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Çritos e sussurros de Ingmar Bergman

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M io h s é Ç u illh irdi Instituto i/c An,ítisc dc C oniport.imcnto - ( \impin,is

O film o é sobre o Am or. E, para fala r de form a profunda e cria tiva sobre o A m or, B e rg m an exalta a im p ossib ilida de do disso ciar do r física de dor psicológica. O ser hum ano sofre c om o um to do e c ab e c on side ra r q u e o sofrim en to de uma pessoa n flo é d ualista: nu nca dói só c orp o ou só alma. O to do dói. A m in ucio sa re co nstitu ição do pro cesso da histó ria com p ortam e nta l de uma pessoa é que pe rm ite ao ob serva do r cap ta r as carê ncias e de sa ce rto s da s co n ting ên cias de refo rça m en to que p roduzem d e ficiên cias com p ortam e nta is significativas. O indivíduo, vitim a do por ta is dé ficit» - b a sicam en te im p ossib ilita do de assu m ir o papel de sujeito de sua própria vida com p ortam e nta l - nflo c on seg ue ter a ce sso a con seq üê ncia s te força do ra s positivas, nem so esquivar adequadam ente de condições coercitivas O filme n flo se propõe a detalh ar a história com portam ental de Ag ne s N em precisa, pois ofereça pistas sign ificativa s a m enin a esco nd ida atrá s da cortin a, ao se r de scob erta pela m flo, espera a punição, mas aco ntece o con trário: recebe um beijo dela. E ssa exp eriên cia a u to biog ráfica m arcou o diretor, que a cita com o um fa to inesquecível de sua própria Infância. No film e a cena sim b oliza um a ilha de afeto rod ea da de desam or:

a o fala r do a to de am o r c o m o axcesaào, e le m a fala da fa lta d o a m o r c o m o norma. A l eatá o In d icio pa ra d e c o d ifica r o en igm a

da dor de Agna». O film e rica m en te exp licita a s c on ting ên cias d e refo rça m en to a tu a is em operaçAo; extin çã o e pu nlçfio pela remoçAo do afeto As relaçõ es afetiva s entre as IrmAs m ostram a fó rm ula infa livel para p ro du zir s ofrim en to ab andono, indiferença. M ostram ainda qu e o ún ico procadlm anto, que am bas sâo ca p a ze s de m an ejar, é Ineficaz para a cura- só con seg ue m oferta r m ais In diferença e m ais ab andono, am b os m lm e tlzad os por rosto s qu e exp ressa m pesar e dor e por gestos que se m ovem com afliçAo. R ostos e gestos, enfim , qu e revela m seu s co n flito s íntimos e nAo g e nu ín a idontificaçAo pela Irmã em agonia Assim c om o Agne$, as d u as IrmAs nAo sAo julg ad as no film e: elas ta m b ém sAo v itim a s de um a história com p ortam e nta l análoga. NAo sAo m ás; sAo im potentes. F alta -lh es rep ertório c om p ortam e nta l: ba sicam en te , sâo incapazes de m odelar no ou tro co m p ortam e nto s alte rna tivos sau dá veis atra vés do am or.

O film e se d e sen volve num ritm o que an gu stia e alivia, e n volve nd o o o b serva do r num a esp ira l a sce nd en te de em o çõe s Os con flitos e sen tim en tos sAo inte nso s e reais, as solu çõe s sAo possíveis, m as ina ting íveis A fin al, ó um film e sobre sores hum anos. C om o síntese, ele restaura a crença na possibilida de hu m ana, ao m ostrar a a lte rna tiva po ssíve l para m udar uma história com p ortam e nta l de sastro sa em um con te xto atu a l pouco sensível. A sa ld a para a vitim a é ap rese nta r variab ilid ad e

c o m p o rta m e n ta l - grito s, g rito s, grito s nunca Iguais, cad a vez m ais d o lo ro s o s pa ra qu em os o u ve (nem m esm o nós,

