UFPE — MA989 — 2013.1 — PROF. FERNANDO J. O. SOUZA
LISTA DE EXERC´ ICIOS 06 – v. 1.0
Assuntos: Rela¸c˜oes de ordem.
Orienta¸ c˜ ao: Dar solu¸c˜oes leg´ıveis e completas, explicando todos os passos e detalhes, e indicando as propriedades e os resultados utilizados. Caso a solu¸c˜ao de um item esteja dispon´ıvel, s´o conferi-la ap´os tentar resolvˆe-lo seri- amente. Podem ser usados os recursos da l´ogica de predicados com igualdade e os axiomas de ZF em nossa Parte I (cf. Lista 04).
Defini¸ c˜ oes. Dadas rela¸c˜oes ≤ e < em um conjunto X, dizemos que:
− ≤ ´e uma rela¸ c˜ ao de ordem parcial, e (X, ≤) ´e um CPO (conjunto parcialmente ordenado) se, e somente se, ≤ ´e reflexiva, antissim´e- trica e transitiva;
− < ´e uma rela¸ c˜ ao de ordem estrita se, e somente se, < ´e irreflexiva e transitiva, ou seja, < ´e assim´etrica e transitiva (cf. Item 4.g da Lista 05 v. 1.0).
Quest˜ ao 1. Seja A um conjunto. Demonstrar que:
1.a. Cada rela¸c˜ao de ordem parcial ≤ em A induz uma rela¸c˜ao de ordem estrita
< em A por: ∀a, a
′∈ A, a < a
′⇐⇒ (a ≤ a
′∧ a 6= a
′). Em outras palavras, denotando as rela¸c˜oes ≤ original e < induzida por P e E
Prespectivamente, temos que E
P= P \Id
A.
Obs. Portanto, o exerc´ıcio consiste em demonstrar que E
Psatisfaz a defi- ni¸c˜ao de rela¸c˜ao de ordem estrita, utilizando, para tanto, que P satisfaz a defini¸c˜ao de rela¸c˜ao de ordem parcial;
1.b. Cada rela¸c˜ao de ordem estrita <
′em A induz uma rela¸c˜ao de ordem parcial
≤
′em A por: ∀a, a
′∈ A, a ≤
′a
′⇐⇒ (a <
′a
′∨ a = a
′). Em outras palavras, denotando as rela¸c˜oes < original e ≤ induzida por E e P
Erespectivamente, temos que P
E= E ⊔ Id
A;
1.c. As duas constru¸c˜oes acima s˜ao inversas. Mais precisamente: a ordem parcial
induzida pela ordem estrita induzida por uma ordem parcial dada ´e igual a
esta ´ ultima e, trocando as instˆancias de “parcial” pelas de “estrita” nesta frase
e vice-versa, obtemos outro resultado v´alido. Em outras palavras, utilizando
a nota¸c˜ao dos itens anteriores, temos que P
EP= P e E
PE= E ;
1.d. Uma rela¸c˜ao de ordem parcial em A ´e total se e somente se a rela¸c˜ao de ordem estrita induzida por ela ´e tricotˆomica;
1.e. Cada rela¸c˜ao de ordem parcial ≤ em A induz uma rela¸c˜ao de ordem parcial
≤
∗(ou ≥ ) em A , dada por: ∀ a, a
′∈ A, a ≤
∗a
′(isto ´e, a ≥ a
′) ⇐⇒ a
′≤ a (ordem dual de ≤).
Obs. Novamente, o objetivo do exerc´ıcio ´e demonstrar que ≤
∗satisfaz a defini¸c˜ao de rela¸c˜ao de ordem parcial, utilizando, para tanto, que ≤ a satisfaz.
Obs. Analogamente, temos a rela¸c˜ao de ordem dual <
∗(ou >) de qualquer rela¸c˜ao de ordem estrita em A dada;
1.f. Dada uma rela¸c˜ao de ordem parcial ≤ em A: ≤
∗´e total se, e somente se,
≤ ´e total; e ≤ ´e a ordem dual de ≤
∗Tendo em vista os resultados enunciados na Quest˜ao 1, conceitos para rela¸c˜oes de ordem parcial ou estrita misturam-se na literatura, adaptando-se a vers˜ao de um tipo de rela¸c˜ao de ordem para o outro ao se incluir ou excluir a identidade Id
A, ou seja, a rela¸c˜ao de igualdade em A . Por exemplo, dada uma rela¸c˜ao de ordem estrita < em A, podemos falar no CPO (A, ≤) com ≤ induzida por <.
Defini¸ c˜ oes. Sejam (X, ≤) um CPO; S ⊆ X; a, b, m, M ∈ X . Dizemos que:
− a e b s˜ao compar´ aveis se, e somente se, a ≤ b ∨ b ≤ a ;
− a e b s˜ao incompar´ aveis se, e somente se, a e b n˜ao s˜ao compar´aveis;
− ≤ ´e uma rela¸ c˜ ao de ordem total (ou rela¸ c˜ ao de ordem linear ), ambas ≤ e < s˜ao ordena¸ c˜ oes totais de A, e (A, ≤) ´e um conjunto totalmente ordenado se, e somente se, ≤ ´e total (ou seja, todos os elementos de X s˜ao compar´aveis uns aos outros) – cf. Item 1.d;
− m ´e um elemento minimal de ( X, ≤) (ou de X ) se, e somente se,
∀x ∈ X, (x ≤ m = ⇒ x = m) (ou seja, nenhum elemento de X ´e menor que m, mas podem existir elementos que n˜ao se comparam a m ); analogamente,
− M ´e um elemento maximal de ( X, ≤) (ou de X ) se, e somente se,
∀x ∈ X, (M ≤ x = ⇒ x = M );
− m ´e um m´ ınimo de (X, ≤) (ou de X) se, e somente se, ∀x ∈ X, m ≤ x (em particular, todo elemento de X se compara a m); analogamente,
− M ´e um m´ aximo de (X, ≤) (ou X) se, e somente se, ∀x ∈ X, x ≤ M ;
− A ordem induzida em S por ≤ ´e a restri¸c˜ao de ≤ a S, ou seja,
≤ |
S×S= {(s, s
′) ∈ s × S|s ≤ s
′} = (S × S)∩ ≤ ;
− S ´e uma cadeia de ( X, ≤) (ou de X ) se, e somente se, a ordem induzida por ≤ em S ´e total. Em outras palavras, uma cadeia ´e um subconjunto de X totalmente ordenado por ≤ ;
− S ´e uma anticadeia de ( X, ≤) (ou de X ) se, e somente se, quaisquer dois elementos de S distintos s˜ao incompar´aveis na ordem induzida por
≤ em S.
