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Rev. esc. enferm. USP vol.15 número2

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Academic year: 2018

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M O N I T O R I Z A Ç Â O D A P R E S S Ã O I N T R A C R A N I A N A

Maria Sumie Koizumi *

K O I Z U M I , M . S . M o n i t o r i z a ç ã o d a pressão intracraniana. Rev. Esc. Enf. USP, S ã o Paulo, 7 5 ( 2 ) : 1 4 7 - 1 5 4 , 1 9 8 1 .

Este trabalho apresenta alguns aspectos básicos da monitorização intracraniana, neces-sários para o desempenho eficaz da enfermeira que assiste pacientes submetidos a esse procedimento.

I N T R O D U Ç Ã O

A m o n i t o r i z a ç ã o e l e t r ô n i c a d a pressão i n t r a c r a n i a n a tornou-se possível n o início de 1 9 6 0 , q u a n d o L T J N D B E R G1 0

m e d i u a pressão do f l u i d o v e n t r i c u l a r ce-rebral p o r m e i o de u m catéter de poletileno acoplado a u m t r a n s d u t o r de pressão.

A p a r t i r dessa d a t a , m u i t a s pesquisas f o r a m d e s e n v o l v i d a s e v á r i o s e q u i p a m e n -tos e n o v a s técnicas f o r a m adotadas. A pressão i n t r a c r a n i a n a passou a ser m e d i d a por v i a i n t r a v e n t r i c u l a r , s u b a r a e n ó i d e a e e x t r a d u r a l 3,4,6,7,8,10,11,12,14,15

O r e c o n h e c i m e n t o precoce e t r a t a m e n t o i m e d i a t o d a h i p e r t e n s ã o i n t r a c r a n i a n a é cuidado p r i o r i t á r i o n o m a n u s e i o d e pacientes n e u r o c i r ú r g i c o s a f i m d e m i n i m i -zar os efeitos deletéreos causadores de m o r b i d a d e e de m o r t a l i d a d e . A observação c o n t í n u a viabilizada pela m o n i t o r i z a ç ã o da pressão i n t r a c r a n i a n a tornou-se u m m e i o a u x i l i a r i m p o r t a n t e p a r a esta detecção e p a r a o p r o n t o a t e n d i m e n t o .

A s s i m sendo, é necessário q u e a e n f e r m e i r a e s t e j a apta a i d e n t i f i c a r o q u e se apresenta n a m o n i t o r i z a ç ã o e a r e c o n h e c e r o significado d o m e s m o , a f i m d e a t u a r c o r r e t a m e n t e .

O o b j e t i v o deste t r a b a l h o é, pois, a p r e s e n t a r a l g u n s aspectos básicos da m o n i torização da pressão i n t r a c r a n i a n a , necessários p a r a o d e s e m p e n h o eficaz da e n f e r -m e i r a q u e assiste pacientes sub-metidos a esse p r o c e d i -m e n t o .

P a r a c o m p r e e n d e r a m o n i t o r i z a ç ã o d a pressão i n t r a c r a n i a n a é i m p o r t a n t e co-n h e c e r os m e c a co-n i s m o s compeco-nsatórios da pressão i co-n t r a c r a co-n i a co-n a , assim c o m o o sig-nificado dos diferentes n í v e i s de pressão. Isto e t a m b é m a i n t e r p r e t a ç ã o d e ondas pressórias a n o r m a i s e os cuidados c o m a m o n i t o r i z a ç ã o e com o p a c i e n t e m o n i t o r i -zado serão apresentados a seguir.

M E C A N I S M O S C O M P E N S A T Ó R I O S D A P R E S S Ã O I N T R A C R A N I A N A

A auto-regulação refere-se à capacidade c o r p ó r e a de a l t e r a ç ã o do d i â m e t r o dos vasos sanguíneos p a r a se m a n t e r constante o f l u x o s a n g u í n e o c e r e b r a l , d u r a n t e m u d a n ç a s n a pressão de p e r f u s ã o . A s s i m , é a t r a v é s d a a u t o r e g u l a ç ã o d o sistema n e r -voso c e n t r a l , ou s e j a , p e l a c a p a c i d a d e i n t r í n s e c a de constricção e de d i l a t a ç ã o dos vasos q u e é m a n t i d o f l u x o s a n g u í n e o c e r e b r a l a d e q u a d o .

