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O presente estudo buscou utilizar um referencial teórico metodológico que concatenasse o ambiente urbano e a qualidade ambiental. Para tanto, tomamos como base as teorias do Sistema Ambiental Urbano (SAU) e Sistema Clima Urbano (SCU) desenvolvidas por Mendonça (2004) e Monteiro (1976), que apresentam uma análise dos problemas socioambientais urbanos de forma sistêmica (MONTEIRO, 1976; MENDONÇA, 2004).

A proposta desenvolvida por Mendonça (2004) é uma contribuição metodológica voltado para o planejamento e gestão socioambiental das cidades conforme Quadro 2.

Quadro 2 - Sistema Ambiente Urbano (SAU). NATUREZA SOCIEDADE Cultura Economia Política Educação Tecnologia Problemas Socioambientais Urbanos Planejamento e Gestão Socioambiental Urbana Relevo Ar Água Vegetação Solo Temperatura Habitação Industria Comércio Serviços Transporte Lazer

INPUT ATRIBUTOS OUTPUT APLICAÇÃO

Fonte: Mendonça (2004, p. 201).

O sistema ambiente urbano descreve a interação entre a natureza e sociedade, modulada pelos atributos, que resultam em problemas socioambientais. Esta metodologia representa um avanço nos estudos da problemática urbana e na perspectiva interdisciplinar, pois permite uma análise ampla dos impactos ambientais, bem como, um aprofundamento em seus diversos aspectos e diversidades escalares, visando as soluções com profundidade e eficiência (DUMKE, 2007).

De acordo com Mendonça (2010), esquematicamente, o Sistema Ambiente Urbano é assim composto (Quadro 2):

Input do S.A.U: Composto pelo Subsistema Natureza e Subsistema Sociedade e, conforme modelo, pode ainda ser dividido em vários subsistemas Natureza (Relevo, Ar, Água, Vegetação, Solo, Temperatura) e subsistemas Sociedade (habitação, indústria, comércio, serviços, transporte, lazer);

Atributos do S.A.U: São instancias sociais que imprimem movimento ao sistema ambiental da cidade. Neste domínio prevalecem as características pertencentes a superestrutura da cidade (economia e política) e a cultura da população, educação e tecnologia;

Output do S.A.U: É representado pelos vários problemas resultantes da interação entre os vários subsistemas e que demanda atenção da população, governantes, da sociedade e das instituições;

Aplicações: Estudo e elaboração de propostas voltadas para o planejamento e gestão ambiental da cidade. A solução dos problemas socioambientais urbanos resultará em implicações diretas na qualidade de vida da população.

Na presente pesquisa tornou-se imprescindível uma adaptação do modelo descrito acima conforme Quadro 3.

Quadro 3 - Adaptação do Sistema Ambiente Urbano.

NATUREZA SOCIEDADE Percepção da população Problemas Socioambiental Urbana Planejamento e Gestão Socioambiental Urbana Relevo Água Vegetação Solo Urbanização

INPUT ATRIBUTOS OUTPUT APLICAÇÃO

Fonte: Adaptado de Mendonça (2004, p. 201).

Conforme Quadro 3 o ambiente urbano é formado pela interação dos subsistemas Natureza (relevo, água, vegetação, solo) e Sociedade (urbanização), modulados pela percepção individual e/ou coletiva que reage (m) e responde (m) diferentemente às ações sobre o ambiente em que vive. As respostas e/ou manifestações daí recorrentes resultam em problemas socioambientais com implicações diretas na qualidade ambiental do espaço urbano. A solução para estes problemas poderá ser conduzida por meio de estudos e propostas de planejamento e gestão.

Em adição à base teórico-metodológica de Mendonça (2004) estudos referentes ao clima como um dos componentes da qualidade do ambiente têm oferecido importantes contribuições ao equacionamento da questão ambiental nas cidades (VIANA; AMORIM, 2008; SILVA JÚNIOR, 2012; WHILE; WHITEHEAD, 2013; COSTA, E., 2015).

