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Privatização mercantil da educação superior em contexto de regulação transnacional – o caso FAMA/KROTON do Amapá, Brasil

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO DOUTORADO EM EDUCAÇÃO. HERYKA CRUZ NOGUEIRA. PRIVATIZAÇÃO MERCANTIL DA EDUCAÇÃO SUPERIOR EM CONTEXTO DE REGULAÇÃO TRANSNACIONAL – O CASO FAMA/KROTON DO AMAPÁ, BRASIL. São Paulo 2020.

(2) HERYKA CRUZ NOGUEIRA. PRIVATIZAÇÃO MERCANTIL DA EDUCAÇÃO SUPERIOR EM CONTEXTO DE REGULAÇÃO TRANSNACIONAL – O CASO FAMA/KROTON DO AMAPÁ, BRASIL. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Nove de Julho, para obtenção do título de Doutora em Educação, na área de concentração: Políticas Educacionais. Orientador: Prof. Dr. José Eduardo de Oliveira Santos. São Paulo 2020.

(3) Nogueira, Heryka Cruz. Privatização mercantil da educação superior em contexto de regulação transnacional – o caso FAMA/KROTON do Amapá, Brasil. / Heryka Cruz Nogueira. 2020. 209 f. Tese (Doutorado) - Universidade Nove de Julho - UNINOVE, São Paulo, 2020. Orientador (a): Prof. Dr. José Eduardo de Oliveira Santos. 1. FAMA/KROTON. 2. Gestão acadêmica. 3. Política de educação superior. 4. Privatização mercantil. 5. Regulação transnacional. I. Santos, José Eduardo de Oliveira. II. Titulo. CDU 37.

(4) PRIVATIZAÇÃO MERCANTIL DA EDUCAÇÃO SUPERIOR EM CONTEXTO DE REGULAÇÃO TRANSNACIONAL – O CASO FAMA/KROTON DO AMAPÁ, BRASIL. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Nove de Julho, para obtenção do título de Doutora em Educação, na área de concentração: Políticas Educacionais, pela banca examinadora formada por. BANCA EXAMINADORA: Orientador - Prof. Dr. José Eduardo de Oliveira Santos (Universidade Nove de Julho – Uninove). Examinador I - Prof. Dr. Evaldo Piolli Universidade Estadual de Campinas – Unicamp Examinador II - Prof. Dr. Manuel Tavares Gomes Universidade Nove de Julho - Uninove Examinador III - Profa. Dra. Valéria Silva de Moraes Novais Universidade do Estado do Amapá – UEAP Examinador IV - Profa. Dra. Rosemary Roggero Universidade Nove de Julho - Uninove Suplente - Prof. Dr. João dos Reis da Silva Jr. Universidade Federal de São Carlos - UFSCar Suplente - Prof. Dr. Celso do Prado Ferraz Carvalho Universidade Nove de Julho - Uninove Doutoranda: Heryka Cruz Nogueira Aprovado em:. /. /2020.

(5) AGRADECIMENTOS. A todos os professores da UNINOVE por todo o aprendizado; Aos meus colegas do Doutorado pelos momentos compartilhados; Aos professores da banca de qualificação Valéria Morais, Evaldo Piolli e Manuel Tavares pelas relevantes considerações e sugestões no trabalho, o meu respeito a cada um; Aos professores que compõe esta banca de defesa, pela disponibilidade e compromisso com a educação superior e a construção do conhecimento. Ao Coordenador do Programa de Pós-Graduação, o professor José Eustáquio Romão; As secretárias do Programa Cristiane e Jennifer pela gentileza de sempre; Ao meu orientador, o professor Eduardo Santos, em especial, pela cordialidade de sempre e pelas ricas contribuições, que me fizeram ler o mundo da educação superior em uma perspectiva global;.

(6) RESUMO. Este trabalho traz como problemática de pesquisa o cenário sociopolítico em que as políticas para a educação superior no Brasil se estabelecem atualmente, particularmente quanto às implicações dos processos de regulação transnacional e privatização mercantil na reconfiguração do sistema nacional que organiza o setor, nesse passo descortinando as tendências de seu desenvolvimento e impactos no país. Toma para estudo empírico o caso da Faculdade de Macapá (FAMA), estado do Amapá, com foco na reconfiguração políticoinstitucional e pedagógica que vivenciou após sua aquisição pelo conglomerado educacional privado brasileiro Kroton Educacional. A questão norteadora da pesquisa foi: Quais as mudanças produzidas na política institucional e na gestão acadêmica da Faculdade de Macapá após ser adquirida pela Kroton? Dessa questão principal derivaram outros questionamentos que requereram aprofundamento na forma de questões secundárias: Quais os fundamentos macropolíticos que têm orientado a regulação transnacional na construção das políticas nacionais para a educação superior nas últimas três décadas? Quais os mecanismos jurídicolegais e de mercado utilizados pelas empresas educacionais para firmar sua participação privado-mercantil no Brasil? Isso posto, o objetivo geral da pesquisa foi compreender os processos de mudança aplicados à FAMA/Kroton em sua constituição privado-mercantil, em dupla chave: política institucional e gestão acadêmica. Para que o objetivo geral deste trabalho fosse atingido, buscou-se aproximação a objetivos mais específicos, a saber: Analisar os fundamentos políticos dos processos de regulação transnacional que orientaram o campo das políticas de educação superior brasileira nas últimas décadas; analisar discursos políticos e práticas jurídico-legais que atuaram na direção da privatização de natureza mercantil no setor. Trata-se de pesquisa de abordagem qualitativa, ao mesmo tempo de natureza bibliográfica, documental e empírica. Além da revisão de literatura sobre a política recente para a educação superior brasileira, da revisão dos documentos públicos das instituições envolvidas e da legislação para o setor, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com gestores e professores que vivenciaram o processo de mudanças na FAMA após sua incorporação pela Kroton. Na análise dos dados coletados foi utilizada a técnica de Análise Categorial e as referências teóricas do estudo estão no campo da Sociologia Política da Educação, com destaque para as categorias analíticas Regulação Transnacional, Privatização Mercantil e Gestão Acadêmica. A tese defendida neste trabalho é de que o processo de reconfiguração privado-mercantil do sistema de educação superior brasileiro tende a instituir um padrão de política institucional de tipo empresarial, pragmática e funcional ao sistema de acumulação. As principais conclusões do estudo levam à afirmação dessa tese, dado que as pesquisas acadêmicas e os dados das entrevistas indicam que tanto a política institucional quanto os processos de gestão acadêmica visam adequar a instituição adquirida a objetivos de natureza mercadológica..

(7) Palavras-chave: Regulação Transnacional. Privatização Mercantil. FAMA/KROTON. Política de Educação Superior. Gestão Acadêmica..

