lento" ou do " gênio" pessoal. Os integrantes da est.�_lística psicologista (H . Morier, por exemplo) incorporaram essa con cepção, havendo na atualidade identificação com Roland Barthes para quem o estilo é a expressão do " eu" profundo do autor, as características mais Íntimas do escritor, algumas sõ poden do s er percebidas no subconsciente; pensamento esse que reve la a influência de Bachelard e Freud . De acordo com essa Óti ca, cada estudo de estilo se constituirá numa verdadeira aná lise psicol ógica, ou até psicanalítica .
Greimas, legítimo representante do estruturalismo fran ces, tamb�m adota essa concepç�o de estilo. Porém, segue um caminho diferente do de Barthes, aproximando-se da estilísti- ca ao detectar uma manifestação do estilo na estrutura lin güística .
A concepçao de estilo como marcas pessoais de um autor também é acolhida por autores hispânicos . "Para nós, o estilo literário de um autor é o seu pessoalíssimo modo de exprimir se como artista da palavra escrita� . 26
Para Dámaso Alonso o estilo "é a unicidade da obra lite-
� · d " 2 7 " . 1 � . t . d ' .
raria ou e um autor . Esti .o e precisamen e o que in ivi- dualiza uma fala particular . 112 8
Kayser entendeu por estilo a forma total da obra literá ria enquanto para Sayce é a própria obra.
Amado Alonso, tomando por base a definição de Buffon, ve na estilística o estudo de um duplo aspecto da obra, como pro- duto criado e atividade criadora .
'
48
Observa que a estilística literária se preocupa mais com o que a obra possui de criação poética, ou o que existe no poeta de poder criador.
Dessa forma os dois aspectos da criação, autor-obra, acham-se representados nesta caracterização . Alonso jamais deixa de lado totalmente o autor, mas - e aí é diferente de Spitzer, se concentra na obra . Segundo Amado Alonso,
r-. . . _ ,
a e s t i 1 Í s t i c a e s t u d a , p o r t a n to , o s i s t em a exp re s s i vo de uma obra ou de um autor , ou de um grupo afim de autore s , entendendo por s i s t ema e s p re s s i �o não s o a es trutura da obra ( contando com as relações entre as qualidades dos materiai s em pregados ) mas também o poder s uges tivo das pala vras . 2 9Um prazer estético leva o autor à criação; a obra lite rária fica por ele impregnada . Percebê-lo é o objeti vo maior da estilística . "O melhor estudo estilístico consiste em so prar nessas cinzas de prazer objetivadas na obra literária para fazer renascer uma chama ansiosa de novas incandescên cias" . 3º
Amado Alonso ultrapassa as limitações da estilística idealista, resume as tendências principais e antecipa alguns aspectos da estilística estrutural moderna ou da semiótica literária . Reconhece a importância de Spitzer, embora cônscio dos limites e parcialidades do seu método. Da escola idea lista, retira a idéia de que o fundamental da estilística é á descoberta do " prazer estético" da obra . Concorda com a esti lística estrutural quando esta propõe que a estilística deve analisar como está construída a obra . Liga-se à semiótica mo- derna quando na �ua distinção entre signo e indício, conside ra a obra literária um processo dc · comunicação que permanece
4 9 m esm o quando o autor desaparecer .
As definições anteriores destacavam no estilo os seus va lores form ais . Outras concepções viram nele "o próprio pensa m ento" (Rémy de Gourm ont, Mm e . de Stael) propondo um a esti lística dos tem as .
Coexistem na estilística três tendências : estilo com o expressão, estilo com o desvio, estilo com o totalidade da obra.
Em nossos dias é quase inaceitável um conceito de estilo que separe a expressão e o conteúdo m esm o porque cada traço individual, cada peculiaridade de época ultrapassa essa divi são. Ainda que se tenha em vista que cada obra é um universo construído na linguagem, o estilo não pode ser reduzido a um sistem a lingüístico . A respeito cite-se a definição de Wellek e Warren: "O estilo é o sistem a lingüístico individual de uma obra ou de um grupo de obras11 •31
Duas concepções de estilo apareceram com os primeiros es tudos sobre estilística moderna: o estilo com o expressividade, traços expressivos, e o estilo com o desvio de um a norm a apare cendo também am bos os critérios reunidos .
Para Bally a estilística se resumia no estudo dos elem en tos expressivos, dos elem entos afetivos da linguagem. Na lite ratura se constatava a especificidade da linguagem poética co m o um desvio em relação a um a norma, identificando a linguagem poética com a linguagem em otiva (ou conotativa) de Richards, contrastando com a linguagem denotativa, referencial, quoti diana.
50
bastante aceita. Este desvio pode manifestar-se de forma di ferentes de acordo com uma concepção psicológica ou uma con cepçao estruturalista (ou formalista) . No primeiro caso, o.
estilo trata do que é peculiar num autor: "todo o desvio lin güístico indica um novo rumo empreendido pelo autor", segundo Spitzer . A obra, o esti lo, são o reflexo de um "universo men tal individual", onde cada fato estilístico corresponde a uma característica do criador. Dámaso Alonso discorda em parte: para ele o estilo pode definir a unicidade da obra ou do au tor.
O segundo caso considera a linguagem poética, em gera l, como desvio. � a que encontramos nos formalistas russos e es truturalistas de Praga, relacionada à função renovadora da percepçao que possui a arte.
Sol Saporta assim resume esse desvio.
a) A l i nguagem poé ti ca e um des vio em rel ação a l i nguagem quoti di ana porque pode i n c l u i r caracte rís ti cas inexi s tentes na s egunda , Certas res tri ções da l í ngua fal ada podem des aparecer ; podem ap are cer organi zações e es truturas des conhe c i das �a l íngua fa l ada.