gabriel Mithá Ribeiro, A Pedagogia da Avestruz isboa, Gradiva, 2004. Ver ainda Santana Castilho, Manifesto para a Educação em Portuga Cacé, Texto, 1999, e Ri Baptista,  Leito de Procusta Crónicas sobre o Sistema Educativo isboa, SNP, 2005

 David Jstino, o Siêncio Somos odos Iguais, isboa, Gradiva, 2005.

4 Maria Fioena Mónica, s Fihos de Rousseau Ensaios sobre os Exames isboa, Relógio D'Ága, 1997.

 Ver, por exeplo, a listage esagadora da investigação peda gógica epírica qe desonta o efeito do ensino centrado no alno no livro da grande pedagoga norteaericana Jeanne S Chal, he Academic Achievement Chaenge What Reay Works in the Cassroom Nova orqe, Gilfrd Press Ver a claríssia síntese crítica e E D Hirsch,

he Schoos We eed and Why We Dont Have hem Nova orqe, Dobleday, 1999. Ver ainda a docentada história do debate norte -aericano e Diane Ravitch, Left Back A Century of Battes over Schoo Reform Nova orqe, Sion & Schster, 2000.

6 É interessante, por exeplo, o insspeito estdo de qe foi nspectorChefe das Escoas tanto e governos de John Maor coo de Tony Blair: Chris Woodhead, Cass War he State of British Education ondres, ttle, Brown, 2002.

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por Woodhad  OHar, al como m França, ond pro fssors do scundário  superior s êm manifsado conra o «poliicamn corrco» pdaggco,  m Espanha, ond sobrssam os rabalhos d Quinana Cabanas, profssor d pdagoga muo críico da cor-rne românica

Qum quira prcbr os conornos  as raízs da polémica m, no nano, grands dfculdads, pois as dias aprsnams disprsas  não é fácil nconrar-lhs uma linha d rumo  uma corênca. O prsn o prnd dscorinar, por drás d posiçs avulsas  documnos confusos, algumas das das essnciais qu aparcm assocadas a ssa corrn pdaggca d insp-ração psmodrna  românca.

s razs dsa classicação são claras.  corrn m uma inspiração psmodrna, pos sublinha a nrvnção, a nrpração  o procsso, não os facos, os currículos,

7 A extensão do debate em rança, mesmo que parcial, pode ser avaliada no livro da Commission du Débat National sur l' Avenir de l'École, Les Français et eur écoe: e miroir du débat aris, Dunod, 2004. Um texto crítico interessante é o de Eizabeth Altschull, Lécoe des ego: contre es gourous du pédagogiquement correct» aris, Albin Michel, 2002. Outro, com o interesse adicional de ser centrado na matemática, é o de Stella Baruk, Si   : quees mathématiques

pour écoe aris, Odile Jacob, 2004 Os documentos de aurent aforgue e as referências que este aponta são também muito esclarecedoras ( http:.ihes.fr/lafforgue)

 Ver, por exemplo, José María Quintana, La Educación Está Enferma: Informe Pedagógico sobre a Educación Actua Valência, Nau Llibres, 2004.

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os conúdos  os rsulados ducavos. Dscrê da obj cv-dad, da capacdad d aprndr a raldad  da possb ldad d o conhcmno cníco chgar a concluss, anda qu qusonávs  possvlmn provsras.  s nconra a ra do dspro plos conúdos cnícos  procssos cognvos, a par da arrogânca consruvsa, qu magna os alunos capas d crcar  consrur conh cmno a parr do nada.  corrn m uma nspração românca, não por propagar das lunácas  ao madas  qu muas vs são, d aco, lunácas  aolmadas , mas porqu s nquadra num movmno losco  pda-ggco anraconalsa qu m JanJacqus Roussau

( 11218)  ouros como prcursors. 

9 É curioso notar, por exemplo, que António Sérgio (131969)

considerava ousseau « mais sinistro dos autoritários» Ensaios,

isboa, Sá da Costa, 1971, vol 1, p 201) e pensava que o «erro de Emílio, em poucas palavras, foi o individualismo sentimental,  ro mântico e desagregativo», como escreveu em 1917 No entanto, no prefácio que redigiu para uma selecta do Emio por si organizada

Emíio, isboa, Inquérito, 1940) é muito menos mordaz, como aliás compete ao prefaciador de uma o bra que se pretende lida Sérgio é um dos intelectuais portugueses mais influentes da primeira metade do século  possivelmente o mais influente entre os opositores ao regime de Salazar oi discípulo de Claparde no Instituto Jean-Jacques ous seau, em Genebra, e figura central no movimento Educação Nova Muitos estudiosos consideram-no precursor das teses românticas, mas Sérgio é muito mais complexo do que isso, como mostram as duas breves referências acima As críticas políticas e pedagógicas de Sérgio a ousseau são semelhantes às de outros pensadores, nomeadamente às de Isaiah Berlin, no seu Rousseau e utros Cinco Inimigos da Liberdade isboa, Gradiva, 2005

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Paa meho se pecebe que este epíteto está onge de se abitáio, vejamos o ue diz, po exemplo, o Phl

hcl Dcy0 de aio Bunge: «Romantismo.

ovimento cutua complexo que começou com Vico e Rousseau e cuminou com Hege. Pogessivo na ate, etgado na fiosofia e ambivaente na poítica. Caac teísticas pincipais: iacionaismo, obscuidade, hoismo, desegamento, subjectivismo, misticismo, excesso, nostal gia, desejo de associa a histia natua (e não a ciência)

à fiosofia, à eigião e à ate.»

Não é s a influência de Rousseau na pedagogia dita modena que a associa ao omantismo (como coente inte-ectua e não estética, cao): são muitas outas das suas caacterísticas «etgadas na osoia» , nomeadamente o epúdio da tadição acionaista cítica, o despezo pea cu tura clássica, a defesa do pedomínio da natueza, o apelo

à espontaneidade em detimento do intelectualismo e a des vaoização dos conteúdos e do conhecimeto substantvo.

