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(Desa)fios da gestão nas instituições de educação infantil: entre concepções e práticas de gestoras

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RÚBIA BORGES

(DESA)FIOS DA GESTÃO NAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL: ENTRE CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE GESTORAS

Tubarão 2016

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RÚBIA BORGES

(DESA)FIOS DA GESTÃO NAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL: ENTRE CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE GESTORAS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Educação da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Mestre Educação.

Orientador: Profª. Drª. Profa. Luciane Pandini Simiano.

Tubarão 2016

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Dedico

Aos meus familiares, pela capacidade em acreditar em mim. Principalmente, a minha Mãe, seu cuidado е dedicação foi que deram, em alguns momentos, а força para seguir. Meu Pai, sua presença significou segurança е certeza de que não estou sozinha nessa caminhada.

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AGRADECIMENTOS

Hoje estou aqui escrevendo meus agradecimentos, e se você está lendo, é porque consegui! Não foi fácil, desde o processo seletivo e longas semanas até a lista de aprovados, as aulas, os artigos, as leituras, a caminhada foi longa até chegar aqui. No percurso da trama, alguns desvios, alguns percalços, mas nada que me fizesse desistir de chegar ao final. Ou ao início?

Muitas vezes, sozinha, no silêncio dos meus tantos pensamentos, a costura era constante, fios e laços... Somente uma companhia estava constante, e começo agradecendo por Ele...

Inicio meus agradecimentos a DEUS, pelo dom da vida, por me proteger e me conduzir. Por me amparar nos momentos difíceis, dar força interior para superar as dificuldades, mostrar os caminhos nas horas incertas e me suprir em todas as minhas necessidades.

À minha orientadora, Dra. Luciane Pandini Simiano, pela confiança e acolhimento. Pela rigorosidade, apontamentos, sugestões e respeito ao trabalho, que me fizeram crescer. Por suas palavras sábias nos momentos certos, sempre muito cuidadosa e competente. Aprendi não apenas com seu profundo conhecimento sobre a Educação Infantil, mas, com sua experiência de vida. Obrigada por me apresentar e fazer com que eu também me apaixonasse por Benjamin!

À banca examinadora de qualificação e de defesa, Dra. Márcia Buss-Simão e Dra. Roseli Nazário que, com extrema competência, contribuíra, para o aprimoramento desta dissertação. Pelos importantes apontamentos realizados no exame de qualificação, que tanto contribuíram com o resultado final.

Aos queridos mestres, principalmente, aos que diretamente passaram por mim nesta caminhada. Mestres Dr. Nicanor Kassick, Dra. Leonete, Dra. Letícia, Dra. Vera e Dra. Márcia, sempre disponíveis e dispostos a ajudar, querendo que eu aproveitasse cada segundo dentro do mestrado para absorver algum tipo de conhecimento. Fizeram-me enxergar que existe mais que pesquisadores e resultados por trás de uma dissertação, mas vidas humanas... Vocês não foram somente professores, mas, em alguns momentos, amigos, confidentes e grandes incentivadores. Sem dúvida, são referências profissionais e pessoais para meu crescimento. Obrigada por acreditarem em mim!

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Aos que indiretamente nos auxiliam dentro do mestrado, aqui representados na pessoa da secretária Daniela, que sempre nos atendeu eficientemente, auxiliando em nossas dúvidas com muita competência.

Agradecimento eterno aos meus pais, Ademir e Lenita. Durante toda minha vida estiveram ao meu lado, principalmente agora, incentivando e acompanhando meus cansaços e preocupações na minha jornada até aqui, assim como no começo de tudo. Os cafés, o pãozinho comprado na hora, o almoço delicioso, o lanchinho entre os estudos, tudo com amor, carinho e dedicação. Sempre acreditaram em minha capacidade, mesmo em momentos que nem eu mais acreditava. Isso só me fortaleceu e me fez tentar ser o melhor que podia, e a fazer o melhor de mim. Muito renunciaram de seus sonhos para que eu realizasse os meus. Obrigada pelo amor incondicional!

Ao João Júnior, pelo companheirismo, amizade, paciência, compreensão, apoio e amor. Sempre a meu lado, nos momentos de angústia e desespero, me pondo para cima e me fazendo acreditar que posso mais do que imagino. Obrigada por ter feito do meu sonho o nosso sonho.

À Gladys Alcântara, pela amizade incondicional na partilha dos sorrisos e lágrimas. Na força e incentivos de sempre, desde o dia da inscrição até o último dia. Por não me deixar desistir e por, muitas vezes, sacrificar seu descanso para que eu pudesse ter tempo de estudar. Obrigada pela força e pelo carinho!

Aos amigos de sempre, Talita, Antônio Carlos e Ingrid, por só quererem o meu bem, me incentivarem, me colocarem em suas orações sempre que pedi. Os pensamentos e vibrações positivas sempre me encheram de coragem! Obrigada pela amizade!

A meus amigos do mestrado, pelos momentos divididos juntos, especialmente à Alexandra e o Emerson, que se tornaram verdadeiras amigos e tornaram mais leve meu percurso, não me deixando desistir em vários momentos. Obrigada por dividir comigo as caronas, as angústias, as alegrias e ouvirem minhas bobagens. Foi bom poder contar com vocês!

Aos colegas de trabalho, que não citarei nomes para não esquecer de ninguém! Mas que me ajudaram ativa ou passivamente na realização deste momento. Aos gestores da Escola de Ensino Médio Almirante Lamego, que entenderam minhas ausências, meus estudos e, até mesmo, meu estresse diante de 60 horas de trabalho e as leituras do Mestrado que tive que “dar conta”. Obrigada pela compreensão!

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E entre estes colegas de trabalho, incluo a Dona Cida, a Luciana e o Idênio, pela ajuda em todas as oficinas. Obrigada pela limpeza da sala, e por me ajudarem a carregar todo o material, todas as semanas. Obrigada pela ajuda constante de vocês!

Às gestoras de Educação Infantil, em particular, as gestoras participantes do presente estudo, que dedicaram momentos de seu dia a dia para compartilhar comigo suas experiências e narrativas. Obrigada mais uma vez!

Agradeço a todas as vozes que me auxiliaram, me fizeram pensar e refletir nestes últimos anos durante o mestrado, muito obrigada!

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Fonte: Colassanti (2004).

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear. Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor de luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte. Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava. Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos de algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela. Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza. Assim, jogando a lançadeira de um lado para o outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias. Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranquila. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

