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(1)UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO E HUMANIDADES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL. IZABEL MARQUES MÉO. REPORTAGENS VISUAIS: UMA NOVA POSSIBILIDADE PARA O JORNALISMO DIGITAL COM A FACILITAÇÃO GRÁFICA. São Bernardo do Campo 2018.

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(3) IZABEL MARQUES MÉO. REPORTAGENS VISUAIS: UMA NOVA POSSIBILIDADE PARA O JORNALISMO DIGITAL COM A FACILITAÇÃO GRÁFICA. Dissertação apresentada em cumprimento parcial às exigências do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Roberto Joaquim de Oliveira (março de 2018 a agosto de 2018 e Profª Dra. Marli dos Santos (agosto de 2016 a dezembro de 2017). São Bernardo do Campo 2018.

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(5) FICHA DE APROVAÇÃO. A Dissertação de Mestrado intitulada: REPORTAGENS VISUAIS: UMA NOVA POSSIBILIDADE PARA O JORNALISMO DIGITAL COM A FACILITAÇÃO GRÁFICA, elaborada por IZABEL MARQUES MÉO foi apresentada e aprovada Summa Cum Laude em 26 de setembro de 2018, perante banca examinadora composta pelo Prof. Dr. Roberto Joaquim de Oliveira (Presidente/UMESP), Prof. Dr José Reis Filho (Titular/UMESP), Profa. Dra Ana Carolina Rocha Pessoa Temer.. ________________________________________ Prof. Dr. Roberto Joaquim de Oliveira Orientador e Presidente da Banca Examinadora. ________________________________________ Prof. Dr. Luiz Alberto de Farias Coordenador do Programa de Pós-Graduação. Programa: Pós-Graduação em Comunicação Área de Concentração: Ciências Sociais Aplicadas – Comunicação Social Linha de Pesquisa: Comunicação Midiática, Processos Comunicacionais e Práticas socioculturais.

(6) FICHA CATALOGRÁFICA M53r. Méo, Izabel Marques Reportagens visuais: uma nova possibilidade para o jornalismo digital com a facilitação gráfica / Izabel Marques Méo. 2018. 182 p. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) --Escola de Comunicação, Educação e Humanidades da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2018. Orientação de: Roberto Joaquim de Oliveira; Marli dos Santos. 1. Comunicação visual 2. Jornalismo digital 3. Infografia I. Título. CDD 302.2.

(7) Dedico este trabalho às minhas avós e aos meus avôs: Ernesta, Izabel, Mattia e Elias. Por tudo o que representam para mim. Dedico também às minhas mestras e mestres do Programa de Pós-Graduação na Universidade Metodista com quem tive o prazer (e a sorte) de conviver e aprender..

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(9) AGRADECIMENTOS A Deus pelo dom da vida e pelas oportunidades em meu caminho para que eu chegasse até aqui. Aos meus pais, Elias e minha mãe Célia, e à minha amada irmã Bianca pela melhor estrutura familiar que eu poderia ter. Ao meu melhor amigo, companheiro, amante e conselheiro, Rafael. Sem você eu não teria sequer começado. Aos amigos e amigas incríveis que tive a chance de conhecer nesses dois anos como mestranda, em especial: Carlos Humberto Ferreira Junior, Keila Baraçal, Bárbara Mello, Angela Miguel, Kátia Bizan e Nathália Cunha. Aos demais alunos e alunas do Programa de Pós-Graduação que, a cada aula, a cada seminário, a cada evento, me ensinaram e compartilharam problemas e soluções. Todos moram em meu coração. Aos incríveis professores e professoras do programa de Pós-Graduação em Comunicação Social entre os anos de 2016 e 2017. Agradeço por cada aula, cada email, cada incentivo, cada convite para eventos, cada sugestão, cada nota. À professora Marli dos Santos que me acolheu como sua orientanda no início da minha trajetória, e que hoje, após nossa separação forçada, tenho a honra de chamar de amiga. Ao professor Roberto Joaquim, que também me acolheu como orientanda e fez as melhores sugestões possíveis para que meu trabalho seguisse. À CAPES, pelo incentivo financeiro para a realização da pesquisa. Este trabalho só foi possível graças a muitas mãos e corações..

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(11) “Já que pouca vida nova pode surgir sem que ocorra um declínio na que havia antes, os amantes que insistirem em tentar manter tudo num apogeu psíquico. cintilante. passarão. seus. dias. num. relacionamento cada vez mais mumificado. O desejo de forçar o amor a prosseguir somente no seu aspecto mais positivo é o que faz com que o amor acabe morrendo, e para sempre". Clarissa Pinkola Estes - Mulheres que Correm com Lobos.

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(13) RESUMO Este trabalho buscou compreender o uso da Facilitação Gráfica relacionada às narrativas jornalísticas no jornalismo digital brasileiro. Para isso, foi investigada a herança ancestral no hábito de escrever e registrar; também se observou o desenvolvimento do jornalismo visual e sua incidência no jornalismo digital; a Facilitação Gráfica foi apresentada como técnica assim como suas relações com a infografia. Os objetivos da pesquisa se ocuparam em construir uma taxonomia dos tipos de trabalhos produzidos no jornalismo digital brasileiros e mapear onde e como eles ocorrem. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica associada à coleta e análise de dados qualitativos. Identificou-se que, no jornalismo digital, a Facilitação Gráfica se apresenta de uma forma midiatizada. Além da taxonomia que inaugura uma forma de classificar e analisar futuros trabalhos, outra contribuição da pesquisa é a criação e o emprego do termo “Facilitação Gráfica midiatizada”. Palavras-chave: Comunicação visual. Jornalismo digital. Infografia. Facilitação Gráfica. Facilitação gráfica midiatizada..

(14) ABSTRACT This research aims to understand the use of graphic facilitation related to digital journalism narrative. For this was investigated the ancestral heritage of write and registrate something; also was observed the development of visual journalism and your influence at the digital journalism. The graphic facilitation was presented as a technique and your relations with infographics. The research goals are constructed a taxonomy about the types of works produced at digital journalism in Brazil and maped where and how this phenomenon appears. The methodology used was the bibliographical research associated to the collection of qualitative data. It was identified that, in digital journalism, the graphic facilitation presents itself in a mediatized way. In addition to the taxonomy that inaugurates a way to classify and analyze future works, another contribution of the research is the creation and use of the term "mediated graphic facilitation".. Keywords: Visual communication. Digital facilitation. Mediated graphic facilitation.. journalism.. Infographics.. Graphic.

(15) LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Facilitação Gráfica de Brandy Agerbeck para o discurso do presidente dos EUA, Barack Obama ..................................................................................................................... 54 Figura 2 - Entomofobia - Diagrama criado por Jacob Lockard, Design Gráfico Avançado ... 64 Figura 3 - Esquema elaborado por Brandy Agerbeck para um vídeo sobre ......................... 66 Figura 4 - Quadrante do Desenho (The Draw Quad) ........................................................... 73 Figura 5 - Painel feito pela empresa Moom em 2016 para a palestra de Clóvis Barros Filho no TEDxSP .......................................................................................................................... 78 Figura 6 - Registro gráfico digital da palestra do professor Clovis Barros Filho no TedX São Paulo 2016 pela empresa Design de Conversas ................................................................. 79 Figura 7 - Painel de registro gráfico sendo projetado durante o TEDxSão Paulo 2017. Foi realizado pela empresa Design de Conversas ..................................................................... 80 Figura 8 - Registro Gráfico em caderno feito por Mike Rohde.............................................. 81 Figura 9 - Frame do vídeo sobre população carcerária no Brasil ......................................... 82 Figura 10 - Frame do vídeo sobre os refugiados no Brasil ................................................... 83 Figura 11 - Frame do vídeo whysyria ................................................................................... 84 Figura 12 – Facilitação gráfica em vídeo............................................................................ 108 Figura 13 – Distribuição da Facilitação Gráfica .................................................................. 110 Figura 14 – Demonstração de desenho em áudio e vídeo ................................................. 117 Figura 15 - Frame Vídeo Homens de Preto ....................................................................... 118 Figura 16 - Frame do vídeo “Quer Que Desenhe” ............................................................. 119 Figura 17 - Frame do vídeo Sistema Carcerário Brasileiro ................................................. 120 Figura 18 - Frame do vídeo Violência Doméstica............................................................... 120 Figura 19 - Frame do vídeo Violência Doméstica............................................................... 121 Figura 20 – Frame do vídeo Violência Doméstica .............................................................. 121.

