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15 1 A África é igual à mãe da gente Foi de lá que a nossa

tão i nocente a assustadinho como o da pombinha do mágico quan­ do descobre a multidão Vai ver que era por isso que chamavam

15 1 A África é igual à mãe da gente Foi de lá que a nossa

gente veio. Lado 4 0

. . . ,com seu arzinho meio espantado já meu conhecido de outros tempos e outras dimensões, um ar de pombinha assusta­ da . Pr 72

. . . respondeu na voz de taquara rachada que todos os bonecos de pau devem ter . Bento 27

. . . ,a conhecer em qualquer lugar do mundo essa sua ca­ ra de pastel . Bisa 1 4

. . . continuava tocando a vida para a frente e também para cima e para os lados, que nem bola quando a gente faz embaixada . O 29

. . . ,um jeitão de madeira mais se guro. que qualquer na, vio, . . . Elfo 9

. . . na hora de se lançar ã luta com a fúria de quem vai derrotar dragões . Pr 34

. . . um par de borboletas que tinham as asas azuis por cima e castanhas por baixo, e quando elas voavam as vezes se via um lado, às vezes o outro, parecia que elas estavam pis­ cando, duas manchinhas de céu que apareciam e desapareciam, feito vaga-lumes de dia, estrelas ao contrário . IQ 24

Ela ficava parecendo uma princesa das Terras da Áfri­ ca, ou uma fada do Reino do Luar . Laço 5

. . . por urna abertura da máquina, como se ela fosse urna mulher parindo, saiu um livro. Pr 1 0

Como sua aldeia, que mal começava a virar cidade, Pa­ loma era menina que mal começava a virar mocinha, . . . Pr 18

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. . . com tanta desculpa esfarrapada, mais esfarrapada que os tais rasg6es imaginários na calça que ninguém via . IQ .�7

. . . a voz dela parecia música, um canto perfumado como as sereias ou aquela Dona Janaína, Rainha do Mar, . . . IQ 28

. . • o velho respondeu com uma calma que parecia guardar toda a paciência dos séculos . IQ 34

O Amigo parecia mesmo um sol humano. O 23

SÓ que ele não contava com Isabel, nem com o avô dela, que tinha sido um verdadeiro fabricante de estrelas e agora ensinava para a neta todos os truques . Eles também estavam só esperando escurecer . T 23

O dia seria Arlindo, sem dúvida, se a noite fosse Pe­ dra . Pr 18

Enquanto isso, no chuveiro das ondas, /a Sereia conse­ guia tomar banho/de cheiro de luar na mata/com todos os seua cricris . Elfo 12

Roubaram aquele sol branco e frio que brilhava na es­ curidão . Hist 37

Vamos defender o Dragão Negro e seu olho de luar. Hist

30

. . . as primeiras bombas atômicas começaram a plantar o veneno de seus cogumelos mortais pela face da terra . . . Pr 80

. . • antes do baile e das estrelas de fogo . Pr 32

Achei que não podia dar a ninguém esse gostinho de me ver chorar, nem a ele, nem a Bisa Bisa, nem a Marcela, aque­ la pastel, aquela goiabona esperando lá fora . . . Bisa 35

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f 153 5.2.3 . 5 - Gradações

� comum usarmos séries de palavras, expressões e até frases colocadas segundo uma ordem lógica, a própria lógica dos sentimentos que então nos envolvem.

Podem ser impressões que vão crescendo de intensidade ou meros fatos que necessitam de determinada disposição com fins explicativos para se fazerem entender ou ainda por ne­ cessidades estilísticas.

Há casos ainda mais complicados em que a disposição das p alavras obedece a certas exigências expressivas do dis� curso seguinte .

As diferenças quantitativas podem apresentar um cara­ ter meramente intelectual, não intervindo nestas séries o

sentimento, corno em ma r-o c ea no . Porém, já em p e n s ar-c isma r ,

facilmente constatamos que o segundo vocábulo , o termo in­ tensivo, carrega uma dose maior de sentimento. Geralmente,

o que predomina nas séries é a intensidade a fetiva; e é isso que importa para um resultado mais expressivo.

Isto tudo vale no que diz respeito às caracterI�ticas quantitativas da expressão. Existe, no entanto, uma noção qualitativa que não tem muita import5ncia .. Ao nos referirmos às coisas, atos, idéias, lhes atribuímos um valor que eles mesmo podem não ter, mas que referimos quase sempre a nós mesmos. Por exemplo, três pessoas quando assistem a um espe­ táculo podem ter opiniões totalmente diversas sobre o q�e veem.

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mos para achar boas ou más as coisas, segundo nos causam pra­ zer ou descontentamento. Tal fato necessariamente há de se refletir na linguagem.

Ana Maria Machado utiliza essas gradações também em fa­ tos, comportamentos, situações, opiniões, sensações como é de seu feitio: misturando idéias objetivas concretas com sub­ jetivas, abstratas.

Vejamos as ocorrências no texto:

Mas não foi chuva miúda, foi para valer, de verdade, foi mesmo um deus-nos-acuda, urna imensa tempestade, de gra­ nizo, raio, vendaval, com aguaceiro e temporal, chuva de muito trovão que virou inundação. QPG 14

Enorme também, imenso, quase infinito era o tamanho do vazio que Diogo sentia dentro dele . . . PU 4

. . . urna das caras mais esqui si tas que alguém pode fazer.

