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Definições e conceitos do jornalismo visual

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CAPÍTULO I O JORNALISMO VISUAL NAS NARRATIVAS JORNALÍSTICAS E NO

1.2 Definições e conceitos do jornalismo visual

Quando os diversos elementos e concepções da comunicação visual são aplicados ao jornalismo, com periodicidade e atualidade, damos o nome de Jornalismo Visual. Nessa área, acontece a combinação entre tipografia, fotografias, grafismos e outras imagens em produtos jornalísticos (GUIMARÃES, 2013). De uma página impressa no jornal tradicional até um infográfico animado no Youtube, tudo é visual.

As imagens dos produtos impressos seguiram inicialmente a prática de iluminuras dos manuscritos medievais; as imagens no jornalismo apoiaram-se inicialmente nas gravuras artesanais, depois avançando para as gravuras mecânicas até que a fotografia (invento de Senfelder, em 1796) se tornasse viável industrialmente em meados do século XIX (GUIMARÃES, 2013, p. 238).

Podemos notar que a utilização de imagens além da tipografia no jornalismo avançou conforme avançam as tecnologias da informação. Como lembra Barboza:

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Nesse novo contexto tecnológico, a informação jornalística criou mobilidade, podendo ser acessada de qualquer lugar, por meio de uma infinidade de dispositivos, diminuindo sua dependência de veiculação por meios estritamente impressos e analógicos. Pensando nisso, os veículos de comunicação buscam constantemente novas linguagens e formatos para alcançar e dialogar com o público que está o tempo todo conectado por meio de múltiplos dispositivos móveis (BARBOZA, 2015, p. 42).

Em 1985, Silva já previa que as redações computadorizadas dos jornais impressos trariam muitas mudanças para a imprensa no Brasil:

As redações dos jornais e revistas sofrerão sérias transformações de comportamento onde os profissionais (jornalistas) terão que se ajustar à nova realidade tecnológica com os terminais de vídeo, que sepultarão definitivamente, os linotipistas, que tanto contribuíram para o aprimoramento das Artes Gráficas e do próprio Jornalismo Impresso, hoje seriamente ameaçado pela forte concorrência das chamadas mídias eletrônicas (SILVA, 1985, p. 30).

Para Guimarães (2013), dentro do jornalismo visual é possível investigar o fotojornalismo, as cores, ilustrações, já que este recorte contempla todo material verbal de uma notícia combinado com as imagens que podem existir e também uma relação espaço-temporal delimitada com o designer que organiza o conteúdo.

Enquanto alguns autores preferem restringir o jornalismo visual praticamente ao desenho de infográficos, onde de fato extremo haveria a construção de uma informação verbo-visual, preferimos alargar a atuação do termo para também envolver toda produção de informação em que a imagem é elemento fundamental, concordando, certamente, que o infográfico seria a “nata” do jornalismo visual (GUIMARÃES, 2013, p. 240).

Para o jornalismo impresso é uma preocupação balancear a quantidade preto e branco na página, onde preto é tudo o que leva tinta, e branco a página sem impressão. Esse equilíbrio na composição é o que trará o entendimento da mensagem que se deseja passar. Legibilidade é a capacidade de ver e ler o que está escrito, e leiturabilidade, a capacidade de entender e interpretar aquilo que se lê. Em um texto falado, as imagens, expressões e voz facilitam a leiturabilidade (SILVA, 1985, p.32).

Segundo Guimarães, a preocupação com o jornalismo visual é recente, o que pode ser comprovado quando “as análises e investigações sobre o jornalismo visual também tomaram emprestadas teorias da imagem diretamente de outras áreas como cinema e artes visuais, sem necessariamente cercar um recorte específico”

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(GUIMARÃES, 2013, p. 239). Contudo, o autor defende que a área fique indefinida, pois pode beber na fonte de outras teorias:

Assim o Jornalismo Visual continuará a incorporar as reflexões teóricas de outras tantas áreas que acolheram a problematização da imagem. A riqueza que podemos alcançar para tratar da imagem no Jornalismo Visual é diretamente proporcional à abertura (não exclusão) das diversas contribuições de diversas áreas (GUIMARÃES, 2013, p. 238).

O autor estuda três esferas de atuação do jornalismo visual: atividade profissional, o ensino e a pesquisa. Por isso, ele abrange na definição de jornalismo visual toda produção midiática que “coloque a imagem como elemento fundamental na constituição da informação jornalística veiculada” (GUIMARÃES, 2013, p. 246).

Retomando Dondis (2007), quando ele afirma que “ver passou a significar compreender”, nos apoiamos na crença de que as pessoas tendem a compreender melhor algo mostrado do que algo somente falado, ou descrito. Segundo a autora, um aspecto de grande importância para o alfabetismo visual, afinal “expandir nossa capacidade de ver significa expandir nossa capacidade de entender uma mensagem visual, e, o que é ainda mais importante, de criar uma mensagem visual” (DONDIS, 2007, p. 13).

Além da própria tipografia e das estratégias de composição, que, afinal de contas, precisam da visão para ser captada e decodificada, compõem ainda o jornalismo visual: a fotografia, a charge, a infografia e o vídeo (independente de onde se veicule, seja televisão ou internet). Nessa pesquisa, optamos por remontar às origens e usos da infografia, técnica que mais se aproxima de nosso objeto: a Facilitação Gráfica.

Contudo, vale recontar a história de como a fotografia mudou a forma de consumir notícias. Em “A História do Design Gráfico”, Meggs a coloca em patamar de reportagem:

A capacidade da fotografia de fornecer um registro histórico e fixar a história humana para as gerações futuras foi extraordinariamente demonstrada pelo próspero fotógrafo de estúdio Mathew Brady (c. 1823 - 1896), de Nova York. Quando começou a Guerra de Secessão, Brady partiu com um guarda-pó branco e um chapéu de palha levando um cartão manuscrito por Abraham Lincoln dizendo: Passe para Brady - A. Lincoln”. Durante a guerra, Brady investiu uma fortuna de 100 mil dólares para enviar vinte de seus assistentes fotográficos, entre eles Alexander Gardner (1821 - 1882) e Timothy O ‘Sullivan (c. 1840 - 1882), para documentar a Guerra de Secessão. Dos carroções de fotografia de Brady, chamados de

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Whatsit [contração de what is it (o que é isso?)] pelas tropas da União, o grande trauma nacional foi para sempre gravado na memória coletiva. A documentação fotográfica de Brady produziu um impacto profundo no ideal romântico do público sobre a guerra. As fotos do campo de batalha se juntavam aos croquis do artista como materiais de referência para ilustrações xilográficas para revistas e jornais (MEGGS, 2009, p. 194).

Depois dessa maneira de documentar a Guerra, nada mais foi igual na imprensa e nem no design. Conforme as técnicas de impressão se desenvolveram, a fotografia ganhou mais espaço na representação fiel e factual. Logo, os ilustradores foram colocados de lado, podendo se dedicar à fantasia e à ficção (MEGGS, 2009, p. 195).

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