e sp ectad ores, ficam o s alheios a ele s) - porém , asso ciad a a um con te xto social cap az de vir a s ele cion ar um p a d rflo do qu ietu de e repouso. A pre sen ça da em p re ga da rep re sen ta o en riq ue cim e nto de um am b ie nte afetivo p a u p érrim o “Ela pertence a um a classe de pária s", diz Berg m an (1977, p. 238), "m as, para m im , o lado im p orta nte da pe rson ag em da dom éstica é qu e ela am a d« um a form a to talm en te natural. Ela dá instin tivam en te ao s o u tros o am o r e a ternura. Ela o faz sem refletir, delibe ra da m e nte . Ela nAo pede nada em troca ...(e la faz pa rte) d o lote d a s pessoa» que c arreg am o a m o r em al."

An na nAo age para m udar com p ortam e nto , seu am or é d a do sem aten tar para ne nh um a con ting ên cia. De fa to. a presença

de An na quebra a con san gü inida de com p ortam e nta l, qu eb ra a pato ló gica h o m og en eida de do co n te xto e introduz o afago oferece seu selo tran sbo rd an te de am or para sacia r a avidez pelo afeto. E. com o o faz (I): na po stu ra da qu ela qu e é o m aior sím bolo da dor p ro d u /id a pela perda, a Pietá de MichelAngeio. Bergm an, num a da s can as m ais ge nia is e sen síve is do cinom a, cria na tela a si/a Pietà: m ostra que o ato de dar am or Incorpora a sensibilida de agáp ica pe lo o u tro

P a ta v ra s -c h a v e : am or, am o r ag áp ico, dor, coerçAo, B e rgm an, Píetá.

The film is a b ou t Love A nd, in ord e r to spe ak ab ou t Love in a p ro fou nd and Creative m an ne r, B e rg m an streRses the im p ossib llity o f dlaaoclaüng physical pain from psych olo gica l pain. The hu m an belng suffers as a w hole, and one should con slde r that a pe rson 's suffering is not dualistic: pain is never only in the body o r on ly in th e soul. T he w hole hurts. It Is the detailed reco nstructio n of th e pro coss o f the persoiVs beha vloral history that en ab les th e o b serve r to plck up th o prlvatlo ns