(2)

Esta capacidade dos vasos sanguíneos p e r m i t e q u e h a j a m a n u t e n ç ã o de f l u x o sanguíneo adequado, desde q u e a pressão a r t e r i a l sistêmica e a pressão i n t r a c r a n i a -n a e s t e j a m d e -n t r o dos limites da -n o r m a l i d a d e . Co-nsideram-se como limites da n o r m a l i d a d e , pressão a r t e r i a l m é d i a e 5 0 a 1 7 0 m m H g e pressão i n t r a c r a n i a n a atin-gindo até a p r o x i m a d a m e n t e 3 0 m m H g . Q u a n d o a pressão i n t r a c r a n i a n a v a i a l é m de 3 0 m m H g p o d e m ocorrer d i s t ú r b i o s neste m e c a n i s m o compensatório e o f l u x o sanguíneo cerebral torna-se dependente da pressão a r t e r i a l sistêmica 3>n>1 2.

P o r o u t r o l a d o , a q u e d a da pressão a r t e r i a l pode t a m b é m trazer p r e j u í z o s n a m a n u t e n ç ã o d o f l u x o sanguíneo cerebral.

Sabe-se q u e , q u a n d o a pressão de p e r f u s ã o c e r e b r a l é m e n o r q u e 6 0 m m H g , d i m i n u i o f l u x o sanguíneo cerebral p o r q u e o m e c a n i s m o de autoregulação começa a f a l h a r 4

-5 1 4 .

A pressão de perfusão cerebral ( P P C ) é a d i f e r e n ç a e n t r e a pressão a r t e r i a l m é d i a e a pressão i n t r a c r a n i a n a ( P I C ) .

A pressão a r t e r i a l m é d i a pode ser m e d i d a p o r monitorização i n t r a - a r t e r i a l d a pressão sanguínea e certamente o v a l o r e n c o n t r a d o será m a i s preciso , 4

. E n t r e t a n t o , q u a n d o n ã o se conta com este a r t e f a t o , a pressão a r t e r i a l m é d i a pode ser calculada c o m o sendo i g u a l a d u a s vezes a pressão a r t e r i a l diastólica ( P A D ) m a i s a pressão a r t e r i a l sistólica ( P A S ) , d i v i d i d o p o r três, menos o P I C .

P o r t a n t o , n o c á l c u l o da P P C temos:

( P A D X 2 ) + P A S

P P C P I C 3

E x e m p l i f i c a n d o : se u m paciente apresenta pressão arterial de 1 2 0 x 8 0 m m H g e pressão i n t r a c r a n i a n a de 1 0 m m Hg, temos:

( 8 0 X 2 ) + 1 2 0

P P C = 1 0 3

1 6 0 + 1 2 0

P P C = 1 0 3

2 8 0

P P C = 1 0 3

P P C = 9 3 — 1 0 P P C = 8 3 m m H g .

(3)

m m H g . O f l u x o s a n g u í n e o c e r e b r a l cessa q u a n d o a P I C i g u a l a pressão arterial m é d i a , ou s e j a , a pressão de p e r f u s ã o cerebral é i g u a l a zero 4 .1 1.1 2 1 4.

A v a s o d i l a t a ç ã o o c o r r e c o m o resposta a m o d e r a d o s g r a u s d e h i p e r c a p n i a , hi-póxia, h i p e r t e r m i a , d i m i n u i ç ã o da pressão venosa c e r e b r a l e a u m e n t o d a pressão i n t r a c r a n i a n a , desde q u e o m e c a n i s m o de auto-regulação esteja i n t a t o . A s s i m , se os m e c a n i s m o s d e compensação f o r a m e x a u r i d o s ou a pressão i n t r a c r a n i a n a está e l e v a d a , a vasodilatação pode a u m e n t a r a pressão i n t r a c r a n i a n a p a r a n í v e i s críticos o u i r r e v e r s í v e i s . Nessas e v e n t u a l i d a d e s , é i m p o r t a n t e e v i t a r os f a t o r e s p r e -cipitadores da h i p e r t e n s ã o i n t r a c r a n i a n a , tais como: h i p e r c a p n i a e h i p ó x i a , posição dos segmentos corpóreos q u e p r e j u d i q u e o r e t o r n o venoso, mobilização d o paciente q u e ocasione a m a n o b r a de V a l s a l v a e contrações m u s c u l a r e s i s o m é t r i c a s4 , 9 n 1 4.