O epíteto «omântico», aiás, não é novo em pedago gia teica. Vejamse, po exempo, os textos sobe a «escoa centada na ciança» de G. Staney Ha (1844 1 924) ,  pofesso de ohn Dewey ( 1 85 919 52 ) em ohns Hopkins, e de outos. Tampouco as ideias associadas à

 Amherst, Promethes Books, 2003, tradção nossa

 G. S Hall, «The ideal school as ased on child study», Forum

32-24, 1901.

 V. Diane Ravich, Left Back A entury ofBattles over School

Reform Nova Iore, Simon and Scser, 2000, secção «Romantic Pedagogy Versus te Academic Cricm»,  69.

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pedagogia omântica são novas. lém da efeência na-tual a Rousseau, cuja obra pedaggica Éml data de

12, o repúdio dos currículos e a sua substituição po projecos, assim como quase odas as ideias da dia escola modena, emontam a intepetações dogmáticas de Dewey e de ouos, mas sobeudo a William Head ilpatick ( 1 8 11 9 5) e às suas propostas expressas no célebe ensaio « The poject method» ( 1 9 1 8 ) . Vale a pena le alguns dos documenos destes pensadoes para ecebe que a «escoa nova» va pouco além dessas poposas velhas. tes ainda de inicia a análise, são necessárias algu-mas precauções meodolgicas. m pimeiro lugar, ã há um gu m um t ftmt hmgé qu m  tmd cm bjct ufm d tud.

Há ideas difeetes e muas vezes contradiias. as há, como veemos, um conjuto de ideiaschave que foam defedidas umas vezes po uns, ouas po ouros, umas vezes expressamene, outas de forma subentendida, e que

3 Muitas vezes, a influência de ousseau é inconsc iente ou mesmo negada, mas nem por isso se torna menos importante. Ver, por exemplo, António M. Magalhães e Stephen  Stoer, rguhosamente Fihos de Rousseau orto, rofediçes, 199, e A. eis Monteiro, História da Educação: Uma Perspectiva orto, orto Editora, 2005 Segundo este último, «Émie é [.. . a obra-prima da história do pensamento pedagógico, talvez o texto fundador da pedagogia moderna' » (p . 57 )  Como sempre, h á qu e distinguir os pensadores do s seus leitores apressados. Dewey, por exemplo, reconhecia que «o perigo da nova

educação está em considerar as forças e interesses da criança como coisas de significação definitiva» (John Dewey, he Chid and the Curricuum University of Chicago ress, 1902, -10)

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estão subj acentes ao essencia do discuso educativo domi nante. O objectivo deste estudo é pecisamente caactei za essas ideias e mosta agumas das suas impicações. m segundo uga, este texto cd b  d

x, mesmo ue ma, e ue taduzem infuências

ue consideamos eneas e pejudiciais. Não constitui um estudo empíico nem uma síntese dos esutados ou das influências páticas das ideias. Quando foi apesen tada pubicamente uma pimeia vesão deste tabaho, houve uem o acusasse de se imita à etica. Pois é de facto disso ue aui se tata. stáse a anaisa a etica, ou seja, os conceitos expessos po paavas. s ideias ue citicamos são sempe apesentadas sem estudos empíicos nem dados científicos ue as sustentem. São ideias epetidas à exaustão em discusos intepetativos, apesentados numa espia discusiva centada em si p-pia. Po isso, a cítica da etica é uma taefa muito impotante. São as ideias ue iniciam ou impedem as mudanças e são eas ue justificam as páticas.

m teceio uga, m-  cçõ  ubl

hm-  d, o ue não é fáci, pois eas têm de se descotinadas, paa não dize adivinhadas, ao ongo de eituas epetidas e pacientes. Como se tonaá cao ao ongo deste texto, uma das caacteísticas mais macadas

do duquê é a fata de caeza. O ponto meece se

subinhado, pois essa confusão evease na atonia do discuso, na mistua de ideias e na incapacidade paa expimi caamente o ue se defende.

Há anos, ea hábito binca com as dicotomias dos ditos popuaes, anuandoos. ssim, po exempo, en

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quato um conhecido ditado afimava que a saúde é mais vaiosa do que o diheio, ioizavase dizedo que « mais vae te saúde  diheio do que se doete  pobe» . Da mesma foma actuam os ossos duqu que se esqui vam sempe às dicotomias, po exempo, dizedo que é meho a discipia cosetida do que a idisciplia po vocada pea autoidade, ou que ão são desejáveis os exames epetitivos que apeas fazem apeo à memoiza ção. O pobema, cao, é se é meho a discipia do ue a idiscipia, se se dá pioidade ao coseso sobe a dscipa, se se ejeita po picípio a autoidade e assim po diate. Ou seja, o poblema está as cotadições. s atiomias têm de se efetadas: devemse ou ão se devem faze exames? azedoos, é possível evita o apelo à memoização? Todo o apeo à memoização é egativo? stes pobemas devem se ecaados de fete, mas aamete o são.

impotate te pesete este aspecto etico quado se êem agus textos.  ecusa das atiomias ão é, evidetemete, euta. o se dize, po exemplo, que ão se petede o imobiismo que pode se causado peo autoitaismo cego (alguém o deseja ? ) ão se está a dize ada de peciso, mas a codease impictamete a auto idade o execício da discipia. Paa aaisa agus textos é ecessáio faze este execício de igo aaítico, quase exegético, pois aos são os mometos em que as teses são caamete apesentadas.

m quato uga,  qu m ã  d  ã 

. Há quem defenda de foma cosciete e assumi

da as ideias citicadas este esaio. Mas são eativamen

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te aos os que o fazem. E há quem po vezes defenda ou apesente cetas ideias de foma pouco consciente, ape-nas peo facto de eas teem sido tão epetidas e episa das que paecem ugaescomuns. Não nos ineessam as pesonagens ou as suas convicções, mas sim as ideias. Tampouco inteessam, em gea, os autoes dos textos citados. dmitimos que possam esvaa expessões infe izes da pena deste ou daquee auto, sem que quem as esceveu as defenda ao imite. Mas é impotante ve, no imite, aonde podem eva as ideias expessas.

equentemente, em debates sobe educação, os inteocutoes sentem que atibuem à ideia que apesen tam uma intepetação difeente daquea que é citicada. Paa da um exempo, efiase o estafado «ensino centado no auno» que, paa muitos, é viso apenas como uma vontade de educa o jovem tendo atenção às suas capacidades e gostos, ao invés de o obiga a apende as matéias sem consideação peas suas necessidades futu as, peo seu desenvovimento ou peos seus gostos e caacteísticas. Todas estas peocupações são ouváveis, mas com a modeação de não as tona centais, ou seja, de não pemiti que se esqueçam os objectivos e coneú dos cuicuaes, e tudo o que o jovem necessita paa se chamado a uma vida activa cítica e infomada.

