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4 ' T ÉCNICAS DE R EGISTRO PARA MODELOS DE ESTUDO E TRABALHO

No documento prótese fixa - pegoraro - livro (páginas 197-200)

O uso dos articuladores visa simular os movimentos mandibulares e diminuir o tempo gasto no ajuste intra- oral das peças protéticas. A relevância clínica dos articu- ladores, no entanto, está associada diretamente à preci- são da relação interoclusal dos modelos montados no articulador. Quando a montagem dos modelos em arti- culador não corresponde à relação oclusal do paciente, pouco benefício decorre do seu uso. Logo, a capacidade do profissional em relacionar e montar os modelos, tem mais impacto na qualidade final da restauração, que a programação completa dos articuladores ajustáveis. Além de poupar tempo clínico, registros mais precisos diminuem a possibilidade de se executarem restaura- ções sem contato oclusal ou com necessidade de ajuste excessivo. Todavia, é normal que ocorra alguma discre- pância nos registros interoclusais, tanto em função dos

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materiais utilizados, como em decorrência das várias dificuldades clínicas que são encontradas. Mesmo as- sim, esses erros podem ser minimizados pela seleção e execução cuidadosa dos registros, dentre os vários mé- todos e materiais disponíveis para esse fim.

4.1. MONTAGEM EM ASA PARA MODELOS DE ESTUDO

Como os principais articuladores semi-ajustáveis encontrados no mercado nacional são semelhantes ao Whip-mix, a descrição da técnica de montagem dos modelos de estudo seguirá as normas determinadas para esse tipo de articulador, o que não impede que sejam aplicadas a outros articuladores, fazendo-se ade- quações pertinentes.

4 . 1 . 1 . MONTAGEM DO MODELO SUPERIOR- ARCO FACIAL

O arco facial proporciona a montagem do mo- delo superior no ASA, na mesma posição espacial que a maxila apresenta em relação ao crânio. Possibilita, ainda, transferir para o articulador a distância inter- condilar do paciente e o eixo de rotação existente nos côndilos.

O posicionamento do arco facial faz-se através da colocação do garfo na boca do paciente, com três pontos de godiva de baixa fusão, um na região ante- rior e os outros dois na região posterior. O garfo é levado à boca do paciente, procurando-se manter a haste do garfo coincidindo com a linha média da face do paciente e moldando-se somente as pontas de cús- pides e incisai dos superiores. Após o resfriamento da godiva, remove-se o garfo e analisa-se as impressões

criadas; faz-se a remoção de todos os excessos de godi- va para que somente as pontas de cúspides e incisai fiquem demarcadas, propiciando um assentamento completo do modelo de gesso. Caso isso não ocorra, pode-se fazer um refinamento dessas impressões com pasta zinquenólica ou similar. (Figs. 8. IA e 8.1B)

O garfo é levado à boca, devendo permanecer imobilizado durante a colocação do arco facial. Para isso, coloca-se godiva na parte inferior do garfo tam- bém era três pontos, para que os dentes inferiores mantenham o garfo estável. Rolos de algodão ou as próprias mãos do paciente também se prestam para esta finalidade. Com o garfo em posição, a colocação do arco facial é feita introduzindo sua articulação na haste do garfo, mantendo-a o mais próximo do mes- mo. Em seguida, os dispositivos plásticos existentes nas extremidades do arco facial (olivas) são introduzi- dos nos meatos auditivos externos do paciente, solici- tando-se que mantenha o arco era posição com as mãos, fazendo uma leve pressão para frente e para cima, para ficar o mais próximo possível dos côndilos. Posiciona-se então o terceiro ponto do arco facial, de- nominado relator nasion, na depressão existente na base do nariz e aperta-se todos os parafusos. O relator nasion é fixado sobre a barra transversal do arco. Nesta fase verifica-se a distância intercondilar, que pode ser pequena, média ou grande, determinada na parte frontal do arco pelas letras P, M ou G ou pelos núme- ros 1, 2 e 3 dependendo da marca do articulador (Figs. 8.2A a 8.2C). A remoção do arco é feita soltan- do-se o parafuso central localizado no centro da barra transversal do arco e pedindo-se para o paciente abrir a boca lentamente.

Para a montagem do modelo superior no articu- lador, os elementos condilares que simulam os côndi-

FIGURA 8.IA

Impressões criadas na godiva pelos dentes superiores.

FIGURA 8.IB

Garfo posicionado na boca do paciente em relação à linha média da face.

