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TANGÍVEIS E INTANGÍVEIS

7.1 Fase de estruturação

7.1.2 Árvore de pontos de vista

Depois de cumpridas as etapas da abordagem soft ou seja, conhecida a “situação problema”, seus “donos”, o contexto em que se encontra inserida e o rótulo inicial, parte-se para a segunda sub-etapa da fase de estruturação: a árvore de pontos de vista. Ela é composta das seguintes etapas: i - identificação dos elementos primários de avaliação - EPA’s; ii - transformação dos EPA’s em conceitos; iii – agregação dos conceitos em áreas e sub-áreas; iv – construção do mapa de relações meio-fim; e, v – elaboração da estrutura hierárquica de valores.

Desta forma, esta etapa se inicia com a identificação dos elementos primários de avaliação – EPA’s que representam as primeiras preocupações dos decisores no contexto da área de preocupação Econômico-Financeira. Elas serão o ponto de partida da investigação da “situação problema” em análise. Neste sentido, Bana e Costa (1995) e (Ensslin et al, 2001, p.79) asseveram que a lista de EPA’s é composta por objetivos, metas, valores, ações, opções e alternativas.

Para captar junto aos decisores, os aspectos julgados relevantes no contexto, Keeney (1992, p.55-69) sugere algumas estratégias, conforme Tabela 5.

Tabela 5 – Estratégias para identificar EPA’s.

Estratégia Pergunta que deve ser feita

Aspectos Desejáveis Quais aspectos gostarias de levar em conta no seu problema?

Ações Quais características distinguem uma ação (potencial ou fictícia) boa de uma ruim?

Dificuldades Quais são as maiores dificuldades com relação ao estado atual?

Conseqüências Quais conseqüências das ações são boas/ruins/inaceitáveis ?

Metas/Restrições/Linhas Gerais Quais são as metas/restrições/e linhas gerais adotadas por você?

Objetivos Estratégicos Quais são os objetivos estratégicos neste contexto?

Perspectivas Diferentes Quais são, para você, segundo a perspectiva de um outro decisor, os aspectos desejáveis/ações/dificuldades/etc.? Fonte: Ensslin et al (2001, p.80) apud Keeney, 1992.

Neste estágio do processo, as preocupações podem se repetir. Porém, a redundância não se constitui numa preocupação pois entende-se que toda palavra adicional bem como sua entonação, podem ajudar a explicitar preocupações ocultas. Neste estudo de caso, a estratégia utilizada para captar as primeiras preocupações dos decisores foi a entrevista coletiva, ou seja, a discussão em grupo. Nela, com base nas estratégias acima, buscou-se encorajá-los a falar sobre área Econômico-Financeira. Com isto buscava-se identificar o maior número possível de EPA’s pois assim, ter-se-ia um campo amostral maior dos elementos a serem considerados. Na Tabela 6 encontram-se destacadas algumas das preocupações manifestadas pelos decisores. A relação completa encontra-se no Apêndice 1.

Tabela 6 – Alguns EPA’s explicitados pelos técnicos que respondem pelo campo de resultado econômico-financeiro da Celesc.

No EPA’s Identificados

1 Equilíbrio financeiro

2 Orçamentos 3 Lucratividade

4 Planejamento Financeiro

5 Análise do Fluxo de Caixa

6 Vendas

7 Nível de inadimplência

8 Potencial de comprometimento com o passivo trabalhista à longo prazo

9 Participação das despesas nas receitas

10 Materiais em Estoques

11 Comprar bem

12 Licitação redonda

13 Equilíbrio entre compra de energia e receita de vendas

14 Planejamento Tributário

.... Fonte: Do autor

De posse dos EPA’s partiu-se para segunda parte que consistiu em transformá-los em conceitos. Porém, antes de mostrar como foi realizada esta tarefa, cumpre esclarecer o entendimento do termo.

Eden (1988, p.04-05) defende que construto é a denominação dada a um bloco de texto composto por duas partes na qual, a primeira é denominada de “pólo presente”, e a segunda de “pólo contraste” ou “oposto psicológico” à situação atual.

Cumpre esclarecer que o termo “oposto psicológico” se distingue de “oposto lógico” no sentido de que, enquanto este se refere a uma situação diametralmente oposta, aquele se refere a uma situação percebida como minimamente satisfatória pelo decisor, dentro do contexto do pólo presente. Os dois pólos são separados por aspas “...” e são lidos como “ao invés de”. Para a obtenção do pólo contraste, pergunta-se ao decisor qual seria a alternativa mínima aceitável ao pólo presente.

Assim, o termo conceito é aqui entendido como sendo palavras ou frases, explicitadas pelos decisores, orientados à ação que tal construto sugere. Nesta linha, Ackerman et al (1995) recomendam que seja colocado um verbo no construto para indicar o tipo de ação que representa. Desta forma, o conceito serve para gerar melhor entendimento da idéia do decisor ao manifestar esta preocupação. Com o propósito de facilitar o entendimento da construção de conceitos, é apresentada a Figura 27.