(8) ABSTRACT. This work brings as a research problem the socio-political scenario in which the policies for higher education in Brazil are currently established, particularly regarding the implications of the processes of transnational regulation and market privatization in the reconfiguration of the national system that organizes the sector, in this step unveiling the development trends and impacts on the country. Take the case of Faculdade de Macapá (FAMA), state of Amapá, for empirical study, focusing on the political-institutional and pedagogical reconfiguration that it experienced after its acquisition by the Brazilian private educational conglomerate Kroton Educacional. The guiding question of the research was: What are the changes produced in the institutional policy and in the academic management of the Faculty of Macapá after being acquired by Kroton? From this main question, other questions arose that required further study in the form of secondary questions: What are the macro-political foundations that have guided transnational regulation in the construction of national policies for higher education in the last three decades? What are the legal and market mechanisms used by educational companies to establish their private-market participation in Brazil? That said, the general objective of the research was to understand the change processes applied to FAMA / Kroton in its privatemercantile constitution, in two keys: institutional policy and academic management. In order for the general objective of this work to be achieved, an attempt was made to approach more specific objectives, namely: To analyze the political foundations of the transnational regulation processes that have guided the field of Brazilian higher education policies in recent decades; analyze political speeches and legal practices that have acted in the direction of privatization of a commercial nature in the sector. It is a qualitative research, at the same time bibliographic, documentary and empirical. In addition to the literature review on the recent policy for Brazilian higher education, the review of public documents of the institutions involved and the legislation for the sector, semi-structured interviews were conducted with managers and teachers who experienced the process of changes in FAMA after its incorporation by Kroton. In the analysis of the collected data the Categorical Analysis technique was used and the theoretical references of the study are in the field of Political Sociology of Education, with emphasis on the analytical categories Transnational Regulation, Mercantile Privatization and Academic Management. The thesis defended in this work is that the process of private-mercantile reconfiguration of the Brazilian higher education system tends to institute a corporate, pragmatic and functional institutional policy pattern to the accumulation system. The main conclusions of the study lead.

(9) to the affirmation of this thesis, given that academic research and interview data indicate that both institutional policy and academic management processes aim to adapt the acquired institution to objectives of a marketing nature.. Keywords: Transnational Regulation. Mercantile Privatization. FAMA / KROTON. Higher Education Policy. Academic Management..

(10) RESUMEN. Este trabajo plantea como problema de investigación el escenario sociopolítico en el que se establecen actualmente las políticas de educación superior en Brasil, particularmente en lo que respecta a las implicaciones de los procesos de regulación transnacional y privatización del mercado en la reconfiguración del sistema nacional que organiza el sector, en este paso desvelando el tendencias de desarrollo e impactos en el país. Tome el caso de la Faculdade de Macapá (FAMA), estado de Amapá, para un estudio empírico, centrándose en la reconfiguración político-institucional y pedagógica que experimentó después de su adquisición por el conglomerado educativo privado brasileño Kroton Educacional. La pregunta guía de la investigación fue: ¿Cuáles son los cambios producidos en la política institucional y en la gestión académica de la Facultad de Macapá después de ser adquirida por Kroton? A partir de esta pregunta principal, surgieron otras preguntas que requirieron un estudio adicional en forma de preguntas secundarias: ¿Cuáles son los fundamentos macropolíticos que han guiado la regulación transnacional en la construcción de políticas nacionales para la educación superior en las últimas tres décadas? ¿Cuáles son los mecanismos legales y de mercado utilizados por las empresas educativas para establecer su participación privado-comercial en Brasil? Dicho esto, el objetivo general de la investigación era comprender los procesos de cambio aplicados a FAMA / Kroton en su constitución privado-mercantil, en dos claves: política institucional y gestión académica. Para lograr el objetivo general de este trabajo, se intentó abordar objetivos más específicos, a saber: analizar los fundamentos políticos de los procesos de regulación transnacionales que han guiado el campo de las políticas de educación superior brasileñas en las últimas décadas; Analizar los discursos políticos y las prácticas jurídicas que han actuado en la dirección de la privatización de carácter comercial en el sector. Esta es una investigación cualitativa, a la vez bibliográfica, documental y empírica. Además de la revisión de la literatura sobre la política reciente para la educación superior brasileña, la revisión de documentos públicos de las instituciones involucradas y la legislación para el sector, se realizaron entrevistas semiestructuradas con gerentes y maestros que experimentaron el proceso de cambios en FAMA después de su incorporación por Kroton En el análisis de los datos recopilados, se utilizó la técnica de Análisis categórico y las referencias teóricas del estudio se encuentran en el campo de la Sociología política de la educación, con énfasis en las categorías analíticas Regulación transnacional, privatización mercantil y gestión académica. La tesis defendida en este trabajo es que el proceso de reconfiguración privado-mercantil del sistema de educación superior brasileño.

(11) tiende a instituir un patrón de política institucional de tipo empresarial, pragmático y funcional al sistema de acumulación. Las principales conclusiones del estudio conducen a la afirmación de esta tesis, dado que la investigación académica y los datos de la entrevista indican que tanto la política institucional como los procesos de gestión académica tienen como objetivo adaptar la institución adquirida a los objetivos de carácter comercial.. Palabras clave: Regulación transnacional. Privatización mercantil. FAMA / KROTON. Política de educación superior. Gestión Académica..

(12) LISTA DE ILUSTRAÇÕES. Figura 1 – Organograma da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior... 72 Figura 2: Cartaz do Curso pré-vestibular “Pitágoras”, em 1967 ............................................ 77 Figura 3: Kroton adquire o grupo Iuni Educacional Ltda ...................................................... 80 Figura 4 – Imagem da fachada do prédio da Faculdade de Macapá ...................................... 87 Figura 5: Imagem da nova fachada da FAMA/KROTON .................................................... 89 Figura 6: Portaria de transferência de mantença no MEC ..................................................... 92 Figura 7: Formulário de Avaliação de Conceito Institucional ............................................... 95. Gráfico 1 – Evolução no número de IES (2002-2017) .......................................................... 58 Gráfico 2 - Número de matrículas em IES públicas e privadas (1997-2013) ........................ 66 Gráfico 3: Número de Instituições de Ensino Superior no Brasil (2002-2017) .................... 68 Gráfico 4 - Número de IES por Organização Acadêmica e Categoria Administrativa (2009 2017) ....................................................................................................................................... 68 Gráfico 5: Número de mantidas por Estado, em novembro 2018 .......................................... 81 Gráfico 6: Quantidade de Mantidas por Mantenedora vinculadas à Kroton Educacional S.A., novembro 2018 ............................................................................................................................................. 82 Gráfico 7: Quantidade de Mantidas por Mantenedora vinculadas à Kroton Educacional S.A, junho, 2019 ..................................................................................................................................................... 83 Gráfico 8: Evolução no número de cursos de graduação ................................................................. 96 Gráfico 9 – Cursos de Graduação presenciais oferecidos pela FAMA/KROTON, 2019 ...... 98 Gráfico 10: Produção Escrita na Capes (Teses e Dissertações) ..................................................... 106 Gráfico 11- Produção Escrita na Capes sobre Expansão do Ensino Superior (Teses e Dissertações ................................................................................................................................................. 106 Gráfico 12 – Produção Escrita sobre Expansão da Educação Superior (Teses e Dissertações) .................................................................................................................................................106.

