Edu blogs com o m e dia dor e s
de Pr oce ssos Edu ca t iv os
Pa u la Pe r e s
I nst it ut o Superior de Cont abilidade e Adm inist ração do Port o 4150- 564 Por t o PORTUGAL Em ail: p_per es@iscap.ipp.pt
Re su m o
Os Weblogs apr esent am - se com o um a das fer r am ent as alt er nat ivas na m ediação dos pr ocessos educat iv os. Os edublogs, blogs ut ilizados com pr opósit os educacionais, t r anspor t am o desenv olv im ent o de conceit os par a o plano social. Nest e cont ext o, o act o de com ent ar um a ideia, e r eler post er ior m ent e, est á facilit ado e envolve os int er venient es num pr ocesso de int r ospecção do conhecim ent o e de const r ução de significados. Est e ar t igo descr ev e a ut ilização de um blog de t ur m a no qual os alunos for am incent iv ados a assum ir um a at it ude act iva, com o pr odut or es de conhecim ent o, pr ocur ando cont eúdos e links de int er esse, desenvolvendo as act ividades pr opost as, publicando docum ent os e cont r ibuindo assim par a alar gar a base de conhecim ent os do cur so. Os alunos m ost r ar am - se r ecept iv os à int r odução das t ecnologias no pr ocesso educat iv o e facilm ent e se adapt ar am a novas for m as de par t icipação na com unidade de apr endizagem . Nest e cenár io desenvolv er am - se hábit os de aut o- est udo, par t ilha e at it ude act iva na const r ução do saber , com pet ência essencial par a a pr om oção da apr endizagem ao longo da v ida. Os canais de com unicação ent r e t odos os int er venient es v ir am - se am pliados com a cr iação do blog. Cada int er v enção ou com ent ár io inser ido ficou aber t o a nov as v ozes que som ar am diálogos e cr iar am a hist ór ia de um a apr endizagem .
1 . I n t r od u çã o
A ut ilização das t ecnologias da infor m ação e com unicação
pot enciam o sucesso pedagógico quando ut ilizadas com o fer r am ent as
m ediador as e pr om ot or as do pr ocesso de ensino apr endizagem .
Act ualm ent e assist e- se a um a cr escent e, m as ainda incipient e,
ut ilização m ar cada por acções pont uais de alguns pr ofessor es nas
suas disciplinas. A int er disciplinar idade, facilit ada pelo uso das
t ecnologias, const it ui um a ext ensa ár ea quase inexplor ada m as com
gr ande pot encial no auxílio do ent endim ent o de conceit os com plexos.
Os w eblogs apr esent am - se com o um a fer r am ent a alt er nat iva
na m ediação dos pr ocessos educat ivos. Facilit am a
int er disciplinar idade, num am bient e que é por nat ureza aber t o e
colabor at ivo. Um w eblog, ou sim plesm ent e blog, com o é vulgar m ent e
de fer r am ent as, quase t odas gr at uit as, de auxílio à publicação. Os
blogs são cr iados e ut ilizados por difer ent es pessoas par a difer ent es
fins. Há blogs de aut or ia individual e colect iva cr iados par a r egist ar
opiniões ou par a r epr esent ar depar t am ent os, associações, et c. No
cont ext o educacional há blogs cr iados por pr ofessor es, por alunos,
por invest igador es, et c. e são ut ilizados par a par t ilhar ideias, criar
por t fólios digit ais, docum ent ar invest igações, ent r e m uit as out r as
opções. O núm er o não par a de cr escer e cada vez m ais const it ui um a
fer r am ent a par a t odos os níveis de ensino que pr om ove for m as não
est r ut ur adas de r epr esent ar o conhecim ent o, de par t ilhar e de ut ilizar
as t ecnologias. Est as car act er íst icas de facilidade e flexibilidade com
que os blogs se apr esent am j ust ificam a sua cr escent e ut ilização em
t er m os nacionais e int er nacionais, David Sir fy ( Sir fy, 2006) afir m a
que o núm er o de blog exist ent es dobr a em cada 5 m eses.
Na sua for m a pr im ár ia, um blog, é car act er izado por ser cr iado
por um a única pessoa const it uindo um espaço individual, de r elat os
de opinião, com post os por pequenos blocos de t ext os apr esent ados
por or dem cr onológica inver sa e enr iquecidos por com ent ár ios
ext er nos cont ext ualizados. Podem ser inser idos t ext os, hiper links,
gr áficos e im agens, podem ainda cont er ficheir os de vídeos ou áudios
lim it ados unicam ent e pela lar gur a de banda. Os ser viços
nor m alm ent e pagos incluem fer r am ent as de est at íst icas de acesso ao
blog, ident ificação das m ensagens m ais lidas, et c.
