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construtivista

A olémica é velha e já há muio que os ensadores mais lúcidos, de odos os secores olíicos, erceberam que as roinas e a acumulação de conhecimenos não se oõem  educação reflexiva e alicada. Gramsci, já ciado a roó- sio do romanismo edagógico, escrevia em 12:

Não é totalente exacto que a instrução não comporte e si tabé a educação; o facto de ter insistido deais nesta diferenciação foi o erro grave da pedagogia idealista e os seus efeitos aprecia-se já na escola reorganizada.9 1

9 Idem ibidem, p 1 1 4  continção do txto citdo é ig

mnt crcdor: «Pr   intrção não incí tmbém  ducção ri ncrio u o uno fo m r pivo [   ] »  Qr dizr  crític à «mr trnmião d concimnto» é into pr  cpcidd d crinç poi  é rmnt cpz d trnformr  intrção m dcção

Escrevendo em 1969, Karl Poer sera igualmente drecto. Deenda que há semre dos asectos ou duas ases da arendzagem. Prmeramente, acumulamse co- nhecimentos de orma sobretudo acrítca. Em seguda, questonase o arendido. Escreve este lósoo no seu habtual estlo olemsta:

   a erdade é ue nã pde haer ua fase críca se ua fase dgáca precedene, ua fase e ue alg se fra  ua expecaa, ua regulardade, u cpr aen , de al anera ue se pssa ceçar a rabalhar na elnaçã d err92

O não reconhecmento da necessdade de uma «ase dogmática» recedente da «ase crítca» é um dos erros mais graves da edagoga romântca. Para racocinar criticamente sobre um assunto é reciso começar or conhecêlo. Pretendendose ormar «estudantes crítcos» sem lhes ornecer a necessára normação e treno, ae nas se ormam gnorantes alabarato.

Se, or exemlo, um roessor do Ensno Básco dz aos seus alunos ara vsitarem um mercado oular e azerem uma crítca ao unconamento desse mercado (exemlo real) , ele deve começar or se assegurar de que os jovens vão ser caazes de reunr as normações mín mas sobre o unconamento do mercado. Deos, deve vercar se essas normações oram comreenddas e se os jovens adqurram os conhecmentos necessários ara

9 Ide ibide  54

raciocinar. Em seguida, deve guiálos, tornando claro o que retende com a «crítica do mercado». Se não fizer nada disto (continuação do exemlo real), os j ovens fazem uma visita, quase certamente ouco arendem sobre o funcionamento do mercado e em seguida esforçamse or alinhar meia dúzia de ideias disersas, mal informadas e eseculativas, em que rocuram satisfazer o que imagi- nam serem as oiniões do rofessor sobre esse mesmo mercado (término real e triste do mesmo exeml real, Lisboa, 2005 ) Ou seja, um rofessor que aja desta forma está aenas a incentivar nos seus alunos o esírito acrí- tico  o contrário do que diz defender.

Os exemlos odem multilicarse, mas basta acrescen- tar um outro, este de física e também real. Uma rofes- sora da área de ciências do terceiro ciclo do Ensino Básico (Sintra, 2005) ede aos seus alunos ara inventarem uma exeriência em que onham  rova o seu esírito cien- tífico. Uma aluna, naturalmente motivada or alguma coisa que ouviu sobre a velocidade de queda dos coros, resolve fazer exeriências ara verificar se bolas de dife- rentes esos caem de formas diferentes. az a exeriência com bolas de ingueongue e bolas de ferro e conclui que as segundas caem mais raidamente. A rofessora fica muito contente, diz  aluna ara aresentar o traba- lho num concurso de ciências ara jovens e a raariga aresenta em úblico os seus resultados. Ora, o que a estudante acabou de fazer foi regredir até Aristóteles (8422 a. C) A rofessora, evidentemente, não conhe- cia a olémica sobre a queda dos coros nem a célebre lei da queda dos graves.

No século V a. e Aistótees dizia que os corpos

caem tanto mais apidamente qanto mais pesados são. Qase dois milénios depois, numa séie de expeiências célebes, muio conhecidas, sobetudo, atavés do episó dio, natualmente omanceado, da tore incinada de Pisa, Gaieu Galilei (1564162) mostou ue os copos em queda ive caem independenemente do seu peso, e expi cou que a obsevada difeença de veocidades se deve ao ato,  esistência do a.

Esas expeiências clásscas de Galeu desempenaram um pape na evoução cientíica que apenas em paaeo nas conjectuas e obsevações asonómicas que oiginaam a evolução heliocênica. Evidentemene, a pofessora nada saba deste assunto e ajudou a nculcar n auna e nos seus coegas uma ideia errada e agora cusá mas a apaga.  expeiênca poderia er dado eslados altamene posiivos se a pofessoa, ao nvés de abandona por completo a aluna, vesse sabido guála, sugerndolhe uma expeiência que pdesse eva a conclusões pedago gicaente útes e, finamene, sobesse crticar os esua- dos. O ensno expermenta em que os jovens devem se eguhados deve estar adequado ao temo, recusos e conhecmenos imados de qe os esudantes dispõem. As expeiências pessupõem planeamento e conhecimen tos, sobeudo po pae do pofesso, e não são sinónimo de espontaneidade nem devem se uma promoção da falta de rigo. Po detás de tudo isto, aém de ignoância

 r, por xmpo, Simn Drk, History of Free Fal Aristotle to Galileo Torono, 1989.

científica e pedagógica, está u desespeito pea ciência e peo sabe e ua extaodináia aogância. Aceditan do, ou fingindo acedita, ue os jovens são capazes de desenvove u espíito cítico e expeiental ue se ins- pia no vazio e não no coneciento, o omantiso pe- dagógico ue faze ce ue u jove, sem pepaação de algua espécie, é capaz de cega a concusões cien tíficas ue custaa  umanidade muitos anos e muito esfoço a conuista. Este salto de etapas pedagógicas é outa anifestação de uma atitude oântica antiinte ectua inspiada no natuaiso de Rousseau.

