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Ambientes de aplicação

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CAPÍTULO I O JORNALISMO VISUAL NAS NARRATIVAS JORNALÍSTICAS E NO

CAPÍTULO 2 FACILITAÇÃO GRÁFICA COMUNICANDO COM IMAGENS E

2.6 Ambientes de aplicação

A Facilitação Gráfica é um desafio. O desafio de traduzir a essência de algo que é dito por uma pessoa, ou um grupo de pessoas, em palavras-chave e imagens. Algumas trazem humor, outras apostam em diagramas consagrados para extrair o melhor do grupo.

Enquanto ela é realizada, automaticamente é criado um novo código, que pode ser entendido por quem ouviu ou estava presente no evento registrado, e por outros receptores familiarizados com o assunto.

Como explica Ostrower (2013), todo significado de uma criação está dentro de um contexto. Neste contexto, o elemento cultural é muito importante. A vivência de uma cultura pelo trabalho possibilita o conhecimento da matéria e dela como linguagem. “Todo ambiente de ordem indica que a cultura está sendo representada” (OSTROWER, 2013, p.60).

Apesar de a maioria dos facilitadores utilizar caneta e papel em seus trabalhos no Brasil, algumas equipes têm investido e treinado para realizar digitalmente seus registros. A alternativa facilita o compartilhamento da informação mais rápido na rede, uma vez que se o suporte onde o registro é feito tiver acesso à internet, bastam alguns cliques para que estejam disponíveis para um público muito mais amplo.

São as versões digitais das facilitações e registros gráficos que mais aproximam a técnica do jornalismo, mas assim como “nem todo infográfico pode ser considerado como jornalístico” (AMARAL, 2010, p. 24), nem todos os vídeos ou

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desenhos são facilitações ou registros gráficos. Por isso, a importância de construir esta tipologia.

Com base na vivência de Agerbeck (2012), vamos exemplificar as facilitações gráficas feitas atualmente no Brasil. Elas podem ser de grande escala e feitas em papel e caneta, como os painéis feitos para o Tedx2016 (Figura 5). Também encontramos facilitações gráficas feitas em meio digital, então, podem assumir qualquer proporção, como pequena escala (Figura 6) e grande escala (Figura 7).

As facilitações gráficas em grande escala também são encontradas no meio corporativo, ajudam a conduzir reuniões e debates. Contudo, muitos exemplos são sigilosos, por isso que a maioria dos painéis que encontramos na Internet são de palestras, congressos ou mesmo de entidades não governamentais e sem fins lucrativos. A Facilitação Gráfica e sua disponibilidade on-line também está muito ligada ao acesso e à democratização do conteúdo.

Outra forma de encontrar facilitações gráficas é em pequena escala e em papel e caneta. Algumas pessoas chamam de journal, mas nada mais são do que cadernos sem pauta com as informações sistematizadas. A figura 7 é um resumo gráfico de um filme, feito por um facilitador gráfico brasileiro, Vitor Massao. A figura 8 é uma sketchnote feita pelo artista Mike Rohde.

Em veículos de comunicação temos mapeado exemplos da Facilitação Gráfica em vídeo. Como na série 2 Minutos para Entender, onde temas complexos se tornam desenhos, gráficos e narração no Youtube da Revista Superinteressante (Figura 9). Outro exemplo é o vídeo gravado em plano sequência onde a facilitadora gráfica Vivian Dell’Alba em parceria com o site Catraca Livre explica a questão dos refugiados no Brasil (Figura 10).

Por meio da Facilitação Gráfica temas complexos são abordados de forma mais simples. No processo de construir um roteiro para determinado assunto, tudo é pensado para ser expresso de forma simplificada e eficaz para o público. Além do vídeo acima sobre os refugiados no Brasil, o canal Whymaps, da Espanha, ganhou notoriedade entre 2015 e 2016 com um vídeo que explicava a guerra da Síria. Após este, o estúdio criou a trilogia sobre democracia e eleições. Em entrevistas, os sócios do estúdio Bruno Teixidor e Sérgio de Pazos contam que o primeiro vídeo foi motivado pelas reportagens diárias na imprensa espanhola sobre a onda de refugiados sírios. Eles se perguntavam de onde vinha toda essa crise: “Estávamos sobrecarregados com números e não encontrávamos um porquê, desde quando e

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com quem. Nos perguntamos o que podíamos fazer para jogar luz sobre o assunto, e assim, sem nos darmos conta, chegamos ao #WHYSIRIA” (PAZOS, 2016, [s/p] tradução nossa).

Os vídeos do Whymaps não foram produzidos para imprensa, mas a pautaram em seguida e usaram estratégias de narrativas para cativar o público e garantir as visualizações. Esta relação vamos aprofundar no próximo capítulo.

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Figura 5 - Painel feito pela empresa Moom em 2016 para a palestra de Clóvis Barros Filho no TEDxSP

Fonte: Facebook (2016)7

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Figura 6 - Registro gráfico digital da palestra do professor Clovis Barros Filho no TedX São Paulo 2016 pela empresa Design de Conversas

Fonte: Facebook8

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Figura 7 - Painel de registro gráfico sendo projetado durante o TEDxSão Paulo 2017. Foi realizado pela empresa Design de Conversas

Fonte: Facebook9

9FACEBOOK. Design de Conversas. Disponível em: <http://bit.ly/2KbWXBJ>. Acesso em: 20

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Figura 8 - Registro Gráfico em caderno feito por Mike Rohde

Fonte: Checkdisout10

10WEBER, Matthias. Checkdisout, 2010, 29 mar. Disponível em:<http://bit.ly/2KbXvHN>. Acesso em:

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Figura 9 - Frame do vídeo sobre população carcerária no Brasil

Fonte: Youtube11

11YOUTUBE. Dois minutos para entender. Disponível em: <http://bit.ly/2OP55J4>. Acesso em: 20

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Figura 10 - Frame do vídeo sobre os refugiados no Brasil

Fonte: Facebook12

12DELL’ALBA, Vivian. Catraca Livre. Facebook. Disponível em:

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Figura 11 - Frame do vídeo whysyria

Fonte: Youtube13

13 YOUTUBE. #WHYSYRIA: La crisis de Siria bien contada en 10 minutos y 15 mapas. Disponível

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CAPÍTULO 3 - REPORTAGENS VISUAIS - A PROPOSTA DE

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