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Ciênc. saúde coletiva vol.8 número4

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Academic year: 2018

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Thébaud-Mony A 1993. Terceirização e saúde. Cadernos do CRH, no26.

Thébaud-Mony A 2000. Trabalho e saúde na nova ordem econômica mundial, pp. 169-180. In L Scavone & LE Batista (eds.).Pesquisas de gênero: entre o público e o privado. Edição Cultura Acadêm ica – UNESP,

Ara-raquara.

Os autores respondem

The authors reply

Globalização e movimentos sociais:

novos elementos para a discussão

Globalization and social m ovem ents:

new elem ents for discussion

Em prim eiro lu gar gostaríam os de agradecer aos debatedores do nosso artigo, que o enrique-cem com suas pertinentes observações e críti-cas. Trataremos de respondê-las sem pretender discutir todos os tem as abordados, porque ré-plica de tal magnitude demandaria maior espa-ço e, talvez, até um outro artigo.

Os comentários de Heleno Rodrigues Cor

-rêa Filho e Guilherm e Franco Netto resum em vários dos principais conceitos e questões apro-fu n dadas n o artigo e apresen tam su as visões sobre os aspectos que consideram mais impor-tantes. Consideram os que am bos apontam de form a clara e sucin ta as prin cipais idéias que, no nosso entender, merecem debate contínuo e aprofun dado en tre profission ais da área de saúde pública no início deste novo milênio. Os com en tários feitos por Lilian Maga-lhães, Paulo Pena e Annie Thébaud-Mony adi-cion am im portan tes con tribuições ao debate, proporcionando redimensionamento das ques-tões abordadas e construção de novos olhares. No comentário intitulado “Enfrentando a glo-balização: construindo o novo, muito além dos protestos”, Lilian suscita relevante reflexão so-bre o caráter da estruturação atual de uma no-va ordem social. A perspectino-va apon tada pela autora recupera a dim en são de pro cesso, ressaltando que, no m om ento atual, encontram -se em disputa muitos e variados interes-ses, -seja na esfera de antagonismo extremo (como entre os grupos que defendem e os que combatem o neoliberalismo), seja no âmbito de confluência de in teresses (com o n o caso dos m ovim en tos sociais de enfrentamento ao neoliberalismo).

Con sideram os que esses processos con sti-tuem, de fato, espaços de conflitos, por um la-do, e espaços de coesão por outro. Nesse senti-do, processos m ais am plos ainda estariam por serem definidos e consolidados; ou na perspec-tiva de fortalecim en to da apreen são das dife-renças a partir de um sistema ancorado na sua desqu alificação (operan do n a perspectiva da massificação de comportamentos e valores), ou n a direção de afirm ação das diferen ças com o elemento estruturador das relações sociais plan etárias, fuplan dado plan a diversidade e plan a dim eplan -são humanizante das relações.

Os aspectos trazidos à discussão nos permi-tem pensar as possibilidades postas e resgatam o papel dinâmico da ação coletiva como impulsionadora da realidade social. Ao mesmo tem -po, trazem um importante alerta sobre os limi-tes que os movimentos de enfrentamento e re-sistên cia ao n eoliberalism o podem en sejar. A conformação social que a história humana de-sen volveu ao lon go dos an os, especialm en te sob a égide do capitalism o, estruturou am plo processo de segregação social, racial, sexual e religiosa. Portanto, o movimento de resistência ao neoliberalismo, embora tenha sido capaz de incorporar m últiplos atores, deve tam bém es-tar aten to para a diversidade em seu in terior, fortalecen do um con tín uo m ovim en to de re-flexão sobre esses aspectos.

No comentário “Por um agenda global para m ovim en tos sociais” é discutida um a outra vertente dos problem as enfocados: os poderes paralelos, como aquele gerado pelo processo de expansão do narcotráfico. Os aspectos trazidos à discussão são desenvolvidos a partir do con-ceito de exclusão social (ou de desfiliação so-cial, com o propõe Castells), revigorado pela reestruturação dos processos produtivos e a con stituição do cham ado “desem prego estru -tural em massa”. A avaliação dessa situação, de fato, é de gran de im portân cia para a com -preensão da conform ação social atual do Bra-sil, contexto no qual o autor focalizou sua aná-lise. A “guerra social” referida revela os efeitos perversos da n ova organ ização das relações econômicas, culturais e sociais, que faz emergir estruturas paralelas de poder. A reflexão sobre essa “n ova” e crescen te parcela de excluídos, sem dúvida, represen ta n ovo desafio, para o qual também se fará necessária a busca de for-mas alternativas de enfrentamento.