No entanto, o «ensino centado no auno» tem uma oigem e um conteúdo bastante pecisos em peda

 Apesar de haver antecedentes, como á se mostrou, a expressão foi soretudo difundida a parti da pulicação da ora de H. O. ugg, he ChidCentered Schoo Nova Iorque, orld Book Company, 192.

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gogia. Tatase da vesão modena de um peceito de Rousseau e de outos, que ecomenda deixa desenvolve o jovem sem «intefeência tianizante do indivíduo adulto», paa cita um pensado potuguês devidamente efeenciado mais adiante. O desenvolvimento live do educando, seguindo apenas os seus inteesses e gostos, desembocaia no adulto live e fomado.

Muitos dos que falam em «ensino centado no aluno» epudiam esta visão extema. Mas todos deveos se confontados com a oigem e significado desta e doutas expessões, de foma a temos cuidado com o seu uso e, sobetudo, de foma a podemos dialoga conscientes do significado das ideias.

esse o nosso pincipal objectivo.

6 Ver uma discussão em edro Sales uís osário e eandro

S. Almeida, «eituras construtivisas da aprendizagem», in Guilher mina obato Miranda e Sara Baía (orgs., Psicoogia da Educação emas de Desenvovimento Aprendizagem e Ensino isboa, elógio D'Água, 2005, pp. 1 4 1-1 65.

(24)
(25)

Diagnóstico da situação

té há pouco tempo, podeia dizese ue um dos temas geadoes de mais aceso debate púbico ea o diagnstico da situação do ensino. nuanto patica mente todos os agentes sociais se peocupavam com a situação, os esponsáveis diziam ue os aames esuta vam de uma anáise enea, uando não de uma tenta tiva encapotada de povoca o egesso ao ensino eitista do passado.

Comecemos po uma das mais caas e espantosas decaações escitas e publicadas:

Não tenho nada uma visão miseabilista da nossa escola básica e, pemitamme que afime, que os indicadoes de

pefomance ou outos indicadoes estatísticos, que nos

colocam em posições compaativamente desfavoáveis com outos países, não me petubam nada, emboa alimentem mediaticamente a opinião pública.

que eles epesentam

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ua fora ão reduora de er a educação ue deixa de lado o ue é erdadeiraene porane e ue se passa na escola Nese peueno país não soos ne elhores ne piores do ue outras regiões da Europa, ou da Coreia ou dos EUA Soos diferenes17

Podeia pensase que se tata de afimações de a-guém sem esponsabiidades, mas a autoa ea, na atua, pesidente do Conseho Naciona de Educação. Outa esponsáve, desta vez Secetáia de Estado da Educação, dizia numa decaação púbica de 2000:

Ora foi possíel aeriguar ue os alunos do  ano

são capazes e compreener a ieia principal e um texto ou e ientificar personagens e elementos centrais a nar rativa as ê dificuldade e utilizar ocabulário di

versificado e e idenificar ensagens não explícitas, e revela u conhecieno insuficiene das regras de ponuação Por ouro lado, e aeática os esos alunos do  ano] ostra u muito razoável conhe cimento os conceitos e proceimentos as tê u de

sepenho enos bo uando se traa da resolução de probleas não roneiros ou de uesões de geoeria itá licos nossos]18

7 Maria Teresa Ambrósio, «Educação para o desenvolvimento»,

in Escoa Diversidade e Currícuo Departamento d a Educação Básica, Ministério da Educação, 1999, p. 34.

8 Ana Benavente, «As provas de aferição ao serviço da organização

das práicas pedagógicas», Púbico, 28 de Dezembro de 200, p. 28

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D ond s dduziia qu o nsino não staia tão mal como s podia pnsa. Apnas xistiiam poblmas num nívl cognitivo supio.

Ainda m 2002, quando foi dvulgado o Mf

  Educçã d Rúblc diigido m spcial ao Psdnt da Rpública, as acçõs oficiais foam nga-tivas. Sgundo o Ex d 1 d Fvo d 2002, Jog Sampaio «consida o su diagnóstco [do ani

fsto] catastofista' » (p.  ). , sgundo lata um dos pomotos dssa tomada d posição,

Pela voz de uma assessora o Presidente da Reública] disse que «não subscrevia diagnósticos de desastre».2º

Igualmnt cuosa é a sgunt acção ao msmo Manfso:

Trata-se de um discurso que reflecte os valores da classe média, muito reocuada com o facto de a escola não ser

9 Esta ideia, repetida vezes sem conta pelos ue menosprezam os

automatismos, a memorização e os correlativos treinos preparatórios, mereceria ser mais bem discutida. A fazer fé nos discutíveis estudos divulgados pelo Ministério sobre as provas de aferição, os alunos teriam maior dificuldade nas tarefas mais complexas De onde se deduziria ue é nos aspectos não rotineiros ue se deveria centrar esforços, menosprezando os níveis cognitivos preparatórios. Ora ma ideia não se deduz da outra. É natural ue haa maiores dificuldades nas tarefas mais complexas; de outra forma não seriam mais comple xas .. . É um erro grave deduzir daí ue não vale a pena insistir em capacidades cognitivas inferiores. Ver adiante, a secção «ompetên ias, contextualização e aprendizagens significativas».

