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As Cinco Fases

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CAPÍTULO I O JORNALISMO VISUAL NAS NARRATIVAS JORNALÍSTICAS E NO

1.5 O ambiente digital e a midiatização da Facilitação Gráfica

1.5.2 As Cinco Fases

Para Barbosa e Torres (2013), “um dos principais debates dos pesquisadores e produtores do jornalismo atual é sua adequação a um novo contexto tecnológico comunicacional”. Ainda segundo as autoras, enfrentamos, ou compomos a 5ª geração do jornalismo nas redes digitais (BARBOSA; TORRES, 2013, p.34), ou seja, uma fase de convergência que se apresenta em outras produções culturais. Citando Jenkins, afirmam que a cultura contemporânea é a da convergência, na medida em que esta modifica as relações entre a tecnologia, indústria, mercado, gênero, audiências e consumo dos meios, promovendo uma reconfiguração destes.

De acordo com Amaral (2010), podemos dizer que a divisão do jornalismo digital em fases se dá mais por suas características do que por sua ordem cronológica. O autor coloca que coexistem em um mesmo webjornal peças jornalísticas com características de diferentes gerações. Um exemplo disso são os infográficos: em um mesmo dia e no mesmo site ou portal, diferentes tipos de infográficos são publicados. Cada um deles pode possuir um tipo de multimidialidade ou até todas elas (AMARAL, 2010, p.110).

Vale aqui retomar as primeiras fases do jornalismo digital, afinal, há veículos de comunicação que não a superaram ainda. Para as três primeiras, Barbosa e Torres, com base em Mielniczuk (2010), explicam que:

Primeira geração: a fase da transposição, reprodução de conteúdos ou, como classificou Steven Holtzman (1997), repurposing; segunda geração,

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fase da metáfora, na qual o jornal impresso é o modelo para os sites web; e terceira geração ou fase do webjornalismo, na qual se estabelece a atualização contínua, a hipertextualidade com o recurso do link começa a aparecer nas narrativas jornalísticas, combinada aos recursos de áudio, vídeo, imagens em 360º, fóruns e enquetes deflagrando a interatividade, a disponibilização dos arquivos potencializando a memória, além das possibilidades de personalização da informação (MIELNICZUK apud BARBOSA; TORRES, 2013, p. 39).

Mielniczuk emprega o termo “webjornalismo” para a terceira etapa. Contudo, Barbosa e Torres preferem “jornalismo digital de terceira geração” por abranger e englobar os produtos jornalísticos na web, recursos e tecnologias disponíveis utilizados para “a disseminação dessa produção potencialmente para outros dispositivos, entre eles, os móveis. Vale notar que essas fases não são excludentes entre si, nem são estanques no tempo” (BARBOSA; TORRES, 2013, p. 39).

Apesar de ter sido escrito antes da definição de Barbosa e Torres para a 5ª geração, Schiwingel (2012) faz uma sistematização interessante para a evolução do jornalismo praticado em meios digitais, ao que ela nomeia ciberjornalismo.

As “experiências pioneiras” teriam começado no fim da década de 1960 com os processos de digitalização e informatização. Schiwingel exemplifica esta fase com as tecnologias: fax, o clipping via telnet (um protocolo que viabilizava a conexão) e provedores de internet com acesso restrito a clientes. As “experiências de primeira geração” situam-se a partir de 1992, quando as primeiras informações noticiosas apareceram na web. Nesta fase, o processo de produção e publicação era igual no jornal impresso e na sua versão web. A partir de 1995, identificamos as “experiências de segunda geração”, quando os produtos jornalísticos começam a apresentar características específicas da web, como a personalização e a interatividade, aqui os processos de produção passam a difundir algumas funções distintas, mas ainda vinculados ao modelo metafórico do veículo impresso.

As “experiências de terceira geração” aparecem a partir de 1999, quando os produtos jornalísticos começam a perder suas amarras com o jornalismo impresso e são pensados e criados já com os diferenciais do ciberespaço. Nesta fase, observamos uma integração do radiojornalismo com o telejornalismo, dando mais força ao audiovisual e aos mecanismos de interatividade. Com isso, o processo de produção da informação se posicionava ainda mais distante do impresso, mas totalmente controlado pelos jornalistas. Destacam-se também o uso, para produção, de sistemas de gestão de conteúdos “com a utilização de banco de dados

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integrados ao produto” (SCHIWINGEL, 2012, p. 46). As então chamadas de “experiências ciberjornalísticas” estão presentes a partir de 2002. Caracterizam-se pelo uso de banco de dados integrados e sistemas de produção de conteúdos colaborativos.

Para listar como características desta 5ª geração, apoiamo-nos nos estudos de Barbosa e Torres (2013). São elas:

- Medialidade “na contemporaneidade a produção jornalística presente nos diversos formatos de conteúdos (textos, fotos, áudios, vídeos, infográficos, slideshows, newsgames, linhas de tempo...) criados, editados, distribuídos pelas organizações jornalísticas é totalmente realizada por profissionais empregando tecnologias digitais e em rede” (BARBOSA; TORRES, 2013, p. 34).

- Horizontalidade “nos fluxos de produção, edição e distribuição dos conteúdos” (BARBOSA; TORRES, 2013, p. 33).

- Continuum multimídia “que abrange aspectos relacionados aos desenvolvimentos tecnológicos, à absorção de novos procedimentos para realizar os processos e rotinas de produção do jornalismo, como também os avanços já empreendidos nos estudos para o melhor entendimento do fenômeno da convergência jornalística, suas particularidades, consequências e também divergências” (BARBOSA; TORRES, 2014, p. 38).

- Mídias móveis “como agentes propulsores de um novo ciclo de inovação, no qual a emergência dos chamados aplicativos jornalísticos autóctones para tablets são produtos paradigmáticos” (BARBOSA; TORRES, 2014, p. 34).

- Aplicativos “As mídias móveis são também propulsoras de um novo ciclo de inovação, no qual surgem os produtos aplicativos (apps) jornalísticos para tablets e smartphones” (BARBOSA; TORRES, 2014, p. 42).

- Produtos autóctones “aplicações criadas de forma nativa com material exclusivo e tratamento diferenciado” (BARBOSA; TORRES, 2014, p. 42).

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Identificamos que o uso da Facilitação Gráfica midiatizada se utiliza dos aspectos da comunicação visual e do jornalismo visual, porém se dá num ambiente digital (sites e redes sociais digitais), por isso, optamos por seguir com a terminologia jornalismo digital. Este contempla as características do jornalismo digital de 5ª Geração (BARBOSA; TORRES), ao mesmo tempo em que congrega os diversos suportes onde as informações podem ser publicadas e acessadas.

No capítulo seguinte, apresentaremos como surgiu, como se dá atualmente e as relações da Facilitação Gráfica com o jornalismo digital.

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CAPÍTULO 2 - FACILITAÇÃO GRÁFICA - COMUNICANDO COM

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