(16) LISTA DE QUADROS, TABELAS E GRÁFICOS. Quadro 1 – Áudio e Vídeo: função e tipo de informação ................................................... 111 Quadro 2 – Adaptação da Facilitação Gráfica: função e tipo de informação ...................... 112 Quadro 3 – Resultados ...................................................................................................... 113. Tabela 1 - Comparação de Elementos de Linguagem Visual ............................................... 65 Tabela 2 – Distribuição dos estilos .................................................................................... 104 Tabela 3 - Comparativa dos elementos de multimidialidade por FG................................... 107 Gráfico 1 – Presença dos 8 essenciais nas facilitações gráficas midiatizadas analisadas 128.

(17) SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 15 CAPÍTULO I - O JORNALISMO VISUAL NAS NARRATIVAS JORNALÍSTICAS E NO JORNALISMO DIGITAL ...................................................................................................... 25 1.1. Comunicação Visual............................................................................................ 25. 1.2. Definições e conceitos do jornalismo visual ..................................................... 29. 1.3. Relações entre infografia e a prática jornalística .............................................. 32. 1.4. Jornalismo e Facilitação Gráfica: novas e antigas formas de narrar .............. 36. 1.5. O ambiente digital e a midiatização da Facilitação Gráfica .............................. 43. 1.5.1. As Sete Características .................................................................................. 43. 1.5.2. As Cinco Fases .............................................................................................. 46. CAPÍTULO 2 - FACILITAÇÃO GRÁFICA - COMUNICANDO COM IMAGENS E PALAVRAS-CHAVE ........................................................................................................... 51 2.1. Uma técnica nova? .............................................................................................. 53. 2.2. Conceitos de Facilitação Gráfica e ambientes de aplicação ............................ 58. 2.3. Os 8 elementos essenciais da Facilitação Gráfica ............................................ 66. 2.4. Facilitação Gráfica e jornalismo: Relação com a Infografia ............................. 70. 2.5. Uma questão de gênero ...................................................................................... 73. 2.6. Ambientes de aplicação ...................................................................................... 75. CAPÍTULO 3 - REPORTAGENS VISUAIS - A PROPOSTA DE TIPOLOGIA DE FACILITAÇÃO GRÁFICA NO JORNALISMO DIGITAL BRASILEIRO ............................... 85 3.1. Detalhamento do percurso metodológico ......................................................... 85. 3.1.1. Pesquisa Bibliográfica .................................................................................... 87. 3.1.2. Definição do corpus da pesquisa .................................................................... 87. 3.2. Análise e classificação do material coletado .................................................. 100. 3.3. Proposta de Tipologia de FG no jornalismo digital ......................................... 107. 3.4 Classificação das Facilitações Gráficas Coletadas com base na tipologia proposta ........................................................................................................................... 110 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 123 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 131 APÊNDICE A..................................................................................................................... 138 APÊNDICE B..................................................................................................................... 141.

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(19) 15. INTRODUÇÃO No ano de 2012 foi veiculado, na televisão aberta do Brasil, um vídeo publicitário da marca de cosméticos Natura. Esta propaganda mostrava mulheres de diversas etnias maquiando seus rostos. Depois das cenas, um frame de texto questionava: “de onde vem essa sua vontade de pintar a cara?”. Em seguida, uma mulher no padrão eurocentrista se maquiava com os produtos da marca. Atrevemo-nos a estender essa reflexão para tudo o que é escrito. De onde vem essa vontade de escrever, gravar, marcar? Qual a razão da interferência do ser humano em seu ambiente de forma a criar registros do que acontece em seu cotidiano? Flusser (2017) afirma que a comunicação não é uma atividade natural humana. Trata-se de um processo artificial, pois necessita de artifícios para se concretizar, como uma superfície e algo para marcá-la; como uma língua e seus códigos, que precisam ser aprendidos (FLUSSER, 2017, p. 85). A Facilitação Gráfica é uma técnica de registro de ideias de forma simples, clara, utilizando palavras-chave e desenhos para compor metáforas visuais. O resultado pode ser um painel, um vídeo, páginas de um caderno de anotações, uma notícia ou um post na internet. Inicialmente feita ao vivo (durante eventos, cursos, debates, palestras e entrevistas) e facilmente compartilhada por meio de uma foto na internet, a Facilitação Gráfica também pode ser realizada com mais tempo, com base em textos já escritos, músicas e filmes. A Facilitação Gráfica é a formalização de uma atividade corriqueira para seres humanos: a escrita. Ao mesmo tempo, é a mistura da escrita como registro com o desenho compondo uma explicação. Para compreender o que a escrita representa para nossa espécie, olhamos para o passado distante, nas origens da atividade de registrar o cotidiano de nossos antepassados, ou melhor, “dar forma visual a ideias e conceitos, armazenar conhecimento sob a forma gráfica e trazer ordem e clareza às informações” (MEGGS, 2009, p.10). Ao darmos início a essa pesquisa, pensamos ser suficiente remontar a imprensa digital e a atividade da Facilitação Gráfica a partir de seu primeiro registro como atividade. Contudo, ao iniciar a terceira e última parte dessa pesquisa nos deparamos com um revés: apesar de acreditar muito que a imprensa faria uso da técnica para comunicar de forma mais clara as notícias, encontramos poucos exemplos dessa prática específica..