and faults o f the con tlng en cies o f reinforcem en t that pro du ce s»gn«flcant behavioral de ftctencwc The individ ual, victimized by such de ficits — being basically unable to assu m e the rote o f sub ject o f his ow n behavioral life — , has no access to positively reinforcing con seq ue nce s, nor is able to a p p ro priate ly avo id coe rcive conditlons. The íilm do es not intend detailing Agnos'B behavioral history. And th ere is no need, fo r it offers sign ifican t hints: th e little girl hidden behind the curlaln , w hen discovered by her mother, exp ects punishm ent, but the o p po slte happens: she ge ts a kiss. The director w as m arked by this autobiographic experien ce and m en tion s it as an unfo rg ettab le e ve nt in his ow n childhood. In the film , th e scene sym bolizes an island of affectio n surrou nd ed by lack o f love; re fe rring to th e act o f love as an exceptio n, he showB us lack o f love as a mie. H ero is the clue to de cod e the enigm a o f A g ne s's pain The film richly disclo ses th e reinforcem en t contlngoncies currently in operation. extin ction and punish m e nt by rem oval o f a ffectio n. The affective relatio ns be tw ee n the sisters present an m la llib le fo rm ula 1o? th e productton ol autterin g. aban do nm a nt, tndifference. T he y also Show th a t th e only pro ced ure both sisters can m anago Is ine fficien t for heailng; tl»ey can o n ly offer m ore ind iffere nce and m ore ab an do nm e nt, both cam ouflagod by faces that exp ress sorrow and pain, and by g e stu re s th at m ove w ith distress. Face s and ge stu re s, in short, that expose the sisters' inn er conflicts, not ge nu ine Identification w ith th e agon lzing one. Just as Agnes, th e tw o sisters are not judged in the film, th ey are also victim s o f an a n alo go us be ha vio ra l history. T he y are no t m ean; th ey a re po w erless They lack behavioral repertoire, basically, they are unable to sha pe healthy a lte rna tivo be ha viors in othe rs, th ro ug h love The film un fold s in a rhythm that cau ses angu lsh and reliof, invo lvin g th e o b serve r In an asce nd ing spiral of em otions. The conflicts and fe eling s are inte nse and real, solu tion s are possible, but un attaln ab le A fter ali, It Is a film a b ou t hum an belngs. In synthesis, it resto re s faith In the hum an possibility, by pre seriting a po ssible alte rna tive to alte r a d lsa strou s behavioral history in a not very com p assion ate curren t context. The reco urse for the victim is to show be ha vioral variability — cries, cries, crie s never alike, m ore and m ore painful fo r th ose w ho he ar them (not eve n us, spectators, are alie na ted from them ) —, but associated w ith a social con te xt cap ab le of sele cting a p a tte m o f q u ietn ess and rest The pro sen ce of the mald representa th e en rich m en t of an extre m e ly poor affective en vlro nm e nt. "S he belongs to a ciass o f paria hs", says Bergm an (1977, p .238), “but, fo r m e, w ha t is Im portant ab ou t th e m ald's cha ra cte r is that she loves in a to tally na tu ra l m anner In stinctively she glves love and te nd erne ss to others. This she do es w itho ut reflection, d e libe ra tely She a sks nothin g in exchange... (she is part) o f th e kmd of people w ho carry love in th e m se lve s.* An na do es not act to cha ng e behavior, her love is glven heedless of any con tlng en cy In fact, A n na 's pre sen ça breaks th e beha vioral consanguinity, breaks the pathological hom ogeneity oí th e context and In troduces caress; she offers her bosom o ve rflow ing w ith love to salia te th e eago rne ss for affection An d how this Is do ne (I); in th e sta nce o f that w hich is the ultim ate sym bol o f pain pro du ced by loss. M ichelangelo's Pietá B e rgm an, in one o f th e m ost g e n lu s-sh ow lng and com p assion ate scen es in lhe m ovies, crea tes on screen />/* own Pletá: he show s that the act o f givm g love em b od ie s agap lc sen sltlvity to otho rs

Kay w o rd s : love, agap lc love, coe rcio n, B e rgm an, Pietá.

O filme G ritos e Sussurros pode ser assim sintetizado:

"Há, em primeiro lugar, Agnes, que agoniza com dores terríveis. É dela que vem a maior parte dos gritos. Os sussurros vêm, principalmente, de suas duas Irmãs, que lhe fazem companhia na ampla casa de campo em que haviam passado a infância. A mais velha, Karín, 6 severa e reprimida a ponto de não suportar o contato físico com ninguém - nom com o marido diplomata, nem com a irmã mais nova, a bela e superficial Marie. Esta, por sua vez, reage como uma garota assustada a qualquer desafio moral que se apresente. Há ainda uma quarta mulher, a criada Anna, a única que dá a Agnes o remédio capaz de aliviar sua dor: calor humano. Hlpersensibilizada pela morte da própria filha, Anna transfere seu sentimento materno para Agnes, acalentando-a junto ao seio nu - em uma das imagens do amor mais tocantes no cinema. Mas, o afeto de Anna por Agnes ô um oásis em meio a um ambiente hostil, em que os ressentimentos e ódios mal se disfarçam por trás das cortinas pesadas, dos gestos ritualizados, dos sussurros."(J. G. C., 1997)

Gritos e Sussurros fala sobre o Amor e para compreender o Amor no ser humano há

que se voltar à sua história de contingências de reforçamento, engendrada a partir das relações sociais primeiras, Intimas, pautadas por afeto... ou ausência dele. Bergman (1977) esclareceu, numa entrevista, a gênese do filme:

"A idéia inicial era a seguinte: sentia que devia escrever alguma coisa sobre minha mãe, que morreu há alguns anos. Sempre tive com minha mãe uma relação ambivalente. Quando criança, era apaixonado por ela, mas depois, durante a puberdade - crescendo - esta forma de relação se transformou em algo completamente diferente. As relações que tive com minha mãe sempre foram muito fortes, muito densas e há muito tempo tenho esta idéia bastante vaga de escrever alguma coisa e de fazer um filme sobre ela. Mas percebi que era mais fácil falar do que fazer. Eu simplesmente tinha muita dificuldade em exprimir algo de realmente sincero e objetivo a seu respeito.