 Guiherme Valente, «A uestão central da educação>>, Púbico,

31 de Julho de 2004, p. 9

(28)

hoje um factor de distinção, como era antes do  de Abril [...  os signatários analisam a situação ortuguesa como se Portugal ossuísse tradições de escolarização de um século ou século e meio, como se, entre nós, o rocesso de massificação escolar não tivesse ocorrido num temo extre mamente curto, dos anos  ara cá [... .21

Nstas dclaaçõs conhcs um agumnto muo ptdo: a massfcação do nsno. Esqucs o msmo agumnto do facto d outos paíss, nomadamn a Espanha, tm alzado um pocsso d massfcação do nsno compaávl ao nosso, mas mas ápdo  com mas sucsso. Sob sto, vjams os dados dos studos TIMMS  PISA. O agumnto é ptdo à xaustão:

Tantos zeros e tantas negativas é um sinal de crise no ensino da Matemática? Não me arece. [ ...  Se se isolar o gruo dos % melhores alunos da actualidade, obtemos um gruo comarável ao que no temo do liceu [? acedia a estes cursos [ciências e engenharia. Os deseme nhos em Matemática destes % de alunos não são sensivel

mente iores que os do assado.23

 António Teodoro, entrevista à Visão, 6 de Junho de 2002, pp. 1517

 Uma síntese clara desses estudos encontra-se no artigo de M uísa A. Ferreira e Pedro J.  de ima «Portugal: Educação em números  Um a perspectiva internacional» in  Ensino da Matemá tica: Recuperar o empo Perdido isboa, SPGradiva, no prelo.  João Pedro da Ponte, «Ü ensino da matemática em Portugal: uma prioridade educativa ? » , Lisboa, NE,  Ensino da Matemática:

Situação e Perspectivas, 2003, pp. 43-44.

(29)

Esta ngação pmptóia d sinais d cis é spantosa, mas muito difundida m tomadas d posição antios a 2005. Ptndias msmo idiculaiza o discuso sob a cis no nsino colocando, com ptnsa ionia, a pala-va «cis» nt aspas.

Mas talvz o mais intssant sja tnta pcb o agumnto: a scola não stá mal, pois agoa consgu t um sucsso m  % dos sus alunos compaávl ao sucsso qu antiomnt consguia m quas todos os tudan-ts qu faziam sss xams! E msmo ssa compaação não s nconta dfndida com claza, pois é qualifi cada com «snsivlmnt». Facto cuioso: logo após a nova minista da ducação, Pofssoa Maia d Louds Rodigus, t fito um diagnóstico muito cítico da conjuntua, a msma font consguiu scv o sguint.

O ensino da Matemática em Portugal não vai bem.

um dado da exeriência de todos os que lidam de erto com alunos e rofessores e que os resultados dos exames (. ano), das rovas nacionais de aferição (., . e 9. anos) e

 Vejase, por exemplo, Stephen . Stoe e António M. Maga lhães, «As provas de aferição e o desenvolvimento da escola paa todos», Púbico 6 de Janeiro de 2001, p. 24.

 No discso de divlgação dos resltados do PISA 2003 na E. S. da Amadora em 27 de Abil de 2005, a ministra reconhece, para srpresa dos qe associavam esse tipo de declaações ao consevadorismo, qe «Ü défice de competências em matemática re velado pelos resltados do PISA é m poblema de enorme gravidade e tem expressão quantitativa consistentemente confirmada pelos re sltados de otras avaliaçes».

(30)

os estuos internaconas não fazem mas o que corrobo rar Um fenómeno semelhante exste noutros aíses  or exemlo, no estuo PS, Esanha, tála e Estaos Unios têm resultaos semelhantes aos nossos [  é necessário re conhecer que a situação actual os alunos ortugueses tem mutos asectos reocuantes6•

Tm d s bm cbida, é clao, a mudança d posição qu muitos sponsávis  spcialistas, ou ditos spcialis tas, adoptaam, mboa sja lgítimo coloca m dúvida a capacidad d apnsão da aidad po pat dos qu ngaam sistmaticamnt a xistência d poblmas

Mas atntmos nas fências intnacionais A xis-tência d cis gav na ducação m Potugal é uma idia qu os sponsávis ducativos têm d tal foma stigmatizado como sndo uma cítica accionáia  saudosista qu msmo pssoas pocupadas com a du-cação matmática fazm afimaçõs como a sguint, pofida numa ntvista.

  Mas há um roblema crónico com a Matemática ou não?

 N.  á, mas o roblema a Matemátca não é exclu sivamente ortuguês

conveniente sabermos que, a nível eroeu, ele também exste e ecerto não é menor o que no nosso aís27

6 João Pedo d Ponte, «Ü ensino d mtemátic em Potgl>>,

eCiência 28005, p  27

 «Vence o inscesso», enteist de Fenndo Nnes  Mi João Mtins, orna de Letras  de etembo de 2002, plemento JLdcção, pp 5

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Estas últias dclaaçõs são datadas d 2002, ants d o studo PISA t vindo osta coo a situação ducativa potugusa é gav no panoama uopu  intnacional, as já dpois d os sultados do TIS t vlado Potugal no fundo da tabla dos paíss uopus paticipants.

As copaaçõs intnacionais , contudo, ostam qu xistm alguns paíss ais avançados qu têm poblmas smlhants. E nossa opinião,  na d muitos studio-sos do pobla, isso apnas vidncia a xistência d uma cis d ointação no sistma ducativo  o facto d os nossos poblmas não s dutívis a poblmas d cscinto divados da docatização do acsso ao nso.

Cuiosant, paa a idologia ducativa dominant ssa assificação não constitui uma opotunidad paa chama novas camadas sociais à cultua  ao conhci-mnto. Vjamos m pomno o qu s tm dfndido.

(32)
(33)

Cutura e conhcimento face

a cutura popuar fragmentada

A scola paa todos, assocada a uma «scola inclusva» é uma das palavas d odm da dologa domnant. Alguém podá dscoda? Vjamos mlho o qu s tm scto.