C o m o se p o d e v e r i f i c a r h á relação í n t i m a e n t r e o v o l u m e i n t r a c r a n i a n o e a pressão i n t r a c r a n i a n a e estes d e v e m manter-se e m e q u i l í b r i o d i n â m i c o .

Este e q u i l í b r i o d i n â m i c o pode ser analisado pela curva de volume-pressão q u e se r e f e r e a capacidade do cérebro de a j u s t e às m u d a n ç a s d o seu v o l u m e . A s s i m , q u a n d o h á u m processo expansivo i n t r a c r a n i a n o de q u a l q u e r n a t u r e z a , o v o l u m e do l í q u i d o c e f a l o r r a q u e a n o o u d o s a n g u e d i m i n u i , m a s , a capacidade de compensação é r e l a t i v a m e n t e p e q u e n a devido às características anatômicas d o seu sistema conti-n e conti-n t e .

GRAFICO 1 — Curva de volume-pressão.

PIC

1 0 0

5 0

1 0 v o

l u m e

P I C - p r e s s ã o i n t r a c r a n i a n a

(4)

come-ça a elevar-se desde q u e o l i m i t e de compensação s e j a e x a u r i d o ( 1 B ) . Q u a n d o a pres-são i n t r a c r a n i a n a j á está a l t a , u m a u m e n t o m í n i m o n o v o l u m e p r o d u z g r a n d e au-m e n t o n a pressão i n t r a c r a n i a n a ( 1 C ) . Neste estágio a descoau-mpensação ocorre e p o d e l e v a r ao ó b i t o3 , 4 , 5 H

.

O f o r m a t o d a c u r v a d e volume-pressão pode v a r i a r de a c o r d o com a velocida-d e velocida-de a u m e n t o velocida-do v o l u m e i n t r a c r a n i a n o . Desta f o r m a , n a e v o l u ç ã o g r a velocida-d a t i v a c o m o a q u e o c o r r e nos t u m o r e s de crescimento l e n t o , o efeito de compensação pode per-sistir p o r m a i s t e m p o e, n a s expansões r á p i d a s , c o m o a dos h e m a t o m a s e x t r a d u r a l s , o efeito deletéreo é m u i t o r á p i d o .

M E N S U R A Ç Ã O D A P R E S S Ã O I N T R A C R A N I A N A

A m e n s u r a ç a o d a pressão i n t r a c r a n i a n a é f e i t a p e l a v e r i f i c a ç ã o do n í v e l de pressão apresentado pelo paciente e p e l a identificação d o f o r m a t o das ondas de pressão impressas n o registro gráfico ou observadas n o osciloscópio.

A pressão i n t r a c r a n i a n a pode ser considerada n o r m a l q u a n d o estiver e n t r e 0 e 1 5 m m H g ; de 1 5 a 4 0 m m H g ela está m o d e r a d a m e n t e e l e v a d a e a c i m a de 4 0 m m H g m u i t o a l t a . P e q u e n a s flutuações i r r e g u l a r e s , v a r i a n d o de 1 5 a 3 5 m m H g , po-d e m ser consipo-derapo-das n o r m a i s 3-6.n.1 2-1 4.

E m r e l a ç ã o ao f o r m a t o das ondas, L U N D B E R G 1 0 identificou, p o r m e i o de seus registros, três padrões d e v a r i a ç õ e s n o f l u i d o v e n t r i c u l a r . Essas variações fo-r a m d e n o m i n a d a s ondas pfo-ressófo-rias e classificadas como o n d a A ou p l a t ô , onda B e onda C .

