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194 Mas Lucas não estava disposto a esperar nada Nem prin­

tão i nocente a assustadinho como o da pombinha do mágico quan­ do descobre a multidão Vai ver que era por isso que chamavam

194 Mas Lucas não estava disposto a esperar nada Nem prin­

cipe nem o fim da conversa . �chou melhor voltar ao mundo lá de fora . Levantou-se da beira QO canteiro .mais florido do .

jardim da avó e entrou em casa aos pinotes . Dentro 16

f - em periodos onde a subordinação aparece, porém em plano secundário

- Na sua casa, você pode encher a banheira de água e olhar para dentro . � tudo claro, fechado, parado, sem segre­ dos . Muito fácil de entender . Tudo feito para quem nao con­ segue descobrir mistérios ou guardar segredos das coisas es­ condidas que o inimigo não pode saber . Mas venha só até aqui ver uma coisa, Miguel . O 23

Paloma olhou disfarçadamente para o alto do campanário, de onde as pombas voavam . Pedro deu um suspiro . Arlindo sor­ riu um sorriso meio maroto . Ficou no ambiente um silêncio quase sólido, difícil de atravessar . O jeito foi eu mesmo dizer alguma coisa . Pr 26

g - em frases com palavras coordenadas através de vir­ gulas .

Começam todos a se assoar, cada um no seu estilo: dis­ cretos, barulhentos, buzinadores, secos, molhados, constran­

gidos, hesitantes, disfarçados, escandalosos, num desintupi­ mento total·. Pr 9 2

. . . tem povos diferentes, morando nela, maias, astecas, mejicas, toltecas, incas, chibchas, aruanques, tucanos, uru­ bus, pataxós, camaiurás, xavantes, caingangues, muitos , mui­ tos outros nomes, habitantes da montanha ou da planície, dos

1 9 5 campos ou da floresta . O 29

h - em frases com palavras coordenadas através de co­ nectivos .

E ficou querendo virar juruna e maué e caapor e beiço de pau e arara e ci nta larga e carajá e canela e cadivéu e todo tipo . . . Olho 39

Neca de terra, nem areia, nem minhoca, nem besourinho, nem perereca, nem pedra, nem caramujo, nem capim, nem musgo, nem borboleta, nem joaninha, nem tanta coisa . . . Praga 3

i - em frases com expressões coordenadas através de vírgulas .

. . . , com as coisas do lugar: peixe fresquinho com pirão de �arinha nova, milho cozido, suco de fruta, broa de fubá . IQ 34

Na caixa havia recortes de jornal, velhos pergaminhos, mascaras de carnaval, um filme de Carlitos, uma flauta de madeira, urna caixa de lápis de cor, sapatilhas de balé, um laço bordado, um violino, um sintetizador, um cavalo de car­ rossel, urn cocar de Índio, uma máquina fotográfica, uma cai- xinha de música, revistas em quadrinhos, uma pombinha de

barro . Pr 10

j - em frases com palavras e expressoes coordenadas através de vírgulas .

Outra ponta mo�trava o caminho oposto, o da terra, da mata atrás do morro, da gente de Maria, dos donos do lado de cá, mortos, prisioneiros, cativos, doentes, Lado 50

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E Lucas foi reconhecendo as paredes, os quadros, a cor­ tina, os móveis do seu quarto. Dentro 23

l - em frases com expressões coordenadas através de co­ nectivos .

t

só ler os j ornais daquele tempo, ou as cartas das pessoas, ou as ordens do rei, ou os tratados . T 5

. . . de cada sacola de compras, brotava também algo es­ quisito pelo meio das embalagens - ora uma ponta de chifre nacarado, ora uns fiapos de crina esvoaçante, ora a saudade de um trote ligeiro . Pr 18

5 . 3. 3 Feição Estilística da Frase

Ocupar-nos-emos agora em mostrar alguns tipos de fraEes j i devidament e rotu lados por uma nomenclatura e spacl fica e que aparecem no texto de Ana Maria Machado com as devidas adaptações ao seu estilo. Baseamo-nos nas conceituações de Othon Moacyr Garcia, assim como a sua terminologia, por jul­ garmos o estudo que faz sobre as frases muito amplo, profun­ do e interessante, talvez Único no gênero.