(20) 16. Por outro lado, fomos presenteadas com muitos exemplos de facilitações gráficas, sobretudo em vídeo, sendo utilizadas para comunicar temas da atualidade em canais diversos, não necessariamente da imprensa, mas ainda assim, da mídia. O acesso à internet e às ferramentas mínimas de produção de conteúdo possibilita que pessoas com essas condições e interessadas em transmitir um conteúdo, o façam. Construímos nosso cotidiano de forma midiática, uma vez que nossas emoções e conhecimentos são alimentados pela experiência de mundo à nossa disposição via televisão, rádio e internet (MININNI, 2008). As superfícies, no passado, não eram abundantes como atualmente (FLUSSER, 2017, p. 98), por isso há pouca necessidade de se fazer entendê-las. Atualmente, dada a maior quantidade e diversidade de superfícies, necessitamos de teorias e análises sobre como nos comunicamos por elas. A escrita é a contrapartida da fala. A segunda supre as limitações da primeira, como a memória. Marcas, símbolos, figuras e letras traçadas ou escritas sobre uma superfície ou substrato tornaram-se o complemento da palavra falada ou do pensamento do mundo. As limitações da fala são o malogro da memória humana e um imediatismo de expressão que não pode transcender o tempo e o lugar. Até a era eletrônica, as palavras faladas desapareciam sem deixar vestígios, ao passo que as palavras escritas ficavam. A invenção da escrita trouxe aos homens o esplendor da civilização e possibilitou preservar conhecimento, experiências e pensamentos arduamente conquistados (MEGGS, 2009, p. 19).. Meggs e Flusser colocam em suas obras que a atividade da escrita, ou do registro de informações, começou anônima, serviçal e restrita a poucos, diferente das formas de arte (e também registro) de séculos depois. No Renascimento, o processo de criação era restrito, mas o consumo nem tanto. Os escribas sumérios que inventaram a escrita, os artesãos egípcios que combinaram palavras e imagens em manuscritos sobre papiros, os impressores chineses de blocos de madeira, os iluminadores medievais e os tipógrafos do século XV, que conceberam os primeiros livros europeus impressos, tornaram-se parte do rico legado e da história do design gráfico. Em geral essa é uma tradição anônima, já que o valor social e as realizações estéticas desses profissionais, muitos dos quais foram artistas criativos de extraordinária inteligência e visão, não foram devidamente reconhecidos (MEGGS, 2009, p. 10).. Flusser afirma que por conta dessa “exclusividade” da escrita, as “massas iletradas desconfiavam, e com certa razão, da historicidade linear dos pequenos funcionários que manipulavam nossa civilização” (FLUSSER, 2017, p. 99). Segundo.

(21) 17. o autor, a imprensa vulgarizou o alfabeto, e no decorrer da história, as superfícies passaram a valer mais que a escrita em si. Em “O Mundo Codificado”, o autor questiona se as superfícies representam o mundo tal qual as linhas escritas representavam. O mesmo autor, em outra obra intitulada “Há futuro para a escrita” (2010), defende que escrever é uma forma de refletir a escrita; que este é um gesto que organiza os sinais gráficos, alinhando nossos pensamentos. Faz-se necessário refletir antes de escrever, por isso o produto da escrita traz o pensamento mais organizado do que no momento em que foi concebido. Os sinais gráficos são aspas oriundas do pensamento mítico transformado em um pensar alinhado linearmente. Denomina-se esse pensamento correto [...] de “pensamento lógico”. Os sinais gráficos são aspas para o pensamento lógico. Reconhece isso quem contempla as aspas no sentido estrito do termo, isto é, aquele sinal gráfico alcetado que delimita uma citação ou realça uma palavra (FLUSSER, 2011, p. 20).. Qual a diferença, pois, entre ler um conteúdo escrito em linhas e ler um quadro de uma obra de arte? A diferença está no processo cognitivo da nossa assimilação de conteúdo (decodificar letras para formar palavras, frases e ideias ou decodificar a ideia expressa no quadro. Para Flusser (2017, p. 101), a diferença se dá quando um texto precisa ser lido linearmente para captar sua mensagem, enquanto que com uma pintura podemos aprender a mensagem e tentar decompôla, analisando suas camadas e significados. O tempo é também um fator que diferencia, como o tempo que precisamos para ler um texto e compreendê-lo, e o tempo que precisamos para olhar uma imagem e compreendê-la. Os manuais de instruções de eletrônicos são um bom exemplo, ou mesmo o esquema de montagens de móveis. O que parece mais claro e eficaz: mostrar quais peças devem ser encaixadas com quais parafusos, ou escrever que a viga maior de 1,5m deve ser posicionada em um apoio, como o chão, para então ser acrescentada a viga menor com a fórmica para o lado externo e utilizar o parafuso número 10 com a rosca de igual diâmetro. As linhas escritas impõem ao pensamento uma estrutura específica na medida em que representam o mundo por meio dos significados de uma sequência de pontos. Isso explica um estar-no-mundo “histórico” para aqueles que escrevem e que leem esses escritos. Paralelamente a esses escritos, sempre existiram superfícies que também representavam o mundo. Essas superfícies impõem uma estrutura muito diferente ao pensamento, ao representarem o mundo por meio de imagens estáticas..

(22) 18 Isso implica uma maneira a-histórica de estar-no-mundo para aqueles que produzem e que leem essas superfícies (FLUSSER, 2017, p. 107).. A escrita provoca reflexões e acessa determinados conteúdos em nosso grande repertório de vida, que é construído por meio da mídia. As imagens alcançam nosso repertório também, mas dão margem às interpretações. A palavra pode traduzir exatamente o pensamento de um autor, mas um desenho mostra este pensamento para nós. São as variações de estilo e as vanguardas artísticas que acabam por ditar o quanto teremos que interpretar de cada obra. Mininni (2008, p. 44), que é italiano, exemplifica a importância da escrita em dois episódios: quando Moisés trouxe os mandamentos talhados na madeira e quando os romanos batalharam para terem as leis esculpidas em bronze, assim estas não seriam adaptadas para interesses particulares. Gomes (2016, p.10) afirma que “a sociedade ocidental homogeneizou-se com a alfabetização, simplificou-se, de certa forma, enquanto muitos povos orientais permaneceram no rico e heterogêneo âmbito da oralidade”. Conteúdos produzidos para outras superfícies, ou mídias, acabam por simular a linearidade da escrita para as telas, no que Flusser afirma que o “pensamento-emsuperfície” vem absorvendo o “pensamento-em-linha”. A comunicação midiática coloca a representação da coisa como a própria coisa, como não podemos estar em todos os lugares, ver fotografias, filmes, acompanhar notícias pela mídia nos aproxima dessas realidades, de forma mediada. Tudo o que nós sabemos do mundo e de nós mesmos (incluindo o fato que sabemos de saber e, ainda mais, o que ignoramos de ignorar) devemos à capacidade de interagir com os outros, capacidade essa que se serve, de maneira cada vez mais intrincada, dos meios de comunicação de massa (MININNI, 2008, p. 35).. Na bifocalidade da comunicação que, por um lado, veicula conteúdos e, por outro, organiza relações, está a diferença temporal / espacial entre as pessoas, diferença essa que torna a atividade possível e ao mesmo tempo necessária, afinal “comunicar como passagem de informações requer que, entre os participantes, haja uma diferença espacial e/ou temporal” (MININNI, 2008, p. 52). As superfícies, os suportes e as mídias mudam, mas as motivações, intencionalidades e necessidades do fazer comunicativo não. A comunicação se constitui em diversos canais, com diversos públicos, a todo o momento. Seja para.