A Moça Tecelã, Marina Colasanti1

1 As ilustrações pertencem à obra de Marina Colasanti, A moça tecelã (2004). Os desenhos são de Demóstenes

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RESUMO

A presente pesquisa tem como tema principal a gestão na Educação Infantil. Partindo do pressuposto que as instituições de Educação Infantil possuem características próprias que as diferenciam de outros níveis educativos de ensino da Educação Básica, tem-se como objetivo geral: analisar as concepções e práticas de gestão na Educação Infantil a partir da narrativa de gestoras. Em termos metodológicos, a pesquisa pauta-se em uma perspectiva qualitativa, desenvolvida a partir dos pressupostos da pesquisa narrativa. Como instrumento metodológico dos encontros optou-se por realizar oficinas, onde participaram como sujeitos de pesquisa duas gestoras que atuam na Educação Infantil do município de Laguna - SC. As oficinas, além de produzirem conhecimento a partir das realidades vividas pelas gestoras foram, também, fios condutores da narrativa. Foram estabelecidas três categorias como eixos de análises: Gestão na Educação Infantil - uma costura feita no corre-corre de questões administrativas e organização de festas comemorativas; Gestão democrática e comunidade educativa - entretecer concepções e práticas; A invisibilidade da creche na gestão da Educação Infantil - um fio solto... cadê os bebês? Na análise, apostou-se no diálogo entre diferentes autores e perspectivas como, por exemplo, Benjamin (1986), Pandini-Simiano (2015), Palmén (2014), Dourado (2006), Bondiolli (2004), entre outros. Como resultado, evidenciou-se que a função da gestão na Educação Infantil, na concepção das gestoras, está associada a práticas burocratizadas, isto é, resolução de questões meramente de cunho administrativo. As questões de cunho pedagógico na gestão são secundarizadas, sendo solucionadas com a adoção do material apostilado pelo município. A concepção de gestão democrática, na visão das gestoras, é permeada por dúvidas e incertezas com relação a esse termo. A participação da comunidade educativa como professores, familiares e profissionais fica limitada na elaboração do regimento interno, nas normas do PPP, ou na presença participativa em reuniões de convocação na instituição. A participação das crianças resume-se em questões meramente ilustrativas, tal como a escolha da cor do novo uniforme. Percebe-se, assim, a concepção de uma criança passiva, que não tem voz, carente, submissa e não apta a participar. Há, ainda, uma invisibilidade da creche nas narrativas das gestoras, apesar de a instituição atender bebês desde os quatro meses de vida. Por fim, a pesquisa aponta para o desafio de pensar práticas de gestão democrática considerando a especificidade que envolve tal prática em uma instituição de Educação Infantil.

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ABSTRACT

This research has as main theme the management in Child Education. From the assumption that Child Education Institutions have their own features which made different from other Basic Education modalities, we have as general aim: analyze conceptions and practices on Child Education management from the managers’ narratives. Methodologically, the research is based on a qualitative perspective developed from narrative assumptions research. As methodological instrument we opted to carry out workshops where Child Education managers from Laguna - SC as the research subjects. The workshops, further to produce knowledge from experiences lived by the managers; they also were conductive wires for the narratives. Three categories for analysis were determined: Child Education Management – a needlework made in the running of management matters and commemorative party organization; Democratic management and Education Community – interweave conceptions and practices; Day care’s invisibility in Children Education – a loose thread... where are the babies? The bet was in different authors in the analysis, like Benjamin (1986), Pandini-Simiano (2015), Palmén (2014), Dourado (2006), Bondiolli (2004), among others. As results we evidenced the Child Education management’s function is associated to bureaucratic practices; in other words, merely solving administrative matters. The pedagogical matters are put in the second place and solved with adoption of apostille material by the municipality. Democratic management concept, by managers’ view point, is pervaded by doubts and uncertainties. Community participation, as professors’ ones, family and other professional, is limited on the elaboration of internal rules, Pedagogical Project rules, or by participatory presence in meetings summoned by the institutions. Children’s participation is summarized on illustrative matters, like choose the school uniform new color. Then we noticed out a conception of a passive child conception, which does not have voice, which is needy, submissive and incapable for participation. There is still a kind of nursery invisibility in managers narratives, despite the institution attend babies from four months-old. Finally, the research points to the challenge of think on democratic management practices considering specifically what involves this practice in Child Education Institution.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANPEd - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação APP - Associação de Pais e Professores

BDTD - Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CEI - Centro de Educação Infantil

CMEI - Centro Municipal de Educação Infantil ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente

EPENN - Encontro de Pesquisa Educacional do Norte e Nordeste FFCLRP - Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Ribeirão Preto GT - Grupos de Trabalho

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

PNE - Plano Nacional de Educação UFG - Universidade Federal de Goiás UnB - Universidade de Brasília

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Quadro geral ... 20

Figura 2 – Quadro de busca BDTD: geral ... 21

Figura 3 – Quadro de busca CAPES: geral (Continua) ... 22

Figura 4 – Quadro Comparativo BDTD x CAPES (continua) ... 23

Figura 5 – Quadro ANPEd: 34ª Reunião: GT 07 – Educação de crianças de 0 a 6 anos ... 26

Figura 6 – Quadro ANPEd: 37ª Reunião: GT 05 – Estado e política educacional... 27

Figura 7 – Quadro ANPEd: 37ª Reunião: GT 07 – Educação de crianças de 0 a 6 anos (Continua) ... 28

Figura 8 – Quadro de Busca ANPEd: geral ... 29

Figura 9 – Primeira oficina: confecção das caixas com as gestoras ... 69

Figura 10 – Poema de abertura da oficina ... 70

Figura 11 – Segunda oficina ... 71

Figura 12 – Registro da terceira oficina ... 72

Figura 13 – Registros fotográficos da quarta oficina ... 73

Figura 14 – Registros da quarta oficina ... 74

Figura 15 – Foto trazida pela gestora ... 77

Figura 16 – Foto trazida pela gestora ... 77

Figura 17 – Foto trazida pela gestora ... 77

Figura 18 – Foto trazida pela gestora ... 78

Figura 19 – Foto trazida pela gestora ... 78

Figura 20 – Foto trazida pela gestora ... 79

Figura 21 – Ilustração de uma das gestoras ... 91

Figura 22 – Quebra-cabeça sobre a gestão democrática... 94

Figura 23 – Foto da festa junina trazida pela gestora ... 95

Figura 24 – Ilustração da gestora ... 98

Figura 25 – Ilustração da gestora ... 101

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO: O INÍCIO DO TECIDO ... 14

2 FIOS QUE TECEM AS PESQUISAS SOBRE GESTÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ... 18

2.1 TESES E DISSERTAÇÕES DA BDTD E CAPES ... 20

2.2 COMPARAÇÃO DAS PESQUISAS ... 23

2.3 ARTIGOS DA ANPED ... 25

3 EDUCAÇÃO INFANTIL E GESTÃO: TECITURAS SOBRE PRINCÍPIOS, ORGANIZAÇÃO E LEGISLAÇÃO ... 30

4 A URDIDURA DE GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA NA EDUCAÇÃO ... 40

4.1 GESTÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA BUSCA DE ENTRELAÇAMENTO ENTRE GESTORES, PROFESSORES, CRIANÇAS E FAMÍLIA ... 48

5 TRAMA INVESTIGATIVA: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA ... 57

5.1 DO LUGAR DE ONDE NARRAM: APRESENTAÇÃO DO CONTEXTO DA PESQUISA ... 61

5.2 GESTORAS TECELÃS: SOBRE OS SUJEITOS DA PESQUISA ... 64

5.3 CERZINDO O PERCURSO: A METODOLOGIA DAS OFICINAS ... 67

5.4 SELEÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS: COSTURANDO O VIVIDO ... 74

6 CONCEITOS E PRÁTICAS NA GESTÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: ENTRELAÇAMENTOS ... 76

6.1 GESTÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA COSTURA FEITA NO CORRE-CORRE DE QUESTÕES ADMINISTRATIVAS E ORGANIZAÇÃO DE FESTAS COMEMORATIVAS ... 76

6.2 GESTÃO DEMOCRÁTICA E COMUNIDADE EDUCATIVA: ENTRETECER CONCEPÇÕES E PRÁTICAS ... 83

6.2.1 Professoras ... 87

6.2.2 Famílias ... 90

6.2.3 Profissionais ... 96

6.2.4 Crianças... 100

6.3 A INVISIBILIDADE DA CRECHE NA GESTÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM FIO SOLTO E....CADÊ OS BEBÊS? ... 103

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7 ALGUNS PONTOS PARA FINALIZAR A TRAMA DESTE ESTUDO... ... 107

REFERÊNCIAS ... 112

APÊNDICES ... 121

APÊNDICE A – CONVITE DE PARTICIPAÇÃO EM PESQUISA CIENTÍFICA ... 122

APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO ... 123

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Fonte: Colassanti (2004).