(13) LISTA DE QUADROS. Quadro 1 - Organização administrativa das Instituições de Ensino Superior no Brasil........... 63 Quadro 2 – Características das Instituições de Ensino Superior públicas e privadas no Brasil.64 Quadro 3 - Demonstrativo das áreas de avaliação do Enade (2016-2018) ............................. 75 Quadro 4 – Identificação dos cursos de graduação presencial (FAMA/KROTON) ..............96 Quadro 5 – Modalidades de Ensino (FAMA/KROTON) ...................................................... 99 Quadro 6 – Cursos de Pós-Graduação Lato-Sensu – Presencial (FAMA/KROTON) ......... 101 Quadro 7 – Cursos Presenciais de Mestrado e Doutorado (FAMA/KROTON) .................. 102 Quadro 8 - Perfil dos entrevistados ...................................................................................... 111 Quadro 9 – Cursos ofertados pela Universidade Corporativa Kroton (UK) ........................ 119 Quadro 10: Valores das semestralidades dos cursos e oferta de vagas pela Faculdade de Macapá, para o segundo semestre de 2019...................................................................................... 135.

(14) SIGLAS. ABMES - Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior Anped – Associação Nacional de Pós-graduação em Educação Bird - Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento BM - Banco Mundial BM&FBovespa - Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo S.A. BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Cade - Conselho Administrativo de Defesa Econômica Capes - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CEAP - Centro de Ensino Superior do Amapá Cefet - Centro Federal de Educação Tecnológica CF - Constituição Federal CPA – Comissão Própria de Avaliação Cofins - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Conae - Conferência Nacional de Educação CSLL - Contribuição Social sobre Lucro Líquido CPC – Conceito Preliminar do Curso CVM - Comissão de Valores Mobiliários DOU - Diário Oficial da União EAD - Educação a Distância EDE – Editora e Distribuidora Educacional S/A Enade - Exame Nacional de Desempenho de Estudantes Enem - Exame Nacional do Ensino Médio FAMA – Faculdade de Macapá. FABRAN - Faculdade Brasil Norte FESAM - Faculdade de Ensino Superior da Amazônia FHC – Fernando Henrique Cardoso FTA - Faculdade de Tecnologia Apoena FATECH - Faculdade de Teologia e Ciências Humanas FGEDUC - Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo Fies - Fundo de Financiamento Estudantil FMI - Fundo Monetário Internacional.

(15) FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IES - Instituições de Ensino Superior IF - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia IFAP – Instituto Federal do Amapá IFC - Internacional Finance Corporation IGC - Índice Geral de Cursos Iesap - Instituto de Ensino Superior do Amapá Immes - Instituto do Macapaense de Ensino Superior Inep - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira IPO - Initial Public Offering IRPF -Imposto de Renda Pessoa Física JUCAP - Junta Comercial do Estado do Amapá LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC - Ministério da Educação OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OMC - Organização Mundial do Comércio PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional PNE - Plano Nacional de Educação PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PPC – Projeto Pedagógico do Curso Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego Prouni - Programa Universidade para Todos Reuni - Reestruturação e Expansão das Universidades Federais. SEB - Secretaria de Educação Básica. S/A [S.A.] - Sociedade Anônima Sesu - Secretaria de Educação Superior [do MEC] Sinaes - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior UAB - Universidade Aberta do Brasil. UEAP - Universidade do Estado do Amapá UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro UNB - Universidade de Brasília Unifap - Universidade Federal do Amapá Uninove - Universidade Nove de Julho Unip - Universidade Paulista.

(16) Unopar – Universidade do Paraná USP – Universidade de São Paulo UDF – Universidade do Distrito Federal.

(17) SUMÁRIO. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 18 CAPÍTULO 1 - REGULAÇÃO TRANSNACIONAL NA EDUCAÇÃO SUPERIOR E A PRIVATIZAÇÃO MERCANTIL COMO ESTRATÉGIA .............................................. 24 1.1 POLÍTICA DE REGULAÇÃO TRANSNACIONAL E RECOMENDAÇÕES DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS .......................................................................................... 24 1.2. REGULAÇÃO E A PRIVATIZAÇÃO MERCANTIL: AVANÇO DOS MERCADOS TRANSNACIONAIS .............................................................................................................. 32 1.3 A GESTÃO ACADÊMICA NO CONTEXTO DA REGULAÇÃO TRANSNACIONAL E DA PRIVATIZAÇÃO MERCANTIL .................................................................................... 39. CAPÍTULO 2 - RECONFIGURAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL ... 43 2.1 EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL E AS INFLUÊNCIAS DOS MODELOS INTERNACIONAIS ............................................................................................................... 43 2.2 O MODELO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR ESTADUNIDENSE E PRIVATIZAÇÃO MERCANTIL DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA .................................................................. 50 2.3 MUDANÇAS DE IDENTIDADE DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR E DESREGULAMENTAÇÃO ................................................................................................. 62 2.4 A EXPANSÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PRIVADOMERCANTIS ........................................................................................................................ 66 2.5 POLÍTICA DE AVALIAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR ................................................................................................................................................ 67 CAPÍTULO 3 – PRIVATIZAÇÃO MERCANTIL E GESTÃO ACADÊMICA: DA PAIXÃO POR EDUCAR A PAIXÃO POR LUCRAR ..................................................... 77 3.1 A GIGANTE KROTON EDUCACIONAL S.A ............................................................... 77 3.2 A FACULDADE DE MACAPÁ (FAMA) ANTES DA AQUISIÇÃO PELO GRUPO KROTON EDUCACIONAL .................................................................................................. 85 3.3 A FACULDADE DE MACAPÁ E SUA INCORPORAÇÃO PELO GRUPO KROTON EDUCACIONAL: NOVO CENÁRIO INSTITUCIONAL DA FAMA/KROTON ............... 89 3.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................... 104.

(18) 3.5 POLÍTICA INSTITUCIONAL E GESTÃO ACADÊMICA NA PERCEPÇÃO DE PROFESSORES E GESTORES ........................................................................................... 115 3.5.1 Política institucional da FAMA/Kroton ................................................................... 115 3.5.2 Gestão acadêmica da FAMA/Kroton ....................................................................... 121 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 140 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 144 APÊNDICES .................................................................................................................... 152 ANEXOS .......................................................................................................................... 163.

