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O autor e idealizador desta abordagem de avaliação dos ativos intangíveis das empresas foi o pesquisador e consultor Thomas A. Stewart, em 1998, no seu livro "Capital Intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas". Esta abordagem também é conhecida como Navigator.

Por ser adepto da idéia de que é impossível obter um indicador-chave que tenha a mesma representatividade para qualquer empresa, Stewart (1998, p.217), assevera que "uma única medida jamais descreverá os estoques e fluxos de capital intelectual de uma empresa."

Por esta razão, ele defende que os ativos intangíveis de uma empresa devem ser analisados sob várias perspectivas, como por exemplo: Razão do Valor de Mercado dividido pelo Valor Contábil, Medidas de Capital do Cliente, Medidas de Capital Humano e Medidas de Capital Estrutural. Desta forma, ele propõe que para cada uma destas perspectivas seja desenvolvido um conjunto de indicadores, que posteriormente serão agregados de forma a permitir obter uma idéia do todo.

Para realizar esta agregação, ele propõe a adoção de um gráfico circular, cortado por várias linhas, em forma de uma tela de radar. Este gráfico é composto por uma esfera dividida pela mesma quantidade de linhas quanto forem os indicadores que se deseja avaliar. Cada uma destas linhas deve ser marcada com uma escala, que pode variar entre razões, valores absolutos ou relativos. Normalmente, coloca-se zero no centro do gráfico, e na sua extremidade a meta que a empresa deseja alcançar.

Exemplificando o Navegador do Capital Intelectual reproduz-se a Figura 5, um exemplo do navegador do capital intelectual para uma empresa fictícia. Nele, a área do interior do polígono representa a situação atual, enquanto que a área externa indica a situação desejada. Em outras palavras, alcançar a extremidade do círculo seria o equivalente a alcançar as metas da empresa para aquele indicador.

Este gráfico tem a vantagem de poder agrupar várias medidas diferentes - por exemplo: razão, %, valores absolutos etc - num mesmo quadro e possibilitar analisar vários elementos concomitantemente. Esta vantagem pode ser facilmente verificada no "radar" da empresa fictícia. Nele percebe-se que ela está bem próxima de suas metas no que se refere aos indicadores de retenção dos clientes e atitude dos funcionários. Por outro lado, é preciso investigar cuidadosamente as

razões pelas quais a satisfação dos clientes e a rotatividade dos trabalhadores do conhecimento, encontram-se bem distantes de suas metas. Além disso, ressalta-se que, apesar da empresa manter altos índices de retenção de clientes e atitude dos funcionários, eles, respectivamente, se apresentam insatisfeitos e com altos índices de rotatividade. Estes fatos merecem investigações mais acuradas para identificar estas não conformidades ou aparentes anomalias.

Figura 5 – Navegador do Capital Intelectual – Navigator.

Fonte: Stewart (1998, p.219).

Se por um lado Stewart (1998, p.218), está empolgado com a idéia de representar num único "radar" aspectos tangíveis e intangíveis, monetários e não monetários, por outro, ele reconhece que esta empolgação pode trazer alguns problemas. O maior deles, em sua visão, é a criação de um número excessivo de indicadores, levando os usuários ao paradoxo da informação. Para resolver este problema, propõe que na escolha dos indicadores desta abordagem, sejam observados três princípios básicos.

Ele assevera que os indicadores devem representar aquilo que é estrategicamente importante para a empresa. Além disto, a quantidade de

indicadores não deve ser muito grande - de 3 a 4 por perspectiva. Por fim, ele defende que os indicadores devem avaliar as atividades que de fato produzem riqueza intelectual.

Desta forma, esta abordagem possui algumas vantagens competitivas interessantes. Uma delas reside no fato de considerar medidas financeiras e não financeiras, tangíveis e intangíveis. Com isto consegue cobrir um leque muito maior de aspectos julgados importantes. Além disto, ela propõe a manutenção da simplicidade sem perder de vista o todo. Isto é alcançado com a forma de representação em “radar”. Por fim, ela realiza uma avaliação local bastante interessante – mesmo que limitada - além de agrupar todos os indicadores num único gráfico em forma de "radar", obtendo assim, uma visualização rápida e geral do desempenho local de cada um dos indicadores considerados.

Por outro lado, esta abordagem apresenta algumas fragilidades à luz dos critérios avaliados nesta pesquisa. A primeira delas reporta-se justamente ao pequeno número de indicadores sem o devido desdobramento numa relação de causa e efeito , perdendo-se com isto, uma grande oportunidade de aumentar a compreensão e aprendizagem, bem como de gerar potenciais aperfeiçoamentos. Outra fragilidade reside no fato de que boa parte dos indicadores propostos são provenientes das demonstrações contábeis. Logo, se por um lado isto lhes confere maior credibilidade, por outro, eles representam o que a empresa foi e não o que ela espera ser. Uma terceira fragilidade desta abordagem é verificada na hora de definir as escalas, que podem conter números absolutos e relativos, textos ou outras formas de representação, sem, no entanto, normalizá-las. Com isto, a abordagem perde sua validade científica no que diz respeito ao procedimento de soma destes aspectos distintos. Perde-se também, a oportunidade de realizar a integração do todo, fato que somente seria possível se a normalização fosse procedida. Outra limitação desta abordagem reside no fato de atribuir "0" - zero - para as escalas no centro do radar, sem ter fixado âncoras idênticas para todas. Por fim, ao deixar de atribuir taxas de importância para cada um dos indicadores, ela dá a entender que para a empresa, todos eles tem a mesma importância. Fato tecnicamente possível, porém difícil de ocorrer numa situação real.

Assim, pode-se constatar que esta abordagem apresenta uma série de inovações em relação à maioria dos anteriormente apresentados. Porém, carece da inserção de algumas etapas de outras abordagens para que de fato possa

proporcionar toda contribuição necessária para prover amplo apoio à tomada de decisão na gestão da organização e dos ativos intangíveis.