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9 4 sufixação) Menéndez Pidal dá o seu parecer :

G .];

s í n tes e de vário s elemen to s que formam um

termo n o vo, como desa lmado, o n d e s em que exis ta um s ubs tan tivo * desalma nem um adj etivo * aZmado�

a reu n i ão d o s trê s elemen to s fo rma u m compo s to claro e expres s ivo 7 1.

A nomenclatura Gramatical Brasileira não reconhece este · fenômeno lingüístico.

O reconhecimento tradicional é feito pela possibilidade ou nao de se extrair um dos afixos da construção e ter como resu ltado uma palavra da língua. Havendo a possibilidade, a construção não seria considerada parassintética.

Parece-nos que o procedimento é claro : se, ao suprimir­ mos um dos afixos , o resultado é uma forma não existente , is­ so indicaria que a construção não pode ter sido feita pelo simples acréscimo de um afixo a uma base já afixada pois não se forma palavra acrescentando um afixo a uma forma que não existe .

Achamos , porém , que o procedimento tradicional de reco­ nhecimento é insuficiente por tratar apenas da pos sibilidade de formação, deixando de lado o fator semântico para o qual o contexto contribui .

Um outro aspecto precisa ser considerado. Não estamos lidando com vocábulos dicionarizados. Há ineditismo nos seus empregos. Tendo isso em vista, o termo pode existir em poten­

cial, j á que se vai criar sobre ele.

Sem querermos polemizar acerca da questão, apenas esta­ mos levantando algumas idéias , j.á que o controverso fenômeno aparece no texto de Ana Maria Machado.

9 5 Exami nemos duas ocorrências

Pelo tradicionalmente aceito, não haveria derivação pa­ rassintética em "Primeira aventura de desenferrujamento". R 42 pois temos des + enferruja + mento, mas sim em "Ela não co­ nhecia congelado, enlatado, desidratado, ensacado, emp lasti� cada , . . . Bisa 25 porque não há em + p lastic + ado.

Para nós, sem absolutamente pretendermos fechar qualquer questão, o que há em ambos é derivação prefixa! e sufixal.

Quanto mais não fosse, seria possível supor a consciên­ cia lingüística real da autora no momento da criação?

5 . 2.1 . 1 . 4 - Composição

Consiste em formarmos urna nova palavra pela união de doi s ou mai s e lementos vocabulares de s ignific ação própria

(radicais) . A palavra composta representa sempre uma idéia Única e autônoma, quase sempre dissociada das noções expres­ sas pelos seus componentes . O que caracteriza, então, a com­ posição é, além da unidade de significação, a existência de mais de um radica l . O composto representa uma idéia simples, porém, caracterizada, normalmente, pela alteração ou especia­ lização do sentido primitivo dos seus componentes .

Para existirem os compostos, é condição necessária e bastante que dois termos reunidos tenham sobre o espírito a impressão de urna idéia simples. Michel Bréal assim o atesta:

Logo que o espí r ito reúna em urna sô i déia duas no­ ções até então separadas, todas as sor tes de redu­ ções ou de petr i f i cações do primeiro termo se tornam possí vei s . Mas são fatos acessó r i os , cuj a presença ou ausência em n � da alt e ra a essênci a das coisas

t

9 6 Vamo-nos permitir tecer algumas considerações baseadas nos ensinamentos de Margarida Basílio cujo enfoque é um pou­ co diverso do da gramática tradicional, mas que nos parecem interessantes, acrescentando novas perspectivas ao problema .

Como foi visto, a derivação gira em torno de um afixo, que é um elemento estável, com função sintática ou semânti­ ca predeterminada. Já a composição envolve a união de uma base (radical) a outra base, não havendo elementos fixos, funções predeterminadas no nível dos elementos .

O que caracteriza e define a função do processo de com­ posição é a sua estrutura, de forma tal que, das bases que

se unem para formar um a palavra, cada uma tem seu papel de­ fin�do pela estrutura.

Tomando como exemplos alguns compostos, chegaremos a conclusões interessantes e pouco lembradas. Em compostos do tipo substantivos mais substantivos, o primeiro funciona co­ mo núcleo e o segundo como modificador (couve-flor) ; já em compostos com substantivos mais adjetivos (obra-prima) , o nu­ cleo é o substantivo, enquanto que o adjetivo é o modifica­ dor, não importando quem venha primeiro . Em composições tipo verbo mais substantivo (mata-mosquito) , o substantivo exerce função semelhante à de objeto direto do verbo.

Temos, então, um aspecto pouco enfatizado da composição a qual utiliza estruturas sintáticas para fins lexicais, ou seja mecanismos ou estruturas que são normalmente utiliza-

dos na formação de enunciados passam a ser utilizadas na fun­ de denominare/ou caracterizar seres , que é uma função funda­ mental do léxico"7 3.

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Observamos que, enquanto na derivação temos a idéia de noçoes comuns e gerais, na composição identificamos um pro­ cesso com categorizações cada vez mais particulares . Ao serem utilizadas estruturas sintáticas com finalidade lexicais os processos de composição podem responder pela nomeação ou ca­ racterização de seres ao se unirem dois componentes semânti­ cos, de existência independente no léxico em apenas um ele­ mento lexical .

A nomeação de seres, segundo Margarida Basílio pode ser descritiva ou metafórica. "Na nomeação descri tiva, um ser, en­ tidade, substância, etc . é denominado a partir de suas carac­ terísticas objetivas mais relevantes117 4 (couve-flor) . "Temos

uma, situação de nomeação metafórica quando a descrição de um objeto, ao invés de caracterizá-lo por critérios objetivos, estabelece para este uma descrição em termos de propriedades transferidas em termos associativos11 7 5 (louva-a-deus). Neste segundo caso fica bem clara a idéia de que as noçoes expres­ sas pelos elementos constituintes normalmente nada têm a ver com a idéia Única da palavra composta no seu todo.

Pelo que pndemos perceber, a composição, utilizando a estruturação sintática para fins de criação lexical, redunda num processo de função semântica, sem paradoxalmente, elemen­ tos semânticos em sua estrutura . Objetiva, antes de qualquer outra coisa, a denominação, na qual se manifesta cabalmente

a importância assumida pela função metafórica no mecanismo da criação lexical .

Por isso tudo, não se estranha que

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