(19) 18. INTRODUÇÃO. Ao analisar as políticas para a educação superior brasileira das últimas décadas no Brasil, tendo como marco a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Superior (LDB 9.394), de 1996, buscamos compreender em profundidade e alcance os reflexos das ‘recomendações’ de agências multilaterais como Banco Mundial (BM), Organização Mundial do Comércio (OMC) e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). É fato que elas têm orientado o campo das políticas para o setor nos países periféricos, em especial os da América Latina, ao proporem reformulações importantes no papel e na presença dos Estados nacionais, desse modo constituindo um sistema regulatório de natureza transnacional que visa configurar mercados privatizados de educação superior1, quando não, de ensino superior2. Em larga medida, essas orientações para a educação superior apontam para a expansão do sistema de ensino superior na esteira de processos de privatização, de desresponsabilização do Estado, de diversificação institucional e de flexibilização curricular. Tais agências internacionais justificam essas reformas como importantes para que os países emergentes se aproximem das transformações atuais no mundo da produção econômica e possam, assim, atender às necessidades de preparação de quadros profissionais para os mercados que, acompanhada de uma política industrial e tecnológica, garanta a concorrência interna e crie condições para o enfrentamento da competição internacional. O capitalismo, no campo da educação superior, tem demonstrado seu potencial de articulação como uma rede política transnacional organizada que tende a favorecer os interesses dos investimentos de mercado por meio de uma expansão transfronteiriça que adota a privatização mercantil como estratégia. De acordo com Roger Dale (1999), existe um projeto internacional estruturado para a globalização das políticas educativas que demanda a reorganização das políticas e sistemas nacionais de educação, em particular, da educação superior, liberando o setor aos mercados mundiais para um regime da concorrência em chave global e na perspectiva ideológica do neoliberalismo. Dessa forma, é possível atrair Neste trabalho, o termo ‘educação superior’ é utilizado quando diz respeito às políticas e cenários institucionais, ou seja, quando se faz referência ao campo da política de educação superior. 2 O termo ‘ensino superior’ é utilizado quando se quer demarcar a dimensão estrita das atividades e/ou instituições que focam ou se dedicam essencialmente ao ensino: níveis de ensino, modalidades de ensino, cursos e vagas de graduação, instituições não universitárias, isto é, quando não se incorporam organicamente as dimensões da pesquisa e da extensão. 1.

(20) 19. investimentos internacionais das grandes corporações transnacionais para os seus territórios. No Brasil, um projeto político neoliberal para a educação vem se desenvolvendo desde os anos de 1990. Para que esse projeto se concretize, requer decisões imprescindíveis dos governos na criação de uma regulamentação jurídico-legal necessária à privatização (VITAGLIANO, 2018), abrindo-se espaços de mercado para os investimentos de capital, nacional ou estrangeiro, com impactos perversos nos sistemas e instituições de ensino superior daqueles países da periferia que vêm de uma história de colonialismo e capitalismo dependente (SANTOS, 2018). A expansão do ensino superior ganha dinâmica renovada com a Reforma Universitária de 1968, comandada pelos governos militares e fortemente baseada na ampliação da oferta, especialmente do setor privado não lucrativo; a partir dos anos 1990 verifica-se um crescimento mais acelerado, agora numa direção que alia privatização e mercantilização, além de financeirização e, em muitos casos, desnacionalização. O processo que definimos como de privatização mercantil foi precedido de mudanças legais e administrativas tipificadas como neoliberais, a exemplo da Reforma do Estado brasileiro, da direção política da LDB e de uma sequência de normatizações federais que flexibilizaram as regras de abertura e fechamento de cursos e instituições, resultando no crescimento do ensino superior privado baseado na constituição de mercados livres e financeirizados de educação superior no país. Diante da problematização aqui apresentada em relação ao cenário contemporâneo de regulação transnacional da educação superior e sua incidência no Brasil na forma de privatização mercantil, a questão central que esta pesquisa buscou responder, se põe da seguinte maneira: Quais os impactos na política institucional e na gestão acadêmica da Faculdade de Macapá após ser adquirida pela Kroton? Essa questão derivou de outros questionamentos quanto a essa temática que requereram aprofundamento, assim, foram formuladas as seguintes questões secundárias: Quais os fundamentos macropolíticos que têm orientado a regulação transnacional na construção das políticas nacionais para a educação superior nas últimas três décadas? Quais os mecanismos de mercado utilizados pelas empresas educacionais para firmar sua participação privado-mercantil no Brasil? Para responder a tais questões, o objetivo geral da pesquisa foi compreender os processos de mudança aplicados à FAMA/Kroton em sua constituição privado-mercantil, em dupla chave: política institucional e gestão acadêmica. Para que o objetivo geral deste trabalho fosse atingido, buscou-se aproximação a objetivos mais específicos, a saber: Analisar os fundamentos políticos dos processos de regulação transnacional que orientaram.

(21) 20. o campo das políticas de educação superior brasileira nas últimas décadas; analisar discursos políticos e práticas jurídico-legais que atuaram na direção da privatização de natureza mercantil no setor. Esta pesquisa toma em consideração os contextos social, político e econômico em que a política da educação superior está sendo constituída, buscando estabelecer as conexões com a regulação transnacional que articula e se reflete na estratégia de expansão da oferta por meio da privatização mercantil do setor. Tendo em vista os contextos que envolvem o objeto e o universo desta pesquisa, concordamos com Marx (1969, p.16) ao afirmar que “a investigação tem de apoderar-se da matéria, em seus pormenores, de analisar suas diferentes formas de desenvolvimento e de perquirir a conexão íntima que há entre elas.” Assim, esta investigação adota abordagem qualitativa e se utiliza de recursos metodológicos de natureza bibliográfica, documental e empírica. A dimensão bibliográfica consistiu da revisão da literatura realizada no Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES), no uso das seguintes palavras-chave: ‘Privatização do Ensino Superior’; ‘Privatização da Educação Superior’; ‘Expansão da Educação Superior’; ‘Expansão do Ensino Superior’, ‘Regulação Transnacional’ e ‘Privatização Mercantil’; como filtro temático, foi utilizada a área de ciências humanas e como filtro temporal, o intervalo entre os anos de 1988 a 2018. A revisão. da literatura. permitiu. constituir. referências teóricas. para. a. contextualização e dimensionamento do problema de pesquisa e para a análise dos dados coletados, pontuando autores já reconhecidos nos estudos das políticas nacionais de educação superior, em especial da estratégia de privatização mercantil em regime de regulação transnacional, entre os quais se destacam pesquisadores vinculados ao GT11 - Política da Educação Superior da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (Anped), a saber: Valdemar Sguissardi, Mário Luiz Neves de Azevedo, João dos Reis da Silva Júnior e Eduardo Santos, acrescido do pesquisador português António Teodoro. O campo teórico para as análises críticas aqui desenvolvidas é o da Sociologia Política da Educação, que considera e analisa as políticas educacionais como campo de debate político mediado pelas relações Estado/Sociedade. Desse referencial teórico ressaltam as categorias fundamentais aqui utilizadas analiticamente: regulação transnacional, privatização mercantil, política de educação superior, FAMA/KROTON. A pesquisa documental tem início com a Constituição Federal do Brasil de 1988, o Plano de Reforma do Estado Brasileiro (1995) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96), seguindo com os documentos de órgãos oficiais brasileiros.