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A prim eira é a caracterização proposta por Bourdieu dos sentidos prescritivo e descritivo da globalização, que complementam os aspec-tos tratados no nosso artigo. A segunda ques-tão diz respeito à força e fragilidade das redes sociais con tra a globalização n eoliberal, to-mando como exemplo a Rede pelo Banimento do Am ian to, que expressa de m odo bastan te claro os dois lados da moeda. A análise de An-n ie sobre essa rede ao m esm o tem po reitera e adiciona novo elem ento à colocação de Lilian sobre os desafios futuros que os m ovim en tos sociais globais terão de enfrentar.

Os comentários de Carlos Minayo apresen-tados no texto “Os movimentos sociais e o no-vo p ap el d os estad os- n ação d ian te d o fen ô-m eno da globalização” discuteô-m uô-m a série de aspectos que merecem análise mais atenta, so-bretudo em fun ção de n os atribuir posições e avaliações que, concretam ente, não se encon -tram presentes no texto que apresentamos. Se-guindo a linha de crítica do debatedor, também n os con cen trarem os n os dois pon tos por ele enfatizados: a) nossa compreensão sobre a glo-balização e b) a valorização atribuída por nós às redes virtuais. Em relação ao primeiro ponto nosso crítico afirma que restringimos o concei-to de globalização ao âm biconcei-to das forças hege-m ônicas que dohege-m inahege-m o processo, reduzihege-m os a análise sobre a globalização unicamente a sua expressão hegemônica e limitamos a compreen-são do papel do Estado n acion al a du as posi-ções. Além disto, m an ifesta sua discordân cia com Herman (1999), quando este afirma que o papel do Estado de bem-estar social em prover o bem-estar social e o controle ambiental, e de-fen der os in teresses dem ocráticos dos povos, sem dúvida alguma, diminuiu. Segundo Mina-yo, essa form ulação é vaga e gen eralizan te, e pou co ú til para

... equacionar os desafios com

que se deparam as nações do hem isfério sul com

a perda de poder frente ao capital financeiro

transnacional e aos constrangimentos das

diver-sas instituições de governança internacional

.

Em primeiro lugar, nos parece que uma lei-tura cuidadosa do n osso artigo dem on straria que oferecemos variada gama de definições so-bre a globalização propostas por in telectu ais acim a de qualquer suspeita quanto ao seu ca-ráter “progressista,” como Chomsky, Marcuse, Am in , Petras, Fiori e San tos. Dizer qu e esses au tores defin em a globalização apen as n os seu s aspectos hegem ôn icos n os parece u m a leitura inteiramente equivocada do que dizem. Todos esses au tores afirm am , de fato, qu e a

globalização corporativa neoliberal é hegemô-nica, porém todos, sem exceção, a vêem com o fenôm eno m ultidim ensional, envolvendo ele-mentos ideológicos, culturais, econômicos, so-ciais, políticos, e m ilitares. Portan to, n ão ve-mos onde se dá a redução mencionada por Mi-n ayo Mi-n as defiMi-n ições e proposições que repro-duzimos.

Além disso, cabe lem brar que dedicam os a segunda metade do texto à discussão das forças políticas e sociais que se organizam em redes e movimentos sociais em nível mundial para lu-tar contra essa hegemonia neoliberal, no que se está denominando como “globalização por de-baixo”. Na verdade, propomos ao longo do ar-tigo um resum o do con fron to en tre as visões hegem ônicas e contra-hegem ônicas da globa-lização, discutin do brevem en te aspectos eco-nôm icos, ecológicos, sociais, políticos, e ideo-lógicos da globalização corporativa neoliberal. Não achamos que nossos argumentos são limi-tantes, inoperantes, vagos, generalizantes, pou-co esclarecedores, ou qualquer outra qualifica-ção que se queira atribuir à literatura que revi-sam os no artigo.

