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TANGÍVEIS E INTANGÍVEIS

7.1 Fase de estruturação

7.1.1 O contexto do problema – abordagem soft

7.1.1.1 Um pouco da história da empresa

Criada pelo Decreto Estadual n° 22, de 09 de dezembro de 1955, a partir do suporte inicial da Lei Estadual n° 505, de 13 de agosto de 1951 - a Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. - Celesc - foi constituída como sociedade de economia mista "destinada a projetar, constituir e explorar sistemas de produção, transmissão e distribuição de energia elétrica". Ou seja, ela estava autorizada a atuar em toda a cadeia produtiva, desde a geração, passando pela transmissão, chegando à distribuição de energia elétrica.

Originalmente, seu campo de atuação cobria 18% do Estado de Santa Catarina. Porém, em função de política expansionista adotada em 1964, ela chegou ao final da década, com cobertura de 72% do Estado.

À esta política expansionista da empresa, sucedeu-se a da década de 70, que caracterizou-se como sendo a década do “milagre econômico”. Neste período, a indústria experimentou grandes avanços, com efeitos em toda a sociedade. Conseqüentemente, o consumo de energia cresceu a taxas anuais médias de 20% ao longo de toda a década.

Por outro lado, se as décadas de 60 e 70 caracterizaram-se como expansionistas e de crescimento para a empresa, a década de 80, foi considerada como a “década perdida”. Isto porque, na economia houveram diversas tentativas de alcançar a estabilidade inflacionária através de planos econômicos nem sempre bem sucedidos. Isto gerou uma incerteza que afetou a economia e conseqüentemente, o setor elétrico brasileiro que chegou em 1990 com acentuada inadimplência intra-setorial.

Este cenário de inseguranças e incertezas afetou a estrutura de capital da empresa de tal maneira que ela chegou a amargar o maior prejuízo de sua história. Associado a isto, o poder concedente passou a se focar na qualidade da energia

elétrica distribuída, estabelecendo, Inclusive, padrões mínimos. Além disto, passou- se a considerar mais intensivamente, a preocupação com o cliente externo.

Apesar disto, em 1987, a empresa voltou a analisar a viabilidade de sua participação na geração de energia. Nesta época, o Estado de Santa Catarina concedeu à empresa o direito de explorar o gás natural por 30 anos. Autorização esta, revogada no início da década de 90, sendo então, criada a SC GÁS.

Em decorrência da “década perdida”, todo o setor elétrico foi afetado. Na Celesc, o nível de investimento caiu e a empresa viu-se forçada a adotar a estratégia de redução dos custos. Como conseqüência, lançou três programas de incentivo a demissão, que resultaram na redução de aproximadamente 30% do seu quadro de empregados. Para compensar esta perda a empresa aumentou os investimentos em tecnologia, tanto de softwares quanto de equipamentos.

Em meados da década de 90, foram realizadas diversas parcerias com a iniciativa privada, visando investimentos em grandes empreendimentos de geração de energia, a exemplo das usinas de Machadinho, Campos Novos e Dona Francisca. Sua meta era chegar a gerar 25% da energia demandada pela distribuidora.

Para fazer frente aos investimentos necessários, ela passou a atuar no mercado de capitais. Neste campo, foram realizadas diversas operações, com destaque para o lançamento de ações, para investidores institucionais, em 1996. Esta operação, além de captar um grande volume de recursos externo, também inseriu a empresa no mercado internacional, aumentando o volume médio de negociações de ações de 5,4 milhões para 47 milhões no ano de 2001.

Por outro lado, financeiramente a empresa pagou um alto preço devido ao custo do capital e principalmente, às macro-desvalorizações do Real frente ao Dólar, deixando a empresa bastante endividada e com poucos recursos para realizar novos investimentos. Esta situação foi revertida em 2002 com o recebimento da Conta de Reservas a Compensar no montante de aproximadamente R$ 500 milhões de reais. Com isto, a empresa quitou boa parte de suas obrigações de curto prazo e atualmente desfruta de uma estrutura de endividamento relativamente confortável.

Ainda na década de 90, o Governo Federal deu início à sua política de privatização, começando pelo setor de telefonia e concluindo com o setor elétrico. Neste, inúmeras foram as empresas que deixaram de ser públicas e passaram às mãos do poder privado. Somente na distribuição de energia elétrica, das 64 empresas existentes, apenas 6 continuam sendo administradas pelo poder público.

Apesar do estrangulamento financeiro imposto pelo Governo Federal às empresas públicas, atualmente a Celesc é a sexta maior empresa de distribuição de energia elétrica do País, com 2 milhões de consumidores. Sua área de concessão compreende 257 municípios de Santa Catarina, o que representa 87,7% da área do Estado, bem como um município no Estado do Paraná. Além disto, 25 municípios são atendidos parcialmente, por meio de suprimento de energia, e outros 11, por meio de venda de energia a cooperativas de eletrificação rural. Na área de geração, ela possui 12 usinas próprias, com capacidade de geração total de 81,3MW ano, o que equivale a aproximadamente 3% de sua necessidade total.

Na condição de concessionária do Serviço Público de Energia Elétrica, a Celesc passa por mudanças para manter-se confiável, eficiente e lucrativa num ambiente cada vez mais competitivo, delineado pelo novo modelo do Setor Elétrico Brasileiro estabelecido pelo Governo Federal.

Para tanto, em 2004 a empresa avançou mais um passo na consolidação do seu Novo Modelo de Gestão, dando continuidade ao processo de reestruturação na forma de gerir a empresa, iniciado em 2003. A nova estrutura organizacional está baseada nos princípios da profissionalização e respeito ao ser humano, da governança corporativa, transparência da informação, extensão de direitos aos sócios minoritários, blindagem política às decisões empresariais e responsabilidade social.

O compromisso formal com estes princípios é celebrado com a assinatura de um Contrato de Gestão entre a Diretoria Executiva e o Conselho de Administração. Por meio deste ato, a Diretoria Executiva se responsabiliza a perseguir metas para o alcance dos objetivos estratégicos nas áreas técnica, de relações com os clientes, financeira, humana, ambiental, social e de gestão. Por seu turno, os Departamentos da Administração Central e todas as Agências Regionais, assinam um Contrato de Resultados no qual se responsabilizam perante a Diretoria Executiva, a perseguir metas táticas e operacionais que contribuam para o alcance dos objetivos estratégicos.

A Figura 26 ilustra o alinhamento estratégico da empresa, bem como as grandes áreas de preocupação constantes no Contrato de Gestão.

Figura 26 – Áreas de preocupação do Mapa Estratégico da Celesc.

Fonte: Adaptado do Contrato de Gestão 2005 da Celesc.

Conceitualmente este procedimento tem os ingredientes necessários para obter sucesso. Porém, apesar das preocupações estratégicas estarem alinhadas com a missão, visão e valores da empresa, o mesmo nem sempre se verifica entre o nível estratégico - preocupações do Contrato de Gestão - e as áreas operacionais da empresa – Contratos de Resultados. Isto decorre, principalmente, da dificuldade encontrada em identificar e medir aspectos que, mesmo sendo reconhecidos como importantes, não possuem características físicas definidas.

Por esta razão, o objetivo desta pesquisa consiste em contribuir na identificação, avaliação e alinhamento estratégico destes recursos visando proporcionar suporte aos gestores no processo de tomada de decisão.