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Rev. esc. enferm. USP vol.15 número2

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Academic year: 2018

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D I S C U R S O P R O N U N C I A D O P E L O P R O F E S S O R C A R L O S D A S I L V A L A C A Z N A E S C O L A D E E N F E R M A G E M D A U N I V E R S I D A D E D E S Ã O P A U L O , P O R O C A S I Ã O D O E N T E R R O D A P R O F E S S O R A W A N D A DE A G U I A R H O R T A ,

NO D I A 1 6 DE J U N H O D E 1 9 8 1 .

"É lei do m u n d o . Não h á p l a n t a viçosa que esta geada não creste; f l o r delicada q u e este sol n ã o m u r c h e , rochedo d u r o q u e este r a i o n ã o lasque; á r v o r e robusta q u e este f u r a c ã o n ã o d e r r u b e " .

D e n t r o e m b r e v e , b a i x a r ã o à generosa t e r r a de S ã o P a u l o , os despojos de u m a e n f e r m e i r a q u e e n c a r n o u a personificação de dignidade profissional, d a n d o s e m p r e à sua v i d a u m alto e n o b r e sentido, q u e n ã o se e n c o n t r a c o m f r e q ü ê n c i a n a q u e l e s q u e v i v e m os tristes e c o n t u r b a d o s m o m e n t o s dos dias presentes.

F a l o neste i n s t a n t e , p r o f u n d a m e n t e c o m o v i d o , e m n o m e de toda a Escola de E n f e r m a g e m , eu q u e f u i teu professor, nos idos de 1 9 4 5 , a c o m p a n h a n d o com en-l e v o a tua b r i en-l h a n t e c a r r e i r a , feita de á r d u a s en-l u t a s , m a s t a m b é m , de gratificantes recompensas. Todos estão a q u i presentes, p a r a dizer-te, com a m e s m a voz de afeto e a d m i r a ç ã o q u e n u n c a te f a l t o u nos dias de tua existência, q u e j a m a i s esquecere-m o s as tuas lições, e n r i q u e c i d a s pelo l a b o r iesquecere-menso q u e ofereceste a esta Escola e à E n f e r m a g e m do país.

Os teus discípulos e amigos estão todos ao teu r e d o r , p a r a u m a ú l t i m a pala-v r a de despedida, b r e pala-v e que s e j a , m a s p r o f u n d a m e n t e sentida, q u e te diga a nossa imensa saudade pela tua ausência; o b e m que s e m p r e a ti nos u n i u , o respeito c o m q u e te v e n e r á v a m o s , como excelsa f i g u r a de m u l h e r .

A i n d a o n t e m estavas conosco, v i v e n d o i n t e n s a m e n t e os p r o b l e m a s d a t u a Es-cola, cercada do respeito e de a d m i r a ç ã o de todos os teus p a r e s . M a s , "eis q u e n o céu sereno, f u z i l a a t o r m e n t a , eis a p a l m e i r a a v e r b e r a d a pelo r a i o que f u l m i n a , side-r a e abate. Q u e m se pode f i a side-r n o que está p a side-r a aconteceside-r. I n e s c side-r u t á v e l é o destino de cada u m , n a s surpresas diárias da v i d a " . T u seguiste s e m p r e , p r e z a d a W a n d a , a m e n s a g e m de Cristo q u e f a l o u de a m o r e de c a r i d a d e , dando à tua v i d a u m alto e nobre sentido, que n ã o se e n c o n t r a , com f r e q ü ê n c i a , naqueles que v i v e m o m u n -do c o n t u r b a d o de h o j e . V i v a estarás s e m p r e e m nossa f e r v o r o s a afeição.

(2)

apóstolo aos gentíos: " C o m b a t i o b o m combate; t e r m i n e i a c a r r e i r a e g u a r d e i a f é " . M u i t o cedo foste a r r e b a t a d a pela correnteza da m o r t e , q u e l á se v a i desaguar, n a s solidões do o u t r o m u n d o . P o u c o i m p o r t a . A s grandes existências, como anotou o P a d r e A n t o n i o V i e i r a , m e s m o depois de extintas, c o n t i n u a m m u l t i p l i c a n d o bens. Basta l e m b r á - l a s ; basta citá-las; basta imitá-las. D i a n t e de teu c o r p o , v e n c i d o pela m o r t e t r i u n f a n t e , i m b a t í v e l e i n c o m b a t í v e l , o u t r a coisa n ã o f a r e m o s senão tomar-te o exemplo. A Escola de E n f e r m a g e m perde h o j e u m pedaço de si m e s m a , t a l a m a n e i r a com a P r o f .a W a n d a de A g u i a r Horta se identificou com a vida dessa

instituição. O vazio agora aberto com o seu desaparecimento parece i m p r e e n c h í v e l A Escola era a sua casa, o seu l a r . D a q u i só sairia m o r t a , como efetivamente acaba de acontecer.

D e n t r o e m pouco abrir-se-á a escuridão de u m t ú m u l o p a r a a b r i g a r u m dos corações m a i s h u m a n o s que j a m a i s conheci. Descansai, P r o f .a

W a n d a , n a paz do S e n h o r , p o r q u e c o n t i n u a r e i s a v i v e r n a bela s a u d a d e que deixaste. "Não te foi p r e -ciso u m a existência longa p a r a o prodígio ide t u a o b r a . Não chegaste à declinação dos anos, m a s n ã o esqueceste a lição do p r e g a d o r " : a cada u m de nós n ã o nos toca v i v e r m u i t o , senão v i v e r b e m . T u , W a n d a , d u r a s t e p o u c o , m a s viveste m u i t o . Não desanimaste com os revezes cruéis de tua doença, não desesperaste a b a t a l h a , não desertaste do t r a b a l h o e m que a b r a z a v a s , senão q u e redobraste n o a r d o r , a f r o n t e rescaldada de u m ideal sem eclipses, e c o m o coração b e m p r e p a r a d o , todo t ú te deste à tua obra, no ú l t i m o a r r a n c o de tuas energias.

E m tudo te hás de p e r p e t u a r e r e s s u r g i r cada dia, e m t u d o te sentirão os teus discípulos e os que lhes sucederem, recordando-te n a q u e l e m e s m o espírito de co-m o v i d a gratidão c o co-m q u e , d a q u i , de t u a Casa, todos da E n f e r co-m a g e co-m se r e ú n e co-m p a r a saudar-te nesta oblação, ó c o m p a n h e i r a excelsa, como u m a das glórias de nos-sa t e r r a . Os discípulos f i c a r a m e h a v e r ã o de r e p e t i r s e m p r e , o teu n o m e . U m g r a n d e clarão i l u m i n o u a t u a bela e f e c u n d a v i d a e ele h a v e r á de f u l g i r e n t r e nós, s e m p r e renovaido, l u z de a m o r e de saudade sentida que a ti s e m p r e nos u n i r á .

Neste glorioso j u n h o que o m u n d o católico c o n s a g r o u ao D i v i n o Coração, é o l h a n d o p a r a o Céu que agora pensamos e m ti e, e n t r e hinos c o n t e m p l a m o s a t u a i m a g e m , t u que n ã o esperaste a m o r t e p a r a t e r n o rosto e n a a l m a a beleza d a se-r e n i d a d e e a l u z s o b se-r e n a t u se-r a l q u e pôs expíen d o se-r e m t o d a a tua bela v i d a .

W A N D A D E A G U I A R H O R T A : S a u d a d e nossa, até o f i m .

Referências

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