Assim temos:

a - Frase de arrastão

Desse tipo de frase, diz o referido autor o seguinte: Esse p � o cesso de es t r u turação <la f r a se, que exi ge p o u c o es f o r ç o men ta l no que d i z res p e i t o i i u ter­ r e 1 aç ã o en t re as i <l ê ias , s a t is f a z p 1 ena men t e q uau­ <l o se t ra ta d e s i tuaç ;es mui t o s imp l es , Po r i s s o ê ma is co mum na l i ugua fa lada , em q ue a s i tuaç ã o c on c r � ta , i s t o é , · o amb i en te f ís i c o e so c ia l , s u­ p re ou c o m p ensa as fa l has <l os en laces l ingUis t i cosl 30.

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Tal tipo de frase é bastante encontrado na linguagem infantil ou na da adolescência assim como na dos indivíduos incultos. Consiste na suces são de várias orações independen­ tes, curtas, ligadas por certos conectivos que ganham senti­ dos variados de acordo com a situação e as relações. Os mais usados são e , mas , a -i , en tão .

Cabe uma palavra quanto ao uso da chamada frase de ar­ rastão em Ana Maria Machado que a emprega, guardando, porém, certas diferenças . As propriedades essenciais são preserva­ das, admitindo-lhes, todavia uma estrutura frasal nem sempre tão curta nem a sucessão rigorosa das frases ligadas pelas partículas mencionadas . Além do mais se bem que �xista pre­ domin;ncia de coordenação, há também subordinação.

Como exemplos, destacamos :

Ela ficou zangada e foi reclamar com o mundo. AÍ o La­ garto veio falar com o Nchapi todo bravo, querendo até avan­ çar no passarinho : "Vamos deixar de confianças com a minha mulher. Quem você pensa que é para vir falar conosco? Onde já se viu chamar minha mulher de cunhada? Você pensa que eu sou seu irmão, não? Não vê como nós somos tão diferentes ? " Mas o Nchapi continuava a cantar : "minha cunhada, minha-cu­ nhada, minha cunhada . . . '' Então o Lagarto foi se queixar ao Juiz. E o Juiz pediu a Nchapi para se explicar. Ai o Nchapi

se defendeu assim. " Nós somos da mesma familia, sim. Eu nas­ ci de um ovo, o Lagarto também, Eu não tenho orelhas, o La­ garto também não. SÓ que eu vôo e ele anda no chão, eu te­ nho penas quentes e ele tem a pele fria. Mas não é melhor do que eu " O Juiz achou que ele tinha razão e disse que o La-

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garto não podia mais reclamar . E desde esse dia o Nchapi po­ de cantar "minha-cunhada", . . . Olho 50

. . . quando Sérgio fez um carinho no meu cabelo e me deu . ' um bei j o . AÍ, pronto, meu coração pulou tanto que eu perdi o equilíbrio. Vi que ia cair, tentei agarrar o gal ho, agarrei o Sérgio e calmos j untos . Morrendo de rir, enquanto nos abra­ çávamos e o Rex nos lambia, na maior confusão . Mas foi tam­ bém me dando uma vontade de chorar de felicidade. Achei que nãd podia dar a ninguém esse gostinho de me ver chorar, nem a ele, nem a Bisa Bia, nem a Marcela, aquela pastel, aquela goiabona esperando lá fora . . . AÍ l embrei e na mesma hora fui disfarçando, entrando com outro assunto . Bisa 35

, b - Frase entrecortada

ti que pode distinguir o estilo moderno é a brevidade da frase, predominantemente coordenada, originando-se daí a fra­ se entrecortada.