A t eor ia das int eracções sociais de Vygot sky ( in Fer dig, 2004)
j ust ifica a ut ilização dos blogs na educação. Os edublogs, blogs
ut ilizados com pr opósit os educacionais, t r anspor t am o
desenvolvim ent o de conceit os par a o plano social. O act o de
com ent ar um a ideia e r eler post er ior m ent e est á facilit ado e envolve
os int er v enient es num pr ocesso de int r ospecção do conhecim ent o e
educação m ult iplicam - se, Davis ( Davis, 2004) enum er a algum as
ut ilizações possíveis:
Por exem plo a cr iação de um blog do t ipo do j or nal, par a
r eflect ir e r egist ar exper iências de ensino/ apr endizagem , par a
descr ever um a unidade específica est udar , par a for necer pist as de
auxílio a out r os pr ofessor es ou sobr e o que se apr endeu com out r os
pr ofessor es, par a par t ilhar ideias de act ividades de apr endizagem ,
et c. O com ent ár io de out r os pr ofessor es, que acedem ao blog, cr ia
um a com unidade infor m al e út il.
Out r o exem plo é a cr iação de um blog de t ur m a, no qual se
podem afixar infor m ações r elacionadas com a t ur m a, t ais com o
calendár ios, event os, at r ibuições de t rabalhos ou out r as infor m ações
r elevant es. Pode ainda ser ut ilizado par a cr iar um por t fólio digit al de
t r abalhos, par a com unicar com os pais dos elem ent os da t ur m a, par a
for necer e or ganizar links de int er esse, fot os e exem plos pr át icos.
Davis A. ( Davis, 2004) suger e ainda a cr iação de um blog com
o int uit o de incent ivar os alunos à par t icipação. A car act er íst ica dos
com ent ár ios pode ser ut ilizada par a pr ovocar r eacções a t ext os e
fot os, par a inser ir ent r adas de um j or nal, par a inser ir ideias e
opiniões sobr e os t ópicos discut idos na sala de aula, ou out ras form as
de ut ilização.
Pode opt ar - se t am bém pela cr iação de um blog individual par a
cada aluno, que fica r esponsável pela sua gest ão e que o ut iliza par a
expr essar as suas ideias sobr e a m at ér ia em est udo, par a discut ir
act ividades r ealizadas na sala de aula ou out r as act ividades de
par t ilha.
A ut ilização de um blog para supor t ar o t r abalho colabor at ivo
num pr oj ect o de t ur m a, com pequenos gr upos individuais que
execut am t ar efas com t ar efas difer ent es ou act ividades inser idas
As ut ilizações apr esent adas não são nem m uit o exaust ivas nem
m uit o específicas ser vem unicam ent e de im pulso par a a ut ilização de
blogs na educação podendo ser ger ador as de novas ideias par a
explor ação no cont ext o da apr endizagem .
2 . Con t e x t o
Est e ar t igo descr eve a ut ilização de um blog de t ur m a cr iado no
âm bit o da disciplina de Tecnologias de I nfor m ação e Com unicação I
( TI C I ) , no pr im eir o sem est r e do ano lect ivo de 2005/ 2006, do
pr im eir o ano do cur so de Com unicação Em pr esar ial do I SCAP.
3 . Pla n e a m e n t o
A cr iação de um sit e da disciplina sob a for m a de Blog, foi
ut ilizado com o um a est r at égia de publicit ação dos t r abalhos dos
alunos, de com unicação e apr endizagem colabor at iva m ediada por
com put ador .
O blog cr iado pr et endeu ser um espaço de par t ilha de
infor m ação r ecolhida, or ganizada e t r abalhada pelos alunos, um
am bient e da r esponsabilidade de t odos sobr e o t em a específico da
com unicação em pr esar ial. Teve com o pr opósit o o r egist o das m ais
diver sas act ividades r eflect indo a int er ligação pr om ovida ent r e
conhecim ent os adquir idos no âm bit o da disciplina de TI C I com as
r est ant es disciplinas do curso.
Pr et endeu- se est im ular , por est a via das t ecnologias de
com unicação, o pr ocesso de r eflexão pessoal e público do t r abalho
desenvolvido. O blog cont eve m om ent os de t r abalho individual m as a
or ganização e a const r ução foi da r esponsabilidade da t ur m a que se
Os alunos for am incent ivados a assum ir um a at it ude act iva
com o pr odut or es de conhecim ent o, procur ando cont eúdos e links de
int er esse, desenvolvendo as act ividades pr opost as, publicando
docum ent os e cont r ibuindo assim par a alar gar a base de
conhecim ent os do cur so.