Têm então grande influência na Sociologia da Educação as teorias Marxistas e Neo-Marxistas ... . A Escola ...  assa a ser considerada como um instrumento ao serviço das classes dominantes ... .

O insucesso escolar é agora interretado como rocesso e consequência de fenómenos de estratificação social e económica ... .

A esquisa vai-se entretanto enriquecendo com outra vertente de análise ...  com o conceito de violência simbó lica de Bourdieu e Passeron chamase a atenção ara quanto

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o fnionameno a eoa é eonáe elo ineo e gro oiai qe no aiham o abere, noma, a loe iilegiao ea a e ae ominane e qe o o únio aeie elo meanimo eagógio a iniiço E analiae omo o gro ominane êm aim o oe e imo na Soieae o e aoe or meio, no ó o oneúo eeionao na eola omo imoane, ma ambém a meoologia aa, o meio a eaço eabeleia e o eoineo qe aí ela.

 ... ] Enfaiza-e qe não há la eriore e in feriore ... ] eerá eer-e a alação ee gr o obre o e abee, o e ineee e o e alo re ... ].

Ea eoaçõe fazem om qe os eenho e rojeo eaio ea éoa já não osam e rígio ... a] reiênia à inoaço ... ] erá agora inerreaa omo relao a leira qe fazem a realiade o ife renes aore oiai ...  iniiaias omaa à Periferia o Siema no eerão er inerreaa elo Cenro omo fenómeno e eiênia à inoaço e orar-e-á analisar e aé or eze aloriza o e ignifiao.28

Apacm aq váas das cntas: o nsucsso é dctamnt atbuído à statfcação socal; a scola, ao tansmt o sab  a cultua, não stá a chama todos

28 Liza otso, ontxto  poctos d mdança m edca

ço», m Stphn R Sto og, Educação Ciências Sociais e Rea idade Portuguea Uma bordagem Puridiscipinar, Poto, Afontamnto, 11 pp 13810

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a patlha ssa cultua, mas a polonga a opssão; não há cultuas nfos (nm msmo a da class dom nant? ); a scola dva valoza ( ? ) os sabs populas. A msma tónca, d foma apantmnt mnos polt zada, tm sdo sustntada po sponsávs máxmos do sstma ducatvo:

Os modelos escolares doinates de «cultura», de «sa ber», de «sucesso», de «bo aluno», o modelo dominante de escola, afinal, criam dificuldades e constituem obstáculo ao sucesso dos aluos que pertencem a meios de cultura não letrada.29

E anda:

Ultrapassar esta situação supõe abandonar o conceito formal de «igualdade de oportunidades» reconhecedo que a «indiferença às diferenças», que esse conceito implicita mente contém, é produtora de insucesso, é necessário reco nhecer que a heterogeneidade social presente na Escola exige a diversificação das práticas escolares e pedagógicas.

29 Ana Benavente, «Dos obstáclos ao scesso ao niveso sim

bólico das pofessoas. Mdança e esistência' à mdança», em Ste phen . Stoe (og.), Educação Ciências Sociais e Reaidade Portu guesa Uma Abordagem Puridiscipinar, Poto, Afontamento, 11, p. 173.

  Ana Benavente, «evisitando das ideias», Confeência no PofMat88, agoa em Heniqe Manel Gimaães, Dez Anos de Pro(Mat Intervenções Associação de Pofessoes de Matemática,

1 6, p 26.

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Daqui ssaltam duas idias impotants Pimiamnt, como a scola é stanha aos mios d cultua não ltada, a culpa do insucsso dos hos dsss mios é atibuída p cisamnt a ss afastamnto Consquntmnt, m vz d pocua lva os jovns d mios não ltados ao conh cimnto  à cultua (dos mios tados, clao), popõs qu a scola tnha páticas difnciadas (polongando o afastamnto dos filhos da cultua não ltada?) A idia é ptida à xaustão, com maio ou mno adicalismo:

A abertura à comunidade [  ] sendo que não é possível fazer uma educação ambiental no meio rural com temas de um universo desconhecido, assim como, no meio urbano ou à beira mar, será absurdo fazer educação ambiental com temas de uma outra realidade31

Lvando stas idias às suas natuais consquências, não s dvia fala da dstuição da flosta amazónica, poqu s tata «d um univso dsconhcido». Em vz d um sfço pa abtua d pspctivas cultuais dos stu dants, dfnds pois a sua limitação ao «univso» qu conhcm  Pouco falta paa qu s diga qu os j ovns

3 An Benvente, «Intervenção d Secretári de Estdo d Edc ção e Inovção», in Escoa Diversidade e Curruo Deprtmento de Edcção Básic, Ministério d Edcção, 1, p. 2

3 Bsil Bernstein (1242000) revoltrsei cd vez qe os ses escritos são citdos em pretenso poio  est tese retrógrd e nti cltrl. Deste sociólogo, eise, por eempo, Cass Codes and Contr Nov orqe, Schocken, 1 74, em especil «A critiqe of the concept of compenstory edction», pp 10201, onde se torn

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oriundos d mios mnos favorcidos não dvm ultrapas-sar o método d contagm plos ddos. Tudo isto como mio d os dfndr da oprssão da cultura dominant .. . Prcbs, pois, o qu s  advoga subliminarmnt m txtos como o sguint:

A ecessidade de aumentar as oportuidades de sucesso das criaças proveietes de culturas ou de sectores sociais mais despotegidos implica que, em vez da escola oocul tural que «reforça as posturas uiformes e uiformizates da cultura domiante e cosidera as culturas populares deicitárias» (Leite, 1997: 145), se promova «a educação

itercultual ...  » 33

Contrasts st rtrocsso d fachada progrssista com a visão d um marxista sclarcdo, o taliano An-tonio Gramsci, um dos pnsadors d squrda qu cdo prcbram qu a scola romântica condnava as classs trabalhadoras à ignorância.