Fui perseguido, durante vários meses, por uma imagem: era um quarto vermelho - forrado de vermelho. Os móveis eram vermelhos. As cortinas duplas eram vermelhas. E neste aposento, havia trôs mulheres, todas vestidas de branco que caminhavam numa espécie de iluminação crepuscular.... Era um fio saído do meu subconsciente - e comecei a fazer um novelo desse fio, e foi justamente o que deu essa história com as quatro mulheres. Foi só depois - através de um raciocínio posterior ao filme - que compreendi que o filme tratava profundamente de minha mãe. Eu a descrevi sob a forma de quatro

mulheres diferentes.H(itálico meu) (p. 230) "É a primeira tentativa de cercar a imagem de

minha mãe. Através de quatro personagens. Mamãe foi a experiência mais densa da minha infância. Eu era terrivelmente ligado a ela e tenho muita coisa a lhe agradecer. Há no filme uma pequena cena autobiográfica: uma menininha está atrás de uma cortina branca e olha sua mãe, escondida. Quando sua mãe a descobre, ela pensa que vai ser repreendida. Mas acontece o contrário: sua mãe a beija. Sou eu que estou atrás da cortina!" (p.227). "Raramente, são os acontecimentos notáveis os que guardamos em nossas lembranças - são principalmente pequenas experiências sensuais. Infelizmente, somos e continuamos a ser todos analfabetos em matéria de sensibilidade e de sensação morais. Todos. Bloqueamos nossos sentidos." (p. 229).

Parafraseando Bergman, possivelmente, seria mais apropriado dizer: o que guardamos em nossas lembranças não são as "pequenas experiências sensuais", mas sim o produto de contingências notáveis. Somos analfabetos na aplicação e identificação

das contingências que desenvolvem sensibilidade... Nossa insensibilidade está nas

contingências. Criem-se contingências adequadas e comportamentos e sentimentos serão notáveis: não importa a dimensão e sim a função. Bergman, por certo, estava se referindo à função das sensações.

Um aspecto fundamental é que não se trata de um filme sobre mulheres. Elas são o pretexto, são as personagens. O filme é sobre o ser humano. Bergman (1977) reafirma esta concepção:

“Não, não acredito. (que as mulheres, enquanto seres humanos, são mais

interessantes do que os homens). Talvez, fosse verdade há alguns anos, mas hoje em

dia, não faço mais essa diferença entre masculino e feminino - sinto nossos problemas de uma forma humana em geral. Simplesmente"... "Quanto mais explorei o mundo das mulheres, mais percebi que ele era idêntico, sob vários pontos de vista, ao meu próprio mundo. Quanto mais as mulheres se tornaram amigas - como os homens - mais esta ambivalência se atenuou", (p. 232). “Sinto um prazer enorme em trabalhar com atrizes. Isto quer dizer que, às vezes, ao Invés de utilizar um homem para fazer uma espécie de auto-retrato, por exemplo, apelo para uma mulher. Neste caso, acho que a máscara ó perfeita. Porque na verdade o que existe sôo só problemas humanos, (itálico meu). Não há tantas questões puramente masculinas ou puramente femininas como pensava antes." (p. 236). “Em Gritos e Sussurros o conteúdo é puramente humano - o acento não é colocado especificamente ao lado das mulheres. Há, certamente, no filme, passagens “femininas" fortemente acentuadas." (p. 236)

Uma vez que Bergman admite que o filme é sobre sua mãe, compete saber algo sobre sua infância:

"Minha família era uma família de pastor. Éramos, portanto, mais conservadores que os conservadores, porque uma família de pastor devia ser uma fachada - devia dar o exemplo, e suas crianças deviam ser a demonstração evidente da distinção e dos comportamentos fantásticos de um lar de eclesiásticos. Era terrível. Os métodos de educação eram horríveis! As punições inacreditáveis! Havia punições para tudo. Não se

tratava de educar uma criança para fazer dela um homem livre, um homem que se afirmava na vida. Nâo! O objetivo único era criar uma disciplina, destruir todas as tentativas de desvio e adaptar os caracteres às condições da sociedade vertical, com Deus no cume, sua Majestade o Rei e todos os dignatários do reino, depois as mães, as mulheres, depois nada, nada e nada. Vinham em seguida os professores - abaixo deles, nada, depois nada, depois a criadagem, e bem abaixo, na escala, vinham as crianças, que tinham que obedecer a todos os outros. Nunca compreendíamos exatamente porque devíamos obedecer, mas, nos pisavam continuamente; enquanto vocô comer nosso pão, deverá nos obedecer! Era natural para mim, me revoltar violentamente contra tudo isto". (1977, p.238)... "Sim, (O filme é um reflexo direto do meio da tua infância? É um

meio aristocrático.), era meio burguês sombrio e a diferença não é muito grande. Quando

penso no que era... O tratamento dispensado à criadagem, por exemplo... Era inacreditável!" (p. 238). "Ela (Anna, a empregada) representa uma outra classe e ó tratada como tal. Ela ama totalmente. E isto é importante para mim. Depois, seja ela desprezada, afastada, maltratada, seja ela ofendida e humilhada ó outra coisa. Geralmente, é o lote das pessoas que carregam o amor em si. O amor, o vordadeiro amor pode ser muito, mas muito maltratado”, (p.238). “É provável ( Vocô acredita que

este poder de amor dentro do espirito da Epístola aos Corlntios, vem do fato de que a doméstica nâo foi corrompida pela educação repressiva burguesa?). Devo confessar

que nunca tinha imaginado isto, mas é bem possível, pois todo o seu esquema de reações é elementar e ela não foi marcada pela forma de educação quo as outras meninas receberam. Ela não é nem um pouco traumatizada por esta mãe que entrevemos em algumas partes do filme - e que com toda evidôncia devia ser uma mulher bastante terrível. Bastante estranha, também. Disse a mim mesmo, muitas vezes, que era preciso fazer alguma coisa sobre esta mulher." (p. 239)

A visão ou sonho de Anna revela que sua capacidade de amar não é passiva. Discordo de Bergman quando diz que “seu esquema de reações ó elementar". Ela dá amor conscientemente, como opção. Nesse sonho ela faz uma clara descrição das contingências em operação durante a existência de Agnes: sua visão sintetiza as funções das relações que as irmãs têm entre si. As necessidades reclamadas pela dor são afetivas. O pedido pela sobrevivência poderia ser assim enunciado: “falem-me palavras doces, toquem-me suavemente, moldurem palavras e gestos com amor...". Karin se recusa e reafirma sua incapacidade de dar amor: é tão explícita quanto em outras cenas da sua vida. Prefere a mutilação do corpo a compartilhá-lo com o marido. Mane, mais insegura, ainda tenta, para em seguida irromper num ataque histérico, em que reafirma sua incapacidade de dar amor, anteriormente denunciada pela cena em que o marido rejeitado crava o mental no próprio peito. Finalmente, Anna dá o que Agnes precisa para se acalmar - o sereno toque do amor, a aceitação incondicional da menina desamparada - e revela o sentimento que nutre por ela: piedade. Numa ação inesperada,

Anna aconchega Agnes morta. Compõe em atos lentos - como compete ser a cena do Amor

- o encontro do seu corpo com o de Agnes para esculpir com gestos a Pietà de Bergman. Ali estão contidos a dor de Agnes que se esvai com a vida, o amor agápico de Anna que não