1 INTRODUÇÃO: O INÍCIO DO TECIDO

Os fios se cruzam e, aos poucos, vão ganhando forma pelas mãos da mulher. Ela tece o suéter como coordenou a vida: sem pressa e sem muitos devaneios. Compondo, criando, construindo suas histórias da mesma forma que constrói sua arte: de forma silenciosa e serena.

Assim, aos poucos, foi tornando-se mulher, compondo e coordenando a própria vida. Trançou elogios a tudo e a todos nos quais viu bondade. Mesclou sonhos, desconstruiu intrigas, desatou enganos. Fez e se desfez quando foi preciso, da mesma forma que fazia e desfazia suas peças, ponto a ponto. Enquanto tecia, aprendia, energizava-se. Em cada entrelaçado, um pensamento. Construía ao mesmo tempo em que imaginava como seria seu futuro.

Renata Nunes

Nas tramas das brincadeiras de escolinha encontro os primeiros fios do desejo de ser professora. Meu pai trabalhava em uma escola e, sempre que podia, trazia-me um pedaço de giz. Então eu começava a minha festa particular... Quando estava em casa sozinha, sem a companhia das minhas primas, as bonecas, uma ao lado da outra, eram minhas alunas, e a porta do ranchinho velho da minha mãe virava quadro-negro: alinhavos que começam a composição do (meu) tecido.

Quando cheguei ao terceiro ano do Ensino Médio, tive a oportunidade de cursar Técnico de Magistério, paralelamente ao Ensino Médio regular, e o técnico em horários diferenciados. O carinho que tinha pela profissão foi se reafirmando, levando-me à composição da trama. Ingressei no Curso de Letras, pois a escrita me seduzia. Durante esse percurso, fui aprovada em um concurso público, através do qual comecei a trabalhar diretamente com a gestão escolar, na administração de uma escola de Ensino Fundamental e Médio. Atuar na gestão escolar possibilitou-me conhecer o andamento de uma instituição escolar e a importância de práticas de gestão que visem ao bem-estar dos alunos, professores, funcionários e pais da comunidade escolar.

No entrelaçamento contínuo e permanente que compõe minha trajetória pessoal, profissional e acadêmica, inicio os estudos no Mestrado em Educação. Nos encontros de orientação, surge um (desa)fio: a pouca produção teórica relacionada à temática da gestão na

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Educação Infantil.2 Assim, optando por disciplinas que me fizessem refletir sobre esta temática, cursei a disciplina de Educação e Infância: Perspectiva e pesquisa, e realizei um levantamento de produção acadêmica nacional com foco nesta temática3, em que constatei a necessidade de estudos e pesquisas que ofereçam visibilidade às especificidades da gestão em instituições educativas para a primeira infância.

Autores como Campos (2012), Monção (2013), Tomé (2011), Corrêa (2003) e Kramer (2002) destacam a necessidade da realização de pesquisas voltadas ao campo da gestão em creches e pré-escolas brasileiras. As instituições de Educação Infantil possuem características próprias que as diferenciam de outras etapas de ensino da Educação Básica. Trata-se de instituições que têm, como função, a educação e o cuidado de modo indissociável e complementar à família (GALVÃO; BRASIL, 2009).

Rocha (2001, p. 31, grifos da autora), na intenção de buscar demarcar tais especificidades da Educação Infantil, explica:

Enquanto a escola se coloca como o espaço privilegiado para o domínio dos conhecimentos básicos, as instituições de educação infantil se põem, sobretudo com fins de complementaridade à educação da família. Portanto, enquanto a escola tem como sujeito o aluno, e como o objeto fundamental o ensino nas diferentes áreas, através da aula; a creche e a pré-escola têm como objeto as relações educativas travadas num espaço de convívio coletivo que tem como sujeito a criança de 0 a 6 anos de idade (ou até o momento em que entra na escola). A partir desta consideração, conseguimos estabelecer um marco diferenciador destas instituições educativas: escola, creche e pré-escola, a partir da função que lhes é atribuída no contexto social, sem estabelecer necessariamente com isto uma diferenciação hierárquica ou qualitativa.

Os estudos de Tomé (2012) evidenciam que a gestão de instituições de Educação Infantil, no Brasil, encontra-se em processo de construção, pois as creches e pré-escolas ainda funcionam com a lógica de gestão do Ensino Fundamental. Percebemos mais claramente esta forma de gestão quando, em termos pedagógicos, existe o incentivo de práticas de escolarização precoce e, em termos administrativos, observamos que a lógica administrativa caracterizou-se pelo hibridismo entre as lógicas democrática e gerencial (TOMÉ, 2011, p. 11). A autora ainda pondera que, “[...] passada mais de uma década da integração de creches e

2 Embora não haja uniformidade no uso da expressão Educação Infantil, pois a mesma aparece tanto com iniciais

em maiúsculas quanto em minúsculas até mesmo em documento oficiais, neste trabalho optei pela regra do substantivo próprio, já que se refere ao nível de educação, e não a ela de maneira geral. Foram mantidas as iniciais minúsculas apenas em citações diretas.

3 Disciplina ministrada pela professora Márcia Buss-Simão, a pesquisa consiste em um levantamento da

produção acadêmica nacional já existente na área de Gestão na Educação Infantil. A pesquisa será apresentada posteriormente no capítulo 2.

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escolas aos sistemas de ensino municipais, o pensamento em educação infantil e gestão escolar ainda foi pouco explorado conjuntamente no campo científico” (TOMÉ, 2011, p. 21).

Tais proposições justificam a relevância do presente estudo e levam a pensar o quanto essas especificidades interferem nas práticas de gestão que acontecem no interior das instituições.

Historicamente, a gestão em instituições de educação é considerada apenas como a implicação de decisões, aparentemente administrativas. Atualmente, sabemos o quanto tal prática, em especial na Educação Infantil, interfere significativamente na proposta pedagógica, na promoção do desenvolvimento e autonomia das crianças, nas práticas educativas dos professores e na qualidade do relacionamento com os familiares. Este fato leva a questionar: qual o papel da gestão na Educação Infantil? Quais as relações entre gestão e as práticas participativas na Educação Infantil?

No presente texto, parto do pressuposto de que a Educação Infantil, como espaço de educação e cuidado, precisa considerar todas as pessoas envolvidas no processo educacional, independentemente de seus cargos ou funções. Trata-se de respeitar o direito à participação em um ambiente que vive – e valoriza – a democracia. A gestão democrática envolve todos os sujeitos que compõem o contexto educativo (gestor4, crianças, pais, professores e funcionários) na dinâmica e organização do cotidiano, tanto nos processos administrativos e financeiros como na construção coletiva de uma proposta educativa. O desafio colocado à prática de uma gestão democrática e participativa é a garantia da diversidade pessoal, social e cultural, bem como preservação e constituição de um espaço de pertencimento e construção de singularidade.

Buscando dar visibilidade para tais questões, trago como tema (Desa)fios da

gestão nas instituições de Educação Infantil: entre concepções e práticas de gestoras5. A partir dele, formulei a seguinte pergunta norteadora da pesquisa: quais as concepções e

práticas de gestão na Educação Infantil narradas pelas gestoras?

Partindo deste questionamento, estabeleço como objetivo geral: analisar as

concepções e práticas de gestão na Educação Infantil a partir da narrativa das gestoras.

Para alcançar o referido objetivo geral, selecionei os seguintes objetivos específicos: conhecer as concepções das gestoras sobre gestão na Educação Infantil;

4 No geral, optei pelo gênero masculino apenas por questões gramaticais, que preconizam que, quando da

existência de um indivíduo do gênero masculino, o texto deve referir-se a este gênero.

