finição de um nome próprio . Vamos apenas citá-los sem um exa me mais profundo: 1) unicidade, 2) identificação, 3) designa ção contra conotação, 4) som destinti vo, 5) critérios grama ticais.
Muitos filósofos lingüistas consideram os nomes próprios como marcas de identificação. Por oposição aos substantivos comuns , cuja função é inclui r espécimes particulares sob um conceito genérico - um nome próprio �rve só para identificar uma pessoa ou objeto, singularizando-os de entre as entida des semelhantes. Uma comparação usada freqüentemente é a de um "rótulo" fixado numa pessoa ou numa coisa para a i dentifi car, diferenciando-a de elementos similares. Esta analogia, apear de sua aparência moderna, é muito antiga, poi s rótulos contendo nomes próprios já eram encontrados em inscrições e papiros egipcios .
Para Ullmann, dos cinco critérios acima mencionados , o segundo é o mais Ütil. Os restantes crit;rios ou são de al cance limitado ou estão já implícitos na função identificado ra dos nomes.
A diferença essencial entre os substantivos comuns e os nomes próprios reside na sua função enquanto os primeiros são unidades significativas, os segundos são simples marca de identificação.
Embora seja fácil distinguir os nomes próprios dos subs tantivos comuns, a demarcação entre as duas categorias não é de modo algum decisiva, como por exemplo nome de lugar que na origem são substantivos comuns, apelidos, nomes de pes-
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O proces so inverso pelo qual o nome próprio se trans for ma num substantivo comum também é bastante freqüente . Estas mudanças j á são conhecidas e dispensam uma análise detalhada . Em termos gerais, enquadram-se em dois grupos . Alguns são
"metafóricos ", baseadas em qualquer tipo de semelhança ou as pecto comum. � o fator em j ogo quando uma pes soa ou um lugar dão o seu nome a uma clas se inteira de pes soas ou lugares se melhantes . O segundo grupo é "metonímico", baseado em qual quer relação, menos a semelhança : a que há entre o inventor e a invenção, entre o produto e o lugar de origem, por exemplo . A transparência do substantivo comum dependerá do maior ou menor grau de conhecimento do nome próprio. A derivação de um
substantivo comum a partir de um nome próprio pode também ser obscurecida por diferenças fonéticas .
Semanticamente, a trans formação de um nome próprio numa palavra vulgar envolve uma considerável ampliação do seu al cance. Quando . um substantivo comum se trans forma num nome próprio, a mudança pode ser acompanhada por uma restrição no
seu alcance, mas há certamente uma restrição quando um subs tantivo comum se transforma num nome de lugar, mas como nomes próprios designarão apenas um lugar ou, quando muito, um pe queno número de lugares homônimos . Em todos esses proces sos, a ampliação ou restrição que possa ter ocorrido é de impor tância secundária; o ponto principal é que uma marca de iden tificação se tornou num s ímbolo significativo ou vice-versa .
Ana Maria Machado em seu livro Re cado do Nome, Uma Le i-
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apresenta no primeiro capitulo a seguinte questão: "Nome Pró prio: Indice ou Signo?" em que vários autores se posicionam.
A seguir, transcrevemos alguns trechos merecedores de atenção especial.
As abordagens tradicionais da questão geralmente nega ram ao Nome todo e qualquer ca.ráter �igni.ficativo. Aristóte les, assinalando o aspecto convencional e arbitrário do nome em geral, observa particularmente que, no caso do nome pró prio, as partes dotadas de um significado originário o per dem para constituir o Nome. Pierce vê o nome próprio apenas como Índice. John Stuart Mill, negando no nome próprio a pos sibilidade de existência de conotação, conclui que ele é des provido de significado. Bertrand Russe l vê no Nome o modelo lógico do pronome demonstrativo cuja função não seria signi ficar, mas apenas mostrar, indicar. Para Gardiner os nomes próprios são marcas de identificação reconhecíveis, não pelo intelecto, mas pela sensibilidade, simples sonoridades dis tintivas, de caráter não significante. SÓ a partir de Lévi Strauss é que vamos encontrar uma interpretação áiametralmen
te oposta, reconhecendo ao nome próprio uma significação e mesmo um papel de operador de classificação. Para ele, "Os nomes próprios são parte integrante dos sistemas tratados por nós como códigos: meios de fixar significações, transpondo-as em termos de outras significações11 9 5
O Nome não é índice, mas signo e elemento classificató rio. Não nos deixemos enganar pela expressão · nome próprio.
Próprio por quê? Propriedade de seu portador, Por um lado, se
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individuo que é nomeado, ele marca também sua pertinência a uma classe predeterminada (família , classe social , clã , meio cultural , nacionalidade , etc . ), sua inclusão em um grupo. O nome próprio é a marca lingüística peia qual o grupo toma posse do indivíduo , e esse fenômeno é geralmente assinalado por ritos , cerimônias de aquisi ção ou mudança de Nome . A de nominação é também a dominação do indivíduo nomeado pelo gru po.
O Nome marca também um aspecto da subjetividade ou da posj_ção social daquele que nomeia, e que é significado pelo Nome que escolhe . Portanto, o Nome é sempre significativo . E sempre uma forma de classificação.
Além disso, não é próprio por ser somente uma proprieda de de seu portador, mas porque lhe é apropriado. Duplamente apropri ado: marca de uma apropriação pelo outro, e escolhido segundo urna certa adequação àquele que é nomeado, para expri mir aquilo que lhe é próprio enquanto indivíduo , aquilo que nao é comum a toda a espécie . E com essa operação, volta-se a classificação . Significa ção e classificação estão sempre es treitamente li gadas no nome próprio .
Bá um� corrente que afirma que , em uma sociedade como a nossa , o nome indica o indivíduo, e os apelidos e alcunhas o significam .
Há os que acreditam que quando um autor confere um nome a um personagem , já tem uma idéia do papel que lhe destina , mesmo que , em certos casos, o nome aja sobre o personagem, até modificando-o . � licito supor que, em grande parte dos casos, o nome do personagem é anterior ao texto .
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