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Classificação das Facilitações Gráficas Coletadas com base na tipologia

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CAPÍTULO I O JORNALISMO VISUAL NAS NARRATIVAS JORNALÍSTICAS E NO

CAPÍTULO 3 REPORTAGENS VISUAIS A PROPOSTA DE TIPOLOGIA DE

3.4 Classificação das Facilitações Gráficas Coletadas com base na tipologia

Amaral (2010, p.188), em sua tipologia de infográficos multimídia, cunhou que “[...] para a multimidialidade estar caracterizada, o vídeo deve realizar a convergência e ter atuação direta na narrativa do fato jornalístico. De igual forma, para o áudio e sua atuação direta”.

A FG é uma técnica que nasceu multimídia por mesclar texto e imagem (pelo menos). Agora ela soma-se à prática jornalística para narrar e contextualizar atualidades. Por isso, fazendo uma adaptação à metodologia de Amaral, a partir da multimidialidade (áudio narração e texto) vamos classificar como ilustrativa, coadjuvante e protagonista a Facilitação Gráfica (ilustração gestual) aplicada aos exemplos coletados. Se a ilustração gestual é pré-requisito para a FG existir e todos os trabalhos analisados são multimídia, para nós é necessário observar em que nível a FG colabora com o entendimento da notícia.

Em sua tipologia, Amaral classificou que a multimidialidade seria ilustrativa quando os recursos de áudio e vídeo não interferem na narrativa do fato jornalístico, então a história é contada por meio de texto, fotos e animações. A multimidialidade

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seria coadjuvante quando a narração jornalística se dá por meio de áudio e vídeo, porém com informações relevantes apresentadas de outras maneiras e de forma ordenada. A multimidialidade configura-se como protagonista quando seu uso é fundamental para a compreensão do fato jornalístico.

Em linhas gerais:

Na infografia jornalística, a mídia terá papel protagonista quando exercer esta função. Quando tiver disponível informação jornalística, fazer parte da narrativa, pode ser reportagem ou especial. E ainda, a mídia pode ter uma informação complementar e não estar presente diretamente na narrativa coesa formada por imagem e texto – mídia coadjuvante, podendo estar no infográfico jornalístico (AMARAL, 2010, p. 201).

Caso fôssemos utilizar a proposta de Amaral ao pé da letra, a maioria de nossas facilitações gráficas seria coadjuvantes. Por isso, se fez necessário adaptar para nosso objeto o conceito criado pelo autor. Por Facilitação Gráfica, subentende- se o uso de imagens e textos juntos. Optamos por fechar o corpus em exemplos encontrados no Youtube, uma plataforma multimídia. Dos 32 trabalhos mapeados (playlists e canais todos de FGs em vídeo foram tratados como um trabalho só) todos estão em forma de vídeo e possuem áudio como narração.

Por isso, separamos o áudio em dois elementos: áudio-narração e áudio- montagem; no primeiro, existe a narração do conteúdo de forma linear e contínua; no segundo, além da narração contínua, alguns sons são inseridos para compor a narrativa do fato, ou conteúdo, por exemplo, buzinas de carros, sirenes e papel sendo rasgado. Estes sons ajudam a compor a paisagem sonora do vídeo analisado, como mostra o Quadro 1.

Quadro 1 – Áudio e Vídeo: função e tipo de informação

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Foi adaptada para o Quadro 2:

Quadro 2 – Adaptação da Facilitação Gráfica: função e tipo de informação

Facilitação Gráfica: função e tipo de informação

Função da FG na narrativa principal Tipo de informação ilustrativa dispensável dispensável coadjuvante dispensável complementar protagonista indispensável fundamental Fonte: Autora (2018)

Assim, após contabilizar os elementos de multimidialidade (além do desenho), julgamos importante registrar, nessa classificação, os temas, veículos, os elementos gráficos que acompanham os trabalhos (com base nos “8 Essenciais” de Brandy Agerbeck) o grau de multimidialidade (1 - um elemento multimídia, 2 - dois elementos multimídia, 3 - três elementos multimídia - todos além do desenho que é o que caracteriza a FG).