5 Nas questões que tratamos dos sujeitos desta pesquisa optei pela palavra gestoras, no feminino, pois nas

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identificar o papel da comunidade educativa nas práticas de gestão na Educação Infantil; compreender relações entre concepções e práticas de gestão a partir das narrativas das gestoras.

Em termos metodológicos, a pesquisa pauta-se em uma perspectiva qualitativa, desenvolvida a partir dos pressupostos da pesquisa narrativa. Como campo de pesquisa, elegi duas instituições de Educação Infantil no município de Laguna e, por critério de escolha6, optei pela maior e menor instituição de Educação Infantil do município, para contemplar possíveis especificidades que podem ser encontradas na gestão de instituições de pequeno e grande portes.

Esta dissertação está organizada em sete capítulos, além desta introdução. O segundo capítulo, Fios que tecem as pesquisas sobre gestão na Educação Infantil, apresenta um levantamento de produção que versa sobre o que as pesquisas tratam acerca da gestão na Educação Infantil. Através de quadros, apresento as teses e dissertações encontradas na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e também a comparação das pesquisas encontradas. Ainda neste capítulo também trago uma pesquisa nos artigos da ANPEd. O terceiro capítulo, intitulado Educação Infantil e gestão: tecituras sobre princípios,

organização e legislação, aborda os princípios legais da Educação Infantil buscando demarcar

a especificidade de tal nível de ensino. No quarto capítulo, A urdidura de gestão democrática

e participativa na educação, levanta discussões em torno da gestão democrática e

participativa no âmbito educacional. O quinto capítulo pormenoriza a Trama investigativa:

procedimentos metodológicos a serem utilizados para a realização da pesquisa. No sexto

capítulo: Conceitos e práticas na gestão na Educação Infantil: entrelaçamentos, faço, as análises dos dados levantados, com as narrativas, as palavras, os silêncios e as imagens teço questões, como a ênfase das gestoras nas datas e eventos comemorativos, o cotidiano burocratizado e o material apostilado como instrumento pedagógico potente. Trago, também, questões sobre a gestão democrática e a comunidade educativa: professores, familiares, profissionais e crianças. Levanto, aqui, a invisibilidade da creche nesta gestão, pois os bebês não aparecem nas narrativas das gestoras. Finalizo com as considerações finais, o sétimo capítulo. As referências compõem a parte final deste texto, seguidas pelos apêndices.

6 Os critérios para seleção das instituições - campos da pesquisa - estão apresentados no capítulo: Trama

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Fonte: Colassanti (2004).

2 FIOS QUE TECEM AS PESQUISAS SOBRE GESTÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Pesquisar é isso. É um itinerário, um caminho que trilhamos e com o qual aprendemos muito, não por acaso, mas por não podermos deixar de colocar em xeque “nossas verdades” diante das descobertas reveladas, seja pela leitura de autores consagrados, seja pelos nossos informantes, que têm outras formas de marcar suas presenças no mundo.

Eles também nos ensinam a olhar o outro, o diferente, com outras lentes e perspectivas.

Por isso, não saímos de uma pesquisa do mesmo jeito que entramos porque, como pesquisadores, somos também atores sociais desse

processo de elaboração.

Nadir Zago

Pensando na importância das pesquisas realizadas no campo de gestão na Educação Infantil, realizei um levantamento que teve início no segundo semestre de 2015, tendo como período de busca de agosto a novembro de 2015. A pesquisa consistiu em um levantamento da produção acadêmica nacional já existente na área de gestão na Educação Infantil. Para tanto, foram levantados dados de sites: BDTD – biblioteca do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd). Para a organização dos dados levantados, efetuei buscas em pesquisas dos últimos 10 (dez) anos, e na ANPEd, dos últimos 06 (seis) anos. Estes períodos foram pré-determinados para que se tivesse um recorte dos últimos anos de produções acadêmicas nacionais. Com o objetivo de melhor organização os dados foram montados em quadros.

Entendo que, para escolher um tema de pesquisa, é interessante pensar na sua relevância para a área, também na viabilidade e se já não houve muitas pesquisas com os objetivos e tema pensados, pois sabemos que através da pesquisa estaremos produzindo conhecimento. Por este motivo, torna-se pertinente pesquisar as produções já existentes, como afirma Charlot (2006, p. 17, grifos do autor):

Que pesquisas já foram realizadas sobre os temas que estão na moda (os objetos sociomidiáticos), a partir de quais questões, com que dados e quais resultados? Quais foram as dissertações de mestrado e as teses de doutorado defendidas nos

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últimos anos, e que resultados foram estabelecidos? Que pesquisas estão atualmente em andamento, sobre que temas, onde?

Na busca de realizar um levantamento da produção acadêmica científica para a compreensão de todo o processo de pesquisa e de como ela está nacionalmente articulada, efetuei um levantamento de produção científica brasileira sobre gestão na Educação Infantil. O foco foi identificar e analisar a produção científica brasileira sobre a gestão na Educação Infantil e quais as perspectivas teóricas aparecem nas produções sobre a temática. A intenção foi analisar quais indicativos das produções científicas tratam da gestão na Educação Infantil; mapear a produção científica recente que tenha como foco a gestão na Educação Infantil; identificar as principais temáticas e dimensões que constituem a gestão na Educação Infantil presentes na produção teórica; buscar referências teóricas semelhantes e novas para a produção da pesquisa em questão.

Para tanto, traço alguns questionamentos norteadores para realizar a levantamento da produção: o que está sendo produzido sobre a gestão na Educação Infantil, e quais as perspectivas teóricas? Que concepções de gestão na Educação Infantil estão presentes na produção científica brasileira? O que está sendo pesquisado, falado e escrito sobre o tema

gestão na Educação Infantil?

Defini, também, as palavras-chave para buscar textos já publicados sobre a temática escolhida para a dissertação de Mestrado. De início foi preciso realizar várias pesquisas com combinações e tentativas diversas de palavras-chave, até determinar as palavras que seriam eficazes para a busca. As palavras-chave foram pesquisadas nos sites: BDTD – biblioteca do IBICT, CAPES e ANPEd, conforme mencionado anteriormente, para reconhecer textos com temáticas que possam ser utilizadas como referências para a pesquisa. Após algumas tentativas, decidi que as palavras-chave que buscariam os textos de maneira eficaz, seriam: a) gestão; b) Educação Infantil; c) narrativa; d) concepção de gestores; e) práticas de gestão; e f) diretor.

Criei algumas combinações, durante as buscas, para fazer uma seleção dos textos de maneira mais eficiente. De forma geral, inicialmente, em cada um dos sites, BDTD – (IBICT) e CAPES, busquei apenas os textos relacionados à gestão na Educação Infantil, com

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filtros determinados como: todos os campos, por título, por assunto, para apurar um mapeamento do número de textos nos bancos de dados com a mesma temática.

Figura 1 – Quadro geral

Temática geral: Gestão na Educação Infantil

BDTD CAPES

Todos os campos 132 registros 104 registros

Por título 03 registros Não encontrado

Por assunto 01 registro Não encontrado

Fonte: Elaboração da autora, 2015.