GRAFICO 2 — Formato das ondas A ou platô.

6 0 S C

E E

1 0 0

8 0

60

4 0

20

1 0 20 3 0 4 0 5 0 60 7 0 m i n u t o s

A s ondas A ou platô são caracterizadas p o r elevação súbita da pressão e m r e -l a ç ã o à sua -l i n h a base e o c o r r e e m i n t e r v a -l o de t e m p o v a r i á v e -l . A a m p -l i t u d e das ondas p l a t ô é de 5 0 a 1 0 0 m m H g e a d u r a ç ã o , de 5 a 1 0 m i n u t o s . S i n t o m a s de hipertensão i n t r a c r a n i a n a a c o m p a n h a m f r e q ü e n t e m e n t e as ondas platô e são des-critas c o m o de n a t u r e z a paroxística e t r a n s i t ó r i a 1 0

.

A etiología das ondas platô ainda n ã o está completamente elucidada, m a s , pro-v a pro-v e l m e n t e , r e s u l t a de u m a c o m b i n a ç ã o de alterações t r a n s i t ó r i a s do pro-v o l u m e san-g u í n e o e obstrução i n t e r m i t e n t e do l í q u i d o c e f a l o r r a q u e a n o4 , l s.

T A Y L O R & S H U L T Z 1 5

(5)

q u e são observados n o paciente. E m casuística de 1 1 6 pacientes com m o n i t o r i z a ç ã o i n t r a v e n t r i c u l a r esses a u t o r e s o b s e r v a r a m a associação das o n d a s p l a t ô com o se-g u i n t e s i n t o m a s e sinais: cefaléia, visão e m b a ç a d a , o l h a r f i x o , a r r e f l e x i a p u p i l a r , m i d r í a s e t r a n s i t ó r i a , a m a u r o s e , v e r t i g e m , alteração n o n í v e l de consciência, p o s t u r a de descerebração, disfasia, f a c e r u b o r i z a d a , sudorese, i n c o n t i n e n c i a u r i n a r i a , v ô m i -tos, náuseas, e l e v a ç ã o da pressão a r t e r i a l sistólica, b r a d i c a r d i a e r e s p i r a ç ã o i r r e g u l a r . A c r e d i t a m q u e tais sintomas e sinais s e j a m causados p o r descarga epileptogênica ou p o r súbita obstrução das v i a s l i q u ó r í c a s .

A s ondas B e C são f l u t u a ç õ e s r í t m i c a s q u e o c o r r e m associadas com a v a r i a -ção d a r e s p i r a ç ã o e da pressão a r t e r i a l3 , 1 1 1 2

. E m b o r a a ocorrência da o n d a B s e j a m a i s c o m u m e m pacientes c o m h i p e r t e n s ã o i n t r a c r a n i a n a i n s t á v e l , o significado clínico tanto da onda B c o m o da o n d a C a i n d a n ã o f o i b e m definido 1 0

.

6 0

GRAFICO 3 — Formato das ondas B.

1 0 0

8 0

60

4 0

20

1 0 20 3 0 4 0 50 60 70

m i n u t o s

A s ondas B o c o r r e m r í t m i c a m e n t e c o m f r e q ü ê n c i a de 1 / 2 a 1 p o r m i n u t o e sua a m p l i t u d e é d e 0 a 5 0 m m H g . Essas ondas p a r e c e m estar r e l a c i o n a d a s a distúrbios r e s p i r a t ó r i o s c e n t r a i s , tal c o m o a r e s p i r a ç ã o de C h e y n e - S t o k e s . A s ondas B tendem a o c o r r e r d u r a n t e d i m i n u i ç ã o do estado d e a l e r t a , seja pelo sono fisiológico, seja d e v i d o alteração patológica n o n í v e l de c o n s c i ê n c i a3 , 4 1 0 , 1 5

.

0 0

as E

Ê

GRAFICO 4 — Formato das ondas C.