São FGs ilustrativas 18 exemplos encontrados no Youtube. São FG coadjuvantes um total de 12 trabalhos. Avaliamos o quanto o áudio comunicava e o quanto os desenhos, textos e sons adicionais comunicavam. Dessa forma, não identificamos nenhuma Facilitação Gráfica protagonista. Uma que poderíamos considerar por ter todos os elementos dos 8 Essenciais e possuir todos os elementos avaliados em multimidialidade é a série 2 Minutos para Entender, da Super.

Nos demais, as imagens agregam um pouco ou nada se comparado ao volume de informação que o áudio tem. Nenhuma Facilitação Gráfica em vídeo sem áudio-narração foi localizada. Desta forma, apresentamos os resultados no quadro 3.

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Quadro 3 – Resultados

NOME / TÍTULO

ELEMENTOS GRÁFICOS TIPOLOGIA

VEÍCULO ❡ � � ➚  � ☀ GRAU de MULTI MIDIA LIDADE TIPOLOGIA Explicamos em 4 minutos por que convênio pode tudo Agência

Pública sim não sim não sim sim sim sim 3 coadjuvante

A questão indígena em

4 minutos

Agência

Pública sim sim sim não sim sim não sim 1 coadjuvante E agora,

Temer

Agência

Pública sim sim sim sim sim sim sim sim 2 coadjuvante Homens de preto a segurança privada em 3 minutos Agência

Pública sim sim sim não sim sim não sim 2 ilustrativa A grilagem de terras e o Novo Código Florestal em 3 minutos Agência

Pública sim não sim sim sim sim sim sim 3 coadjuvante Canal YT

Onu Mulheres

Onu

Mulheres sim sim sim não não sim sim sim 1 ilustrativa #PraEntende

r Os direitos humanos em

2 minutos

Portal UAI sim não sim não não sim não sim 1 ilustrativa

5º lugar: Classificaçã

o Indicativa para o

Canal

114 Mercado Digital (MJ) Vídeos Criativos da Escola Canal Projetos Criativos na Escola

sim sim sim não não sim sim sim 3 coadjuvante

Especial Entendeu ou quer que eu desenhe Canal A Hora do Leite

sim não sim não não sim não sim 2 ilustrativa

Princípios Fundamentai s da C.F. | Constituição desenhada Aprendeu ou quer que desenhe?

sim não sim não sim sim sim sim 2 ilustrativa

Pense Comigo - Uma reflexão sobre a história do voto no Brasil Comuni cação Social - TRE-MG

sim não sim não sim sim sim não 2 coadjuvante

Por que nossa política é tão burra? Revista Superinte ressante

sim não sim sim não sim não sim 2 coadjuvante

Entrevista Caleidoscópi o - Brainstormin g TV

Horizonte sim não sim sim sim sim sim sim 2 ilustrativa

Reforma da Previdência - Entendeu? Ou quer que eu Desenhe!?! Metrópole s Entreteni mento

sim não não não não sim não não 1 coadjuvante

Mudanças no sistema eleitoral - Entendeu? Ou quer que eu Desenhe!?! Metrópole s Entreteni mento

sim não não não não sim não não 1 coadjuvante

Canal Ilustradamen te Canal Ilustrada mente

115 Mundo do Trabalho: você sabe o que é design thinking? De Tudo

um Pouco sim não sim sim sim sim sim sim 2 ilustrativa

Aprenda em 5 minutos o que vc não aprendeu o ano todo Carlos Ruas - Quer Que Desenhe

sim não sim sim sim sim sim não 3 ilustrativa

Playlist Quer Que Desenhe

Canal

Reforma sim sim sim sim sim sim não não 3 ilustrativa

CASAMENTO GAY: QUER

QUE DESENHE?