Cara de medo, de muito medo, de pavor mesmo . MS 29

. . . dá para agüentar todo o peso do povo de urna aldeia, de urna nação, de uma terra. O 48

. . . e pulando atrás das bolas que subiam, voavam, es­ touravam, sumiam. Bento 16

Ela olhou igual para ele. De banda, meio de lado. E foram os dois começando a sorrir. Depois a rir. Depois a dar gargalhadas. Bento 28

Olhando para trás e andando para a frente, tropeçando de vez em quando, inventando moda . Bisa 56

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Um calorzinho, uma sombra boa, uma conversa fiada, e depois um grande silêncio. Bem 17

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AÍ foi dando uma aflição nela, um desespero, uma von­ tade de chorar. Pals 18

"Porque a praça ê do povo. Como o céu é do condor"

(Castro Alves - Poeta Brasileiro do século XIX ) .

"A Praça Castro Alves é do povo como o céu é do avião".

(Caetano Veloso - Poeta Brasileiro do século XX)

"A Praça Caetano é do povo como o céu é do exocet. "

(Poeta desconhecido do século XXI)

. . . , Pombinha da Paz, porque é a Única que serve para chamar gente, reunir contrários, somar forças, vencer limi­ tes. Pr 9 5

O Rei gritou, urrou, esbrave jou. Hist 38

E então, quem não quisesse cair no sono geral e apagar de uma vez, só podia pensar, lembrar e sonhar. T 1 1

Estranhou o tom, o olhar, a resposta . IQ 17

5.2.3. 6 - O Contexto da Realidade e da Fantasia

Como já dissemos anteriormente, Ana Maria Machado con­ corda com �onteiro Lobato-em que o faz-de-conta é um dado da rea lida­ de tão concreto quanto outros aspectos mais tangíveis. Não

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há, em ambos, tentativas de se isolar a fantasia do real. Pe­ lo contrário, convivem harmonicamente ,

Vejamos, como isso se manifesta na linguagem por ela trabalhada. A autora as socia esses dois aspectos com uma ló­

gica inerente ao próprio texto, mantendo sempre (re) conµeci­ da coerência que condiz com sua maneira de ver o mundo. ,.

Eu guardei e la grudada na minha pele, junto ao meu co­ raçao, muito bem guardada, no melhor · lugar que tinha. E e ia

gostou tanto - sabe, mãe? - que vai ficar aí para sempre, só que pelo lado de dentro, já imaginou? Também, era fácil, porque eu tinha corrido e estava suando muito, o retrato de­ la ficou molhado, colou em mim. Igualzinha a uma tatuagem. El9 ficou pintada na minha pele. Mas não dá para ninguém mais ver. Feito uma tatuagem transparente, ou invisível. Bisa 20

Gostou muito de inventar coi sas . Por isso não sou muito boa cantadeira de histórias. Fico misturando as coisas que aconteceram com as inventadas. E quando começo a conversar vou lembrando de outros assuntos, e misturando mais ainda. Fica urna história grande e principal toda cheia de histori­ nhas pequenas penduradas nela. Hist 5

Tudo isso ele aprendeu com as perguntas e os documentos . O resto foi com o pensamento. QBP 7

Era urna vez um Elfo. Quer dizer, alguém maravilhas� que em vez de morar só na fantasia vem morar também na mata, on­ de a gente talvez pos sa ver. Elfo 1

- Pensem bem. Que quer dizer essa coisa de bento-que­ bento-é-o-frade? Não tem nada a ver com o frade . E forno não tem boca. E esse negócio de cozinhar bolo? Ninguém cozinha

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bolo, todo mundo bota bolo para assar, ainda mais no forno. E no fim a gente ainda ganha bolo de palmada em vez de comer bolo de forno.

- E daí, Nita? - perguntou Chico - t um jeito de brin­ cadeira e a gente se diverte . Bento 1 1

Ficaram todos tão embevecidos com o boi voador que nem notaram que de repente toda aquela beleza virou surpresa. Ele sentou para comer, e beber com a fome e a sede de quem acabava de muito voar e muito brincar. No prato só tinha um bife - o que Pedro tinha guardado para ele. Mas o Boi Voador logo deu um j eito. Um jeito de Boi Voador. Mas que também pódia ser de borboleta ou beija- flor. Boi 27

5. 2� 3.7 - O Contexto Revestido de Carga Poética

Podemos definir Poética como "uma atividade lingüística que tem um objetivo de arte e procura criar com a linguagem um estado psiquice de emoção estética por meio da aplicação

sistemática de processos de estilística11 10 5. Desse modo, a

língua transcende da sua função primeira de meio de comuni­ caçao, para ser ela mesma o objeto essencial da atividade, servindo de matéria-prima para uma obra de arte.

Teremos, então, uma expressão lingüística com uma orga­ nização peculiar em relação à disposição das frases, entoa-

çao, escolha de vocabulário. ' .

Na atividade poética são exploradas as possibilidades expressivas da linguagem em gera l e da língua ·específica

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