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5.2 Qualidade Ambiental em Belém-Pará

5.2.2 Resultados da aplicação do modelo de Morato, Kawakubo e Luchiari 2005

5.2.2.7 Índice de qualidade ambiental urbana (IQAU)

Para medir a qualidade ambiental na área urbana do município de Belém utilizou-se o índice de qualidade ambiental urbana (IQAU). Este indicador mostra o nível de qualidade ambiental nos bairros investigados. Quanto maior for a percentagem, melhor deve ser a qualidade na escala de avaliação.

O índice de qualidade ambiental foi obtido a partir da média dos índices parciais: abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, alagamentos, poluição sonora e cobertura vegetal. Após a construção deste índice os resultados foram espacializados resultando na carta de qualidade ambiental urbana. A Figura 34 retrata, para este indicador, a situação dos 48 bairros analisados.

Figura 34- Carta de qualidade ambiental para a área urbana do município de Belém obtido a partir da metodologia de Morato, Kawakubo e Luchiari de 2005.

Na carta de qualidade ambiental para à cidade de Belém obtida a partir da metodologia de Morato, Kawakubo e Luchiari (2005)é possível observarmos diferentes níveis de qualidade ambiental na área de estudo. Conforme resultados foram diagnosticadas quatro classes: B, C, D e E com predomínio da classe D. Os IQAU nos bairros variaram de 0,25 a 0,72 com média de 0,45 indicando nível de qualidade medíocre. Pereira e Vieira (2016) ao utilizarem um sistema de índices de sustentabilidade urbana (SISU) para avaliar a qualidade ambiental do município de Belém constataram resultados pouco satisfatórios demonstrando fragilidades na saúde ambiental do município. Embora os autores ora referidos não utilizem a mesma metodologia e nem tão pouco a mesma escala os resultados demonstram a necessidade de melhorias quanto a qualidade ambiental na área de estudo corroborando com os resultados obtidos nesta pesquisa.

Os bairros inclusos no nível de qualidade medíocre correspondem a aproximadamente 70% da área de estudo. Estes bairros estão localizados, em sua maioria, nos distritos de DABEL, DAENT e DAICO.O bairro com o pior resultado foi o bairro da Cremação com índice de 0,25 (péssimo). Este bairro apresentou situações desfavoráveis em todos os índices analisados.

A distribuição do IQAU na área urbana da cidade de Belém mostra que os bairros com melhores condições ambientais (com índices maiores que 0,66) foram: Marco, Pedreira, Guamá e Marambaia localizados nos distritos DABEL, DASAC, DAGUA e DAENT respectivamente. Estes bairros apresentaram pelo menos 4 indicadores com nível de classe bom conforme Tabela 6.

Tabela 6 - - Índices básicos obtidos para a área urbana de Belém segundo modelo de Morato, Kawakubo e Luchiari (2005)

Bairros Iabast Iesg ILp Ialag Ips Icv IQAU Nível

de Classe Marco 0,69 1,0 0,80 0,8 0,6 0,06 0,66 Bom Pedreira 0,74 1,0 0,84 1,0 0,4 0,02 0,67 Bom Guamá 1,0 0,81 1,0 1,0 0,4 0,01 0,70 Bom Marambaia 0,70 0,92 0,78 1,0 0,8 0,12 0,72 Bom Fonte: Autora.

Na Tabela acima mostramos os resultados dos índices básicos obtidos para os bairros com melhor qualidade ambiental, segundo o modelo de Morato, Kawakubo e Luchiari (2005). Aqui demonstramos que os melhores índices destes bairros foram para os indicadores de

esgotamento sanitário, limpeza urbana e alagamentos com valores acima de 0,78. Em todos estes bairros a cobertura vegetal apresentou índices de qualidade péssimo.

O bairro do Marco, localizado entre a periferia e o centro, é o sexto mais populoso com mais de 65 mil habitantes (IBGE, 2010). É um bairro densamente construído com mais de 90% de sua área edificada e com aproximadamente 5% de área verde. Além da ineficiência de áreas verdes no bairro apresenta problemas de poluição sonora e deficiência na cobertura para o serviço de abastecimento de água (não universalidade do serviço), juntamente com o bairro da Pedreira.

O bairro do Guamá, segundo o IBGE (2010), conta com 94610 habitantes configurando- se como o bairro mais populoso do município de Belém e um dos mais pobres da cidade com a existência de uma série de carências como: segurança, existência de habitações precárias, descarte irregular de resíduos sólidos, ausência de um sistema de esgoto, entre outros (PIMENTEL et. al., 2012; IBGE, 2010). Este bairro é considerado uma área crítica que necessita de planejamento para a criação de áreas verdes uma vez que existe apenas 0,01 % de cobertura vegetal neste bairro. Os poucos espaços são representados pela praça Benedito Monteiro, instituições públicas e privadas, quintais particulares, bem como, algumas vias públicas (Figura 35).

Figura 35- Áreas verdes no bairro do Guamá no município de Belém/PA.

Fonte: Benedito Monteiro (2019).

Como pode ser observado na Figura 35 a área verde no bairro do Guamá representada por praças e vias públicas é reduzida demonstrando a necessidade de políticas públicas municipais que assegurem a existência destes espaços verdes e o desempenho de suas funções para a melhoria da qualidade ambiental no ambiente urbano.

O bairro da Marambaia, segundo dados do IBGE (2010), com melhor IQAU, é o terceiro bairro mais populoso de Belém com 66.708 habitantes. Apesar do bom resultado foi possível observar neste bairro durante visitas a campo problemas referentes a descarte irregular de resíduos sólidos e alagamentos em alguns trechos do bairro conforme pode ser observado na Figura 36.

Figura 36 - Problemas ambientais no bairro da Marambaia município de Belém/PA. A) e B) Pontos de descarte irregular no bairro da Marambaia no Conjunto Mendara. C) e D) Pontos de alagamentos no Conjunto Euclides Figueiredo.

Fonte: Autora.

A poluição sonora também se faz presente neste bairro. De acordo com dados do CIOP (2018 apud PEREIRA, 2019) o bairro da Marambaia ocupou o 5º lugar no ranking dos bairros com maior índice de ocorrência de poluição sonora com mais de 2 mil chamadas. Como fontes de ruídospodemos citar o uso de alto falantes nas feiras aos finais de semana utilizados para a divulgação do comércio local e serviços expondo a população à riscos a problemas de saúde. Além disso, apesar deste bairro apresentar um dos melhores índices de cobertura vegetal, conforme resultados obtidos no IQAU do modelo 2, nem todos os espaços verdes localizados neste bairro estão acessíveis a população dificultando, assim, a interação dos moradores locais com estes espaços. As áreas mais acessíveis como as praças encontram-se, em sua maioria, em situação de abandono pelo poder público carecendo de revitalização (Figura 37).

Figura 37 - Praça localizada no Conjunto Médici I no bairro da Marambaia em estado de abandono.

Fonte: Autora.

As praças, a exemplo da localizada no Médici I, deveriam ser espaços que proporcionassem o lazer, a diversão, o esporte, a integração de valores, o estímulo a relações humanas saudáveis e cuidados com o meio ambiente, além de contribuir para a promoção da qualidade de vida da população, no entanto, atualmente, são espaços abandonados em que predomina a insegurança e a violência.

Por tudo isso, ainda que os resultados obtidos neste modelo configurem bons índices de qualidade ambiental nestes bairros, anteriormente citados, os dados de campo, mostram a necessidade de intervenção da administração pública para a melhoria das condições ambientais e de qualidade de vida da população belenense.