Põe na

Roda sim não não sim sim sim sim sim 3 coadjuvante Playlist Quer Que Desenhe Canal Descom plica

sim não sim sim sim não sim sim 3 ilustrativa

H1N1 INFORMATIVO

Multimídia

SEED sim não sim sim não sim sim sim 3 ilustrativa Série Gestão

em Foco

Multimídia

SEED sim não não não não sim sim sim 2 ilustrativa O que é

EAD

Multimídia

SEED não não não não não sim não sim 2 coadjuvante Falta d'água

e Rios Voadores

Multimídia

SEED não não sim não sim sim não sim 2 ilustrativa Canal Minutos Psíquicos Canal Minutos Psíquicos

sim sim sim sim sim sim sim sim 2 coadjuvante

Qual o tamanho da

crise no Brasil

Nexo

Jornal sim sim sim sim sim não não não 3 coadjuvante Tudo sobre

o zika Portal UAI sim sim sim sim sim sim sim sim 3 ilustrativa 2 Minutos

para Entender

Superinte

ressante sim sim sim sim sim sim sim sim 4 protagonista Playlist Quer Que Desenhe Canal BlaBLa logia

sim sim sim sim sim sim não não 3 protagonista 10 Fatos Para

Ficarmos De Olho Em 2018

UOL sim não sim não sim sim não sim 3 ilustrativa Fonte: Autora (2018)

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Diversas nuances podem ser analisadas na tabela anterior. Optamos por destacar que das 33 facilitações gráficas em vídeo encontradas, 19 são ilustrativas, 12 são coadjuvantes e 2 são protagonistas.

Isso quer dizer que a maioria delas ilustra o que o áudio do vídeo informa, depois complementa em alguma medida, mas somente em dois casos a parceria é completa. Para chegarmos nessa classificação, assistimos todos os vídeos (e no caso de playlists e canais escolhemos de 2 a 4 vídeos de forma aleatória) e observamos a narração e os desenhos. Refletindo se o conteúdo seria entendido independentemente do áudio ou vice-versa.

Nas FGs ilustrativas, além de não possibilitarem o entendimento sem a narração, os desenhos não contribuem com a informação do áudio, não traziam nada novo. Nas FGs coadjuvantes, duas coisas acontecem: ou as informações são demonstradas pelos desenhos (como em casos de crescimento ou diminuição de dados) ou os desenhos configuram-se em metáforas e até críticas ao que é dito, como se fossem charges. Dessa forma, a ilustração leva a uma segunda interpretação do vídeo como um todo. Somente ouvindo, você tem uma informação, somente assistindo (com apoio do título e às vezes das legendas) fica perceptível o posicionamento de quem realizou aquele trabalho frente ao tema.

Dois exemplos são os vídeos “Mudanças no sistema eleitoral - Entendeu ou Quer que eu Desenhe?!” e “Reforma da Previdência - Entendeu ou Quer que eu Desenhe?!”, do Canal Metrópoles Entretenimento. No frame a seguir enquanto o desenho é feito o áudio do vídeo diz “o rombo chamado déficit chegou a 150 bilhões em 2016. Em 2017, o rombo deve aumentar para 180 bi”:

117 Figura 14 – Demonstração de desenho em áudio e vídeo

Fonte: Canal Metrópoles Entretenimento (Youtube)

A frase diz algo objetivo: o aumento de gastos, a imagem diz algo subjetivo: que na corrida pela aposentadoria, os idosos podem acabar “se dando mal”, ou qualquer outra interpretação para cair em um buraco. Outras interpretações poderiam ser feitas. Exemplo: no caso de se correr por dinheiro, os idosos podem não notar as armadilhas. Correr atrás de dinheiro pode significar muitas coisas também, desde o básico, até a avareza.

Nesse estudo não coube a análise semiótica das imagens na Facilitação Gráfica. A questão é que nas FGs coadjuvantes, o desenho comunica algo a mais que somente o fato passado pelo áudio-narração.