1 0 0

8 0

60

4 0

2 0

m i n u t o s

(6)

M O N I T O R I Z A Ç Ã O D A P R E S S Ã O I N T R A C R A N I A N A

A m o n i t o r i z a ç ã o da pressão i n t r a c r a n i a n a e n v o l v e o uso de u m t r a n s m i s s o r o u sensor, de u m t r a n s d u t o r e de u m sistema de r e g i s t r o ; é i m p l a n t a d o u m dispositivo i n t r a c r a n i a n o q u e pode ser r a d i o t r a n s m i s s o r , t r a n s m i s s o r de radioisótopos o u sensor de f i b r a ótica. Deste dispositivo, as m u d a n ç a d a pressão i n t r a c r a n i a n a são t r a n s m i -tidas p a r a u m t r a n s d u t o r e c o n v e r t i d a s e m i m p u l s o s elétricos. O i n s t r u m e n t o de registro c o n v e r t e os i m p u l s o s elétricos e m oscilações visíveis e m osciloscópio o u e m r e g i s t r a d o r gráfico 3

>u -1 2

.

T o d o s os sistemas de motorização com exceção d o sensor de f i b r a ótica r e q u e -r e m j u n ç ã o do dispositivo i n t -r a c -r a n i a n o com u m t -r a n s d u t o -r 3

.

A m o n i t o r i z a ç ã o da pressão i n t r a c r a n i a n a está i n d i c a d a e m q u a l q u e r caso e m q u e h a j a i n t e r f e r ê n c i a n a c i r c u l a ç ã o n o r m a l do l í q u i d o c e f a l o r r a q u e a n o ou que p r o -duza e d e m a c e r e b r a l . Isto i n c l u i os t r a u m a t i s m o s crânio-encefálicos fechados, le-sões de fossa posterior, h i d r o c e f a l i a s , h e m o r r a g i a s subaracnóideas e a l g u n s t u m o r e s cerebrais. É t a m b é m u t i l i z a d a n a s í n d r o m e de R e y e - J o h n s o n caracterizada p o r e d e m a c e r e b r a l e degeneração g r a x a das v í s c e r a s3

'6 , 7 , 8 '1 4

.

Pacientes c o m a n e u r i s m a s cerebrais, m a l f o r m a ç ã o arterio-venosa o u q u a l q u e r outra condição e m que distúrbios pressóricos possam ocasionar desequilíbrios q u e l e v e m a r o t u r a de v a s o s n ã o d e v e m ser monitorizados. Pacientes idosos c o m distúr-bios d e c i r c u l a ç ã o r e q u e r e m m a i o r e s p r e c a u ç õ e s6 , 7.

H á v á r i o s métodos p a r a m o n i t o r i z a ç ã o da pressão i n t r a c r a n i a n a . P o d e ser feita p o r v i a i n t r a v e n t r i c u l a r , s u b a r a c n ó i d e a e e x t r a d u r a l .

E m b o r a a m o n i t o r a g e m eletrônica t e n h a t o m a d o i m p u l s o a p a r t i r de 1 9 6 0 , u m método de monitorização p o r v i a i n t r a v e n t r i c u l a r j á h a v i a sido iniciado e m 1 9 5 2 . O n í v e l de pressão i n t r a c r a n i a n a e r a m e d i d o d i r e t a m e n t e p o r m e i o de u m catéter co-locado n o c o r n o a n t e r i o r d o v e n t r í c u l o l a t e r a l , n o h e m i s f é r i o n ã o d o m i n a n t e . Esta via era utilizada p a r a m e d i r a pressão, colher amostras de l í q u i d o c e f a l o r r a q u e a n o ou f a z e r a d r e n a g e m deste e i n s t i l a r m e d i c a m e n t o s ou contrastes p a r a e x a m e s p a r a -clínicOS 1.3,6,10,11,12,14,15.