(23) 19. passar informações pelo tempo e espaço, ou para manter estas informações pelo tempo e espaço. Parece estranho colocar num mesmo texto que citou leis gravadas no bronze informações que hoje são “gravadas” de forma digital e que, sim, podem ser alteradas, e estes “subregistros” de alterações ficam gravados também, mas em outras camadas da tecnologia da informação. Contudo, assim como a alfabetização era um limitante na difusão de informações, também a internet cria abismos de conectividade. Ou seja, a informação é difundida para quem tem acesso à rede. Diferente de placas de bronze na Roma Antiga que estavam livres para serem observadas e percebidas a todos os olhos, naquele ambiente. Nesse sentido, esta pesquisa acaba por focar num tipo específico de comunicação, produzida no intuito de explicar coisas a pessoas, mas que possui limitações: a escrita, o repertório, o idioma e a difusão. Ainda assim, é considerada libertadora e integradora, pois valoriza as ideias e, em sua essência, difunde conhecimentos de uma outra forma, nem texto, nem imagem, mas as duas coisas juntas. Meditsch e Sponholz (apud. GROTH, 2011, p. 19) afirmam que uma das. formas para se estabelecer diálogos menos truncados e menos dissonantes entre o saber e o fazer é aprofundar os conhecimentos sobre o jornalismo e sua prática, na esperança que a atividade possa informar sobre a realidade e contribuir para o esclarecimento do mundo. Nossa pesquisa voltou os olhos para o jornalismo como produto cultural, uma criação mental humana sujeita ao crescimento e às mudanças, como afirma Otto Groth em “O Poder Cultural Desconhecido”, livro que nos apresenta a ciência dos jornais. O autor alemão defende que cada área possui seu campo de estudos: a história, a política e a literatura. Em alguma medida estas ciências acabam por estudar os jornais, pois estes têm uma participação decisiva nas diversas mudanças que ocorrem dentro da sociedade. Contudo, ao nos voltarmos para uma ciência dos jornais, o que importa é o essencial das obras “a similaridade do seu sentido, seus lados considerados essenciais, suas qualidades constantes, as ‘características’ e a estrutura desta unidade. É no essencial que ela tem o seu objeto e o seu método próprio” (GROTH, 2011, p. 35). O objeto de nossa pesquisa - Facilitação Gráfica aplicada na imprensa no Brasil - nos levou a estudar as quatro características essenciais do Jornalismo,.

(24) 20. especificadas. por. Otto. Groth:. periodicidade,. universalidade,. atualidade. e. publicidade: Ao investigar a essência do objeto da Ciências dos Jornais, nós nos deparamos primeiro com a periodicidade como a característica manifesta e, portanto, imediatamente saliente e incondicionalmente evidente. Ao infiltrarmo-nos no conteúdo dos objetos, nós reconhecemos as características da universalidade e nela contida a atualidade, e por fim, identificamos a qualidade da publicidade, que nos dá a direção, o objetivo da obra com isso conduz ao seu sentido (GROTH, 2011, p. 144).. Groth nos deu o sentido para relacionar as facilitações gráficas midiatizadas produzidas ou não por canais notadamente jornalísticos - mas que fossem difundidas na maior plataforma de vídeos da atualidade: o Youtube. Em suas próprias estatísticas de alcance global, o site clama que “Nossa missão é dar a todos uma voz e revelar o mundo”, e em seu próprio vídeo de apresentação diz que o site é uma celebração do que os seres humanos podem fazer (YOUTUBE, 2018). Os jornais e as revistas vieram para informar e enfrentaram limitações de tempo e espaço entre o fato e as pessoas que detinham a informação, bem como aquelas que precisam dessa informação; o Youtube, por sua vez, é mais uma ferramenta que, apesar de utilizar algoritmos para levar conteúdo personalizado, ainda garante que a universalidade de temas, a publicidade de conteúdos e a atualidade dos assuntos seja possível. A periodicidade fica por conta dos criadores de conteúdo: pessoas que também são capazes de produzir informações e difundilas na rede não necessariamente . O Youtube resume, ao nosso ver, o que todos os programas jornalísticos dos anos 2000/2010 tentaram fazer ao propor quadros como “repórter cidadão”, “repórter por um dia” e “jovem jornalista”1. A notícia específica e curiosa, dada por um(a) jornalista honorário, mas ainda assim mediada por uma corporação está agora todos os dias em canais do Youtube.. 1. Alguns telejornais brasileiros apostam na iniciativa de telespectadores para obtenção de conteúdos colaborativos. Por exemplo, os quadros “Vc repórter”, “Vc no G1” e “Eu repórter” em telejornais como o SBT Brasil, Jornal Nacional, Jornal da Record e Jornal da Band. Ver SAAR, Claudia Maria Arantes de assis. O AGENDAMENTO DE TELEJORNAIS BRASILEIROS EM SITES NOTICIOSOS DE CONTEÚDO COLABORATIVO. 2016. [385f]. Tese (Comunicação Social) - Universidade Metodista de Sao Paulo, [São Bernardo do Campo]..

(25) 21 O YouTube tem mais de um bilhão de usuários, o que representa quase um terço dos usuários da Internet. Diariamente, essas pessoas assistem bilhões de horas de vídeo, gerando bilhões de visualizações. O YouTube, e até mesmo o YouTube para dispositivos móveis, atinge mais adultos de 18 a 34 anos e de 18 a 49 anos que qualquer canal de TV a cabo nos EUA. Mais da metade das visualizações do YouTube são feitas em dispositivos móveis. O YouTube lançou versões locais em mais de 88 países. Você pode navegar no YouTube em um total de 76 idiomas diferentes (o que abrange 95% dos usuários da Internet). [...] Desde março de 2015, os criadores de conteúdo que filmaram nos YouTube Spaces produziram mais de 10 mil vídeos, gerando 1 bilhão de visualizações e mais de 70 milhões de horas de exibição (YOUTUBE, 2018).. São horas de músicas, vídeos de filhotes, tutoriais de tudo o que se possa imaginar, vídeos de protestos, de casamentos, de denúncias, vídeos que passaram na TV e depois foram inseridos na plataforma. Nesse mar de conteúdo, estilos e informações podemos encontrar vídeos (jornalísticos ou não) em forma de Facilitação Gráfica e com a motivação principal - levando em conta que muitos títulos usavam as expressões “para entender” e “desenho para explicar” - de levar conhecimento e informações além das fronteiras de tempo e espaço. Nosso objetivo com esta pesquisa foi o de identificar como a Facilitação Gráfica é aplicada ao jornalismo, como um todo (impresso e digital) e quais os tipos de Facilitação Gráfica usadas para ampliar e diversificar as narrativas jornalísticas e aproximar os leitores dos conteúdos da imprensa no Brasil, construindo uma taxonomia da Facilitação Gráfica atualmente em uso no jornalismo. Após a coleta de dados, abrimos o leque de “veículos jornalísticos” para “canais informativos” e recortamos o tipo de amostras para somente vídeos. Encontramos no Youtube os melhores e a maior quantidade de exemplos para analisar e catalogar, avaliando a presença de elementos essenciais à prática da Facilitação Gráfica e elementos multimídia que compõem o material. Por nascer em ambiente não digital e feita em pequenos grupos e para pequenos grupos, trataremos as facilitações gráficas pesquisadas como a versão midiatizada da atividade. Relacionando as teorias de Flusser, Gomes e Mininni, saímos da “palavra escrita para o registro” para a “ideia midiatizada” com intuito de comunicar. Existem muitas ideias que se perdem, pois não foram documentadas. Existe muito conhecimento adormecido em projetos e reuniões que não ganham o mundo nem chegam às pessoas certas, seja por falta de tempo, entendimento e outras barreiras, como a língua. Para esta pesquisa optou-se não por traçar uma hipótese, mas por levantar questões de pesquisa que, em diálogo com o problema e os.

