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ORGANIZAÇÕES ACADÊMICAS)

2.5 A POLÍTICA DE AVALIAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

O Sinaes foi instituído pela Lei 10.861, de 14 de abril de 2004, e caracteriza-se como uma política de avaliação de caráter formativo e constitui o referencial básico para os processos de regulação e supervisão da educação superior. O Enade, um de seus componentes, é realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), sob a orientação da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes) e o apoio técnico de comissões assessoras. Com a finalidade de operacionalizar esse sistema de avaliação, o Enade, aplicado desde 2004, ainda como Provão, é obrigatório para os estudantes concluintes e deve constar em seu histórico escolar.

A Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) é o principal setor do MEC responsável pela regulação e supervisão de Instituições de Educação Superior

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(IES), públicas e privadas, pertencentes ao Sistema Federal de Educação Superior; e cursos superiores de graduação de tipo bacharelado, licenciatura e tecnológico, e de pós-graduação lato sensu, todos na modalidade presencial ou a distância. Foi criada em 17/4/2011 pelo Decreto nº 7.480/2011. É essa Secretaria que deve zelar para que a legislação educacional seja cumprida. Suas ações buscam organizar as diretrizes para a expansão de cursos e instituições, de conformidade às diretrizes curriculares nacionais e de parâmetros de qualidade de cursos e instituições.

Figura 01 – Organograma da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior

Fonte: MEC

As atribuições da Seres estão previstas nos Arts. 26 a 29 do Decreto nº 7.690/2012, com as alterações do Decreto nº 8.066/2013. (MEC/SERES, 2018). Essa Secretaria organiza

o controle de toda a educação superior e traça a política educacional para o setor.

O Censo da Educação Superior, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), constitui importante instrumento de obtenção de dados para a geração de informações que subsidiam a formulação, o monitoramento e a avaliação das políticas públicas, além de ser elemento importante para elaboração de estudos e pesquisas sobre o setor. O Censo coleta informações sobre as Instituições de Educação Superior (IES), os cursos de graduação e sequenciais de formação específica e sobre os discentes e docentes vinculados a esses cursos. Os resultados coletados subsidiam o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), seja no cálculo dos indicadores de Conceito Preliminar de Curso (CPC) e do Índice Geral de Cursos (IGC), seja no fornecimento de informações como número de matrículas, de ingressos, de concluintes, entre outras. As estatísticas possibilitam ainda, pela justaposição de informações de diferentes edições da pesquisa, a análise da trajetória dos estudantes a partir de seu ingresso em determinado curso de graduação e, consequentemente, a geração de indicadores de acompanhamento e de fluxo na educação superior. (INEP, 2018)

Segundo a Portaria do MEC 1.134/2016, as instituições de ensino superior, que possuam pelo menos um curso de graduação reconhecido, poderão oferecer na organização pedagógica e curricular de cada curso, até 20% da oferta de disciplinas na modalidade a distância. Nessa oferta, deverá está incluída “métodos e práticas de ensino-aprendizagem com uso das tecnologias”, encontros presenciais e atividades de tutoria “com profissionais da educação com formação na área do curso e qualificados em nível compatível ao previsto no projeto pedagógico”. E ainda, indica no seu art. 3o que “as instituições de ensino superior

deverão inserir a atualização do projeto pedagógico dos cursos presenciais com oferta de disciplinas na modalidade a distância, conforme disposto nesta Portaria”. (BRASIL, 2016)

A política de regulação, supervisão e avaliação das instituições de educação superior e dos cursos superiores de graduação e de pós-graduação está descrita no Decreto 9.235 de 15 de dezembro de 2017. Dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação das instituições de educação superior e dos cursos superiores de graduação e de pós-graduação no sistema federal de ensino.