Por outro lado, no vídeo “Homens de Preto - A Segurança privada em 3 minutos”, da Agência Pública, os desenhos são carregados de significado, mas sempre reforçando o que a narração diz. Por exemplo, o frame a seguir, que acompanha o áudio (e legenda), “Vários militares, policiais e até secretários de segurança pública eram donos, funcionários ou prestavam serviço para empresas privadas”, usa uma imagem “fantástica” onde um militar (farda verde) é mesclado com a imagem de um vigilante (farda cinza).

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Figura 15 - Frame Vídeo Homens de Preto

Fonte: Agência Pública (Youtube)

Em duas playlists de vídeos encontradas, consideramos que a Facilitação Gráfica é protagonista. Isso porque o desenho e a narração se complementam. Em uma delas “Quer Que Desenhe”, do canal BlaBlalogia, o quadrinista Carlos Ruas narra descobertas científicas, fatos históricos e mitos enquanto desenha em uma plataforma digital. Sua fala está no mesmo ritmo do desenho e refere-se a ele.

A narração que acompanha a construção do desenho deste frame diz: “Observe que o sul do nosso planeta está mais exposto a raios solares, logo, como já vimos, é verão no sul. Observe que por causa da inclinação de nosso planeta, esta área de nosso planeta pega muito mais sol do que esta. Viu? Consegue visualizar?” Conforme Ruas fala “esta área” e “do que esta” ele pinta de amarelo ou azul a área do desenho correspondente.

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Fonte: Canal Youtube BláBlálogia

Já na playlist “2 Minutos para Entender”, da Revista Superinteressante, que possui 12 vídeos e outros dois no mesmo “estilo” fora da playlist, as imagens também complementam a narração e dialogam a todo momento. Por exemplo, no vídeo “Sistema Carcerário Brasileiro”, a narração que acompanha a construção do gráfico a seguir diz: “a maior parte dos crimes está relacionada ao tráfico de drogas, mesmo que as circunstâncias em que ocorram sejam questionáveis. 74% das prisões em São Paulo, os policiais que prenderam foram as únicas testemunhas de acusação” (Figura 17).

Assim como neste vídeo, os outros da Revista seguem a mesma linha de complemento de informações. Os primeiros vídeos usavam papel, caneta, alguns objetos e colagens. Nos últimos, a equipe variou os materiais, como tintas, bexigas e até o corpo humano. No vídeo, “Violência Doméstica”, palavras, números e símbolos são desenhados no corpo de duas modelos, além de emocionar, pelo tema, a dramatização prende a atenção do leitor (espectador). (Vide figuras 18,19,20).

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Figura 17 - Frame do vídeo Sistema Carcerário Brasileiro

Fonte: Canal Youtube da Revista Superinteressante

Figura 18 - Frame do vídeo Violência Doméstica

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Figura 19 - Frame do vídeo Violência Doméstica

Fonte: Youtube da Revista Superinteressante

Figura 20 – Frame do vídeo Violência Doméstica

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Notamos que a inversão da metodologia de Amaral e a combinação com os 8 Essenciais, de Agerbeck, nos deu possibilidade de compreender a forma com que as facilitações gráficas midiatizadas se apresentam no jornalismo digital e em canais informativos.

Ainda há terreno para investigação, como as aproximações da técnica com a charge, as reportagens em história em quadrinhos e o fato de a Facilitação Gráfica ter sido difundida na internet como o resumo de eventos. Apesar de não seguirem os critérios de noticiabilidade, as facilitações gráficas são relatos de algo que aconteceu com alguém ou alguéns e que posteriormente foi publicado de alguma forma. Esse “relatório ilustrado” aumenta a difusão de um conhecimento pontual que ficaria guardado nos cadernos de anotações dos presentes. Ao dar cor e forma para anotações pessoais, a Facilitação Gráfica agrega valor e facilita a difusão.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Facilitação Gráfica (FG) acontece no Brasil em canais da imprensa e

informativos, só não com este nome. A técnica demanda mais estudos para compreender quais as inspirações das equipes que se dispõem a produzir um conteúdo neste formato. Podemos dizer que ela dialoga com a comunicação (à rápida relação que criamos ao ver uma FG e pensar em infográficos), e com a educação (pelo caráter explicativo que os conteúdos encontrados possuem).