A pr epar ação do blog const it uiu a pr im eir a fase do pr ocesso no
qual for am explicit ados e definidos os obj ect ivos r elacionados com a
sua const r ução e r espondidas a quest ões com o: Por que é que o blog
vai ser const r uído? Qual a sua t em át ica? Quem é r esponsável pela
sua const r ução e or ganização? Com o é que vai ser or ganizado? Quais
os cr it ér ios a r espeit ar par a incluir os t r abalhos/ com ent ár ios no blog?
Num a segunda fase pr ocedeu- se à const r ução do blog. Os alunos
planear am e pr oduzir am os seus t rabalhos par a ser em publicit ados e
expost os a com ent ár ios no blog.
4 . Obj e ct iv os da a pr e n diz a ge m
É pr em ent e alinhar a selecção das est r at égias de apr endizagem
com os obj ect iv os da disciplina, Assim est a act ividade pr et endeu
cobr ir alguns dos obj ect ivos do cur so e da disciplina da seguint e
for m a:
Ut ilizar um a fer r am ent a de com unicação par a fins em pr esar iais
( um dos obj ect ivos do cur so)
Publicar a fot o de t ur m a ( pr ogr am a de m anipulação de im agem
– obj ect ivo da disciplina)
Cr iar / Publicar um logot ipo do pr oj ect o ( pr ogr am a de edição
elect r ónica – obj ect ivo da disciplina)
Publicar links de int er esse ( par t ilha de conhecim ent os num a
Publicit ar os event os im por t ant es na ár ea da com unicação
em pr esar ial ( par t ilha de conhecim ent os num a com unidade global –
obj ect ivo do cur so)
Pesquisar ar t igos, nas vár ias línguas que est udam , sobr e a
com unicação em pr esar ial ( part ilha de conhecim ent os num a
com unidade global – obj ect ivo do cur so e pr ogr am a de navegação da
Web - obj ect ivo da disciplina)
5 . Re su lt a dos
Tipo de mensagens Blog
63% 13%
24%
Informação/recursos Pessoal
Organizacional
Figur a 2: Tipo de m ensagens no blog
6 . Av a lia çã o ca r a ct e r iz a çã o da a pr e n diz a ge m
A int er venção m ot ivador a e esclar ecedor a do pr ofessor foi
fundam ent al par a desper t ar a consciência sobr e a noção e
im por t ância do blog. O ent endim ent o do am bient e, e do pr ocesso
envolvent e, cr esceu no decor r er da sua ut ilização. O act o de
com ent ar as m ensagens pr om oveu um clim a de diálogo, de
colabor ação, clar a e ident ificada, num a par t icipação conscient e na
r ede social. Est a consciência m ot ivou um a escr it a cuidada par a uns e
um m aior t em po de silêncio par a out ros. Cada com ent ár io inser ido
im pulsionou r eflexões e ger ou m ovim ent os com unicacionais não
est r ut ur ados.
Os alunos m ost r ar am - se sat isfeit os com a ut ilização do blog e
r ealçar am a sua facilidade e flexibilidade de ut ilização. A exposição,
aos colegas e a t odos os que acedessem ao blog, iner ent e a cada
int er v enção, im pulsionou um a fundam ent ação m ais clar a. A colecção
das int er venções for m ou um por t fólio de t ext os e r ecur sos. Cada
com pensação e im pulso m ot ivador de novas int er venções e r eflexões
cr ít icas.
As m ensagens inser idas poder ão ser enquadr adas em t r ês
gr andes gr upos: m ensagens infor m at ivas, de car áct er t eór ico e de
par t ilha de r ecur sos, m ensagens pessoais e de r eflexão ou
m ensagens de car áct er or ganizat ivo. A classificação obt ida
t r anspar ece o espír it o de com unidade at ingido. Foi int er essant e
const at ar que, após t er t er m inado o sem est r e, ainda for am inser idas
m ensagens de car áct er espont âneo e or ganizat ivo no blog.
Pela análise do gr áfico de int er venções ( Figura 1) ver ifica- se
que o blog cr iado const it uiu um a im por t ant e fer r am ent a de par t ilha
de infor m ação, r ecur sos e de r esult ados de pesquisas na I nt er net .
Dessa for m a os alunos conseguir am cr iar um a est r ut ur a de auxílio
par a a difícil t ar efa de seleccionar infor m ação fidedigna num m undo
quase inesgot ável de dados que const it ui a Web.