(26) 22. objetivos, puderam orientar o trabalho da pesquisadora. Como explica Triviños (1990, p. 105): Os outros tipos de estudo, descritivos e exploratórios, aceitam, geralmente, questões de pesquisa, perguntas norteadoras. Nos estudos descritivos podem existir ao mesmo tempo como também nos outros tipos de estudo, hipóteses e questões de pesquisa.. Para investigar como a Facilitação Gráfica é aplicada atualmente ao jornalismo, levamos em conta o número de analfabetos e analfabetos funcionais no Brasil, além do crescente uso de plataformas móveis digitais para a obtenção de informação: O Brasil possui 13 milhões de analfabetos, já os analfabetos funcionais pessoas que conhecem letras e números - somam 17% da população. Por outro lado, 139 milhões de brasileiros com mais de 10 anos utilizam telefones celulares e aproximadamente 102 milhões, na mesma faixa de idade, acessam a internet, pelo celular ou não (IBGE, 2015). Nesta direção, as questões de pesquisa propostas foram:. 1. Como a Facilitação Gráfica é aplicada ao jornalismo. Onde está a maior incidência dela? 2. Como a Facilitação Gráfica explora a multimidialidade nas plataformas digitais? 3. Que elementos são mais utilizados na Facilitação Gráfica na narrativa jornalística? 4. Que assuntos são mais frequentes em matérias construídas com a Facilitação Gráfica? 5. Onde se concentram as produções em Facilitação Gráfica no jornalismo? 6. Em que circunstâncias os meios de comunicação se apropriam do discurso informativo por meio de uma Facilitação Gráfica?. Para tanto, no primeiro capítulo estudamos o que se entende por jornalismo visual, qual a relação da Facilitação Gráfica com a infografia, as possibilidades que as narrativas jornalísticas dão ao fazer jornalístico e como é o ambiente digital jornalístico, que recebe as facilitações gráficas..

(27) 23. No segundo capítulo, temos as definições de Facilitação Gráfica, suas características, ambientes de aplicação e relações com a comunicação popular e o jornalismo. Por fim, no terceiro e último capítulo, descrevemos nosso percurso metodológico e as mudanças assumidas. Adaptamos a análise de multimidalidade proposta por Ricardo Castilhos Gomes Amaral em “Infográfico Jornalístico de Terceira Geração: análise do uso da multimidialidade na infografia”, dissertação de mestrado defendida em 2010 na Universidade Federal de Santa Catarina e a relação da plataforma de vídeos Youtube com as características essenciais do jornalismo de Otto Groth. Então, analisamos o material coletado e testamos se a tipologia atende às necessidades atuais de classificação de facilitações gráficas (FGs) no jornalismo e demais canais informativos..

(28) 24.

(29) 25. CAPÍTULO I - O JORNALISMO VISUAL NAS NARRATIVAS JORNALÍSTICAS E NO JORNALISMO DIGITAL. Por acreditar na intencionalidade das ações humanas, inclusive no jornalismo, este trabalho busca esclarecer como, em determinados assuntos/temas, o jornalismo faz uso de recursos visuais além do texto. O percurso para isso será localizar, na comunicação visual, o design aplicado ao jornalismo. Estudamos relações entre as narrativas jornalísticas, a infografia e o jornalismo digital.. 1.1 Comunicação Visual. O termo comunicação visual está amplamente difundido na sociedade, são diversos cursos de especialização e várias empresas que utilizam o termo como maneira de divulgar seus trabalhos. Porém, a comunicação visual diz mais sobre nossa sociedade do que parece. Exceto os deficientes visuais, todos captamos informações por meio da visão, seja sobre o ambiente que nos rodeia, ou na decodificação da informação escrita. Para Arnheim, “ver é a percepção da ação”, e nosso olhar busca sempre o equilíbrio naquilo que observa. Intuitivamente, a visão nos leva a refletir sobre aquilo que observamos. Contudo, “a percepção visual não opera com a fidelidade mecânica de uma câmera [...] ver significa captar algumas características proeminentes dos objetos” (ARNHEIM, 2005, p. 9). As primeiras experiências humanas no mundo são feitas com base naquilo que vemos. Assim, organizamos nossas necessidades, prazeres, preferências e temores. Segundo Dondis (2007, p. 6): O modo visual constitui todo um corpo de dados que, como a linguagem, podem ser usados para compor e compreender mensagens em diversos níveis de utilidade, desde o puramente funcional até os mais elevados domínios da expressão artística. É um corpo de dados constituído de partes, um grupo de unidades determinadas por outras unidades, cujo significado, em conjunto é uma função do significado das partes.. “Ver é compreender”. Nessa percepção, o pesquisador Rudolf Arnheim (2005) afirma que a visão é ativa no chamado material bruto da experiência, criando,.

(30) 26. segundo o autor “um esquema correlato de formas gerais, que são aplicáveis não somente a um caso individual concreto, mas a um número indeterminado de outros casos semelhantes também” (ARNHEIM, 2005, p.39). Ou seja, ao enxergar criamos significações. No livro “Antropologia e Imagem”, os autores Barbosa e Cunha (2006) confirmam que a comunicação acontece exatamente no processo de transformação dos signos em significações. Com essa afirmação também concorda Aguiar (2004). Para ela, a comunicação se dá por intermédio de alguma linguagem, que se altera de acordo com o uso que as pessoas fazem dela. A autora analisa as linguagens verbais e não verbais. Para isso, delimita as áreas do cérebro humano que são responsáveis pela compreensão de uma ou de outra, o que justifica a separação em dois tipos de linguagens: Uma é objetiva, definidora, cerebral, lógica e analítica, voltada para a razão, a ciência, a interpretação e a explicação. A outra é muito mais difícil de definir, porque é a linguagem das imagens, das metáforas e dos símbolos, expressa sempre em totalidades que não se decompõem analiticamente. No primeiro caso, estão as palavras escritas ou faladas; no segundo, os gestos, a música, as cores, as formas, que se dão de modo global (AGUIAR, 2004, p. 28).. É por causa das significações que quando alguém nos diz: “me passa uma caneta?” que imediatamente pensamos na imagem do objeto e não nas letras que compõem o seu nome. Mas também é devido aos signos com os quais conseguimos decodificar a palavra caneta e imaginar o objeto quando a lemos, por exemplo, num teste: “Responda todas as questões à caneta!”. Tudo que nossos olhos tocam constitui a comunicação visual. Da natureza à arquitetura e veículos de comunicação, estamos rodeados de elementos visuais sujeitos ao tempo e espaço, o que complementa a significação; a mensagem é intencional e atende a fundamentos teóricos, culturais e operacionais (SILVA, 1985, p. 26). Silva estabeleceu essa definição em seu trabalho “Diagramação: o planejamento visual gráfico na comunicação impressa” (1985), onde ele também discute a experiência estética que o jornalismo impresso proporciona aos seus leitores: No jornalismo impresso poderíamos traduzir como experiência estética o que pressupõe uma atitude ao mesmo tempo contemplativa e atenta, no sentido de estabelecer uma relação direta com a obra. No jornalismo.

(31) 27 impresso, o texto transmite a informação semântica através dos seus signos compreensíveis, mas ao mesmo tempo produz uma informação visual de reforço estético através dos símbolos gráficos que atuam na sensibilidade do receptor (SILVA, 1985, p. 26).. Em Sousa (2001), encontramos apoio quanto às nuances de interpretação que, por exemplo, os infográficos sugerem aos leitores:. Apesar da sua aparência, os infográficos não são dispositivos neutros que apenas expõem dados de uma forma precisa. Eles podem reforçar modelos de poder e dominância pela enfatização dos problemas de certos grupos ou indivíduos em detrimento de outros (SOUZA, 2001, p. 407).. Sobre essa sensibilidade na produção e consumo de informações, encontramos um ponto de ligação com os estudos do design de Lupton e Phillips (2011): Nos anos 1920, instituições como a Bauhaus, na Alemanha, exploravam o design como uma ‘linguagem da visão’, universal e baseada na percepção. Contudo, com o pós-modernismo dos anos 1960, apesar do olho ser um instrumento universal, as pessoas têm suas próprias experiências, por isso é inútil buscar significado inerente a uma imagem ou objeto (LUPTON; PHILLIPS, 2011, p. 8).. Os autores reuniram elementos da comunicação visual que fazem parte da realidade dos designers, principalmente após o advento e a popularização dos softwares gráficos, que no intuito de ajudar o profissional em seu trabalho, dispõem de ferramentas que antes estavam em cima de uma mesa e agora aparecem listadas no menu do programa, uma descrição técnica. A linguagem visual possui formas que são empregadas por indivíduos, instituições e ambientes cada vez mais conectados a uma sociedade global” (LUPTON; PHILLIPS, 2011, p.7). Sobre os novos fundamentos do design, a reflexão de Lupton e Phillips nos ajuda a reunir estes elementos e visualizá-los em conjunto, compondo uma página, seja impressa ou digital: O ponto, a linha e o plano compõem os alicerces do design. Partindo desses elementos, os designers criam imagens, ícones, texturas, padrões, diagramas, animações e sistemas tipográficos. [...] Os diagramas constroem relações entre elementos que utilizam pontos, linhas e planos para mapear e conectar dados. Texturas e padrões são construídos a partir de grandes frutos de pontos e linhas que se repetem, revezando-se ou interagindo na formação de superfícies singulares e atraentes. A tipografia compreende letras individuais (pontos) que compõem linhas e manchas de texto (LUPTON; PHILLIPS, 2008, p. 13)..