Para uma procura mais efetiva, criei combinações de palavras-chave mais eficazes para esta busca. As dissertações e teses definidas como relevantes foram selecionadas para a realização de uma análise mais apurada e, em alguns casos, até leitura do conteúdo delas em sua totalidade. Para isso, adotei alguns critérios:

a) leitura das palavras-chave;

b) leitura de todos os títulos apresentados pelas buscas; c) leitura dos resumos;

d) sempre que necessário, realizei uma leitura breve das dissertações e teses; e) rápida análise das referências bibliográficas utilizadas nas dissertações e teses. Para efetuar um levantamento de acordo com as necessidades da pesquisa, avaliei critérios de maior relevância, como a temática gestão na Educação Infantil, prioritariamente. Adotei este procedimento porque, durante as pesquisas, percebi que, com a temática gestão, além de ser ampla, havia textos de áreas diversas que não eram relevantes para a pesquisa.

Já no portal da ANPEd, iniciei a busca por pesquisas de 06 (seis) anos atrás até a última reunião, no ano de 2015. A pesquisa neste portal foi diferenciada, pois não utilizei mais palavras-chave, mas os Grupos de Trabalho (GT) que me interessaram através da área de estudo. Então, a pesquisa começa em 2009, nos GT 05 e 07. O GT 05 é sobre estado e política educacional, e o GT 07 sobre educação de crianças de 0 a 6 anos. Também foram observados os textos (trabalhos) encomendados que, geralmente, são estudos de grande importância acadêmica, mas não encontrei temas sobre a pesquisa em questão.

2.1 TESES E DISSERTAÇÕES DA BDTD E CAPES

De início, no Banco de Dados de Teses da BDTD utilizei 14 (quatorze) combinações de palavras-chave previamente estabelecidas. Com as combinações utilizadas e

(23)

sem filtro, encontrei inúmeras obras, entre teses e dissertações, e, destes, somente 19 (dezenove) selecionei como relevantes para a pesquisa. Dentre eles, um dos textos repetiu-se 07 (sete) vezes nas palavras-chave pesquisadas.

O quadro abaixo esclarece as palavras-chave utilizadas, quantos registros encontrados e quais os selecionados, isto é, quais realmente têm alguma semelhança ou referência para a pesquisa em gestão na Educação Infantil.

Figura 2 – Quadro de busca BDTD: geral

Pesquisa/ ordem

Palavras-chave Busca: todos os campos

Busca: Título Busca:

Assunto Selecionar 1 Gestão e Educação Infantil 140 registros -- -- 03 2 Gestão e práticas de gestão 5.301 registros 109 38 Nenhum 3 Gestão e narrativa de gestores 43 registros -- -- 03 4 Educação Infantil e narrativa de gestores 03 registros -- -- 01(repetido) 5 Educação Infantil e práticas de gestão 70 registros -- -- 03(repetido) 6 Práticas de gestão e narrativa de gestores 21 registros -- -- 03(repetido) 7 Concepções de gestores e Educação Infantil 12 registros -- -- 01(repetido) 8 Concepções de gestores e práticas de gestão 59 registros -- -- 01(repetido) 9 Concepções de gestores e narrativa de gestores 09 registros -- -- 01(repetido) 10 Concepções de gestores e gestão 110 registros -- -- 01(repetido) 11 Diretor e Educação Infantil 41 registros -- -- 01 12 Diretor e narrativa de gestão 09 registros -- -- Nenhum 13 Diretor e práticas de gestão 216 registros -- -- 01 14 Diretor e concepção de gestores 01 registro -- -- Nenhum

Total de dissertações e teses selecionadas – 19

Fonte: Elaboração da autora, 2015.

No Banco de Dados de Teses e Dissertações da CAPES, existem diversos textos em nível de Mestrado e Doutorado em áreas diferenciadas. Por isso, a pesquisa por palavras-chave foi necessária para que se obtivesse uma busca mais precisa. A busca foi realizada com 14 (quatorze) combinações de palavras-chave, sem filtros, nem mesmo no ano, deixando

(24)

aberta a pesquisa. Percebendo que estavam sendo encontrados somente textos dos anos de 2011 e 2012, realizei uma pesquisa no portal da CAPES, onde encontrei a seguinte informação:

Como forma de oferecer acesso a informações consolidadas e que reflitam as atividades do sistema nacional de pós-graduação brasileiro, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), coloca à disposição da comunidade acadêmica o Banco de Teses na qual será possível consultar todos os trabalhos defendidos na pós-graduação brasileira ano a ano. Entretanto, como forma de garantir a consistência das informações, a equipe responsável está realizando uma análise dos dados informados e identificando registros que por algum motivo não foram informados de forma completa à época de coleta dos dados. Assim, em um primeiro momento, apenas os trabalhos defendidos em 2012 e 2011 estão disponíveis. Os trabalhos defendidos em anos anteriores serão incluídos aos poucos. Contamos com a colaboração da comunidade acadêmica para informe dos dados que faltam. Os trabalhos que se encontram nesta condição, podem ser identificados pela mensagem ‘Autor, atualize seus dados/informações junto a Capes’ (SOUZA, 2015).

Portanto, nas pesquisas aqui relacionadas no Banco de Dados da CAPES, mesmo não sendo utilizados filtros, somente foram encontrados textos dos anos de 2011 e 2012.

Encontrei, também, diversos textos em áreas variadas, e destes, foram selecionados 13 (treze) pertencentes ao campo de interesse.

No quadro 3 é possível verificar como ficou a pesquisa por busca de palavras-chave e a quantidade de textos selecionados:

Figura 3 – Quadro de busca CAPES: geral (Continua)

Qtdade Palavras-chave Busca Selecionados

1 Gestão e Educação Infantil 109 04

2 Gestão e práticas de gestão 2819/ 378 02

3 Gestão e narrativa de gestores 05 Nenhuma

4 Educação Infantil e narrativa de gestores 01 Nenhum

5 Educação Infantil e práticas de gestão 51 01

6 Práticas de gestão e narrativa de gestores 02 Nenhum

7 Concepções de gestores e Educação Infantil 12 Nenhum

8 Concepções de gestores e práticas de gestão 41 01

9 Concepções de gestores e narrativa de gestores Nenhum registro encontrado --

10 Concepções de gestores e gestão 80 01

11 Diretor e Educação Infantil 04 Nenhum

12 Diretor e narrativa de gestão Nenhum registro encontrado --

13 Diretor e práticas de gestão 53 04

14 Diretor e concepção de gestores 06 Nenhum

Total de dissertações e teses selecionadas – 13

(25)

2.2 COMPARAÇÃO DAS PESQUISAS

A busca neste Banco teve a intenção de estabelecer um comparativo entre as teses e dissertações encontradas no banco da BDTD – biblioteca do IBICT com o Banco da CAPES, apontando maior aproximação do número de textos publicados nacionalmente. Para que fosse possível fazer uma comparação rápida das pesquisas com as palavras-chave previamente selecionadas nos sites BDTD - IBICT com o Banco da CAPES foi organizado um quadro. Alguns textos presentes na pesquisa foram encontrados em ambos os sites, porém, ainda existem textos localizados na BDTD que não foram encontrados na CAPES. Com este quadro, obtive um parâmetro geral das dissertações e teses selecionadas, tanto no site da BDTD – IBICT quanto da CAPES, separadas por banco de dados e ano, como é possível observar abaixo.