Quanto ao papel do Estado nacional, nosso artigo afirma que há

pelo menos

– e não unica-mente, mas isto é um detalhe menor – duas po-sições distintas em relação ao papel do Estado n acion al n o capitalism o globalizado: a visão con ven cion al, que n o essen cial susten ta que quanto mais globalização, menos estado nacio-nal; e a defendida por Chomsky, que no essen-cial desmascara a hipocrisia da União Européia e Estados Unidos, quando estes defendem o Es-tado m ín im o para os países em desen volvi-mento, enquanto na sua própria casa fornecem subsídios e fortalecem o papel do Estado a fa-vor de suas m ultin acion ais. Se por um lado é surpreendente para nós que ainda se questione o fato de que o Estado n acion al em todo o m u n do dim in u iu seu papel social – in clu sive no Leste Asiático, em particular depois da crise econômica de 1997, onde o Estado também rduziu seus program as sociais, em bora em m e-nor escala que na América Latina (Bello, 2001) – por outro, n os parece claro que o cern e da questão é que o Estado nacional continua forte nos países que defendem o seu enfraquecimen-to na “casa” dos outros.

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tes, ou com o se queira den om in á-los. No to-cante a essa questão, a situação nos parece cla-ra. Não há qualquer experiência de desenvolvi-mento econômico e social, capitalista ou socia-lista, que tenha ocorrido sem estados fortes, ca-pazes de proteger a soberania, os mercados na-cionais, e a auto-determ inação dos países. As-sim ocorreu no Japão, nos Estados Unidos, na Alem an ha, n a Un ião Soviética, n a Fran ça, n a Inglaterra, no Canadá, e em todos os outros ditos países desenvolvidos, do Prim eiro (e tam -bém Segundo) Mundo. Segundo Crotty (2001) a cham ada Época de Ou ro do capitalism o n o pós-guerra foi a era

of exceptionally fast and

wi-de shared growth, built on the foundation of a

qualitative increase in the economic power of

so-ciety over m arkets, exercised prim arily, though

not exclusively, through the state.

Portanto, esta-mos de acordo que o governo Lula se posiciona corretam en te qu an do defen de a iden tidade e soberania nacionais, os interesses do povo bra-sileiro e um a postura m ais agressiva da diplo-m acia brasileira nos Fóruns Mundiais.

Por último, gostaríamos de divergir da aná-lise de Minayo de que passamos a impressão de que confundim os m eios e fins na form a com o apresen tam os o texto. Outra vez voltam os a ressaltar que um a leitura atenta do artigo dei-xará claro que abordamos as redes como meios e táticas de luta, a partir das colocações de Ar-quilla & Ronfeldt (2001) e Capra (2002), após itemizarmos vários dos impactos da globaliza-ção neoliberal. A seguir discutim os a constru-ção de um programa alternativo à globalizaconstru-ção neoliberal. Portanto, na forma como está cons-truído o texto, passam os dos im pactos para as táticas de luta con tra os m esm os, para depois elen car pon tos do program a altern ativo em

con strução. Ao reproduzirm os o diagn óstico de Brecher (2000) procu ram os sin tetizar os prin cípios orien tadores dos que defen dem os movimentos sociais que constituem a chamada “globalização por debaixo”. Nós nos pergunta-mos, e achamos que todos devem se perguntar, até que ponto “a praça” permitirá a construção de plataformas comuns de luta e unidade, por-que estam os convencidos por-que é possível cons-truirmos unidade entre atores sociais que pen-sam e agem diferentemente. Nada, entretanto, nos leva a crer que esta unidade se dará através de pensam ento único, m as através de debate e articulação entre os mais variados movimentos sociais. Concordar em divergir nos parece salu-tar. Concordar em lutar pela transformação do mundo para criar outro mundo, apesar das di-vergências, nos parece mais salutar ainda.

Referências bibliográficas

Arquilla J & Ronfeldt D 2001. Networks and netwars. The future of terror, crim e and m ilitancy. Rand

Corpora-tion, Califórnia.

Bello W 2001. The future in the balance: essays on global-ization and resistance. Food First Books, Oaklan d,

Califórnia.

Brecher J, Costello T & Smith B 2000. Globalization from below: the oower of solidarity. South End Press.

Mass-achusetts.

Capra F 2002. As conexões ocultas: ciência para um a vida sustentável. Editora Cultrix. São Paulo.

Crotty J 2001. Tradin g state-led prosperity for m arket-led stagnation: from the golden age to global neolib-eralism . In G Dym ski & DME Isenherg (eds.). Seek-ing shelter on the pacific rim : financial globalization, social change, and the housing m arket. Sharpe,

Ar-monk, Nova York.

H erm an E 1999. T he threat of globalization . Dispon ível

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