(32) 28. A cor é um dos elementos presentes em todas as percepções de comunicação visual abordadas até aqui. Sobre ela, Guimarães (2004) dedicou seus estudos e nos trouxe uma abordagem que tira a cor de coadjuvante na comunicação para elemento central: a cor como informação. A leitura e a observação de uma peça de comunicação nunca mais serão a mesma após sua explicação de como o olho humano fisicamente se comporta diante das cores, suas matrizes e variações. Nas palavras do autor: “A cor é uma informação visual, causada por um estímulo físico, percebida pelos olhos e decodificada pelo cérebro” (GUIMARÃES, 2004, p. 12). Nas peças de comunicação, as informações - e suas cores -. são. apresentadas aos leitores a uma distância fixa do olhar (um smartphone, uma tela de televisão ou computador, um jornal ou encarte, etc) é de suma importância a temperatura das cores utilizadas, pois esta dará a noção de profundidade à imagem (GUIMARÃES, 2004, p.24). Para além dos elementos notadamente visuais que abordamos até aqui, a comunicação visual possui uma teoria, ou elementos menos palpáveis, mais ainda assim, presentes para que ela exista e funcione. Bergström (2009) enumera os elementos que compõem a comunicação visual:. O processo começa com a escolha da narrativa correta, que por sua vez depende da estratégia e da análise do objeto da comunicação. A mensagem, que deve ter uma forma e uma configuração, precisa de criatividade como recurso extra para criar influência. Deve-se escolher a tipografia, escrever o texto, decidir a imagem, tendo em mente as demandas ou a retórica. Depois disso, esses elementos devem ser colocados juntos em uma peça coerente, relevante e animadora - a forma. Algumas mídias precisam de som - música e efeitos, sem falar da identidade, que representa a empresa ou organização, enquanto o papel tem uma influência específica, bem como a cor. A interação de tudo isso faz com que a mensagem chegue ao público com ênfase. E tudo está comunicando (BERGSTRÖM, 2009, p. 6).. David Dabner, em seu manual Diseño Gráfico (2005), oferece uma “base sólida” para os princípios que compõem o bom design gráfico, além do objetivo de criar uma peça de comunicação notável. Dabner compara os conhecimentos do design com os conhecimentos de uma língua. Possui elementos fundamentais e diversas formas de ensiná-la. São fundamentais a forma, a cor e o conceito. Dentro da forma, que é a composição a ser criada, está a proporção, o equilíbrio e a.

(33) 29. harmonia. Dentro da cor, temos a variedade, as sensações e a dimensão espacial. Por fim, em conceito, temos os processos de pensamento do designer e as especificações pedidas pelo cliente. Se o conceito falha, a cor e a forma tem pouco valor. Na linguagem visual, naturalmente, o olho é primordial: Ver é uma experiência tão comum que mal prestamos atenção. Para o designer gráfico, o processo de percepção (interpretação que os olhos e o cérebro fazem com o que enxergamos) tem uma grande importância. Estando conscientes ou não, os olhos proporcionam informação constante ao cérebro, que processa e interpreta os dados visuais que recebe (DABNER, 2005 p. 10).. Em consonância com Dabner, no livro “Os Fundamentos da Comunicação Visual”, Bergström coloca que: O trabalho prático da comunicação visual abrange três áreas principais, sendo que todas precisam estar coordenadas para que haja um bom resultado final. A tipografia do texto envolve a escolha e a disposição dos tipos (letras de um desenho específico) nos títulos, nas introduções, colunas do texto e legendas, por exemplo. A escolha de fotografias, imagens em movimento ou ilustrações é feita pela parte gráfica com o intuito de criar algum tipo de interação com o texto. Depois vem a terceira fase, o design, onde o texto e as imagens são organizados em um todo informativo e atraente para tornar a mensagem o mais compreensível e atraente possível para o receptor (BERGSTRÖM, 2009, p. 30).. 1.2 Definições e conceitos do jornalismo visual. Quando os diversos elementos e concepções da comunicação visual são aplicados ao jornalismo, com periodicidade e atualidade, damos o nome de Jornalismo Visual. Nessa área, acontece a combinação entre tipografia, fotografias, grafismos e outras imagens em produtos jornalísticos (GUIMARÃES, 2013). De uma página impressa no jornal tradicional até um infográfico animado no Youtube, tudo é visual. As imagens dos produtos impressos seguiram inicialmente a prática de iluminuras dos manuscritos medievais; as imagens no jornalismo apoiaram-se inicialmente nas gravuras artesanais, depois avançando para as gravuras mecânicas até que a fotografia (invento de Senfelder, em 1796) se tornasse viável industrialmente em meados do século XIX (GUIMARÃES, 2013, p. 238).. Podemos notar que a utilização de imagens além da tipografia no jornalismo avançou conforme avançam as tecnologias da informação. Como lembra Barboza:.

(34) 30. Nesse novo contexto tecnológico, a informação jornalística criou mobilidade, podendo ser acessada de qualquer lugar, por meio de uma infinidade de dispositivos, diminuindo sua dependência de veiculação por meios estritamente impressos e analógicos. Pensando nisso, os veículos de comunicação buscam constantemente novas linguagens e formatos para alcançar e dialogar com o público que está o tempo todo conectado por meio de múltiplos dispositivos móveis (BARBOZA, 2015, p. 42).. Em 1985, Silva já previa que as redações computadorizadas dos jornais impressos trariam muitas mudanças para a imprensa no Brasil: As redações dos jornais e revistas sofrerão sérias transformações de comportamento onde os profissionais (jornalistas) terão que se ajustar à nova realidade tecnológica com os terminais de vídeo, que sepultarão definitivamente, os linotipistas, que tanto contribuíram para o aprimoramento das Artes Gráficas e do próprio Jornalismo Impresso, hoje seriamente ameaçado pela forte concorrência das chamadas mídias eletrônicas (SILVA, 1985, p. 30).. Para Guimarães (2013), dentro do jornalismo visual é possível investigar o fotojornalismo, as cores, ilustrações, já que este recorte contempla todo material verbal de uma notícia combinado com as imagens que podem existir e também uma relação espaço-temporal delimitada com o designer que organiza o conteúdo. Enquanto alguns autores preferem restringir o jornalismo visual praticamente ao desenho de infográficos, onde de fato extremo haveria a construção de uma informação verbo-visual, preferimos alargar a atuação do termo para também envolver toda produção de informação em que a imagem é elemento fundamental, concordando, certamente, que o infográfico seria a “nata” do jornalismo visual (GUIMARÃES, 2013, p. 240).. Para o jornalismo impresso é uma preocupação balancear a quantidade preto e branco na página, onde preto é tudo o que leva tinta, e branco a página sem impressão. Esse equilíbrio na composição é o que trará o entendimento da mensagem que se deseja passar. Legibilidade é a capacidade de ver e ler o que está escrito, e leiturabilidade, a capacidade de entender e interpretar aquilo que se lê. Em um texto falado, as imagens, expressões e voz facilitam a leiturabilidade (SILVA, 1985, p.32). Segundo Guimarães, a preocupação com o jornalismo visual é recente, o que pode ser comprovado quando “as análises e investigações sobre o jornalismo visual também tomaram emprestadas teorias da imagem diretamente de outras áreas como cinema e artes visuais, sem necessariamente cercar um recorte específico”.