R E G I S T R O S O C L U S A I S E M O N T A G E M EM A R T I C U L A D O R E S S E M I - A J U S T A V E I S

FIGURA 8.2B FIGURA 8.2A

Vista frontal do arco facial em posição. Vista lateral mostrando a oliva de plástico posicionada no

meato auditivo externo e relator nasion.

FIGURA 8.2C

Visualização da distância intercondilar no ramo anterior do arco facial.

los das ATMs, apresentam três posições de montagem de acordo com a distância intercondilar determinada pelo arco. O ajuste é realizado acrescentando-se espa- çadores nas guias condilares: sem espaçador para a distância intercondilar pequena, um espaçador para a média e dois espaçadores para a grande. A face chan- frada do espaçador deve ficar voltada para a guia con- dilar. Nessa fase a inclinação ântero-posterior da guia deve ser ajustada em 30° e o ângulo de Benett em 15°. Os postes condilares do ramo inferior também devem ser ajustados de acordo com a distância intercondilar já determinada no ramo superior.

Com a placa de montagem parafusada no ramo superior do articulador, posiciona-se o arco facial com uma das mãos contra o corpo do articulador, que é segurado pela outra mão, encaixando-se os pinos situados nas faces externas das guias condilares nos orifícios existentes nas olivas de plástico. O arco deve ser apoiado contra o corpo do operador. Introduz-se primeiro um pino, depois o outro e aperta-se o para-

fuso do arco facial. O conjunto arco facial ramo e superior do articulador fica apoiado na mesa incisai do ramo inferior do articulador. Para a montagem do modelo superior, o pino incisai deve ser removido do ramo superior do articulador. O modelo de gesso é posicionado nas impressões de godiva criadas no garfo e, para se evitar-se o movimento vertical do mesmo, utiliza-se um acessório chamado guia telescópico ex- pansivo (balança) para dar sustentação ao modelo. Pode-se também usar gesso interposto entre a base inferior do articulador e o garfo.

Para a fixação do modelo na placa de monta- gem, usa-se uma pequena quantidade de gesso espe- cial que após sua presa, faz-se a complementação da montagem com gesso pedra. Aguarda-se a presa do mesmo, remove-se cuidadosamente o arco facial do articulador e coloca-se o pino incisai com sua extre- midade arredondada em contato com a mesa incisai para manter o ramo superior contra o ramo inferior. (Figs. 8.3A a 8.3D)

P R Ó T E S E F I X A

FIGURA 8.3A

Arco facial e ramo superior do articulador posicionados contra o corpo do operador

FIGURA 8.3B

Posicionamento do arco facial no articulador

FIGURA 8.3C

FIGURA 8.3D

Modelo superior fixado no ASA. O ramo superior é man- tido paralelo ao inferior através do pino incial.

Guia telescópico expansivo (balança) para dar sustentação ao modelo.

4 . 1 . 2 . MONTAGEM DO MODELO INFERIOR-

REGISTRO DA RC

Como a relação cêntrica (R.C.) é uma posição craniomandibular e, portanto, independe da presença de dentes para sua determinação, o registro dessa po- sição deve ser obtido com os dentes separados o míni- mo possível, para compensar a primeira limitação do ASA, que é a impossibilidade de se transferir para o articulador o eixo de rotação presente nos côndilos, como comentado anteriormente.

Para facilitar este procedimento, confecciona-se um dispositivo com resina acrílica ativada quimicamente di- retamente na boca, envolvendo os incisivos centrais su- periores e estendendo-a, aproximadamente, 2cm em di- reção palatina. Este dispositivo é conhecido como Guia de Interferência Oclusal (JIG), e tem como objetivo des- programar a memória dos mecanoreceptores localizados

no ligamento periodontal, e assim, tornar mais fácil a manipulação da mandíbula em relação cêntrica. Aconse- lha-se isolar os dentes com vaselina ou adaptar papel alumínio nos dentes envolvidos para evitar que a resina adira aos mesmos. A resina deve ser colocada sobre os dentes ainda plástica e manipula-se a mandíbula na posi- ção de R.C. durante sua polimerização.

Durante essa fase deve-se ter cuidado com a rea- ção exotérmica da resina que pode lesionar o tecido gengival. Após o acabamento, o JIG deve apresentar estabilidade e apenas um ponto de contato com um dos dentes antagonistas, permitindo a mínima separa- ção dos dentes posteriores.

Outro método também empregado para despro- gramar a mandíbula é o de "Long", que consiste em colocar entre os incisivos centrais tiras "calibradoras" de plástico, em número suficiente, para causar a sepa- ração dos dentes posteriores.

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