(22) 21. diversos que, em sua maioria, são propostas de legislação infraconstitucional e iniciativas de regulamentação. governamental. oriunda. dos. organismos. federais. que. têm. a. responsabilidade de promover a regulação 3 e propor a regulamentação 4 do setor. Foram ainda levantados e analisados documentos públicos nas páginas das instituições Kroton Educacional e Faculdade de Macapá, atas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que documentam os movimentos do mercado da educação superior trilhados pelo grupo Kroton e os registros de alteração contrato da mantenedora União de Faculdades do Amapá na Junta Comercial do Amapá (JUCAP). Nos órgãos de controle e avaliação vinculados ao Ministério da Educação foram levantados relatórios do Censo da Educação Superior e do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), ademais de relatórios da avaliação institucional da Faculdade de Macapá. Foi realizado, ainda, levantamento de documentos que orientam e norteiam a política nacional e transnacional para a educação superior: da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e do Banco Mundial (BM), que auxiliam na compreensão dos nexos teórico-políticos que relacionam a política nacional e a regulação transnacional. A base empírica de campo foi composta de entrevistas semiestruturadas com 10 sujeitos (gestores e professores) que tinham como objetivo coletar dados que permitissem compreender os impactos político-institucionais e pedagógicos na gestão acadêmica da Faculdade de Macapá quando esta passou da condição de instituição privada sem fins lucrativos para privada com fins lucrativos, ao ser adquirida pelo Grupo Kroton Educacional. O lócus da pesquisa é a Faculdade de Macapá (FAMA), que era mantida pela União de Faculdades do Amapá, uma instituição jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que mais tarde foi incorporada pelo grupo IUNI Educacional Ltda5. e, em 2010, é adquirida pelo Grupo Kroton Educacional S.A, a maior corporação educacional privada com fins lucrativos do país. 3. Neste trabalho, a regulação no campo das políticas de educação superior é entendida como o processo pelo qual são construídos e difundidos princípios, valores e recomendações de políticas passíveis de aplicação a sistemas que organizam o setor, com destaque para os que derivam dos organismos internacionais. Um de seus produtos são programas de pesquisa e divulgação de elementos de comparação de sistemas e políticas internacionais orientadas por esses princípios, a exemplo do Program for International Student Assessment (Pisa). De acordo com Teodoro (2012, p.10), “Nesse processo de comparação, que controla a escolha dos indicadores, domina a agenda mundial da educação, tornando o que se compara a prioridade das políticas nacionais e locais.” 4 Regulamentação é entendida, neste estudo, como a materialização jurídico-legal dos princípios e valores da regulação, responsabilidade dos governos nacionais e seus poderes legislativos. 5 Fazem parte do grupo IUNI: Universidade de Cuiabá (UNIC), Universidade de Rondônia (UNIRONDON), União Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME); Sociedade Mantenedora de Ensino e Cultura de Primavera do Leste Ltda.; Sociedade Mantenedora de Ensino Superior de Primavera do Leste Ltda.; União de Faculdades do Amapá Ltda.; União de Escolas de Ensino Superior Brasileiras Ltda (UNIBRAS)..

(23) 22. A tese defendida neste trabalho é de que o sistema de educação superior brasileiro apresenta uma tendência de reconfiguração fortemente orientada por um processo de privatização de natureza mercantil, agravada pelo processo de financeirização, o que leva a entender que o padrão de política institucional de tipo empresarial das IES privado-mercantis sobreponha objetivos de uma formação por uma gestão acadêmica pragmática. Este trabalho segue estruturado em três capítulos que se interligam e visam discorrer sobre os diferentes aspectos e elementos da temática investigada, desde a contextualização política até o aprofundamento analítico dos dados das entrevistas realizadas. Para tanto, apresentamos sucintamente uma síntese desses capítulos. O primeiro, denominado “Regulação Transnacional na Educação Superior e Privatização Mercantil como Estratégia”, apresenta o potencial de articulação de um projeto de poder neoliberal que funciona como uma rede política transnacional que, a partir das orientações das agências multilaterais, propõe reformas políticas do setor aos Estados nacionais, sob a égide da privatização mercantil, que implicam promover a regulação transnacional do setor por meio da desregulamentação jurídico-legal e sua consequente liberação ao livre fluxo de capitais e à exploração de mercados desnacionalizados e financeirizados, como mecanismo de favorecimento da competição internacional. Dessa forma, é possível atrair investimentos internacionais das grandes corporações transnacionais para a educação superior brasileira. O segundo capítulo, titulado “Reconfiguração da Educação Superior no Brasil”, mapeia as principais mudanças na política e no sistema de educação superior do país a partir da década de 1990, deslindando os caminhos tomados após a reforma do Estado que favoreceram a reconfiguração do setor e a correspondente consolidação dos oligopólios educacionais. Trata-se, em poucas palavras, de mapear os efeitos dos processos de regulação transnacional por meio das estratégias de privatização mercantil no Brasil. O terceiro capítulo, denominado “Privatização Mercantil e Gestão Acadêmica: a Paixão por Lucrar”, analisa a reconfiguração político-institucional e político-pedagógica que impactou a Faculdade de Macapá (FAMA) em sua passagem da condição de instituição privada sem fins lucrativos à de privada com fins lucrativos, quando adquirida pelo Grupo Kroton Educacional S.A. Esse processo foi evidenciado a partir do estudo sistemático do universo de pesquisa (FAMA, depois FAMA/Kroton) e da análise das falas dos sujeitos entrevistados que estiveram na Faculdade de Macapá e vivenciaram o processo de mudanças para o Sistema Educacional Kroton, da atual Kroton/Fama no Amapá, o que foi feito por meio de análise categorial..

(24) 23. As conclusões do estudo indicam que o processo de reconfiguração privado-mercantil do sistema de educação superior brasileiro leva a instituir um padrão de política institucional de tipo empresarial, pragmática e funcional ao sistema de acumulação. As principais conclusões do estudo levam à afirmação dessa tese, dado que as pesquisas acadêmicas e os dados das entrevistas indicam que tanto a política institucional quanto os processos de gestão acadêmica visam adequar a instituição adquirida a objetivos de natureza mercadológica..

(25) 24. CAPÍTULO 1 - REGULAÇÃO TRANSNACIONAL NA EDUCAÇÃO SUPERIOR E A PRIVATIZAÇÃO MERCANTIL COMO ESTRATÉGIA. Neste capítulo intentamos compreender os fundamentos macropolíticos da regulação transnacional que tem orientado a construção das políticas nacionais para a educação superior nas últimas décadas. O fio condutor dessa discussão que aqui se propõe é a identificação das estratégias utilizadas, em escala global, para a materialização de processos de privatização e mercantilização da educação superior por empresas educacionais ou corporações financeiras que investem no setor educacional, de forma a firmar sua participação privado-mercantil no setor.. 1.1 POLÍTICA DE REGULAÇÃO TRANSNACIONAL E RECOMENDAÇÕES DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS As recomendações contidas nos relatórios das agências multilaterais como Banco Mundial (BM), Organização Mundial do Comércio (OMC) e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) têm orientado os países a reformarem a administração de seus Estados nacionais, para atender às necessidades de preparação de quadros profissionais para o mercado e segundo as requisições originadas no mundo da produção econômica, as quais, acompanhadas de uma política industrial e tecnológica, possam garantir a concorrência interna e criar condições para o enfrentamento da competição internacional. Tematizando o tratamento dado às relações entre globalização e educação, Roger Dale (2004) aponta duas abordagens diferentes. De um lado, identifica-se uma Cultura Educacional Mundial Comum (CEMC), defendida por John Meyer e seus colegas da Universidade de Stanford, na Califórnia, numa abordagem que “conota uma sociedade, ou política, internacional constituída por Estados-nação individuais, autônomos.” (DALE, 2004, p. 423) Para o autor, os teóricos da CEMC entendem que os sistemas educativos nacionais e seus conteúdos e categorias curriculares se explicam a partir de valores universais de educação, Estado e sociedade que se sobrepõem – e até servem de modelo – às diferenças entre Estados-nação. A maior demonstração empírica dessa teoria estaria no campo da educação, com a massiva e rápida expansão dos sistemas de educação nacionais a partir de tipos institucionais que se internacionalizaram. O argumento central dos institucionalistas.