O dispositivo subaracnóideo p a r a m e d i d a da pressão i n t r a c r a n i a n a foi i n t r o -duzido p o r V R I E S , B E C K E R & Y O U N G em 1 9 7 3 . Este método possibilita m e d i d a s diretas da pressão i n t r a c r a n i a n a s e m que h a j a i n t r o d u ç ã o d e artefatos n o encéfalo, m a s r e q u e r u m c r â n i o í n t e g r o p a r a m e d i d a s precisas 3,5,7,8,11,12^

A monitorização e x t r a d u r a l é m a i s recente e r e q u e r a colocação de u m dis-positivo e n t r e a tábua óssea e a d u r a m a t e r . E l a r e q u e r t a m b é m , u m c r â n i o í n t e g r o . Esta técnica é a m e n o s i n v a s i v a pois n e m a d u r a m a t e r é p e r f u r a d a , m a s a pressão é m e d i d a i n d i r e t a m e n t e e n ã o h á possibilidade de colher amostras o u d r e n a r o lí-q u i d o c e f a l o r r a lí-q u e a n o3 1 1 1 2.

(7)

É preciso l e m b r a r q u e os s i n t o m a s e sinais clássicos d a hipertensão i n t r a c r a -n i a -n a , tais c o m o depressão do -n í v e l de co-nsciê-ncia, alterações p u p i l a r e s ( r e f l e x o fotomotor n e g a t i v o e a n i s o c o r i a s ) , reação de descerebração e de descorticação, hi-pertensão a r t e r i a l c o m sistólica a u m e n t a d a e diastólica m a n t i d a o u d i m i n u í d a e associada com b r a d i c a r d i a , distúrbios r e s p i r a t ó r i o s de o r i g e m c e n t r a l , m u i t a s vezes são manifestações sinalizadoras de disfunção t r o n c o c e r e b r a l . A s s i m sendo, esses sinais clínicos n ã o são os p a r â m e t r o s de r e c o n h e c i m e n t o precoce e t r a t a m e n t o da tensão i n t r a c r a n i a n a a u m e n t a d a . I n d i c a m a presença de disfunção c e r e b r a l g r a v e , m a s pouco o u n a d a r e v e l a m acerca dos n í v e i s pressóricos do conteúdo i n t r a c r a n i a -n o 2

'9 ' " '1 2

.

O e q u i p a m e n t o de m o n i t o r a g e m pode v a r i a r . Existem m a n u a i s específicos q u e a c o m p a n h a m o a p a r e l h o e q u e trazem instruções q u a n t o ao seu f u n c i o n a m e n t o e m a n u t e n ç ã o . C a b e r e s s a l t a r q u e aspectos devem ser observados n o paciente m o n i t o r i z a d o .

0 sistema de conexão deve p e r m a n e c e r f e c h a d o e são necessários cuidados es-peciais d e esterilidade p a r a p r e v e n i r infecções. U m v a z a m e n t o o u desconexão d o sistema r e q u e r m e d i d a s i m e d i a t a s p a r a b l o q u e a r a p e r d a e m a n t e r ou restabelecer a esterilidade d o sistema. A p e r m e a b i l i d a d e d a v i a utilizada é i m p r e s c i n d í v e l p a r a se detectar c o m precisão as ondas pressórias.

O m o n i t o r deve ser r e c a l i b r a d o f r e q ü e n t e m e n t e , p o r é m , o método e x a t o de r e -c a l i b r a g e m depende d o tipo d e a p a r e l h o e m uso n o pa-ciente.

A s m e d i d a s da pressão i n t r a c r a n i a n a , q u a n d o é utilizado o t r a n s d u t o r , d e v e m ser registradas ao n í v e l do I I I v e n t r í c u l o ou do dispositivo subaracnóideo. A l e i t u r a é m a i s precisa q u a n d o o paciente está i m ó v e l e registro e observação c o n t í n u a são desejáveis p a r a detecção de ondas pressórias a n o r m a i s decorrentes do a u m e n t o d a pressão i n t r a c r a n i a n a .

A d r e n a g e m do l í q u i d o c e f a l o r r a q u e a n o , com o f i m de descompressão o u co-l e t a de a m o s t r a p a r a e x a m e s co-l a b o r a t o r i a i s , é f e i t a n o s casos e m q u e se u t i co-l i z a a v i a i n t r a v e n t r i c u l a r p a r a m o n i t o r i z a ç ã o . Nos procedimentos acima r e f e r i d o s deve-se obe-decer a técnica asséptica e a r e t i r a d a do l í q u i d o c e f a l o r r a q u e a n o d e v e ser l e n t a .

