O profissional não deve se restringir ao exame dos dentes e do periodonto adjacente. Uma avalia- ção cuidadosa das áreas edêntulas e que terão den- tes repostos por pônticos assume grande importân- cia, principalmente nos casos onde a estética está envolvida. Deve-se avaliar as características do re- bordo e a possível necessidade de correção cirúrgica com finalidade profética. Em alguns casos é neces- sário a remoção de tecido gengival para que um pôntico com adequadas dimensões possa ser con-
fe icc onado, sem a inadequada concavidade na sua
fa ce gengival, prejudicial à saúde do tecido perio-
dontal, em função da impossibilidade de limpeza
por parte dos pacientes.
Outras situações existem em que apenas um condicionamento do tecido gengival soluciona o
pr lob ema. Todavia, bastante comuns são as situações
Para que se possa fazer um diagnóstico completo e executar um adequado plano de tratamento tornam- se necessárias algumas informações que somente as radiografias podem fornecer. Pesquisa de lesões ósseas, raízes residuais e corpos estranhos, quantidade e qua- lidade óssea, anatomia radicular e qualidade de trata-
mento endodôntico, são algumas das muitas informa-
ções que não podem ser obtidas através do exame
clíni o. Algumas técnicas radiográficas são particulac r-
mente úteis ao protesista e devem ser utilizadas sem-
pre que necessário.
A radiografia panorâmica fornece uma visão geral do estado da dentição e dos tecidos duros e é bastante útil durante o exame do paciente. Desta forma, sem- pre que possível, e principalmente em casos extensos,
o paciente deve possuir esta radiografia antes da con-
sulta inicial (Fig. 1.24).
■ FIGURA 1.24
Radiografia panorâmica antes do tratamento restaurador; onde tem-se uma visão geral dos dentes e tecidos duros, o que auxilia o profissional durante a consulta inicial.
■ FIGURA 1.23
Aspecto clínico de reabsorção do rebordo alveolar Nestas situações torna-se necessário o aumento cirúrgico do re- bordo para obter-se um resultado estético mais satisfatório.
E X A M E DO P A C I E N T E
Após o exame clínico inicial e a avaliação da radi- ografia panorâmica, as áreas de interesse são determi- nadas e radiografias periapicais são executadas. Busca- se, assim, maior detalhe destas regiões. Estas radio- grafias devem ser executadas, preferencialmente, pela técnica do paralelismo, para que se evitarem maiores distorções. Pode-se analisar a altura da crista óssea, lesões periapicais incipientes, qualidade do tratamento endodôntico, comprimento dos núcleos, proporção coroa-raiz, dentre outros (Fig. 1.25). Radiografias in- terproximais também podem ser solicitadas e são par- ticularmente úteis na avaliação da adaptação de próte- ses antigas, recidivas de cáries e são mais precisas na visualização da crista óssea, devido à angulação utiliza- da na técnica.
■ FIGURA 1.25 Radiografia periapical.
5' MODELOS DE ESTUDO
Para a grande maioria dos casos em prótese há necessidade de que modelos de estudo sejam monta- dos em articuladores semi-ajustáveis (ASA). É inte- ressante a observação de que existe uma certa "pre- guiça" por parte de grande número de profissionais quando fala-se nesta etapa. Provavelmente isto de- corre do desconhecimento sobre as muitas e funda- mentais utilidades dos modelos de estudo montados em ASA:
• Registro da situação inicial do paciente. • Observação dos contatos prematuros que condu zem a mandíbula da Relação Cêntrica (RC) para a Máxima Intercuspidação Habitual (MIH). • Observação do movimento que a mandíbula exe cuta de RC para MIH.
• Observação facilitada das relações intermaxilares. • Observação dos efeitos de um possível ajuste oclu- sal sobre a oclusão.
• Observação facilitada das inclinações das unida des dentais.
• Enceramento diagnóstico. • Confecção de coroas provisórias.
O estudo sobre as posições de Relação Cêntrica, Máxima Intercuspidação Habitual e Oclusão em Re- lação Cêntrica, dos movimentos excursivos, bem como da sequência de montagem em ASA serão obje- tivos de outros capítulos deste livro.
Em função do exposto, fica evidente a importância do exame do paciente. Apesar de serem denominados de modelos de estudo, muito trabalho pode e deve ser executado sobre estes modelos. É inconcebível o iní- cio do tratamento, principalmente em casos extensos, sem uma análise criteriosa de todos os tópicos acima mencionados. O Cirurgião-Dentista precisa entender que o modelo de estudo é um aliado e não uma perda de tempo. E possível obter-se, a partir do enceramento diagnóstico, uma matriz ou as próprias coroas pro-
visórias, antes de efetuar-se qualquer desgaste na boca
do paciente. Através do enceramento diagnóstico tor- na-se mais fácil a observação das dificuldades do caso e pode-se discutir com o paciente as alternativas de tratamento, inclusive mostrando as prováveis modifi- cações que serão efetuadas (Figs. 1.26A e 1.26B). Isto, além de refletir um planejamento criterioso, pode re- presentar uma economia de tempo e, consequente- mente, de dinheiro no consultório.
Portanto, a fase de exame do paciente é extrema- mente importante e tem como objetivo fornecer todas as informações necessárias a um adequado e individu- alizado plano de tratamento. Uma falha na coleta de dados pode implicar em um tratamento perfeito do ponto de vista técnico, porém inadequado diante das necessidade de um determinado pacientes.
P R Ó T E S E F I X A FIG I.26A
■ FIGURAS l.26Ae I.26B
A montagem dos modelos de estudo possibilita a confecção do enceramento diagnóstico, o que facilita a discussão com
o paciente sobre as possíveis alternativas de tratamento.