Se a < b, definimos os intervalos com extremidades a e b:
[a, b]
<:= {x ∈ X|a ≤ x ≤ b} (fechado); (a, b)
<:= {x ∈ X|a < x < b}
(aberto); [a, b)
<:= {x ∈ X|a ≤ x < b} e (a, b]
<:= {x ∈ X|a < x ≤ b}
(semiabertos). Tamb´em consideramos o intervalo degenerado [a, a]
<:= {a}.
Obs. N˜ao pressupusemos a totalidade da ordem na defini¸c˜ao dos intervalos.
A rela¸ c˜ ao de cobertura ≺ de ≤ (ou <) ´e dada por: ∀x, y ∈ X, x ≺ y (“x
´e coberto por y”; “y cobre x”) se, e somente se, x < y e ∄z ∈ X : x < z < y (ou seja, nenhum elemento de X est´a entre x e y , isto ´e, ( x, y )
<= ∅).
Quest˜ ao 2. Sejam A um conjunto, e ≤ uma rela¸c˜ao de ordem parcial em A . Demonstrar que:
2.a. Se A possui m´ınimo, ent˜ao ele ´e ´ unico.
Obs. Em caso afirmativo, o m´ınimo ´e denotado por min (A) ou min (A, ≤).
Um resultado an´alogo vale para m´aximo, denotado max (A) ou max (A, ≤);
2.b. Se existir min ( A, ≤), ent˜ao existe max ( A, ≤
∗) e min ( A, ≤) = max ( A, ≤
∗).
Analogamente, se existir max (A, ≤), ent˜ao existe min (A, ≤
∗) e max (A, ≤) = min (A, ≤
∗);
2.c. Se ≤ ´e total, ent˜ao, para cada a ∈ A, existe, no m´aximo, um elemento de A que cobre a.
Quest˜ ao 3. Consideremos os conjuntos C
1={ b a }; C
2={ b a, b }; C
3={ b a, b, c };
e C
4={ b a, b, c, d }, onde a , b , c e d s˜ao elementos dois a dois distintos.
3.a. Escrever, explicitamente, todas as ordens estritas em C
1e todas em C
2.
Fazer o mesmo em C
3e em C
4a menos de permuta¸c˜ao dos elementos. Para
a descri¸c˜ao, podem ser usadas v´arias apresenta¸c˜oes. Por exemplo, em C
4:
− Como rela¸c˜ao em C
4: < = {(a, b); (a, d); (b, d)};
− Na nota¸c˜ao usual para ordem, < diz que: a < b, a < d e b < d;
− Pelas cadeias maximais
1: a < b < d e c;
− Por sua rela¸c˜ao de cobertura: ≺ = {(a, b); (b, d)}, isto ´e, a ≺ b ≺ d;
− Por um grafo ac´ıclico dirigido representando a rela¸c˜ao de cobertura:
a o o b o o d c
Eis outro exemplo:
− Como rela¸c˜ao em C
4: < = {(a, b); (a, c); (a, d); (b, d); (c, d)};
− Na nota¸c˜ao usual para ordem, < diz que: a < b, a < c, a < d, b < d e c < d;
− Pelas cadeias maximais: a < b < d e a < c < d;
− Por sua rela¸c˜ao de cobertura: ≺ = {(a, b); (a, c); (b, d); (c, d)}, isto
´e, a ≺ b ≺ d e a ≺ c ≺ d;
− Por um grafo ac´ıclico dirigido representando a rela¸c˜ao de cobertura:
b
w w
♣♣ ♣♣ ♣
a d
g g
◆◆ ◆◆ ◆
w w
♥♥ ♥♥ ♥
c
g g
PP PP P
3.b. Para cada uma das rela¸c˜oes de ordem estrita obtidas no Item 3.a, fornecer:
todos os seus elementos minimais, elementos maximais, m´ınimos e m´aximos;
e todas as cadeias maximais e anticadeias maximais;
3.c. Repetir o Item 3.b para P ( C
4), P ( C
4)\{∅} e P ( C
4)\{∅, C
4} ordenados parcialmente por inclus˜ao (cf. Item 4.b);
3.d. Para cada um dos dois exemplos em C
4descritos no Item 3.a, dar os quatro intervalos de extremidades a e d.
Quest˜ ao 4. Seja A um conjunto. Demonstrar que:
4.a. Id
A´e uma rela¸c˜ao de ordem parcial em A (ordem discreta em A) igual a sua pr´opria ordem dual. Ela ´e total ou n˜ao ? Quais s˜ao os seus elementos e subconjuntos not´aveis (no sentido do Item 3.b) ?
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