Figura 4 – Quadro Comparativo BDTD x CAPES (continua)

Banco Autor (es) Relação de dissertações e teses selecionadas

Título Área/ Nível/ Instituição Ano

IBICT Eva Cristina de Carvalho Souza Mendes

A gestão em unidades de educação infantil: um estudo de caso

Mestrado/Dissertação Universidade Católica de Santos 2007

IBICT Maria das Graças F. de Amorim dos Reis

A gestão das creches municipais de São Carlos na visão das diretoras: da assistência à educação (1999-2004)

Doutorado/Tese/Universidade

Federal de São Carlos 2007

IBICT Márcia Maria de Mello

Educação infantil: aprendizagens de diretoras iniciantes

Mestrado/Dissertação/

Universidade F. de São Carlos 2008 IBICT Leandro Rogério

Pinheiro

Formação de práticas de gestão: narrativa sobre o trabalho dos gestores do centro de proteção da criança e do adolescente

Doutorado/Tese/ Universidade do

Vale do Rio dos Sinos 2008

IBICT Gisele Gelmi Educação infantil, direito à educação e gestão escolar: um retrato a partir das publicações oficiais e acadêmicas

Mestrado/Dissertação/ Universidade Estadual Paulista

“Júlio de Mesquita Filho” 2012 IBICT Claudia Celeste

Lima Costa Menezes

Educação infantil: a interseção entre as políticas públicas, a gestão educacional e a prática pedagógica - um estudo de caso no município de Itabuna-BA

Doutorado/Tese/Universidade

Federal da Bahia 2012

IBICT Rúbia Cristina Cruz

A gestora escolar: entre a prática e a gramática

Doutorado/Tese/Universidade Estadual de Campinas

2012

IBICT Sueli Helena de Camargo Palmén

O trabalho do gestor na educação infantil: concepções, cenários e práticas

Doutorado/Tese/Universidade

Estadual de Campinas 2014

IBICT Rafaela Maria Alves Lopes

Constituição da identidade do gestor de educação infantil na rede municipal de ensino de Campinas: prazer e sofrimento no trabalho

Mestrado/Dissertação/ Universidade Estadual de Campinas

2014

IBICT Márcia Maria de Mello

Diretores de escola: o que fazem e como aprendem

Doutorado/Tese/Universidade Federal de São Carlos

(26)

IBICT Thaise Vieira de Araujo

Educação infantil do campo e gestores educacionais

Mestrado/ Dissertação/ Universidade de São Paulo

2015

CAPES Rosangela Cordeiro Pelegrini

Desafios da educação infantil: estudo de caso no município de Lages/SC

Mestrado/Dissertação/ Universidade Do Planalto Catarinense

2011

CAPES Scheila Paula Zorzan

Gestão de qualidade em educação: a experiência do programa primeira infância melhor

Mestrado/Dissertação/ Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

2011

CAPES Charles D. da Silva

Gestão educacional: um estudo de caso na rede La Salle Mestrado/Dissertação/ Centro Universitário La Salle 2011 CAPES Roberta Alvarenga de Almeida Vargas

Fragmentos do cotidiano da ação gerencial em uma escola da rede municipal de Vitória/ES

Mestrado/ Dissertação/

Universidade Federal do Espírito Santo

2011

CAPES Catia Veronica Nogueira Dantas

Plano de trabalho gestor: e o efetivo desenvolvimento das atividades da gestão escolar

Mestrado/ Dissertação/

Universidade do Estado da Bahia 2011

CAPES Gisele Gelmi Educação infantil, direito à educação e gestão escolar: um retrato a partir das publicações oficiais acadêmicas

Mestrado/Dissertação/ Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

2012

CAPES Judite Della Torre Concepções do gestor escolar em relação ao desenvolvimento pleno dos escolares

Mestrado/Dissertação/ Centro Universitário Moura Lacerda

2012

CAPES Claudia Celeste Lima Costa Menezes

Educação infantil: a interseção entre as políticas públicas, a gestão educacional e a prática pedagógica- um estudo de caso no município de Itabuna-BA

Doutorado/Tese/Universidade Federal da Bahia

2012

CAPES Mirtes Silva Santos

A gestão da educação infantil e municípios da grande São Paulo

Mestrado/Dissertação/Pontifícia

Universidade C. de São Paulo 2012 CAPES Riviane Buhler Formação continuada de gestores

escolares e a qualidade da educação na rede de escolas municipais de Canoas/RS: contributos para qualificar a ação gestora

Mestrado/Dissertação/ Centro Universitário La Salle

2012

Total de dissertações e teses selecionadas – 21

Fonte: Elaboração da autora, 2015.

Em um resumo geral, verifiquei, que dos 21 textos selecionados, 11 da BDTD- IBICT e 10 da CAPES, houveram 02 repetições (uma em cada banco) e, por este motivo, somente 19 deles não se repetiram.

Os textos que se repetiram apareceram em ambos os bancos pesquisados. Os textos foram: Educação infantil, direito à educação e gestão escolar: um retrato a partir das

publicações oficiais e acadêmicas/ 2012. E o texto: Educação infantil: a interseção entre as políticas públicas, a gestão educacional e a prática pedagógica - um estudo de caso no município de Itabuna-BA/ 2012.

Um texto chamou bastante atenção por sua repetição na busca da BDTD, por constarem em seu título algumas das palavras-chave que sempre apareciam na pesquisa nos bancos. Este texto foi encontrado 07 vezes com as combinações de palavras-chave diversas,

(27)

como “gestão e narrativa de gestores”; “Educação Infantil e narrativa de gestores”; “Educação Infantil e práticas de gestão”; “práticas de gestão e narrativa de gestores”; “concepção de gestores e Educação Infantil”; “concepção de gestores e práticas de gestão”; “concepção de gestores e narrativa de gestores”; “concepção de gestores e gestão”. O referido estudo foi O

trabalho do gestor na Educação Infantil: concepções, cenários e práticas/2014.

Já no Banco de dados da CAPES, pouquíssimos, isto é, somente 02 textos repetiram-se. Com as palavras-chave “gestão e Educação Infantil” e “Educação Infantil e prática de gestão” repetiu-se o texto A gestão da Educação infantil em municípios da grande

São Paulo/2012.

Categorizando, os textos encontrados foram 13 dissertações e 06 teses, dentre eles 10 são pesquisas de universidades públicas federais e estaduais, e 09 de universidades privadas. Destas universidades, 10 encontram-se na região sudeste do país. Na sua maioria no estado de São Paulo. As demais pesquisas encontradas, 05 são da região sul, maior parte no Rio Grande do Sul e do Nordeste somente 03 pesquisas. Saliento aqui somente uma dissertação foi selecionada em Santa Catarina, mais uma evidência da pouca produção sobre o tema na região. Destaco também, que 17 pesquisas são pesquisas de mulheres e somente 02 homens encontrados dentre as pesquisas selecionados. Nestas categorizações não foram contadas as repetições.

Ainda tentando fazer uma categorização das pesquisas encontradas percebi que 09 das pesquisas encontradas são estudos de caso ou pesquisas em cidades específicas. Outras 07 pesquisas trazem a concepção e trabalho de gestores/diretores, 02 trazem a Educação Infantil e gestão escolar e 01 traz o programa primeira infância.

Observei o quanto é escassa a produção teórica nestes dados localizados sobre a gestão na Educação Infantil. De muitas pesquisas encontradas, consegui selecionar, na maioria dos casos, somente uma que realmente tratasse do assunto em questão. E também, em outras pesquisas, tratando da gestão municipal, incluindo na pesquisa outra etapa da Educação Básica e não só a Educação Infantil.

2.3 ARTIGOS DA ANPED

No portal da ANPEd, iniciei a pesquisa em busca de textos de 06 (seis) anos atrás até a última reunião no ano de 2015, isto é, da 32a até a 37a reunião. Neste portal, o procedimento da pesquisa adotado não foi a utilização de palavras-chave, mas de Grupo de Trabalho (GT), pois no site todos os textos são divididos em grupos de trabalho. Foi realizada

(28)

uma leitura de todos os títulos dos textos publicados nos grupos e nos textos (trabalhos) encomendados por ano, quando se indicou uma aproximação do tema em questão, foi feita uma leitura do resumo e dependendo do tema foi feita uma leitura dos textos na íntegra. Resumindo:

 leitura do título;  leitura do resumo;

 leitura do texto na íntegra.

