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5.2 Qualidade Ambiental em Belém-Pará

5.2.2 Resultados da aplicação do modelo de Morato, Kawakubo e Luchiari 2005

5.2.2.4 Índice de alagamento (Ialag)

Para avaliar a problemática dos alagamentos nos bairros, utilizou-se o índice de alagamentos. Este indicador mostra a porcentagem dos bairros com maiores registros de ocorrências de alagamentos nos bairros investigados. Quanto maior esta porcentagem, pior deve ser a colocação na escala de avaliação da qualidade ambiental.

Os procedimentos metodológicos para a construção deste índice foram os mesmos utilizados no modelo de Borja e, portanto, já descritos no tópico 5.2.1.4 desta tese (Figura 14, pág. 100).

5.2.2.5 Índice de poluição sonora (Ips)

Para avaliar a poluição sonora nos bairros, utilizou-se o índice de poluição sonora. Este indicador mostra a porcentagem dos bairros com maiores registros de ocorrências de poluição sonora nos bairros investigados. Quanto maior esta porcentagem, pior deve ser a colocação na escala de avaliação da qualidade ambiental.

Os procedimentos metodológicos para a construção deste índice foram os mesmos utilizados no modelo de Borja e, portanto, já descritos no tópico 5.2.1.5 desta tese (Figura 22, pág. 113).

5.2.2.6 Índice de cobertura vegetal (Icv)

Para avaliar a cobertura vegetal dos bairros, utilizou-se o Índice de cobertura vegetal (Icv). Esse indicador expressa a porcentagem de cobertura vegetal nos bairros. Foi considerado o Icv ideal aquele com cobertura vegetal de 30% ou mais da área total e a esta situação foi atribuída o peso máximo (índice 1).

A espacialização e os resultados referentes ao índice de cobertura vegetal dos bairros investigados, podem ser observados na Figura 33.

Figura 33- Índice de cobertura vegetal dos bairros localizados na área urbana do município de Belém obtidos a partir da metodologia de Morato, Kawakubo e Luchiari de 2005.

Foram obtidos cinco níveis de qualidade ambiental: excelente (A), bom (B), suficiente (C), medíocre (D) e péssimo (E) havendo para a área predomínio da categoria péssimo.

Existem 35 bairros, ou seja, mais de 50% dos bairros analisados que apresentaram Icv abaixo do recomendado por Oke (1973). Cabe ressaltar que os bairros de Canudos, Fátima, Umarizal, Reduto, Cabanagem, Cremação, Jurunas, Guamá, Ponta Grossa, Pedreira, Telégrafo, Barreiro, Sacramenta, Condor, Montese, Cruzeiro, Agulha e Benguí apresentaram situação crítica com índices abaixo de 5% de cobertura vegetal. A maioria destes bairros compõe os distritos do Guamá (DAGUA) e de Belém (DABEL) apresentando similaridade com os resultados obtidos na pesquisa de Luz e Rodrigues (2014) conforme Tabela 5.

Tabela 5 - Relação áreas verdes e alagamentos na cidade de Belém.

Distritos Administrativos Área Total (m2) Cobertura Vegetal (m2) População %ICV Nº de alagamentos DAGUA 14.472.808,50 626.365,22 342.742,00 4,33 23 DASAC 15.169.632,38 1.276.849,44 256.641,00 8,42 3 DABEL 13.861.889,75 1.526.943,41 144.948,00 11,02 22 DABEN 32.925.665,50 10.198.159,65 284.670,00 30,97 1 DAICO 33.374.715,50 16.669.625,60 167.035,00 49,95 2 DAENT 66.959.717,00 36.343.564,89 125.400,00 54,28 5

Fonte: Luz e Rodrigues (2014).

Os Icv’s apresentados na tabela acima refletem a escassez de cobertura vegetal nos distritos administrativos da cidade. Dos seis distritos avaliados DAGUA e DASAC apresentaram os menores índices para este indicador. Em relação aos alagamentos, os distritos DAGUA e DABEL tiveram um maior quantitativo de ocorrências.

Nesta pesquisa os distritos DAGUA e DABEL foram os que apresentaram os menores índices de cobertura vegetal conforme constatado acima. Ao compararmos com os registros de alagamentos no ano de 2017 observamos que os distritos DAGUA e DABEL também apresentam maiores registros de alagamentos corroborando com os dados obtidos na pesquisa de Moreira e Vitorino (2017). Estes resultados podem ser justificados devido ao aumento da urbanização e impermeabilização do solo (MOREIRA; VITORINO, 2017).

Nos últimos anos o distrito do Guamá sofreu uma perda significativa de cobertura vegetal. Em 1984, o DAGUA apresentava 27,7% de cobertura vegetal sobretudo na porção leste

do distrito em formas de manchas conectadas (RODRIGUES; LUZ, 2007). Em 2004, a cobertura vegetal reduziu para 9,25% em função das ocupações espontâneas. Em 2014, este número caiu para 4,3%. Estes dados revelam um quadro ambiental preocupante uma vez que a perda de cobertura vegetal pode comprometer os ecossistemas em geral e saúde mental dos habitantes. Por tratar-se do distrito mais populoso com cerca de 342.742 habitantes é um dos distritos que mais necessitam dos benefícios proporcionados pela cobertura vegetal (IBGE, 2010).

Os dados mostram que, além de comprometer os ecossistemas em geral, a redução na cobertura vegetal apresenta uma relação indireta com o aumento no número de alagamentos na cidade. A ocupação da área urbana do município de Belém ao longo dos anos proporcionou um aumento significativo de áreas impermeáveis e, consequentemente, durante as chuvas, um aumento no volume de água superficial, contribuindo, sobremaneira, para os alagamentos na cidade. Vale ressaltar que a impermeabilização isoladamente não é o único fator que contribui para a ocorrência dos alagamentos e, conforme já relatado, o descarte irregular de resíduos sólidos, o aumento no volume de chuvas, a maré alta, baixa topografia também contribui para os alagamentos na cidade.

Os bairros com índices acima de 30% de cobertura vegetal foram: Parque Guajará, Tenoné, Maracacuera, São Clemente, Mangueirão, Val-de-Cans, Miramar, Paracurí, Universitário, Águas Negras, Aurá, Curió-Utinga e Guanabara. Estes resultados são justificados pela presença de áreas de proteção ambiental a exemplo da APA de Belém e o Parque Ambiental de Belém.

Ao contrapor os resultados dos modelos observamos que as respostas obtidas foram similares. O Icv médio obtido nos modelos 1 e 2 foram de 0,17 e 0,21 respectivamente. Este resultado pode explicar alguns problemas que vem ocorrendo no município devido à redução de vegetação na área urbana, principalmente no verão, como exemplo, podemos citar: a deficiência de sombreamento para a população, temperaturas elevadas devido ao aquecimento de áreas impermeabilizadas, aumento da incidência de alagamentos na cidade, entre outros.

Sobre a distribuição da cobertura vegetal, verifica-se que as áreas de vegetação se encontram reduzidas e fragmentadas no município devido à expansão urbana nas últimas décadas (PARANAGUÁ et. al., 2003). Segundo Rocha e Werlang (2005) a espacialização da cobertura vegetal é importante pois o índice não deve ser analisado de forma isolada uma vez que, mesmo dentro de um mesmo bairro, podem ser encontradas situações distintas em termos de cobertura vegetal.

Por fim, com relação ao planejamento da cidade, deve-se pensar neste espaço de forma holística de modo a assegurar uma quantidade de cobertura vegetal compatível com densidade populacional dos bairros.