Assim como Amaral (2010) considera infográficos grandes reportagens, podemos dizer que FGs em vídeo são reportagens visuais multimídia que fazem uso do desenho, do texto, de áudios (narração e paisagens sonoras) e eventualmente de outras imagens representativas que não desenhos (como fotos ou ilustrações de outros livros, mas utilizadas como fotografias).

As Facilitações Gráficas Midiatizadas percorrem um caminho que já foi trilhado pelo entretenimento: fazer desenhos animados contando uma história, com a diferença que nesta pesquisa buscamos trabalhos que se aproximassem de uma narrativa jornalística, ou seja, narrativas das “peripécias da atualidade”, um gênero jornalístico privilegiado que constitui uma narrativa com personagens, ação dramática e descrições de ambiente, diferente da literatura, por seu compromisso com a objetividade (SODRÉ, 1986).

As FGs, midiatizadas ou não, fazem parte de nosso contexto de seres humanos que se comunicam. Elas mesclam técnicas que alguma vez na vida a maioria das pessoas que frequentou a escola já utilizou: o desenho e as palavras. Sua prática, ao mesmo tempo em que significa inovação em processos participativos, é cotidiana. Quem nunca ouviu a frase: “Quer que eu desenhe para você entender?”

Flusser previu que a linguagem oral, superada pela escrita, retornaria. E os vídeos no Youtube com tutoriais, opiniões, notícias e debates reforçam essa possibilidade. Vamos retomar aqui algumas características das 33 facilitações gráficas midiatizadas que foram analisadas:

● A mais antiga foi postada no Youtube em: 23 de agosto de 2012. É o vídeo “Pense Comigo - Uma reflexão sobre a história do voto no Brasil”, feito pela Coordenadoria de Comunicação do TRE-MG. A FG Midiatizada faz um

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resgate da história e da importância do voto. O vídeo recebeu grau 2 de multimidialidade e consideramos a Facilitação Gráfica como coadjuvante no processo comunicativo.

● A mais recente (lembrando que a coleta de dados aconteceu entre novembro/ 2017 e maio/2018): é de 29 de maio de 2018. Trata-se de uma reportagem da Agência Pública sobre qual a relação entre as empresas de planos de saúde, que ao mesmo tempo em que são as mais reclamadas pelos consumidores, há seis anos, são as que mais lucram, num país onde 70% da população utiliza o SUS (Sistema Único de Saúde).

● A FG midiatizada (FGM) mais longa tem 25 minutos aproximadamente. Trata-se de um painel feito por Lucas Alves da empresa Ideia Clara. Lucas fez um painel em tempo real de um debate no programa Tudo de Bom da TV Horizonte. O programa foi televisionado e postado na íntegra no Youtube. Fora esse caso, as FGMs mais longa pertencem ao canal Ilustradamente que faz resenha de livros e sintetiza ideias e práticas de produtividade.

● A FGM mais curta possui um minuto e meio de duração e faz parte de uma série de pequenos vídeos do canal da Band.com.br no Youtube. O vídeo chama-se “Sabe tudo sobre Handebol? Conheça as regras!”. Foi postado em setembro de 2016 e faz uso do desenho gestual digital para ilustrar as regras que a narradora explica.

● A FGM mais completa em termos de multimidialidade é a playlist 2 Minutos para Entender da Revista Superinteressante, atingindo grau 4. Também é dela o título de FG mais completa, por ser a única a possuir os 8 essenciais de Brandy Agerbeck: letras, ícones, linhas, cores, flechas, pessoas, caixas e sombras.