Assim se refere a ela, Garcia: "f; um estilo entrecortado ou soluçante . É a "phrase coupée" dos franceses, que José Oi­ ticica chamava com certá indignação, de "estilo picadinho" ou "frase picadinha11 1 3 1.

Há apreensão imediata do enunciado em cada pausa . Caso nao seja necessário a ligação entre as idéias e as relações entre elas, trata-se da construção adequada . Da mesma forma é ideal para descrições ou narraçoes em que os elementos ou aspectos vão sendo mencionados de forma resumida .

t

funàamental atentar para-o fato de que Ana Maria Ma­

chado não aproveit� o recurso iingüistico simplesmente . Con-

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forme a situação, o manipula de acordo com seus objetivos e as exigências de seu texto.

Não preci sava chamar duas vezes . Bino já tinha se le­ vantado num pulo e estava na porta . Lá se 0

foram . Num i nstan­ te ele encontrou os amigos, se enturmou . Dilson estava todo animado . Tião, numa elegância . . . Maria estava linda, de ves­ tido estampado e fivela de flor no cabelo . Ela ficava bem de flor . Parecia flor também . Ti nha cheiro bom, de mato . Lado

45.

Não deu para ouvir mui to mais. O Ônibus vinha chegando . Foi só o tempo de despedir e entrar . A lavadeira também en­ trou . E foi logo lá para a frente . Depois, em cada ponto, ia entrando gente . Um garotão de camisa aberta no peito e cor­ rente no pescoço . Um velhinho de chinelos, arrastando os pés, devagar . Raul 4 1

Othon Moacyr nos apresenta urna alternativa . "Quando fragmentos de frases, frases nominais e frases soluçantes se misturam, o resultado é um estiJ o como que estertorante,

1 . , . ,, 1 3 2

convu sivo ou asmatico .

As penas dele eram usadas nos enfeites mais sagrados, mas ninguém matava quetzal . f o pássaro da liberdade . Não se pode prender . Voa com a cauda ondulante, longa e leve, E o canto dele é parecido com o jeito dele voar . Ondulante . Como uma serpente . Uma serpente de asas . Um assovio ondulan­ te no meio da floresta . O 3 0

Era mesmo uma festa . A vila estava ali bem perto. O mercado, a igreja, a pracinha com um coreto onde a banda se preparava para tocar . Uma porção · de barraquinhas com gente

200

vendendo coisas. Os sinos tocando . Bandeirolas penduradas nos fios que iam de uma árvore a outra . Vendedores de cata­ ventos . Um pipoqueiro. Tinha até um realejo com periquito entregando papelzinho com a sorte das pessoas . Uma animação enorme . Be� 39

e - Frase de ladainha

Constitui-se numa variante da frase de arrastão. Impri­ me a construção cer to liri smo ing�nuo, em tom coloquial ame­ no, porém caracterizado por um primarismo sintático. Deve ser manejada com habilidade e talento para não se tornar mo­ nótona e cansativa na sucessão de orações coordenadas por e .

Othon Moacyr Garcia informa que o molde deste tipo de frase está na BÍblia, especialmente no Velho Testamento, parecendo ser traço da sintaxe hebraica, não tão sujeita a subordina­ çoes como a grega e a latina.

Normalmente é usada como alternativa à sintaxe tradi­ cional ou como puro exercicio �stilistico . · O resultado sut� preende desde que o autor demonstre imaginação e agilidade mental, principais requisitos para que os efeitos sejam al­ tamente expressivos.

Temos, pois:

SÓ queriam o tesouro . E quando entravam nas salas do tesouro, tiravam as jói�s, os enfeites de pena, os escudos, os discos dourados, as meias-luas douradas dos narizes, as estrelas douradas dos diademas, os sóis dourados dos peito­ rais. E separavam todo o ouro de todos os objetos. E depois queimavam tudo para fundir o ouro em barra. E carregavam