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Os 8 elementos essenciais da Facilitação Gráfica

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CAPÍTULO I O JORNALISMO VISUAL NAS NARRATIVAS JORNALÍSTICAS E NO

CAPÍTULO 2 FACILITAÇÃO GRÁFICA COMUNICANDO COM IMAGENS E

2.3 Os 8 elementos essenciais da Facilitação Gráfica

Agerbeck (2012) lista 8 elementos essenciais no trabalho de um facilitador gráfico: as letras, as cores, as flechas, as caixas, os símbolos, as linhas, as pessoas e as dimensões. Brandy justifica essa escolha pelo fato de, para ela, existirem formas de fazer as marcações terem conteúdo e veicularem significados.

Figura 3 - Esquema elaborado por Brandy Agerbeck para um vídeo sobre

Fonte: loosetooth.com (2010)

Os 8 Essenciais foram elencados pensando em trabalhos assim, ao vivo, mas podem ser encontrados em outros, como vídeos e registros digitais, e caracterizam a Facilitação Gráfica.

Tipografia, ou letras escritas com as mãos (lettering) precisa ser escrita rápido, mas legível; Símbolos (bullets) trazem cor e estabelecem um código visual ou separam os pontos registrados; Cores (color) brilham e são convidativas, ajudam na organização do conteúdo; Linhas (lines) conectam ideias, podem ser usadas linhas grossas e finas para delinear as ideias; Flechas (arrows) guiam nossa atenção, dão movimento e sequência aos registros; Pessoas (people) dão vida ao trabalho, expressando emoções; Caixas (boxes) destacam, agrupam e separam

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ideias semelhantes ou divergentes; Sombreamento (shading) eleva os itens para “fora da página” e acrescenta dimensão ao desenho (AGERBECK, 2012, p.171- 173).

Quando se estuda a Facilitação Gráfica, entende-se a linguagem visual juntamente com a diferença entre ler um texto, assistir uma palestra ou ver seu resumo em um painel na parede, imagem na tela de um computador ou mesmo cadernos de anotações. Pesquisadores na área do aprendizado e inteligência cognitiva afirmam que os seres humanos processam as informações de forma diferente, praticamente 80% de nossas células cerebrais são desenvolvidas para processar a informação visual (SIBBET, p. xvi, 2013)

Além da linguagem visual, a semiótica da cultura tem muito a acrescentar à prática e aos estudos da Facilitação Gráfica. Assim como outros estudos relativos à produção cultural e hibridismo. Agerbeck (2012) utiliza metáforas para explicar o que um profissional da Facilitação Gráfica faz. Por exemplo, ela utiliza o verbo “destilar” - roubado da química - para dizer que o essencial de um conteúdo é captado e registrado por um facilitador gráfico. Nessa linha, a autora diz que os princípios da profissão são estrelas e constelações, pois estas guiam aqueles que se aventuram pela área. Estes princípios, ou estrelas, são:

● Panorama: seja visto; não é sobre você; o conteúdo é o rei, “rápido como um coelho”, processo sobre o produto, ferramentas certas para o trabalho;

● Ouvindo: pare e escute, ouça com ouvidos estrangeiros, nem todos os oradores criam da mesma forma, extraia o essencial;

● Pensando: tamanho das ideias, pedaço, conexões, pensar em níveis, forma da conversa, dê um passo atrás e observe;

● Desenhando: cada marca tem um significado, os “8 Essenciais”6, colocando tudo junto;

● Praticando: prática leva ao progresso, crie seu vocabulário visual, desafie-se;

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● “Em Uma Sala”: sua presença é poderosa, a postos, dê a ‘eles’ as marcações - significados (AGERBECK, 2012, p.48).

As “estrelas” são dicas de como manter o que foi falado em sintonia com o que é registrado. Agerbeck e Sibbet concordam que imagens e metáforas visuais em um grupo são integradoras, mostram que as pessoas foram ouvidas, trabalham com os dois lados de nosso cérebro, possibilitam que as contradições estejam numa mesma folha e sejam bem representadas, estimulam a imaginação, permitem que as pessoas expliquem o que estão entendendo exatamente, criam conexões. Alguns cânones da escrita formal são quebrados nesta atividade, assim como da produção e disseminação de conteúdo, principalmente com a tecnologia ao alcance de todos.

Citando Canclini (1997, p. 287), “a apropriação múltipla de patrimônios culturais abre possibilidades originais de experimentação e comunicação, com usos democratizadores”. A Facilitação Gráfica se apropria de entendimentos comuns para passar uma mensagem criando algo totalmente novo.