O coceito de escola ova está a sua fase româtica, com um exagero a sustituição dos métodos 'mecâicos pelos 'aturais  ]Atigamete, os aluos ao meos alca çavam uma certa agagem de factos cocretos Agora, já ão há ehuma agagem para pôr em ordem ] O aspecto mais paradoxal de tudo isto é que a escola ova é

aprese-clara a necessidade de chamar os estudantes a códigos mais elabora dos ( « elaborated codes give access to universalistic orders of meaning»,

  197)

3 3 Margarida amires Fernandes, Mudança e Inovação na PósMo

dernidade: Perspectivas Curricuares Porto, Porto Editora, 2000,  132

(38)

tada como democrática, uando na eaidade está destinada a perpetuar as difeenças sociai34

Ouças ainda um pnsado libal, o inglês Michal Oakshott (19011990). Povnint d um quadant político compltamnt divso, faz também a apologia da lvação do studant às conquistas cultuais da hu manidad.

paticulamnt fliz o su logio à duca ção clássica.

«Aprender» estava pois identificado com atingi a com preensão do ue é sugerido pela vida humana espehada numa cutura histórica de notáve esplendo e lucidez, era o convite para se reconhecer a si próprio em termos dessa cutura Era uma educação ue prometia e trazia a liberta ção do lugar e do momento, das restrições imediatas, da lama, da crueza, do sentimentalismo, da pobreza inteectual e dos pntanos emocionais da vida vulgar E assim continua a ser até aos dias de hoje35

Igualmnt intssant é a insstncia d Oakshott na chamada dos jovns à cvçã com a cultua.

  ] o convite da educação liberal, ou seja, o convite para se abstair por algum tempo das pressões do momento e do

34 Antonio Gramsci Cadernos da Prisão,  1 32, citado po Hisch op. cit., p  Paa pecebe melhor o pensamento deste ato pode le-se Haod Entwiste Antonio Gramsci Conservative Schooing for Radica Poitics Londes Rotede 17

3 5 Ensaio « A pace of earning» de 1975, in Michael Oakeshott

he Voice of Liberal Learning, Indianápolis Liber t Fund 2 00 1 , p 1 8 .

(39)

lugar e para ouvr a conversação em que o ser humano, desde sempre e para sempre, tem procurado compreender-se a s própro. 36

 Idem ibidem  3

(40)
(41)

Disciina

Talvz a dscplna não sja hoj um problma ão qun como ra há alguns anos, quando uma lgslação absurda (D.L. 20/98), hoj flzmn rvogada, crava grands dfculdads à acuação dscplnadora dos pro-fssors  da scola. as as auds pran a nds cplna connuam a dvdr os pdagogos. Cmos uma longa omada d posção, m muos aspctos sclarc dora das das româncas.

Quando se tomam medidas alegadamente para reforçar a disciplina pergunto-me se se terá feito uma reflexão sobre as causas mais profundas da indisciplina.37

Nos a ípca mistura d argumnos já crtcada na nrodução: «Quando s tomam mddas ldm

37 Lcinda Atalaia, declarações à revista Visão, Setembro de 2002

 48

(42)

paa foça a discipina. » Cao quando s actua l

dm, tudo é citicáv. E s s tomam mdidas l

m paa combat a indiscipina? Nssa altua o agu

mnto sá difnt?

Casiga-s o mau comporano», a fala d rspio, as provocaçõs, qu afinal são sinais xriors d algo qu vai mal na inrioridad mocional e afciva dos alunos.

Admitamos ...  qu s tia daí? Aond lva sta idia ? Po sm sinais xtios dvm s ignoados?

[...] Assnar a disciplina na escola sobreudo na burocraização de procssos disciplinars, aravés da cagorização das falas,  nas correspondnes sanções é privilgiar um modelo rpressivo.

Qu isto diz o quê? Qu não s dvm usa san çõs? Aguém quá assnta a dscipina «sobtudo na buocatização » ? Mas vjamos as mdidas altnati vamnt popostas.

3 8

Dfndo u sisma qu promova a rsponsabilidad do indivduo pran a comunidad. Cada um m o dirio d s consiuir como elmno acivo na organização dessa comunidad, na elaboração das normas plas quais la m d s rgr. O fim úlimo dssas normas é o rspio  o bm-sar d odos, ano no convvio como no rabalho. O não cumprimno das normas sablcidas impõ, naural mn, uma anális das moiaçõs  das consequências dos acos comios, enando ulapassá-las ou pnalizá-las numa prspcia  dsa os valors humanos.

(43)

A altnativa à disciplina é, pois,

A altnativa à disciplina é, pois, clc  luclc  lu

 tc  dfçã d g  qu  cl   tc  dfçã d g  qu  cl  dv

dv g. g.



xactamnt xactamnt isto qu aqui stá scito. isto qu aqui stá scito. PostoPosto isto, nada mais é dito  o txto prossgu dictamnt isto, nada mais é dito  o txto prossgu dictamnt para um outo tópico.

para um outo tópico.

Gosta

Gostaia de efei uia de efei um outo foco ue também pode pom outo foco ue também pode po voca indisciplina Na escola, nem sempe está associado o voca indisciplina Na escola, nem sempe está associado o paze à actividade poposta Quando digo

paze à actividade poposta Quando digo prazepraze não enão e

cluo o esfoço ue lhe está ligado A difeença está em cluo o esfoço ue lhe está ligado A difeença está em despendemos esfoço numa acção de ue se gosta ou, pelo despendemos esfoço numa acção de ue se gosta ou, pelo contáio, se detesta Não se tata de só faze auilo de ue contáio, se detesta Não se tata de só faze auilo de ue se goste

se goste  mas do ue tem smas do ue tem significaignificado paa o sdo paa o sujeito e ueujeito e ue constituiá caminho paa a elaboação de novas ideias e de constituiá caminho paa a elaboação de novas ideias e de novos conhecimentos Não é com

novos conhecimentos Não é com eoganeoganizações cuiculaesizações cuiculaes nem com efoços disciplina

nem com efoços disciplinaes, es, nem com aulas de cinuentanem com aulas de cinuenta ou noventa minutos, ue constuímos uma escola ue ata ou noventa minutos, ue constuímos uma escola ue ata vés da sua paisagem ubanística e do fevilha de um taba vés da sua paisagem ubanística e do fevilha de um taba lho assente na epessão, na comunicação, na ate e na lho assente na epessão, na comunicação, na ate e na ciência, faculte a todos os humanos ue nela cesçam «o ciência, faculte a todos os humanos ue nela cesçam «o paze de escita»

paze de escita»