Construção do Conceito Construção do Conceito

Elem ento Primário de Avaliação

Elem ento Primário de Avaliação

Comprar bem

Comprar bem

Orientar à ação

Orientar à ação

Pagar pela energia comprada um valor abaixo do preço de referência

da Celesc

Pagar pela energia comprada um valor abaixo do preço de referência

da Celesc

Perguntar sobre o oposto psicológico

Perguntar sobre o oposto psicológico

Pagar pela energia comprada um valor abaixo do preço de Referência da Celesc

Usar o banco de preços como limitador

Pagar pela energia comprada um valor abaixo do preço de Referência da Celesc

Usar o banco de preços como limitador

...

Figura 27 – Construção de um conceito a partir de um EPA

Fonte: Adaptado de Ensslin et al, 2001.

Assim, o EPA 11 – Comprar bem – apresentado na Tabela 5, ao ser transformado em conceito informa a preocupação. Com isto, conseguiu-se um melhor entendimento daquilo que os decisores julgavam ser “comprar bem”. Caso uma

compra seja realizada abaixo dos parâmetros mínimos por eles aceitos, ela não será boa, pois estará prejudicando o desempenho econômico-financeiro da empresa.

De posse dos conceitos, partiu-se para a terceira tarefa desta etapa: separar os conceitos em áreas e sub-áreas. Este processo, de acordo com Ensslin S, (2002) e Petri, (2005), consiste em identificar e agrupar os conceitos que manifestam preocupações em comum em Grandes Áreas de Preocupação ou de Interesse. Desta análise emergem as áreas estratégicas do modelo. No estudo em destaque, foram identificadas e legitimadas pelos decisores, duas Grandes Áreas de Preocupação: Resultados e Desempenho Operacional - meios, conforme pode ser visualizado na Figura 18.

Figura 28 - Grandes Áreas de Preocupação do Campo de Resultado Econômico - Financeiro do Mapa Estratégico da Celesc

Fonte: Do autor

Por serem excessivamente estratégicas, neste nível as áreas ainda não explicitam informações sobre os fatores críticos da gestão econômico-financeira da empresa. Assim, buscou-se em conjunto com os decisores, analisar os conceitos de cada área estratégica individualmente, repetindo o procedimento. Ou seja, todos os conceitos que foram associados às grandes áreas estratégicas, foram analisados e re-agrupados por sub-áreas de preocupação. Desta forma, em cada uma delas identificou-se dois conjuntos de conceitos que manifestavam preocupações distintas. Na de Resultados constatou-se que os decisores estavam preocupados em obter resultados para os acionistas e para o negócio. Por outro lado, na área do Desempenho Operacional – meios – também identificou-se duas grandes vertentes: a do planejamento e a da realização. Os resultados podem ser visualizados na Figura 29. ECONÔMICO FINANCEIRO Mapa Estratégico MERCADO IMAGEM PATRIMÔNIO HUMANO SOCIAL E MEIO AMBIENTE TECNOLOGIA E PROCESSOS Desempenho Operacional (Meios)

Para Futuras análises

Participações

Figura 19 – Sub-áreas de preocupação do Campo de Resultado Econômico- Financeiro do Mapa Estratégico da Celesc

Fonte: Do autor

Neste nível as áreas ainda eram excessivamente estratégicas, logo não traziam informações sobre os fatores críticos da gestão econômico-financeira. Assim, buscou-se novamente, em conjunto com os decisores, analisar cada sub- área individualmente, repetindo o procedimento. Ou seja, todos os conceitos que foram associados às suas respectivas sub-áreas estratégicas, foram analisados e re- agrupados por sub-sub-áreas de preocupação. Desta forma, na sub-área estratégica Resultados para os Acionistas, identificou-se três novas sub-áreas: Remunerar o acionista; Valorizar o acionista; e, Participações. Na sub-área Resultados para o Negócio, identificou-se preocupações com Garantir o Negócio e Indicadores. Por sua vez, na sub-área estratégica do Desempenho Operacional – meios – Planejamento, identificou-se um conjunto de preocupações relacionadas com o Fluxo de Caixa – planejamento financeiro – e outro com o Gerenciamento do Orçamento. Por fim, dentro da sub-área estratégica Realização, conseguiu-se identificar quatro tipos de preocupações: Entradas de recursos; Saídas reguladas; Saídas evitáveis; e Gestão de materiais e serviços. Os resultados podem ser visualizados na Figura 30. ECONÔMICO FINANCEIRO Mapa Estratégico MERCADO IMAGEM PATRIMÔNIO HUMANO SOCIAL E MEIO AMBIENTE TECNOLOGIA E PROCESSOS Para os acionistas Planejamento Desempenho Operacional (Meios) Realização Resultados

Figura 30 – Pontos de Vista Fundamentais do Campo de Resultado Econômico-