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5.2 Qualidade Ambiental em Belém-Pará

5.2.2 Resultados da aplicação do modelo de Morato, Kawakubo e Luchiari 2005

5.2.2.8 Análise Comparativa dos métodos aplicados

Algumas similaridades e diferenças entre as metodologias testadas foram observadas: Ambos os procedimentos metodológicos, adotados em escala de bairro, são reproduzíveis, consistentes, comparáveis e passíveis de subsidiar à formulação de políticas públicas.

Os modelos permitiram a mensuração da qualidade ambiental no município, em escala de bairro, usando critérios claros e objetivos. Por meio, de técnicas de análise espacial, foi possível mensurar, espacializar e observar em um formato objetivo a distribuição da qualidade ambiental no município de Belém utilizando-se a combinação de indicadores considerados importantes para avaliação de ambientes urbanos, permitindo assim, a localização de áreas com problemas ambientais.

Como nos dois modelos aplicados os dados utilizados são informações disponíveis gratuitamente, estas metodologias mostraram-se ainda mais interessantes. Além da vantagem de utilizar dados disponíveis gratuitamente, as metodologias aplicadas mostraram-se flexíveis uma vez que permitiram a inclusão de novas variáveis para a avaliação da área de estudo.

Em termos econômicos, as metodologias propostas apresentam como vantagem o uso de dados disponíveis de forma gratuita, como os do Censo demográfico. Entretanto, as informações utilizadas apresentam como desvantagem, a temporalidade dos dados uma vez que as bases disponibilizadas pelo IBGE apresentam uma escala temporal de 10 em 10 anos.

Quanto à fonte e qualidade das informações, ambos os modelos, utilizam a mesma base de dados obtidas de agencia governamental (IBGE, CIOP e SIPAM), em bases regulares, fornecendo subsídios para o planejamento, execução e acompanhamentos de políticas públicas. Entretanto, ressalta-se a necessidade de adoção de escalas temporais com melhor periodicidade. No que diz respeito ao tipo de dados utilizados, as metodologias testadas utilizam dados quantitativos e de abrangência coletiva. Cabe ressaltar que a metodologia de Borja utiliza um pressuposto holístico para uma análise mais abrangente da qualidade ambiental incorporando além dos dados quantitativos informações qualitativas. Sob este aspecto, no modelo 2 foi possível realizar a adição de dados qualitativos.

Com relação ao conceito, apesar da diversidade de significados que o conceito de qualidade ambiental pode assumir, as bases conceituais nos dois modelos concordam que um ambiente urbano de qualidade deve garantir as condições adequadas para o conforto e saúde da população independente de grupos étnicos, raciais ou de classe respeitando as demandas específicas em relação ao ambiente urbano.

No tocante aos indicadores utilizados, a metodologia de Borja mostrou-se mais detalhada com inclusão, para a construção de seu índice, de outras tipologias de esgotamento sanitário conforme descrito no capítulo anterior desta tese. As metodologias diferem também quanto ao uso de pesos para a construção do índice de qualidade ambiental e a utilização de dados de percepção no modelo Borja (1998). O estabelecimento de pesos diferenciados implica na definição de critérios para a seleção de variáveis mais importantes na análise da qualidade ambiental, no entanto, geralmente, esta é feita de forma arbitrária pelos pesquisadores. Quanto ao uso de dados qualitativos no modelo 1, este mostra-se como ferramenta fundamental para o estabelecimento de prioridades e manutenção da saúde ambiental nas cidades.

Em termos metodológicos, ao confrontarmos os modelos utilizados nesta pesquisa observamos respostas diferentes quanto ao nível de qualidade ambiental nos bairros investigados. Os resultados obtidos na metodologia 2, revelam quatro níveis de qualidade ambiental (péssimo, medíocre, suficiente e bom), enquanto, a metodologia 1 resultou em três níveis de qualidade ambiental (medíocre, suficiente e bom). Cabe registrar que, em ambas as metodologias, os índices parciais médios obtiveram resultados semelhantes com exceção do índice de limpeza urbana e abastecimento público. Os índices de esgotamento sanitário e cobertura vegetal obtiveram baixos índices em sua classificação nos dois modelos conforme pode ser observado na Tabela 7.

Tabela 7 - Diferenças e similaridades dos índices obtidos nas metodologias utilizadas.

Índices Modelo 1 Modelo 2 Nível de Qualidade

Ambiental

Limpeza urbana 0,97 0,31 Excelente/Medíocre

Alagamentos 0,95 0,95 Excelente / Excelente

Abastecimento público 0,73 0,25 Bom/Péssimo

Esgotamento Sanitário 0,30 0,26 Medíocre/Medíocre

Poluição Sonora 0,74 0,74 Bom/Bom

Cobertura Vegetal 0,17 0,21 Péssimo

Fonte: Autora.

Os resultados alcançados nos dois modelos demonstram níveis de qualidade ambiental diferenciados para a maioria dos bairros. No que diz respeito ao índice de qualidade ambiental urbana (IQAU) foram obtidos índices médios similares para a maior parte dos indicadores

analisados. A metodologia proposta por Borja (1998) classificou a área em apenas três níveis de classe (Bom, suficiente e medíocre), enquanto no modelo 2, classificou em quatro níveis de qualidade (Bom, suficiente, medíocre e péssimo) conforme resultados apresentados nas Figuras 27 e 34.

Ao confrontarmos os índices por bairro observamos baixa correlação entre os resultados. De um modo geral os índices obtidos no modelo 2 demonstram níveis de qualidade ambiental, normalmente, inferiores aos obtidos no modelo 1.

Como Belém não possui tratamento de esgoto, todos os bairros permanecem no mesmo nível de qualidade ambiental, mas bairros como Nazaré e Campina tem o serviço de esgotamento sanitário bem melhor que outros bairros e, portanto, a escolha em índice mascara esta distribuição.

Em termos de representação da realidade, as metodologias utilizadas para a construção do IQAU pois cumpriram os objetivos de mensuração e espacializar os resultados, no entanto, é importante frisar que a carta de qualidade ambiental reflete uma situação real, mas não a tradução na íntegra da realidade da área urbana de Belém.

Para refinar as metodologias utilizadas sugerimos a aplicação das mesmas em outras localidades afim de verificar a robustez dos modelos, com a inclusão ou retirada de indicadores, caso se verifique esta necessidade.

Por fim, após análise geral, concluímos que os resultados obtidos no modelo 2, apesar das deficiências, melhor representa a realidade da qualidade ambiental urbana no município de Belém. E neste sentido, para uma avaliação mais integrada ressaltamos para a necessidade de estudos complementares (dados qualitativos) de forma a avaliar a qualidade ambiental urbana do município de Belém de forma mais integrada. O mesmo será efetuado no tópico seguinte desta tese.