O constutiviso ingénuo pensa ue o ensino ecapi tua a evoução da ciência e ue o aluno pode po si s, desde ue devidaente ibetado ou estiulado, cega  econstução do conecimento. Afia ue as cianças são «investigadoes natuais» e ue á uma uase iden- tidade enre a invesigação científica e as «actividades investigatvas» na sala de aula . Daí a estana insisênca

94 «Aprender ciência  fazer ciência procam da mma ma

nira»  «Learning cinc and doing cinc procd in t a way »  Wynn Harln The Teaching of Science in Primary Schools Londr David Flton 1996, p. 

95 «Armaç como a criança ão cintita nato'  odo no

nvolvmo m actividad cintífica no noo dia-a-dia' não ão ap na falamnt dtora do ponto d vita da dcação cintífica ão nganadora»  «caim c a cildrn ar natral cintit' and vryon ngag in cintific activity dring t cor of tir vryday activiti ar not only bgiling bt from t poin of viw of cinc dcaion milading»  E W. Jnkin «Conrctivim in coo cinc dcation» Science  Education 96, 000 p. 601

em identifica as pesqsas dos estudantes com nves tigação» , como se esta paava não devesse esta esevada  obtenção de esultados oiginais.

Não é despopositado fae um paaeo co uma desaceditada teoia biológica do século r condensada

na céebe fase a ontogenia ecapitua a filogenia». Segundo essa teoia, no decoe do seu cescimento em bionáio cada indivíduo passa po uma séie de fases que equivalem a estágios adutos das espécies antecesso as. Mesmo depois de se ejeitada em bioogia, essa teoia da ecapituação teve alguma infuência em psicoogia sob o impuso de Sigmund Feud ( 1 85 19 9) e de outos. Mais odenamente, numa visão extema da teoia das etapas de cescimento de Piage, o constutivismo ingénuo vê a ciança a ecapitua uma sequência de fases de desenvoviento da huanidade e da ciência. Insiste então de foa dogmática na ideia de te de se o aluno a constui ee pópio o conhecimento e a edescobi a matemática e as ciências.

Muitos teóicos da pedagogia apesentam estas ideias adicais como tendo sido indiscutivemente conmadas pea investigação pedagógica ecente. ada mais eado. Como eata o canadiano Steven Pinke, u dos mais bihantes psicólogos da actuaidade, eud e Piaget esistiam a pe cebe que os factos conaiam a teoia evoucionista de Lamack, não só na biologia, mas também na psicoogia

96  Stepen Jy Gold, ntogny and Phylogny Cmbridge,

M, Hrvrd University Press, 1977. V. tmbém, do mesmo tor, « Fred's evoltionry fntsy» , in I Hav Landd Londres, Jontn Cpe, 00.

O constutivismo actua, diz o mesmo auto, «é uma mis- tua de psicoogia de Piaget com contacutua e ideoogia pósmodena» de uma ma que evela como o «etablh ment na educação é ignoante» 

também muito eucidativo ve como a investigção mais ecente nas ciências cognitivas evea insuficiências gaves no constutivismo pedagógico, com especia inci- dência no ensino da matemática Os tabahos de Stanisas Dehaene, ente outos, mostam como é necessái admi- ti na ciança carcteísticas inatas e não constuíds, e distingui a apendizagem natua d não natua Limi- t o ensino  «descobeta natua» da ciança conde- na ao insucesso

O constutivismo rdicl vi epistemoogicmente mis onge do que o constutivismo pedgógico ingénuo: deende que todo o conhecimento, mesmo o cientíico, é uma constução socil essenciamente abitári, pelo que menospreza as eerêncs cientícas e académicas, con- cluindo que o ponto de chegd é pouco importne Que num caso que nouto, s consequências pedagógicas são desastosas

97 Steven Pinker, How the Mind Works Nova Iorque, W. W. Norton,

1997, pp. 206 e 341.

9 8 Stanislas Dehaene, he umber Sense: How the Mind Creates

Mathematics Nova orque, Oxford University Press, 1997 Ver em especial o capítulo 2 e a secção «Piaget's Errors», pp. 41-63.

99 Seria uma «perspectiva patónica» a consideração «de m cur

rículo da Matemática referente para o conhecimento dos alunos>>, segundo a j á criticada expressão de José Manel Matos, « Revisitando duas ideias>>, in Henriue Manuel Gimarães, Dez Anos de Pro(Mat: Intervenções Associação de Professores de Matemática, 1 9 6,  104.

Promover a cee e a edecbea  va da

exeeaç eada guided experimental disco-

very») é uma prática pedagógica fundamental para a compreensão aplicada dos fenómenos e para a formação do espírito crítico Mas essa acertada prática pedagógica não se pode confundir com a defesa construtivista da descoberta espontânea