(26) 25. mundiais6 é que. as instituições do estado-nação, e o próprio estado, devem ser vistos como sendo essencialmente moldados a um nível supranacional através de uma ideologia do mundo dominante (ou Ocidente), e não como criações nacionais autónomas e únicas. Sob esta perspectiva, os estados têm a sua actividade e as suas políticas moldadas por normas e cultura universais. (DALE, 2004, p. 426427). Nesse sentido, as políticas nacionais para a educação recebem a sua legitimação de ideologias e valores que constituiriam um quadro cultural comum que se difunde globalmente e busca conquistar validade universal, e não como construção própria de tradições, contextos e realidades de desenvolvimento nacionais que pautam os Estados. De outro lado, Dale (2004, 424) propõe, isto sim, a existência de uma Agenda Globalmente Estruturada para a Educação (AGEE) que compreende “as forças econômicas operando supra e transnacionalmente, para romper, ou ultrapassar, as fronteiras nacionais, ao mesmo tempo em que reconstroem as relações entre as nações.” De acordo com ele, a globalização é considerada frequentemente. como representando um inelutável progresso no sentido da homogeneidade cultural, como um conjunto de forças que estão a tornar os estados-nação obsoletos e que pode resultar em algo parecido com uma política mundial, e como reflectindo o crescimento irresistível da tecnologia da informação. (DALE, 2004, p. 424). Levando em consideração o ponto de vista do autor, entendemos que a sociedade é seduzida a compreender que as reformas em curso na educação brasileira são culturais, e que já ocorreram e estão ocorrendo em todos os países como fruto de uma cultura motivada pela globalização e pelo ideal (ou a simbologia) de uma sociedade moderna, agora convertida em Sociedade do Conhecimento. Mas o que existe, na verdade, é uma agenda neoliberal em curso que busca instaurar um ambiente de competição econômica em nível global e que tem na privatização um mecanismo profícuo e necessário de reorganização dos Estados nacionais para atender a uma nova agenda econômica e política mundiais. Essa AGEE se baseia em 6. Apoiado em Powell e DiMaggio (1993); Finnemore (1996ª) e Hall e Taylor (1996), Dale refere que os ‘institucionalistas mundiais’ são um grupo formado por investigadores cujas pesquisas e publicações, desenvolvidas em escala mundial, ativam alguns dos pressupostos doutrinários daquilo que se tornou conhecido como institucionalismo sociológico..

(27) 26. trabalhos recentes sobre economia política internacional que “(...) encaram a mudança de natureza da economia capitalista mundial como a força directora da globalização e procuram estabelecer os seus efeitos, ainda que intensamente mediados pelo local, sobre os sistemas educativos.” (DALE, 2004, p. 426) A abordagem neoliberal se organiza no movimento de determinar e moldar o conteúdo das políticas educativas que indicam as funções a serem desempenhadas, a origem dos recursos a serem utilizados pelos sistemas educativos e o regime de regulação. Para o autor,. (...) os quadros regulatórios nacionais são agora, em maior ou menor medida, moldados e delimitados por forças supranacionais, assim como por forças político-económicas nacionais. E é por estas vias indirectas, através da influência sobre o estado e sobre o modo de regulação, que a globalização tem os seus mais óbvios e importantes efeitos sobre os sistemas educativos nacionais. (DALE, 2004, p.441). Para a AGEE, a educação, enquanto variável dependente nesse processo, centra-se em questões fundamentais: a quem é ensinado o quê, como, por quem e em que circunstâncias? como, por quem e através de que estruturas, instituições e processos são definidos esses valores e políticas? como são governadas, organizadas e geridas?; quais são as consequências sociais e individuais dessas estruturas e processos?. A AGEE pretende ter identificado uma mudança de paradigma, um nível novo e qualitativamente sem precedentes de globalização que tem mudado o papel do estado tanto nacional como internacionalmente. Esta mudança afectou directamente, mas de uma forma mais significativa, indirectamente, através do impacto da globalização sobre o estado, os sistemas e políticas educativos usando mecanismos que podem ser especificados e seguidos. (DALE, 2004, p. 444-445). Se, por um lado, temos a ação dessas agências internacionais influenciando nossas políticas, em atendimento à reestruturação da economia global de um modelo de produção fordista para o de acumulação ampliada (HARVEY, 2000; 2018), este mais centrado em aplicação tecnológica e inovação nas áreas de serviços, por outro, certamente, isso não é feito sem o assentimento dos poderes nacionais constituídos. Tomando o exemplo dos Estados Unidos da América quanto à relação entre economia e serviços, Sebastião Velasco Cruz (2012, p. 48) observa que.

(28) 27. entre 1981 e 1984, os serviços responderam por 40% de todas as exportações, gerando um saldo acumulado de cerca de 123 bilhões de dólares, em forte contraste com o déficit de cerca de 234 bilhões acumulados na balança de mercadorias [...] À luz desse dado, entende-se a importância estratégica atribuída à abertura dos mercados externos às empresas norte-americanas do setor de serviços.. Isso implica dizer que o capital vai mudando o foco de seus interesses em relação aos diferentes setores da economia, vai se renovando e se reestruturando sempre que se apresenta a possibilidade do colapso, isto é, da cessação de lucros, levando-o a redimensionar os investimentos do comércio à indústria, desta aos serviços e assim por diante. De uma maneira geral, essas recomendações das agências internacionais são amplamente inspiradoras para os Estados nacionais e representam, nos países periféricos,. o desdobramento das mudanças macroeconômicas e macropolíticas que visam a promover a difusão planetária do modus operandi do capital e da nova divisão internacional do trabalho. Tais mudanças apresentam-se devidamente suportadas nos discursos que propõem a inevitabilidade da nova ordem mundial globalizada, haja vista, entre outras, a discussão patrocinada pela Organização Mundial do Comercio (OMC) sobre a abertura do setor de serviços, a educação constituindo um dos mercados mais valiosos a se buscar abertura. (SANTOS, 2007, p. 29). Ao lado de um processo orientado de desnacionalização econômica e de governos a serviço da reprodução do modelo econômico, tem-se a retomada de políticas caridosas e fiscalizadoras em relação aos direitos sociais. Trata-se de um Estado regulador e interventor em âmbito nacional, em face da mundialização do capital chefiada pelos organismos multilaterais, com o consentimento e a participação dos representantes dos países periféricos. Nesse caso, a nova geopolítica mundial é comandada pelos Estados Unidos da América, por intermédio de agências internacionais como Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial (BM), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BIRD) e Organização Mundial do Comércio (OMC) que, como representação do poder hegemônico traçam as diretrizes da política econômica com base no ideário neoliberal e que deveriam ser implementadas pelos países, em especial os da periferia do sistema que apresentam economias dependentes. De acordo com Silva Júnior (2017), durante mais de duas décadas (1980-2000) do século XX. o sistema capitalista mundial foi marcado por uma série de mudanças nas esferas comercial, produtiva, tecnológica e financeira que culminaram na globalização da.