Iniciando em 2009, nos GT 05 (Estado e política educacional) e GT 07 (Educação de crianças de 0 a 6 anos). Também observei textos encomendados, que geralmente são de grande importância acadêmica, mas não foram encontrados temas sobre a pesquisa em questão.

No ano de 2009 foi realizada a 32ª reunião anual, em Caxambu/MG, com o tema central Sociedade, cultura e educação: novas regulações? Neste ano não foram identificados textos de interesse para esta pesquisa produzidos pelos GT.

Na 33ª Reunião Anual, de 2010, o tema central foi Educação no Brasil: o balanço

de uma década, em Caxambu/MG. Neste ano, no GT 05, houve alguns textos sobre gestão,

porém todos tratando de gestão democrática e participativa e a ação dos conselhos escolares em determinadas escolas, mas nenhum dos textos versava sobre gestão na área de Educação Infantil. No GT 07 também não foram encontrados textos. Igualmente não foram encontrados textos que tivessem relação com a pesquisa nos pôsteres ou textos encomendados neste ano.

A 34ª Reunião, em 2011, na cidade de Natal, abordou o tema para envolver a comunidade acadêmica na discussão dos Problemas que o Brasil precisa enfrentar na

atualidade. Neste ano, o GT 05 trouxe um artigo falando sobre gestão democrática e a

participação da família, porém não sendo o foco da pesquisa em questão. No GT 07, encontrei um artigo interessante, eis o resumo dele:

Figura 5 – Quadro ANPEd: 34ª Reunião: GT 07 – Educação de crianças de 0 a 6 anos

GRUPO DE TRABALHO

07 - Educação de crianças de 0 a 6 anos

TÍTULO Trabalho e identidade profissional na coordenação pedagógica em educação infantil:

contradições e possibilidades

ANO 2011

AUTOR Nancy Nonato de Lima Alves

(29)

RESUMO A coordenação pedagógica é uma função da gestão educacional, e tem o papel de articulação coletiva do projeto político-pedagógico e das práticas educativas, em uma perspectiva democrática e participativa. Nessa concepção, o artigo analisa a coordenação pedagógica em Educação Infantil, seu papel, desafios do trabalho e da construção de identidade profissional, tendo como referência dados e análises construídos em pesquisa vinculada ao projeto “Políticas Públicas e Educação da Infância em Goiás: história, concepções, projetos e práticas”. Com base no materialismo histórico-dialético, a metodologia investigativa articulou estudo documental, questionários e entrevistas, abrangendo 93 coordenadoras pedagógicas em 76 CMEI.7 Constatamos que a coordenação

pedagógica é perpassada por conquistas e dificuldades, configurando diferentes estilos de atuação, nas condições concretas em que as coordenadoras realizam seu trabalho. Apreendemos ambiguidades e contradições que revelam a complexidade do papel e do trabalho de coordenação pedagógica na Educação Infantil, expressando-se na construção identitária, marcada por dimensões institucionais, coletivas e individuais.

Fonte: Alves, 2011.

Já na 35ª Reunião Anual da ANPEd, em 2012, em Porto de Galinhas, o tema foi

Educação, Cultura, Pesquisa e Projetos de Desenvolvimento: o Brasil do Século XXI. O

“tema expressa e põe em discussão os vínculos que a Educação tem com as políticas econômicas e os projetos de desenvolvimento em disputa na sociedade” (ANPEd, 2012). No GT 05 e 07 houve vários textos sobre gestão, mas nenhum deles relacionado ao foco da pesquisa.

Em seguida, foi analisada a 36ª Reunião anual, em 2013, que foi a última, pois a partir deste ano a ANPEd passou a realizar suas reuniões nacionais a cada dois anos, intercaladas pela realização das Reuniões Regionais - Anpedinhas e Encontro de Pesquisa Educacional do Norte e Nordeste (EPENN). No GT 05, encontrei novamente textos que tratam de gestão democrática e gestão no Ensino Médio. No GT 07 e nos textos encomendados, não identifiquei nada que interessasse ao tema pesquisado. A 37ª Reunião Nacional da Anped aconteceu em Florianópolis/SC. No GT 05, não foi encontrado nenhuma pesquisa com o tema específico desta dissertação, mas é importante mencionar um texto interessante:

Figura 6 – Quadro ANPEd: 37ª Reunião: GT 05 – Estado e política educacional

GRUPO DE TRABALHO

05 - Estado e política educacional

TÍTULO Traços do perfil, formação e atuação dos gestores escolares do Distrito Federal

ANO 2015

AUTOR Deysiane Farias Pontes

INSTITUIÇÃO UnB

(30)

RESUMO Este artigo analisa as características do perfil, da formação e da atuação dos gestores escolares do Distrito Federal, por meio dos dados do Questionário do Diretor da Prova Brasil 2011, divulgados pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Foi realizado um levantamento estatístico da amostra de 461 diretores respondentes do Distrito Federal. O estudo proposto está em sinergia com outras pesquisas desenvolvidas sobre o tema, em especial “Perfil e Formação de Gestores Escolares no Brasil” (2014), desenvolvida por Sofia Lerche Vieira e Eloisa Maia Vidal. Os dados apontam que no Distrito Federal há uma boa adesão ao Questionário do Diretor da Prova Brasil 2011, o que possibilitou um levantamento de dados relevantes. Dessa forma, o estudo corrobora na reflexão sobre quem são os gestores escolares da rede pública do Distrito Federal com o intuito de subsidiar a reflexão e a formulação de políticas públicas.

Fonte: Pontes, 2015.

No GT 07, um texto, chamado de trabalho excedente foi encontrado o estudo intitulado A gestão da educação infantil em 12 municípios paulistas e algumas relações com

sua qualidade.

Figura 7 – Quadro ANPEd: 37ª Reunião: GT 07 – Educação de crianças de 0 a 6 anos (Continua)

GRUPO DE TRABALHO

07 - Educação de crianças de 0 a 6 anos

TÍTULO A gestão da educação infantil em 12 municípios paulistas e algumas relações com sua

qualidade

ANO 2015

AUTOR Bianca Correa

INSTITUIÇÃO Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) -Universidade

de São Paulo (USP)

RESUMO O trabalho procura colaborar com a produção de conhecimento sobre gestão da

Educação Infantil (EI), apresentando dados de uma pesquisa cujo objetivo geral é analisar como se organiza a gestão nessa etapa educacional e suas relações com a qualidade. Para tanto, foram aplicados questionários em 12 municípios que compõem uma microrregião do Estado de São Paulo. Tais questionários visavam ao conhecimento da estrutura das Secretarias ou Departamentos de Educação e das unidades de EI em cada município. Foram analisados, ainda, dados sobre os Estatutos do Magistério e Planos de Carreira, bem como sobre o Conselho Municipal de Educação. Os resultados evidenciam a existência de: estruturas frágeis, tanto quantitativa quanto qualitativamente; número insuficiente de profissionais para apoio e acompanhamento das unidades de EI; desconhecimento de dados fundamentais para o planejamento e ampliação da oferta de vagas; relações de mando e submissão, com brechas para a ocorrência de clientelismo; desigualdades em termos de remuneração e jornadas; permanência de contratação de “outros” profissionais, e não de docentes, para atuar diretamente com as crianças. Essa configuração sugere efeitos negativos sobre a qualidade da EI oferecida.

Fonte: Correa, 2015.