P a r a l e l a m e n t e , a l g u n s p a r â m e t r o s sanguíneos d e v e m ser monitorizados desde q u e suas v a r i a ç õ e s possam a t u a r nas m u d a n ç a s d a pressão i n t r a c r a n i a n a . A osmola-r i d a d e séosmola-rica, o b a l a n ç o ácido-básico, o h e m a t ó c osmola-r i t o e os eletosmola-rólitos d e v e m seosmola-r m a n t i d o s d e n t r o dos l i m i t e s d a n o r m a l i d a d e .

Exceto e m casos de contra-indicação, a cabeceira da c a m a d e v e ser e l e v a d a a 3 0 ° , e com a cabeça do p a c i e n t e e m a l i n h a m e n t o c o m o t r o n c o a f i m d e f a c i l i t a r o r e t o r n o venoso e d i m i n u i r a compressão da v e i a j u g u l a r . O t r a n s d u t o r , se utiliza-do, d e v e ser a j u s t a d o ao n í v e l c o r r e s p o n d e n t e à posição a d o t a d a pelo p a c i e n t e .

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A assistência ao p a c i e n t e d e v e ser d i r i g i d a p a r a p r e v e n i r , d e t e c t a r e t r a t a r n ã o s o m e n t e a h i p e r t e n s ã o i n t r a c r a n i a n a , c o m o t a m b é m , p r o b l e m a s associados c o m i m o b i l i d a d e , a u s ê n c i a o u d i m i n u i ç ã o dos r e f l e x o s p r o t e t o r e s , d e s e q u i l í b r i o h i d r e -l e t r o -l í t i c o e ácido-básico, p e r f u s ã o t i s s u -l a r i n a d e q u a d a , b a -l a n ç o n i t r o g e n a d o e ou-t r a s complicações q u e possam a p a r e c e r nos p a c i e n ou-t e s c r í ou-t i c o s .

E m r e l a ç ã o à m o n i t o r i z a ç ã o , cabe à e n f e r m e i r a m u i t o m a i s do q u e h a b i l i d a d e e m m a n i p u l a r o sistema d e m o n i t o r a g e m , é i m p o r t a n t e q u e saiba u t i l i z a r a dispo-n i b i l i d a d e da m o dispo-n i t o r a g e m p a r a i d e dispo-n t i f i c a ç ã o dos dispo-n í v e i s pressórios e das o dispo-n d a s a n o r m a i s a f i m de i n t e r v i r r á p i d a e e f e t i v a m e n t e n o s t r a t a m e n t o s q u e v i s a m di-m i n u i r este e v e n t o , assidi-m c o di-m o , a d e q u a r a q u e l e s p r o c e d i di-m e n t o s de e n f e r di-m a g e di-m q u e , p o r associação, p o d e m a u m e n t a r a h i p e r t e n s ã o i n t r a c r a n i a n a .

F i n a l i z a n d o , c o m o e m q u a l q u e r o u t r o tipo de m o n i t o r e l e t r ô n i c o , a m o n i t o r i -zação d a pressão i n t r a c r a n i a n a n ã o d i s p e n s a a o b s e r v a ç ã o d i r e t a do p a c i e n t e . A s m u d a n ç a s nos s i n t o m a s e sinais n e u r o l ó g i c o s são t ã o i m p o r t a n t e s q u a n t o a l e i t u r a d a s alterações da pressão i n t r a c r a n i a n a .

K O I Z U M I , M . S. I n t r a c r a n i a l pressure monitoring. Rev. Esc. Enf. USP, S ã o P a u l o , 7 5 ( 2 ) : 1 4 7 - 1 5 4 , 1 9 8 1 .

Basic aspects of intracranial pressure monitoring are presented. They are necessary for to effective action of the nurse who looks after patients submitted to this procedure.

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