(29) 28. economia, evento que levou à expansão do processo de internacionalização da produção, desregulamentação do sistema financeiro mundial, aumento do fluxo internacional de capitais, maior integração dos sistemas financeiros mundiais e elevação da concorrência nos mercados produtivos e financeiros. Esta mudança exigiu reformas institucionais na República Federativa do Brasil. (SILVA JÚNIOR, 2017, p. 171. Nesse plano, na década de 1990, após o Consenso de Washington7, o Brasil passou por um processo de reformas institucionais seguindo as orientações transmitidas pelas agências internacionais, comandadas pelos centros econômicos e políticos mundiais. Fiori (1995) anunciou que essas reformas institucionais não orientariam somente a economia, mas também as questões sociais, e que estavam, principalmente, sob a avaliação pública internacional da hegemonia norte-americana. Essas orientações seguiam. um plano único de ajustamento das economias periféricas, chancelado pelo FMI e pelo Banco Mundial em mais de 60 países de todo o mundo, configurando uma estratégia de homogeneização das políticas econômicas nacionais, operadas, em alguns casos, como em boa parte da África – começando pela Somália, no início de [19]80 – diretamente pelos próprios técnicos daquelas agências; em outros, como para exemplificar, na Bolívia, na Polônia e mesmo na Rússia até há bem pouco tempo, com a ajuda de economistas universitários norte-americanos; e, finalmente, em países com corpos burocráticos mais estruturados [da Escola de Chigado], pelo que Williamson apelidou de technopols, ou seja, economistas capazes de somar ao perfeito manejo do seu mainstream (evidentemente neoclássico e ortodoxo) à capacidade política de implementar nos seus países a mesma agenda do consensus, como é ou foi o caso, para exemplificar, de Aspe, Salinas e Zedillo, no México; de Cavallo, na Argentina; de Yegor Gaidar na Rússia; de Lee Tenghui, em Taiwan; Manmohan Singh, na Índia; ou mesmo Turgut Ozal, na Turquia; e, a despeito de tudo, Zélia e Kandir, seguidos de Malan, Arida, Bacha e Franco, no Brasil (FIORI, 1995, p. 234). No Brasil, seguindo as orientações das agências internacionais que sugeriram as reformas dos Estados nacionais, um referencial importante marcado pela flexibilização da gestão pública e a abertura da economia ao mercado externo foi o Plano de Reforma do Estado Brasileiro, de 1995. A reforma da gestão pública teve como modelo a perspectiva neoliberal. 7. O Consenso de Washington é uma denominação dada a um encontro realizado na cidade de Washington, em 1989, entre representantes do governo norte-americano, Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento e representantes de vários países do mundo com o objetivo de sistematizar e produzir o consenso sobre as principais diretrizes de política econômica com base na ideia neoliberal e que deveriam ser implementadas pelos países participantes do encontro. Estas diretrizes abrangiam as seguintes áreas: a) disciplina fiscal; b) priorização dos gastos públicos; c) reforma tributária; d) liberalização financeira; e) regime cambial; f) liberalização comercial; g) investimento direto; h) privatização; i) desregulação; j) propriedade intelectual. (BATISTA, 1994).

(30) 29. em economia, baseada no gerencialismo e nos princípios do Consenso de Washington, de 1989. Vistas por esse ângulo, observa-se que reformas nessa direção eram, na verdade, ‘contrarreformas’8voltadas a atender às recomendações das agências internacionais, cujo plano era minimizar os investimentos públicos em políticas e programas sociais, com o interesse de forçar e garantir uma regulamentação burocrático-legal que favorecesse a privatização e/ou terceirização dos serviços e ativos públicos. A lógica diretora desse ímpeto reformista fundava-se nos princípios do livre-mercado e da livre-concorrência, como resposta neoliberal às mudanças dos modelos produtivos que se instituíam desde o fim da segunda guerra nos países centrais do capitalismo. (DARDOT; LAVAL, 2012) Os argumentos do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) na época, para implantar uma reforma na administração do Estado, giraram em dois sentidos: o de facilitar o ajuste fiscal, diminuindo o tamanho do Estado, e de tornar a administração pública mais moderna e eficiente (BRESSER-PEREIRA, 1998). Entretanto, Boito Jr. (1999) rebate e afirma que. a reforma proposta não se trata de uma simples redução do papel do Estado, pois, os governos neoliberais, a despeito do discurso doutrinário que os inspira, irão, então, selecionar os setores e as atividades aos quais aplicarão os princípios doutrinários do neoliberalismo, criarão ainda, novas áreas e novos tipos de intervenção do Estado na economia e, a despeito do discurso apologético da livre concorrência, estimularão a formação de novos monopólios. (BOITO JR. 1999, p. 28). Para o autor, o que existe nessa reforma de 1995, para além de uma redução da intervenção do Estado na economia, também está seguindo na direção de uma reforma que minimiza o seu poder de ação na economia nacional. No documento denominado Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado Brasileiro, de 1995, a educação foi considerada parte da cesta de ‘serviços não-exclusivos’ do Estado, e assim sendo passível de ser propriedade pública não-estatal, ou seja, privada. A atuação do poder público foi minimizada no provimento de políticas educacionais para atuar, basicamente, como ente financiador e regulador, o que implicaria maior controle de custos e maior capacidade de atendimento na forma de serviços, e não mais como um direito social. Passam a se utilizar estratégias de privatização dos setores públicos, sob diversas formas: venda de patrimônio, parcerias público-privadas, contratos de 8. Contrarreforma é um termo utilizado para explicar que não houve uma reforma do Estado brasileiro como um todo, e, sim, uma reforma na administração pública, dado que foi proposto pelo Poder Executivo durante o governo FHC com a intenção de modificar o modelo de gestão da administração pública..