O SCU desenvolvido por Monteiro (1976) constitui-se numa base conceitual e metodológica que vem sendo amplamente utilizada nos estudos de climatologia urbana (ASSIS, W. L., 2010; FREITAS, SANTOS; ALMEIDA, 2014). Trata-se de uma proposta

que assume uma conduta de coparticipação entre o homem e a natureza e que tem como fundamento o embasamento cartográfico e o conhecimento geográfico. O autor faz uma abordagem da cidade de um ponto de vista sistêmico ainda que tomando apenas um dos seus componentes (atmosfera). Segundo Mendonça (2011) esta proposta leva em conta não somente o diagnóstico da realidade urbana, mas toma-o na perspectiva da solução dos problemas ambientais relacionados a três subsistemas do clima urbano que serve como subsídio a elaboração de diretrizes para o planejamento da melhoria das condições de vida na cidade.

Na proposição do SCU são três os campos de enfoque: a) campo termodinâmico

b) campo físico-químico e;

c) campo Hidrometeórico (vide Quadro 4).

Quadro 4 - Sistema Clima Urbano (SCU)

SUBSISTEMA CANAL DA PERCEPÇÃO

HUMANA

PRODUTOS

Termodinâmico Conforto Térmico Ilhas de calor

Ilhas de frescor Desconforto térmico Físico-químico Qualidade do ar Poluição atmosférica

Inversão térmica Chuvas ácidas

Hidrometeórico Impacto meteórico Inundações e

movimentos de terra

Fonte: Monteiro (1976) (Simplificado).

Os produtos decorrentes destes subsistemas são em geral: a) desconforto térmico e ambiental, ilhas de calor e frescor; b) poluição atmosférica, inversão térmica e chuvas ácidas; e c) inundações e movimentos de terra, respectivamente (MENDONÇA, 2011; MONTEIRO; MENDONÇA, 2013). Os subsistemas: termodinâmico e Hidrometeórico, em sua maioria, estão relacionadas as próprias características dos climas tropicais sendo intensificados pelo processo de urbanização desenvolvido nas regiões tropicais, enquanto

o subsistema físico-químico é uma consequência ligada a este processo produzindo efeitos contínuos e cumulativos, respectivamente. Nesta pesquisa demos ênfase ao subsistema Hidrometeórico (Impacto meteórico), ligado aos impactos pluviais (alagamentos) e suas repercussões espaciais.

As bases teórico-metodológicas utilizadas nesta proposta de trabalho, complementam-se mutuamente de forma a permitir ao pesquisador uma estruturação metodológica clara para se atingir os objetivos desta investigação pois ambos tomam o estudo do clima e do ambiente da cidade a partir de uma perspectiva integradora. Justificamos ainda a utilização das mesmas pelas suas aplicabilidades em várias situações além de possibilitar o equacionamento e/ou contribuições para a solução/minimização de problemas socioambientais urbanos (SILVA JÚNIOR, 2013; DIAS; NASCIMENTO, 2014).

O estudo da qualidade ambiental teve como foco a integração de dados quantitativos e a incorporação da subjetividade e, para isto, seguimos o roteiro metodológico descrito conforme Figura 3.

Figura 3- Roteiro metodológico para avaliação da qualidade ambiental na área urbana do município de Belém/PA.

Diante da diversidade de técnicas e critérios, nesta pesquisa, adotou-se para avaliar a qualidade ambiental na área de estudo as metodologias desenvolvidas por Borja (1998) e Morato, Kawakubo e Luchiari (2005). A escolha de tais metodologias pauta-se na necessidade de avaliação dos espaços urbanos de forma integrada e na simplicidade dos métodos. Para fins de organização denominamos de método 1 a metodologia desenvolvida por Borja (1998) e método 2 o procedimento desenvolvido por Morato, Kawakubo e Luchiari (2005).

Sob o ponto de vista técnico-metodológico, houve a necessidade de capacitação de recursos humanos especializados no estudo de problemas da Amazônia, e a autora através do estágio sanduíche desenvolvido na Universidade do Minho em Guimarães (Portugal), 5º cidade com melhor avaliação pela Comissão Europeia no que tange a Capital Verde Europeia, buscou aprofundar a temática dos indicadores de qualidade ambiental.