● A FGM que menos possui elementos gráficos essenciais é o vídeo “O que é EAD”, feito pela Coordenação de Multimeios / Diretoria de Tecnologia Educacional da Secretaria de Estado da Educação do Paraná.

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Sobre a essencialidade dos “8 Essenciais”, de Brandy Agerbeck, a autora os chama assim, mas para esta análise, consideramos sua definição de FG juntamente com a de David Sibbet. Também notamos que alguns essenciais como linhas e flechas parecem fazer mais sentido se temos que guiar a narrativa dos leitores de FG estáticas. Neste trabalho, avaliamos as FGM, compostas por imagens em movimento e divididas em frames de vídeos. Podemos dizer que o enquadramento das filmagens seriam as “caixas” em um painel estático e o serviço invisível da edição, manipulação e aceleração das imagens, nossas “flechas” que guiam a leitura do material.

Assim, gostaríamos de retomar os objetivos de nosso projeto para avaliar o quanto avançamos na pesquisa:

Realizar uma taxonomia das produções em Facilitação Gráfica aplicadas ao jornalismo.

Coletamos e analisamos 51 exemplos de Facilitação Gráfica na imprensa ou em canais informativos. Optamos por focar em facilitações gráficas midiatizadas no Youtube, restringindo a construção da taxonomia em 33 trabalhos. Ainda assim, os 51 trabalhos foram analisados quanto à forma (plataforma, duração, estilo de FG, multimidialidade e equipe de produção).

Mapear, classificar e qualificar a produção atual de conteúdo que se encaixe nas definições de Facilitação Gráfica e que sejam utilizadas no jornalismo digital no Brasil.

Eleitos os 33 trabalhos, construímos uma escala de multimidialidade que vai de 1 a 4, sempre já considerando a imagem desenhada gestual como um pré-requisito para o trabalho ser uma FG. Além da multimidialidade, avaliamos com sim ou não quanto à presença dos “8 Essenciais” da FG de Brand Agerbeck. Todos os vídeos únicos - e amostras aleatórias de canais e playlists totalmente no formato de FGM - foram assistidos mais de uma vez a fim de olhar criticamente se a FG utilizada no exemplo era protagonista, coadjuvante ou ilustrativa no processo comunicativo. O referencial foi o conteúdo narrado e linear que acompanhava 100% dos vídeos coletados. A

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tabela com a análise consta no trabalho e pode ser replicada em futuras análises, além de servir de portfólio para a FGM realizada no Brasil.

Nossos objetivos específicos foram:

1- Mapear os facilitadores gráficos em atividade no Brasil (complementar um levantamento que já existe de 2014) e dentre eles identificar os que produzem conteúdo jornalístico.

Na coleta de dados, observamos que as FGM não são produzidas pelos profissionais reconhecidamente facilitadores e facilitadoras gráficas. São feitas normalmente por equipes (quando se trata de trabalhos em canais da imprensa) e pós-profissionais variados (jornalistas, psicólogos, ilustradores) em trabalhos de canais informativos. As redes de contato dos profissionais da Facilitação Gráfica foram acionadas no início da coleta de dados, mas eles não possuíam materiais feitos exclusivamente para imprensa. Nossa observação nas hashtags em redes sociais leva a crer que o trabalho destas pessoas continua nos formatos identificados nas entrevistas da pesquisa de 2014: freelancer, para empresas com o intuito de facilitar processos internos de organizações ou como forma de registro criativo de eventos também empresariais.

2 - Apresentar os diversos ambientes onde a Facilitação Gráfica é aplicada, ao mesmo tempo, em que apresentamos suas características.

Apesar de restringir a análise para FGM, conseguimos exemplos nos demais formatos (painel, imagens e posts em redes sociais), além disso, conseguimos mesmo nas FGM demonstrar as diversas formas que as FG podem ser realizadas (desenho com papel e caneta, desenho digital, simulador de desenho, com cores,

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