(35) 31. (GUIMARÃES, 2013, p. 239). Contudo, o autor defende que a área fique indefinida, pois pode beber na fonte de outras teorias: Assim o Jornalismo Visual continuará a incorporar as reflexões teóricas de outras tantas áreas que acolheram a problematização da imagem. A riqueza que podemos alcançar para tratar da imagem no Jornalismo Visual é diretamente proporcional à abertura (não exclusão) das diversas contribuições de diversas áreas (GUIMARÃES, 2013, p. 238).. O autor estuda três esferas de atuação do jornalismo visual: atividade profissional, o ensino e a pesquisa. Por isso, ele abrange na definição de jornalismo visual toda produção midiática que “coloque a imagem como elemento fundamental na constituição da informação jornalística veiculada” (GUIMARÃES, 2013, p. 246). Retomando Dondis (2007), quando ele afirma que “ver passou a significar compreender”, nos apoiamos na crença de que as pessoas tendem a compreender melhor algo mostrado do que algo somente falado, ou descrito. Segundo a autora, um aspecto de grande importância para o alfabetismo visual, afinal “expandir nossa capacidade de ver significa expandir nossa capacidade de entender uma mensagem visual, e, o que é ainda mais importante, de criar uma mensagem visual” (DONDIS, 2007, p. 13). Além da própria tipografia e das estratégias de composição, que, afinal de contas, precisam da visão para ser captada e decodificada, compõem ainda o jornalismo visual: a fotografia, a charge, a infografia e o vídeo (independente de onde se veicule, seja televisão ou internet). Nessa pesquisa, optamos por remontar às origens e usos da infografia, técnica que mais se aproxima de nosso objeto: a Facilitação Gráfica. Contudo, vale recontar a história de como a fotografia mudou a forma de consumir notícias. Em “A História do Design Gráfico”, Meggs a coloca em patamar de reportagem: A capacidade da fotografia de fornecer um registro histórico e fixar a história humana para as gerações futuras foi extraordinariamente demonstrada pelo próspero fotógrafo de estúdio Mathew Brady (c. 1823 1896), de Nova York. Quando começou a Guerra de Secessão, Brady partiu com um guarda-pó branco e um chapéu de palha levando um cartão manuscrito por Abraham Lincoln dizendo: Passe para Brady - A. Lincoln”. Durante a guerra, Brady investiu uma fortuna de 100 mil dólares para enviar vinte de seus assistentes fotográficos, entre eles Alexander Gardner (1821 - 1882) e Timothy O ‘Sullivan (c. 1840 - 1882), para documentar a Guerra de Secessão. Dos carroções de fotografia de Brady, chamados de.

(36) 32 Whatsit [contração de what is it (o que é isso?)] pelas tropas da União, o grande trauma nacional foi para sempre gravado na memória coletiva. A documentação fotográfica de Brady produziu um impacto profundo no ideal romântico do público sobre a guerra. As fotos do campo de batalha se juntavam aos croquis do artista como materiais de referência para ilustrações xilográficas para revistas e jornais (MEGGS, 2009, p. 194).. Depois dessa maneira de documentar a Guerra, nada mais foi igual na imprensa e nem no design. Conforme as técnicas de impressão se desenvolveram, a fotografia ganhou mais espaço na representação fiel e factual. Logo, os ilustradores foram colocados de lado, podendo se dedicar à fantasia e à ficção (MEGGS, 2009, p. 195).. 1.3 Relações entre infografia e a prática jornalística. Não há veículo jornalístico da atualidade que não tenha usado, ao menos uma vez, o recurso da infografia para alguma notícia ou reportagem especial. As origens da infografia, no design gráfico, vem do século XVII quando o matemático René Descartes utilizou, em 1637, a álgebra para resolver problemas de geometria. Para representar a equação matemática de forma gráfica, Descartes traçou duas retas transversais e perpendiculares. Estavam criados os eixos horizontal e vertical, importantes até hoje para nossas representações gráficas e consecutivamente nossa vida cotidiana. Por volta do ano 1786 (século XVIII), o cientista William Playfair incrementou esse modelo convertendo dados estatísticos em gráficos simbólicos. Foi ele o criador do que hoje conhecemos como gráfico em barras e gráfico em pizza (MEGGS, 2009, p.162). Playfair criou uma nova categoria, agora chamada de infografia. Esse campo do design ganhou importância devido à expansão de nossa base de conhecimento, que requer gráficos para apresentar informações complexas de uma forma compreensível (MEGGS, 2009, p. 162).. Na imprensa moderna, os infográficos ganharam notoriedade quando o designer e tipógrafo Thomas Maitland Cleland projetou algo para a revista de finanças Fortune que, segundo Zappaterra (2009), unificava os conceitos visuais e editorias de forma inovadora: Junto com a fotografia e a ilustração, os gráficos informativos são uma potente ferramenta visual nas mãos do designer e têm experimentado um.

(37) 33 forte ressurgimento com a chegada da internet. Sua versatilidade para atuar como imagens decorativas e simplificar informações complexas se adapta perfeitamente na cultura visual da informação que impera no século 21 (ZAPPATERRA, 2009, p. 149).. Infográficos desenham algumas reportagens para que os leitores a compreendam melhor. Em uma espécie de simbiose, imagem e texto comunicam algo em um material que não pode abrir mão de um ou de outro para cumprir sua missão informativa. Segundo Amaral (2010), a infografia é um subgênero (ou modalidade) no gênero jornalístico informativo. Para o autor, infográficos diferem-se de gráficos na medida em que:. [...] estes são apresentação de dados de forma organizada, seja por tabelas, diagramas, sendo os dados apresentados “puros”. Já a infografia – que pode utilizar gráficos como elementos de composição da sua narrativa – é uma história a ser contada, pois apresenta narrativa, e no caso do jornalismo, há informações jornalísticas que são repassadas ao leitor (AMARAL, 2010, p.28).. Em “A Arte Funcional”, Alberto Cairo (2011) introduz a infografia e a visualização de informações na comunicação de forma geral. Assim como Arnheim, Cairo defende o quão visual os seres humanos são, tendo mais de 30 áreas no cérebro dedicadas a processar imagens e sendo capazes de compreender o que veem em seu entorno e também gerarem novas imagens em suas cabeças. Contudo, o autor prefere não separar a infografia da visualização, já que; segundo ele, a beleza de uma visualização deriva de sua funcionalidade: “Um infográfico não é algo simplesmente para ser observado e sim para ser lido. O objetivo central de qualquer trabalho de visualização não é a estética ou seu impacto visual, mas sim se é compreensível primeiro e belo depois” (CAIRO, 2011, p. 18). Segundo Lucas (2009), no jornalismo atual não basta apenas classificar, descrever, hierarquizar, categorizar, selecionar, omitir e visibilizar falas e opiniões de vozes autorizadas; é preciso mais do que nunca explicar textualmente e visualmente, incluindo ainda uma descrição mais detalhada que reproduza tanto aquilo que é fato consumado quanto às previsões. Parte da infografia utilizada no jornalismo está ligada à arquitetura da informação, aquela que organiza os elementos de maneira que possam ser assimilados com mais facilidade por seus leitores. O que nos direciona para a colocação de Cairo sobre a figura do arquiteto da informação, cuja tarefa é estruturar.