(31) 30. gestão etc., desse modo atendendo aos interesses do mercado. E o efeito dessas reformas no setor educacional veio em cascata, uma atrás da outra, com rapidez e alto poder de articulação política e econômica, efetivamente expandindo e desenvolvendo um mercado educacional no Brasil. No centro dos efeitos dessa reforma está a educação, a superior em particular. Fundamentada na globalização econômica e nas mudanças dos modelos produtivos que impõem demandas de revisão dos modelos de formação e inovação tecnológica. Tal situação tem sido utilizada como justificativa para as mudanças tanto político-institucionais quanto político-pedagógicas, tanto administrativas quanto tecnológicas, ocorridas no campo da educação. As conquistas sociais como os direitos a educação, saúde, transportes públicos, segurança, entre outros, devem ser “comprados e regidos pela férrea lógica das leis do mercado.” (FRIGOTTO, 1995, p. 83) O Estado tem a sua tarefa suficiente de regular e financiar unicamente para atender os interesses da reprodução do capital. Estruturas econômicas herdadas do período colonial e desigualdades sociais na América Latina constituem terreno fértil para a implantação das políticas neoliberais. A educação superior não ficou à margem de tais influências, na medida que a ela também foi claramente atribuída uma perspetiva de expansão e gestão de natureza mercantil. Como aponta Canan (2017, p. 19): En ese sentido, acontecimientos históricos como la Conferencia Mundial de Educación para Todos, ocurrida en 1990, en Jomtien y la acción de organismos internacionales como el Banco Mundial que, especialmente a partir de la Conferencia, ha sido el gran financiador de programas educacionales para los países de América Latina y Caribe, no pueden ser olvidados.. Nos relatórios econômicos da OCDE para o Brasil (2018), as perspectivas de crescimento da educação superior e sua condição de área de maior investimento do setor de serviços são indicadas:. O forte crescimento e o considerável progresso social das últimas duas décadas fez do Brasil umas das principais economias do mundo, apesar da profunda recessão da qual a economia está agora se recuperando. A estabilidade macroeconômica, as tendências demográficas favoráveis e as condições externas permitiram a expansão do consumo público e privado em um contexto de crescimento sólido do emprego e da massa salarial. O mercado de trabalho dinâmico, juntamente com melhor acesso à educação e amplos programas de transferências, permitiu que milhões de brasileiros conseguissem melhores empregos e um melhor padrão de vida. Como 25 milhões de brasileiros saíram da pobreza desde 2003, o crescimento tornou-se muito mais inclusivo. Essas conquistas são notáveis. (OCDE, 2018, p. 6).

(32) 31. Segundo o relatório da OCDE, o Brasil está no caminho certo, pois já adotou diversas medidas recomendadas por eles e demonstra os resultados; e ainda indica novas recomendações aos países na direção de promoverem processos de desregulamentação jurídico-legal e comercial, em diferentes áreas, que possibilitem a entrada de serviços e tecnologias oferecidas no mercado global. O Relatório mencionado, no que tange à educação no Brasil, sugere: “A eliminação da ineficiência nos ensinos fundamental e médio, bem como nas instituições federais de educação superior, pois, dessa forma, estabelece uma economia com o aumento da eficiência dos gastos públicos de cerca de 1,5%.” Também aponta que algumas medidas já foram tomadas desde a orientação dada em 2015: “A regra de gastos foi adotada, a indexação ao PIB dos gastos federais mínimos com saúde e educação foi removida e uma Instituição Fiscal Independente (IFI) foi criado com êxito.” (id.ib., p. 35) Os organizadores desse processo de mercantilização são organizações financeiras constituídas como fundos de investimento. Os fundos, como o próprio nome diz, são formados por investidores, que podem ser pessoas físicas ou jurídicas como bancos e fundos de pensão, que buscam oportunidades de negócio, em qualquer parte do mundo, na forma de investimentos geradores de lucros. Os recursos de um fundo podem ser potencializados a partir da fusão com outros fundos, ampliando a escala dos seus investimentos e, tendencialmente, os lucros que distribuirá a seus acionistas. Orientados por essa equação financeira investimento/lucro e lastreada em pesquisas de prospecção de potenciais mercados cabe aportar recursos para fomentar novos nichos de mercado. Há algum tempo, o mercado de educação superior tem sido o mais procurado e para o qual se dirigiram volumes importantes de movimentação de capital por meio de aquisições e/ou fusões de instituições educacionais, caminho trilhado pelo sistema de financiamento e investimento desenvolvido pela Kroton. Desde sempre, não eram os objetivos propriamente educacionais que deram o tom: o negócio dos fundos não é a educação, mas o lucro, numa estratégia de mercado que se dirige à constituição de monopólios. Amparados por uma regulação transnacional exercida pelas agências multilaterais e por uma regulamentação jurídico-legal nacional construída ao longo dos diversos governos civis pós-ditadura militar (SANTOS; VITAGLIANO, 2019; VITAGLIANO, 2018), em especial nos governos FHC, o avanço dos fundos e a constituição de conglomerados ‘educacionais’ – boa parte deles, de propriedade nacional, diga-se – passaram a dar o tom na edificação de mercados privado-.

(33) 32. mercantis de educação superior, substituindo a paixão por educar pela paixão por lucrar. O Estado brasileiro é protagonista fundamental nesse processo: leis aprovadas pelo Legislativo, decretos presidenciais e regulamentações do MEC foram mecanismos utilizados nas últimas décadas para materializar rapidamente um processo de mercantilização do setor de educação, com destaque para o superior.. 1.2. REGULAÇÃO E A PRIVATIZAÇÃO MERCANTIL: AVANÇO DOS MERCADOS TRANSNACIONAIS. Cabe destacar, que nos mercados transnacionais, em tempos de capitalismo ampliado, a educação tem sido concebida como um bem social e passa a se constituir como um produto do comércio, um setor rentável para o empresariado, à qual têm sido atribuídas as concepções da cultura empresarial. Esses preceitos, são dominados pela Organização Mundial do Comércio (OMC), que defende a máxima desregulamentação do setor. (HADDAD, 2008) As políticas neoliberais têm suas bases amparadas no Banco Mundial (BM) como um marco institucional comum que regula todas as relações comerciais entre os países Membros, buscando estabelecer o aquecimento do comércio que permita a negociação de novos acordos comerciais entre os Membros. A ideia que está por trás dessas relações comerciais é a do “valor em movimento”, ou seja, do capital apropriado e controlado pelos países ricos, em especial os Estados Unidos, Canadá, Europa e Japão. De acordo com Teodoro (2012, p. 21). O novo projeto de desenvolvimento gerado pela globalização hegemônica trouxe, para o primeiro plano, uma estratégia de liberalização dos mercados mundiais, levando o axioma das vantagens competitivas a tornar-se o centro desse projeto e, desse modo, à recuperação da teoria neoclássica do capital humano.. O pacote de reformas da educação proposto pelo Banco Mundial forma um documento dirigido a países da África, Ásia e América Latina, como também as Repúblicas Socialistas da Europa e da Ásia Central. De acordo com Torres (1996), esse pacote proposto pelo BIRD dispõe de uma articulação para melhorar o acesso, a equidade e a qualidade dos sistemas escolares. Essa proposta continha orientações para a educação que se referiam: a reforma educativa; descentralização de instituições autônomas e responsáveis por seus resultados; descentralização das atividades estatais com a centralização do gerenciamento e.

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