Após análise de todos os textos encomendados e pelos produzidos pelo GT 05 e 07 entre os anos de 2009 a 2015, encontrei 03 textos que tinham como foco da discussão questões que tratassem sobre a gestão na Educação Infantil. Na ANPEd percebi que há um

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foco maior na questão da gestão democrática, porém nada voltado à Educação Infantil nestes últimos anos. Vejamos os quadros gerais a seguir:

Figura 8 – Quadro de Busca ANPEd: geral

GT Título Autor Reunião -

ano

GT – 07

Trabalho e identidade profissional na coordenação pedagógica em educação infantil: contradições e possibilidades

Nancy Nonato de Lima Alves 34ª Reunião/ 2011 GT – 07

A gestão da educação infantil em 12 municípios paulistas e algumas relações com sua qualidade

Bianca Correa 37 a Reunião/

2015 GT –

05

Traços do perfil, formação e atuação dos gestores escolares do Distrito Federal

Deysiane Farias Pontes

37 a Reunião/

2015

Total de trabalhos selecionados – 03

Fonte: Elaboração da autora, 2015.

Com os dados levantados foi possível ter uma noção geral sobre a temática da pesquisa e investigar um pouco mais sobre a escolha do tema. Algumas referências de pesquisas já realizadas mostraram que o caminho trilhado é pertinente em algumas leituras, além de abrir caminhos para outras. Em algumas pesquisas onde foi necessária uma leitura mais completa dos textos, e não só dos resumos, pude constatar como realmente é ainda escassa a pesquisa sobre a gestão na Educação Infantil. Depois do levantamento, a certeza ainda é maior sobre o quanto é importante a pesquisa na área, visto que muitas instituições estão entendendo este tipo de gestão como uma gestão de escolas de Ensino Fundamental, ou até mesmo Ensino Médio.

É necessária uma visão mais coerente, focada na gestão na Educação Infantil, entendendo que esta é a primeira etapa da Educação Básica. Desta forma, a análise de produção nacional é relevante para que seja possível obter esta visão geral e vislumbrar caminhos não pensados, ou ainda não muito explorados.

(32)

Fonte: Colassanti (2004).

3 EDUCAÇÃO INFANTIL E GESTÃO: TECITURAS SOBRE PRINCÍPIOS, ORGANIZAÇÃO E LEGISLAÇÃO

Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia.

Marina Colasanti

Este capítulo tecido com as lãs e as cores da legislação e em documentos oficiais alguns princípios que remetam à gestão na Educação Infantil dentro da legislação educacional brasileira. Nesse sentido, questiono: quais as proposições legais referentes à gestão no âmbito da Educação Infantil? Como está definido o papel do gestor da Educação Infantil na legislação? Na busca de discutir tais questões, optei por fundamentar as discussões com a legislação relativo à área, são elas: Constituição

Federal de 1988, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Plano Nacional de Educação (PNE) e as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil. Na Educação Infantil há também um documento oficial muito relevante que são os Subsídios para Diretrizes Curriculares Nacionais, e não poderia deixar de trazer e comentar o que os Subsídios trazem sobre a gestão nas instituições de Educação Infantil.

A Constituição Federal de 1988 é um marco importante para a Educação Infantil, pois, pela primeira vez, a criança aparece como sujeito de direitos. Em seguida, em 1990, o país promulga a Lei nº 8.069, que fixa o ECA. Juntamente com a aprovação, passamos a ter um novo olhar sobre a criança, compreendendo-a como um sujeito de direitos, dando um novo significado e uma nova direção para a concepção de criança que reflete na área educacional. O momento histórico, segundo Franzoni (2015, p. 49), foi marcado por

[...] intensas discussões e que garantiu a participação de diversos segmentos sociais, tais como: dirigentes, técnicos de instituições federais, estaduais e municipais responsáveis pelo atendimento à infância, professores universitários e especialistas,

(33)

entre outros, culminou na elaboração de políticas nacionais voltadas à educação desta etapa da vida no país.

Como a situação legal está se modificando na Educação Infantil, é necessário repensar um novo modelo de organização das gestões municipais e novas alternativas pertinentes à gestão nesta etapa da educação básica para que possamos alcançar a qualidade na Educação Infantil e a garantia do cumprimento da legislação.

Nessa perspectiva, a Constituição Federal 1988 institui, através do inciso IV, do artigo 206, a participação da comunidade na organização das instituições de ensino público por meio da “gestão democrática”.

Em acordo à LDB nº 9.394/1996, outro marco importante para a Educação Infantil, já que é ali que a Educação Infantil aparece como primeira etapa da Educação Básica, é que esta lei regulamenta, através dos artigos 12, 13, 14 e 15, a participação (de todos os sujeitos da comunidade), considerando-a um direito e um dever de todos os sujeitos envolvidos no processo que se estabelece dentro dos espaços educativos. Pode ser constatada uma atualização das leis vigentes por meio dos PNE 2014-2024, os quais estão recebendo colaboração dos profissionais em exercício por meio de discussões coletivas, bem como das inúmeras emendas constitucionais utilizadas para atualização dos textos da Carta Magna. Estas determinações legais, em consonância entre si, regulamentam estratégias para a consolidação das instituições educativas como espaços de práticas democráticas.

Na área da Educação Infantil, temos como documento mandatório as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil, que buscam nortear a organização de propostas pedagógicas para creches e pré-escolas, articulando-se às Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e, também orientar políticas públicas para esta etapa da educação básica (BRASIL, 2010a). Constatada a existência de legislação específica, retomo o questionamento: quais as proposições legais referentes a gestão no âmbito da Educação Infantil?

Esta breve reflexão acerca da legislação sobre a educação busca seguir à sua hierarquia: primeiro busquei as concepções acerca do tema na Carta Magna, depois na Lei de Diretrizes e Bases (LDB), nas Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil e no PNE. Embora reconheça que estes não são os únicos documentos legais disponíveis, são eles que norteiam as políticas e documentos derivados, como os que concernem aos estados e municípios e, por fim, os projetos político-pedagógicos das instituições educativas.

No que diz respeito à educação, vêm sendo registrados grandes avanços desde a promulgação da última Carta Magna, conforme mencionado anteriormente. O capítulo III da

(34)

Constituição Federal - Da Educação, Da Cultura e Do Desporto, Seção I - Da Educação, aponta a “educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria” (BRASIL, 19888). Em seu artigo 208, inciso IV, a mesma lei determina que “o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: [...] IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 05 (cinco) anos de idade” (BRASIL, 19889).

Nesta mesma Constituição, observamos, também, um diferencial: a criança é vista como sujeito de direitos, isto é, crianças e adolescentes são reconhecidos e não são mais meros objetos de intervenção dos adultos. No artigo 227 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) e nos artigos 3º e 4º do ECA (Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990), encontram-se a declaração destes direitos fundamentais tendo amparo na condição de “prioridade absoluta dado à criança e ao adolescente, uma vez que estão em peculiar condição de pessoas humanas em desenvolvimento” (MULLER, 2011, p. 01).

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 198810).

O artigo 211, parágrafo 2º, preconiza que “os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil” (BRASIL, 198811). Ainda é a própria Constituição Federal que, por meio de seu artigo 214, recomenda que se

estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas (BRASIL, 198812).

A Carta Magna ainda versa sobre diversas outras matérias concernentes à educação, como piso salarial, investimentos, entre outros, que não são objetos de investigação nesta pesquisa. O foco de minha intenção é destacar o capítulo II, Da União, que está centrado no que versa seu artigo 22, quando informa que “compete à União legislar sobre: [...] XXIV - diretrizes e bases da educação nacional” (BRASIL, 1988).

8 Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009 (BRASIL, 2009c). 9 Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006 (BRASIL, 2006). 10 Redação dada pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010 (BRASIL, 2010b). 11 Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996 (BRASIL, 1996b). 12 Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009 (BRASIL, 2009c).

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