E assim tmina sta dclaação d alguém E assim tmina sta dclaação d alguém sponsá-vl po uma scola  qu aqui scv com gnalidad, vl po uma scola  qu aqui scv com gnalidad, pa

paa todos os gaus da todos os gaus d nsino nsino. V. Val a pna l st xtacto.al a pna l st xtacto. A indisciplina pod s povocada pla falta d paz. Mas A indisciplina pod s povocada pla falta d paz. Mas o sfço não stá xcluído, só qu tm d s um sfoço o sfço não stá xcluído, só qu tm d s um sfoço com paz

com paz... . FinaFinalmntlmnt, num stilo quas panfltá, num stilo quas panfltáio tamio tam bé típico do discuso omântico, mistuas tudo. A bé típico do discuso omântico, mistuas tudo. A sco-la qu s ptnd não

la qu s ptnd não é constuída com aulas d 50 ou dé constuída com aulas d 50 ou d 90 minutos ( s fm 57 minutos  mio?), nm com 90 minutos ( s fm 57 minutos  mio?), nm com

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oganizaçõs cuiculas ou foços disciplinas. Isso oganizaçõs cuiculas ou foços disciplinas. Isso paa quê, s o

paa quê, s o impimpototantant é o « é o «pazpaz da  da scitscitaa»» ?? Estas idias omânticas são ptidas

Estas idias omânticas são ptidas d umd um mm scos divsos, mostando a foma pocupant como scos divsos, mostando a foma pocupant como s difundiam.

s difundiam.

Quando os professores se queixa que os alunos não se Quando os professores se queixa que os alunos não se sabe coportar

sabe coportar, , significa qsignifica quue elese elesalunos] nalunos] nãão eo estão sostão sociacia lizados para o trabalho escolar Então] a grande ruptura lizados para o trabalho escolar Então] a grande ruptura que há a fazer é iaginar ua educação que se distancie do que há a fazer é iaginar ua educação que se distancie do odelo de aulas de  minutos, co  alunos e u pro odelo de aulas de  minutos, co  alunos e u pro fessor a fornecer informação3

fessor a fornecer informação388

Outa vz uma mstua d idas díspas, mboa Outa vz uma mstua d idas díspas, mboa vinda d outo tóico da pdagogia. Fica smp algo vinda d outo tóico da pdagogia. Fica smp algo subntndido: qus dz qu as aulas não dvm tr subntndido: qus dz qu as aulas não dvm tr 0 minutos? Nm 0 alunos? Então como sia? E o 0 minutos? Nm 0 alunos? Então como sia? E o pofsso não dv fonc infomação?

pofsso não dv fonc infomação?



cuioso como, paa algumas pssoas, stas visõscuioso como, paa algumas pssoas, stas visõs pod

podm s idm s idnntitiicadas com o pogicadas com o pogsso sso  com a squd com a squda.a. as lias Gamsci, po xmplo,  lmbs qu s as lias Gamsci, po xmplo,  lmbs qu s spitado intlctual  sistnt comunista, pso  spitado intlctual  sistnt comunista, pso  acompanhando a ducação dos filhos atavés d cos acompanhando a ducação dos filhos atavés d cos pondência, s indignava com os métodos laxistas qu pondência, s indignava com os métodos laxistas qu comçavam a s intoduzidos m algumas scolas.

comçavam a s intoduzidos m algumas scolas.

  ] ] oos s rapazerapazes s   ] precisa de contrair certos hábitos de] precisa de contrair certos hábitos de dilig

diligênciaência, exact, exactidãoidão, cop, copostostura ura  tatabébé f físicísica a  e dee de

3388  R Ruuii CCanáranáriioo,, jjornornaa ddee LeLetrastras,, EEntrevintrevissta ata a  R Ricardicardoo DDuuaarrte,te,

33 dede SeSettemembbroro dede 22000033,, SSlelemmenentoto JLJL /E /Eddccaaçção,ão,  . . 77

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concentração psquica sobre determinadas matérias, o que concentração psquica sobre determinadas matérias, o que sem uma repetição mecânica de disciplinas e métodos apro sem uma repetição mecânica de disciplinas e métodos apro priados não poderá adquirirse39

priados não poderá adquirirse39

Cuiosamn, m Pougal  m 2005 há qum con Cuiosamn, m Pougal  m 2005 há qum con sid

sid pogssisa adop pogssisa adopa uma a uma posua adiposua adicalmn difcalmn dif n  acia a indisciplina como algo inviávl. Talvz n  acia a indisciplina como algo inviávl. Talvz sja po isso qu é comum ncona posiçõs

sja po isso qu é comum ncona posiçõs _ _ poucopouco claas.

claas.

Indisciplina e violência são duas realidades e dois con Indisciplina e violência são duas realidades e dois con ceitos muito distintos O processo educativo implica um ceitos muito distintos O processo educativo implica um espaço de conflito e de transgressão O confronto faz parte espaço de conflito e de transgressão O confronto faz parte do crescimento e da conquista de um lugar como pessoa do crescimento e da conquista de um lugar como pessoa Esta

Esta «indisciplina» «indisciplina» é é bem bem conhecida conhecida dos dos professores professores ( (   )) Totalmente diferente é a situação de violência que começa Totalmente diferente é a situação de violência que começa a existir em muitas escolas Esta, sim, é uma realidade nova a existir em muitas escolas Esta, sim, é uma realidade nova com a qual não sabemos lidar  

com a qual não sabemos lidar  ] Em educação, a autori] Em educação, a autori dade não se impõe, conquista-se0

dade não se impõe, conquista-se0

Não s pcb xacamn o qu iso qu diz. Não s pcb xacamn o qu iso qu diz. A palava «indisciplina» é colocada n aspas. D qu A palava «indisciplina» é colocada n aspas. D qu s sá não a ala? E a auoidad não á d s s sá não a ala? E a auoidad não á d s simulanamn conquisada  imposa? Não s dvá simulanamn conquisada  imposa? Não s dvá