6 . Con clu sõe s e Re com e n da çõe s
A ut ilização do ebublog pr om ov eu a aquisição e o
desenvolvim ent o de com pet ências m últ iplas que ext r apolar am o
lim iar do obj ect o de est udo, t ais com o: A com pet ência de r egist ar o
apr endido, os alunos r egist ar am o que apr ender am , as suas
im pr essões e explicit ar am as suas int enções. A com pet ência de
cont ext ualizar ao cr iar em novos t ópicos no blog. A com pet ência de
r elacionar , pois com par ar am os novos conceit os com as suas pr ópr ias
exper iências ant er ior es e as ideias dos colegas. A com pet ência de
concluir ent r e difer ent es pont os de vist a, de debat er , com ent ar e
discut ir . A com pet ência de cr iar , publicar e par t ilhar ficheir os. A
com pet ência de com unicar pois procur ar am apr ender par a t am bém
r esponsabilidade sobr e as suas int ervenções e a capacidade de se
aut o- or ganizar em ger indo o seu pr ópr io espaço e o espaço do gr upo.
A com pet ência de t r abalhar em equipa, colabor ando no blog e
desenvolvendo a capacidade de const r uir um a ident idade, pr ocur ando
conhecer um pouco m ais os colegas e ident ificar elem ent os com uns.
Desenvolver am ainda a capacidade de pesquisar e seleccionar
infor m ação da I nt er net e de ut ilizar as fer r am ent as w eb.
Pela exper iência r elat ada ver ifica- se que os alunos aceit am bem
a int r odução das t ecnologias e facilm ent e se adapt am a novas for m as
de par t icipar na com unidade de apr endizagem . Nest e cenár io
desenvolvem - se hábit os de aut o- est udo, par t ilha e at it ude act iva na
const r ução do saber , com pet ência essencial par a a prom oção da
apr endizagem ao longo da vida.
Ao pr ofessor cabe a t ar efa de clar ificar o am bient e e as
act ividades, que dever ão est ar alinhadas com os obj ect ivos e com a
flexibilidade subj acent e ao obj ect o de est udo. É igualm ent e
im por t ant e incent ivar os alunos à par t icipação cr iando sit uações de
int er esse, desafios e r espondendo sem pr e a qualquer solicit ação. O
pr ofessor deve pr ocur ar ser fugaz nas suas r espost as par a com bat er
o absent ism o e par a pr om over a discussão act iva ent r e t odos os
int er venient es incut indo r esponsabilidades individuais num espaço
que é de t odos. A exigência em t er m os de t em po do pr ofessor é
gr ande par a que o blog se m ant enha um am bient e de apr endizagem
e não de disper são.
O pr ocesso de análise das int er venções foi m or osa e exigiu um
gr ande esfor ço por par t e do pr ofessor , ser ia út il a exist ência de um a
fer r am ent a que facilit asse esse t r abalho de classificação. Pela análise
em pír ica das m ensagens assist iu- se a um a diver sidade de t ext os
r esult ado da const r ução plur al do conhecim ent o e das difer ent es
As novas t ecnologias desafiam os pr ofessor es a fazer um a
análise r eflexiva das suas act uais prát icas pedagógicas. Os benefícios
dos edublogs apenas são alcançados quando est es adquir em um
papel m ediador nos pr ocessos educat iv os da com unidade de
apr endizagem .
O pilar dest a exper iência cent r a- se no alinham ent o clar o
est abelecido ent r e os obj ect ivos disciplinar es e int er disciplinar es e a
est r at égia pedagógica, m ediada pelas t ecnologias definida.
Consider ando est e fact or est r ut ur ant e e adicionando as
car act er íst icas de com unicação, flexibilidade e facilidade de acesso
que car act er izam os blogs, a exper iência pedagógica descr it a poder á
ser r eplicada em qualquer out r o cont ext o educacional. Os blogs
apr esent am - se com o um espaço público de discussão sobr e qualquer
t em a de est udo, pr opício par a pr om over as r elações int er pessoais,
int r apessoais, diagnost icar pr efer ências, fom ent ar a com unicação
digit al e confr ont ar posições. O desafio vai no sent ido da cr iação de
diálogos que per m it am fazer um a leit ur a cr ít ica e cont ext ualizada, ao
pr ofessor cabe a t ar efa de iniciar esse diálogo aber t o e à esper a da
co- aut or ia dos alunos. Os canais de com unicação ent r e t odos os
int er venient es vêm - se am pliados com a cr iação do Blog. Cada
int er venção ou com ent ár io inser ido fica aber t o a novas vozes que
Re fe r ê n cia s
SI RFY, David – St at e of t he Blogospher e. Febr uar y 2006 Par t 1: On
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