A proliferação de meios e aparatos audiovisuais característica da sociedade interconectada em rede tem criado novos ambientes para a produção e o consumo de bens culturais, com especial presença de linguagens visuais. Mas vale observar como essas visualidades se articulam com sonoridades também presentes na cultura midiatizada contemporânea (BARROS, 2013, p.89).

Os benefícios e as dificuldades da Facilitação Gráfica são praticamente os mesmos. Enquanto é proveitoso que exista o registro de alguma atividade, é necessária toda atenção, foco e respeito ao que é dito. Ao mesmo tempo em que o facilitador gráfico colabora com o grupo - e com a sociedade - ele é também um filtro. Como um livro, uma música, uma notícia, o produto que uma Facilitação Gráfica desenvolve é uma peça de comunicação. Não existe uma carreira acadêmica, associação ou sindicato que regule e oriente a profissão, ainda, mas existem algumas práticas que estão difundidas e são de senso comum para quem desenvolve a atividade (MEO, 2014).

Por exemplo, podemos identificar que algo que vemos é uma Facilitação Gráfica quando observamos:

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tablet;

- se faz uso de meios artesanais de produção: papel, caneta, giz, pincel, ou alternativas digitais, mas que mantenham o estilo;

- se há referência de onde as informações vieram: palestra, curso, filme, livro, reunião de uma empresa ou uma notícia;

- se faz uso dos “8 essenciais” elementos do desenho classificados por Agerbeck como essenciais para o trabalho: tipografia, cores, formas, linhas, símbolos ou itens, representação de pessoas e sombreamento.

Além dos já clássicos painéis de papel feitos ao vivo, com o passar dos anos podemos observar no material compartilhado pelos profissionais on-line o quanto a Facilitação Gráfica evoluiu.

Há registros acadêmicos dos benefícios na Facilitação Gráfica para a geração de conteúdo coletivo, inclusive na agroecologia. Em 2011, um artigo publicado na revista científica AtoZ (Curitiba-PR), investigou as contribuições de metodologias que estimularam o compartilhamento de conhecimentos no Fórum Global GFAL (Global Fórum América Latina) que, no Brasil, é promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná – FIEP.

A Facilitação Gráfica é utilizada no processo da Investigação Apreciativa e durante todo o encontro do GFAL, para registrar o conhecimento que está sendo compartilhado pelos participantes, ajudando a retratar sobre o que está sendo explicitado pelos grupos e para que as pessoas se vejam dentro do processo e o que podem, efetivamente, contribuir. Esta metodologia ajuda de maneira simples e clara no gerenciamento das informações e conhecimentos compartilhados durante o Global Fórum América Latina, usando linguagem gráfica consistente em formato de desenhos por meio de documentos (DRAGO, 2011, p.39).

Em 2015, um trabalho apresentado na XV Semana Científica Johanna Döbereiner - Solo Ciência e Vida, destacava como a Facilitação Gráfica pode ser uma ferramenta de construção agroecológica: “O uso da Facilitação Gráfica na agroecologia acontece a partir da demanda identificada em criar ferramentas que visem equiparar a compreensão do conteúdo entre os atores envolvidos, e também de dialogar com diferentes públicos” (SANTANA, 2015, s/p).

Sobre o mesmo tema, alunos da Universidade Federal do Vale São Francisco (UNIVASF) e do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IFSertão) apresentaram no IX Congresso Brasileiro de Agroecologia sua avaliação do uso da Facilitação

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Gráfica enquanto instrumento mediador da aprendizagem na “Formação de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) para Atuação Participativa na Perspectiva Agroecológica” e enquanto instrumento a ser apropriado pelos extensionistas na condução e sistematização de ações desenvolvidas junto às comunidades.

O uso de esquemas, desenhos e ilustrações coloridas facilita a aprendizagem, possibilitando a acomodação de novos conceitos aos mapas conceituais individuais dos participantes conforme relatos também registrados nos painéis. Em grande parte dos comentários, a facilitação foi pontuada como ferramenta para compreender os assuntos abordados, os desafios colocados, as técnicas a serem utilizados, os caminhos que a extensão deve seguir no Território do Sertão do São Francisco Baiano e Pernambucano (PEBA). A facilitação apoia também os coordenadores do processo de formação, bem como pode instrumentalizar os técnicos enquanto metodologias participativas nos processos de intervenção junto às comunidades em que atuam (CARVALHO NETO, 2015, s/p).

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