O objetivo do Enade é avaliar o desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares dos cursos de graduação, o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias ao aprofundamento da formação geral e profissional e o nível de atualização dos estudantes com relação à realidade brasileira e mundial. É uma avaliação de periodicidade máxima trienal e que deve aferir cada área do

conhecimento. Os instrumentos avaliativos que compõe esse exame são: 1) Prova; 2) Questionário do Estudante: destinado a levantar informações que permitam caracterizar o perfil dos estudantes e o contexto de seus processos formativos, relevantes para a compreensão dos resultados dos estudantes no Enade; 3) Questionário de Percepção de Prova: destinado a levantar informações que permitam aferir a percepção dos estudantes em relação à prova, auxiliando, também, na compreensão dos resultados dos estudantes no Enade; 4) Questionário do Coordenador de Curso: destinado a levantar informações que permitam caracterizar o perfil do coordenador de curso e o contexto dos processos formativos, auxiliando, também, na compreensão dos resultados dos estudantes no Enade. O concluinte precisa responder ao ‘questionário do estudante’ e realizar uma prova de 40 questões dividida em duas partes: 1) Formação Geral (FG) – afere aspectos da formação profissional relativos à atuação ética, com oito questões de múltipla escolha e duas discursivas que correspondem a 25% da nota no Enade; 2) Componente Específico (CE) – a prova de cada área de avaliação do Enade, no que se refere à parte de conhecimento específico, é delimitada por diretriz de prova e estruturada a partir de uma matriz que envolve competências, habilidades e objeto de conhecimento; tem 27 questões de múltipla escolha e três discursivas e corresponde a 75% da nota no Enade. (ENADE, 2017)

De acordo com a legislação, devem ser inscritos no Enade os estudantes dos cursos de graduação (ingressantes e concluintes) dos cursos em avaliação no ciclo avaliativo. As áreas de avaliação do Enade são relacionadas às grandes áreas de conhecimentos e são definidas anualmente pela Conaes, considerando o levantamento do Inep e outros critérios, tais como a manutenção da série histórica. O Ministro da Educação homologa a indicação da Conaes. No Quadro 3 apresentamos um demonstrativo das áreas avaliadas nos últimos três anos.

Quadro 3 - Demonstrativo das áreas de avaliação do Enade (2016-2018) Ano Áreas Avaliadas Número de Inscritos Concluintes Cursos de Bacharelado e Licenciatura Área Tecnológica 2016

Bacharelados - Saúde, Ciências Agrárias e áreas afins.

Ambiente e Saúde, Produção Alimentícia, Recursos Naturais, Militar e Segurança

216.044

2017

Licenciaturas, Ciências Exatas

e áreas afins. Controle e Processos

Industriais, Informação e Comunicação, Infraestrutura, Produção Industrial

537.360

2018 Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Humanas e áreas afins.

Gestão e Negócios, Apoio Escolar, Hospitalidade e Lazer,

Produção Cultural e Design.

550.842

Fonte: Inep (2019)

O Enade é composto por itens de Formação Geral, comum aos cursos de todas as áreas, e Componente Específico. O ano que teve maior participação no número de inscritos foi 2017. A Comissão Própria de Avaliação (CPA), que é uma das obrigações das IES, está disposta na Lei nº 10.861 e indica que existe autonomia na forma de atuar, em relação aos conselhos e demais órgãos colegiados da IES, tendo como atribuição a coordenação dos processos internos de avaliação da instituição, de sistematização e de prestação de informações solicitadas pelo Inep. É composta por representantes de todos os segmentos da comunidade acadêmica (coordenação de curso, docente, técnico-administrativo e discente) e da sociedade civil organizada.

É importante salientar que os critérios para a financeirização dos cursos superiores de graduação nas instituições privadas de ensino depende dos resultados das notas no Enade. Os cursos que obtiverem notas 4 e 5 são os favoritos para a alocação dos recursos do FIES, o que favorece a maximização da mercantilização dos grupos educacionais que têm uma quantidade maior de instituições e de cursos, e, em face disso, podem direcionar os contratos para aquelas instituições que pertencem ao grupo. (SANTOS FILHO, 2017)

Os resultados da avaliação do desempenho dos cursos têm sido justamente uma das preocupações dos grupos educacionais, pois essa nota (conceito) é condição preliminar para que o ministério da educação realize o financiamento do curso. Além disso, as IES utilizam esses conceitos máximos para obter vantagens a partir de instrumentos de marketing dos cursos

sob uma suposta qualidade. Uma outra vantagem que é estrategicamente utilizada pelas IES é que permite ao MEC o reconhecimento da autorização do curso da IES sem a fiscalização in loco – uma vez que o MEC só se preocupa com o conceito final da avaliação e ainda permite o aumento de vagas, o que gera lógico, um maior lucro.

CAPÍTULO 3 - PRIVATIZAÇÃO MERCANTIL E GESTÃO ACADÊMICA: DA