(38) 34. e contextualizar conteúdos e também ser responsável pelo design (ou projeto) dos meios (ou plataformas) pelos quais os leitores virão a acessar o conteúdo. O objetivo fundamental da arquitetura da informação (que pode ser uma profissão ou uma atividade que caiba em outras profissões) é combater a ansiedade previsível diante do fato de termos tantos dados úteis e interessantes ao alcance das mãos ou do mouse (CAIRO, 2011, p. 30).. Nesse sentido, a infografia se apresenta como solução possível e largamente utilizada no jornalismo e no jornalismo digital. Na classificação de Leturia (1998), a infografia se apresenta no formato de: ● Gráficos (para apresentação de informação numérica e estatística); ● Mapas (para mostrar a localização de um acontecimento); ● Tabelas (quadro simples para a apresentação de dados descritivos que não podem ser cruzados ou comparados facilmente); ● Diagramas (para mostrar como se vê ou funciona algo, com utilização de legendas ou diversos ângulos de representação).. Recorrendo aos exemplos que Zappaterra (2009) reúne com jornais do mundo que fazem uso da infografia, podemos destacar que as principais motivações dos editores e equipes de redação para o uso da infografia são: realçar visualmente a publicação, envolver o leitor com um material denso e variado, transmitir a informação de um modo inesperado, explicar histórias complexas, ilustrar aspectos de acontecimentos que não foram fotografados, proporcionando um entendimento mais minucioso, passar mais informação de forma mais nítida (ZAPPATERRA, 2009, p.149). Lima Júnior (2004) explica que os infográficos permitem que matérias complicadas, que precisam de muitas palavras para serem compreendidas, possam se fazer entender de maneira rápida e lúdica. Segundo o autor, as informações numéricas, estatísticas e outras são mais efetivas do que o puro uso da escrita, além de proporcionarem maior variedade e agilidade no planejamento gráfico. No mesmo estudo, o autor faz a ponte com a infografia digital. Naquela época ele destacava a falta de pesquisas na infografia “analógica”, enquanto que a técnica já migrava para o digital..

(39) 35. Segundo Barboza (2015), a infografia multimídia deve o seu surgimento e expansão à popularização da Internet e, consequência desta, do jornalismo que começou a ser produzido nesse novo ambiente tecnológico. Em uma época de smartphones, redes sociais digitais e-readers e etc., jornalistas, designers, publishers buscam novas formas de produzir, veicular e vender conteúdo, acompanhando a demanda dos leitores. “As novas gerações, cada vez mais conectadas por meio de múltiplas telas, querem obter informações de maneira diferenciada. Além de personalizado e segmentado, o conteúdo precisa ser atrativo, tal como um jogo” (BARBOZA, 2015, p.72). Algo comum de se observar nas produções atualmente é seu caráter transmídia. Temos a notícia em diferentes meios e formatos e, no caso do uso da infografia, as combinações de conteúdo e formato podem ser infinitas. Para Barboza, “se [o infográfico] for integrado a uma narrativa que agregue outras ferramentas multimídias – tais como textos, vídeos, arquivos de áudio, slides de fotos, newsgames – pode atrair ainda mais interessados no material divulgado” (BARBOZA, 2015, p.90). Os infográficos são motivados e possuem os elementos de uma narrativa: o que, o quem, o como; representando uma estratégia comunicacional. Segundo Resende: Estes níveis representam diferentes preocupações na construção da história jornalística: o conteúdo, o ato de narrar e as estratégias utilizadas. A infografia está imbuída destes três tópicos, pois sua narrativa apresenta as características comuns a qualquer narrativa, o que a difere são as especificidades presentes neste subgênero jornalístico (RESENDE 2004, 2009 apud AMARAL, 2010, p. 32).. De forma análoga, a ilustração também é aplicada ao jornalismo em situações nas quais uma fotografia não daria conta. Zappaterra, ao mesmo tempo em que coloca os elementos de composição de livros, jornais e revistas - sobretudo os impressos -, aplica exemplos de peças de comunicação que demonstram o uso de cada elemento em algumas situações. Um dos elementos é a ilustração nos jornais e revistas. Zappaterra afirma que alguns editores utilizam o recurso para trazer dinamismo à página, enquanto outros lançam mão do recurso quando a reportagem demanda algum tipo de interpretação conceitual ou mesmo quando não há fotografias em qualidade suficiente..

(40) 36 Uma ilustração pode expressar um conceito ou um sentimento melhor que uma fotografia, pois os leitores, frequentemente, não podem evitar de associar um conteúdo narrativo a uma foto, sobretudo se é uma foto figurativa. Isto é assim, pois, como leitores que somos, lemos a imagem literalmente: ‘Esta foto trata-se de uma figura, vestindo uma roupa neste cenário e fazendo tal coisa, logo está me dizendo isto’. Mas, ao contrário, as ilustrações ‘se lêem’ de um modo diferente, permitindo à história, ao diretor artístico e ao leitor criar outros tipos de associações abstratas, frequentemente mais expressivas. A ilustração pode representar também o espírito do seu tempo, o zeitgeist, com mais eficácia que a fotografia, e ser usada como imagem da marca (ZAPPATERRA, 2009, p. 71).. Sendo a infografia, ainda segundo Zappaterra, a representação visual de informações, dados ou conhecimentos, chegamos a um ponto de contato com a Facilitação Gráfica, nosso objeto de pesquisa e análise. Essas semelhanças e diferenças serão abordadas mais adiante em nosso trabalho.. 1.4 Jornalismo e Facilitação Gráfica: novas e antigas formas de narrar. As facilitações gráficas midiatizadas mesclam suas características com as narrativas jornalísticas, ao mesmo tempo que são transformadas pelas práticas das redações, transformação esta que o jornalista estabelece com sua própria maneira de narrar. A narrativa é crucial para atingir pessoas. A habilidade de contar histórias e encontrar uma estrutura para isso é algo procurado por consumidores de mídia, sobretudo atualmente (BERGSTRÖM, 2009). As narrativas são para nós familiares, e até clássicas ou clichês no cinema e no teatro. Trabalhar com narrativa é trabalhar com a expectativa, o que o público anseia ler ou ver. Além disso, a história pode sofrer mudanças de roteiro e reviravoltas, isso pode fidelizar o leitor, ou fazer com que ele abandone a leitura proposta. Bergström definiu dois níveis em que as histórias se operam: o nível da ação e o nível narrativo. No primeiro, descreve-se o que acontece e, no segundo, como aquilo aconteceu. O mesmo autor elencou três técnicas narrativas: dramática, não dramática e interativa.. -. a narração dramática possui começo, meio e fim; define-se um cenário onde a ação acontece em tempo real.. -. são exemplos de narração não dramática a estrutura aberta de alguns filmes, noticiários e anúncios publicitários. Nestes casos, a estrutura.

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