39

39 Cf «Em bsca do princp edcativo», António Gramsci,Cf «Em bsca do princp edcativo», António Gramsci,

A Formação dos Inteectuais

A Formação dos Inteectuais AmaAmadordora, a, FrFrononteteira, 1ira, 1 976, 976, p. p. 11 11 8.8.   António Nóvoa, «A atoridade não se impõe, conqistase»,António Nóvoa, «A atoridade não se impõe, conqistase», entevista ao

entevista ao Diário de otíciasDiário de otícias 11 1 1 de Novde Novemembrbro do d e 2005. e 2005. Os paêOs paênn teses crvos e as reticências são do ornalista, o qe leva a cer qe teses crvos e as reticências são do ornalista, o qe leva a cer qe a entevista possa ter sido eita po escrito.

a entevista possa ter sido eita po escrito.

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impôla quando não s consgu conquistála? Liams outos autos:

... ] prémios ... ] aos alunos «bem comportados» nas aulas. Como se se «bem comportado» fosse apenas uma escolha de ordem do ndividua.4

impotant pcb ond pod lva st agu mnto: não s dv pmia o bom compotamnto nm pnaliza o mau? Então, talvz não s dva actua nunca, pois o indivíduo pod smp dsculpas com outm ou com algum outo facto pévio ao su compota-mnto .. .

A sociedade impõe às crianças a frequência da escola, por um tempo cada vez mais longo. Mas, para muitas crian ças e para muitas famílias, a escola não tem qualquer sen tido. Nem sentido pessoal, nem sentido social. As promessas da democratização ficaam por cumprir e a escola deixou de ser, na maioria dos casos, um factor de mobilidade social. Nem sequer conseguimos concretizar o objectivo mais óbvio assegurar que todos os alunos, cada um à sua medda, te nham verdadeiramente sucesso. Não se pode obrigar um jovem a esta na escola, condenandoo a um destino de insucesso.42

 Stephen . Stoer e António M. Magalhães, «As provas de afe rição e o desenvolvimento da escola portuguesa » , Púbico, 6 de Janei  ro de 2001, p 24

 A. Nóvoa, oc cit.

(47)

d novo difícil pcb. A nossa scola foi, «na maioia dos casos » , um « facto d mo bilida d social » ? E dvá smp sêo ou sá já bom qu constitua uma

udd d moblidad social, qu uns podm apo

vita  outos não? Dixou po complto d o s? E não sá ialista spa qu «todos os alunos» tnham «v-dadiamnt sucsso» ? Não sá j á bom qu muitos tnham pacial sucsso? Isso dixou d acontc? Final mnt, obiga um jovm a fica na scola sá condná lo «a um dstino d insucsso» ?

Hoe exse uma escola mulculual (com gene vnda das excolónas e do Lese) e o País não fo capaz de a ona aacva paa muos dos seus uenes. Iso gea problemas de indiscplna, sendo os prncipas visados os pofessoes.43

Pac consnsual, mas ants paa ond podm svala sts agumntos. ais uma vz  cl é 

d cm cu d dcl;  apnas po não s t tonado atactiva paa muitos dos sus utnts. Psu-ms, aliás, qu os implicados são os imigants, quando sts não constitum um gupo homogéno. Há imgan ts d famílias  oigns cultuais qu valoizam mais a ducação  outos qu valoizam mnos. Os pimios

43 Palo Scena, SecretárioGera da Federação Nacional de Pro fssores, Fenprof, declaração ao Diário de otícias 5 de Agosto de 2002, p 21

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não s quixam d a scola não sr atractiva, mas sim d sr pouco xignt.  Os sgundos podm tr sntimntos contrários.

Não sria ncssário citar spcialistas  matéria d disciplina scolar para concluir sta scção com uma nota d bom snso. as citar spcialistas talvz d ais autoridad ao simpls bom snso.

O sucesso no ensino requer muito mais do que manter os alunos so controlo. No entanto, sem um controlo razoável sore o comportamento dos estudantes na sala de aula o professor não pode ter sucesso no ensino.5

44 Curiosamente, um inquérito recente da DirecçãoGeral de De senvolvimento e Inovação Curricuar feito a mil estabelecimentos do ensino Básico e Secundário, mostra que é praticamente nulo o aban dono escolar por parte dos estudantes cuja lngua materna não é o português, em contraste com uma elevada taxa de abandono da po plaç ão escolar no seu conjnto V « Escolas portuguesas têm alunos de 120 nacionalidades», Púbico, 28 de Dezembro de 2005

4 «Effective teaching requires much more than keeping students under control. Yet, without reasonable control over studentes' class room behavior, a teacher will have no chance of being effective», James M. Kauffman, Mark P Mostert, Stanley C. Trent e Patricia 

Pullen, Managing Cassroom Behavior: A Reective CaseBased

Approach, Prentice-Hall, 2.ª edição 1 997, p. 4.

(49)

A

poémica dos exames

Os xams, como todos os procssos d avaliação  divulgação da avaliação, consttuíram um dos tópicos d mais acso dbat dos últimos anos.  polémica racn-dus m 200, m torno da dcisão do inisto Davd Justino (govrno PSD) d institui xams finais a at-mática  Português no 9. º ano d scolardad, ompndo com a prática d mutos anos d dixar os studants concluírm todo o nsino obrigatório sm um único xam nacional. A instra do msmo patido qu lh sucdu, aa do Carmo Sabra, dcidiu avança com sss xams, atribuindolhs apnas a pondação d 25 % na nota final dos alunos  com a rstant pacla da nota a s dtminada pla avaliação fita pla scola . Como fo dstacado pla mpnsa diáa, a Socdad Potugusa d atmátca foi a única agmação qu na altua s ponunciou publcamnt a favo da alzação dos xams  as assocaçõs d pofssos, os sndcatos

Referências

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