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Apêndice I. Guião da entrevista em focus group Apêndice II. Transcrição da entrevista

Apêndice III. Matriz do questionário de investigação – Primeira versão Apêndice IV. Questionário de investigação – Primeira versão

Apêndice V. Contacto com os especialistas para apresentação do questionário de investigação

Apêndice VI. Guião para análise e avaliação do questionário de investigação pelo especialista

Apêndice VII. Matriz do questionário de investigação – Segunda versão Apêndice VIII. Questionário de investigação – Segunda versão

Apêndice IX. Contacto com os amigos crítico

Apêndice X. Contacto com os órgãos de gestão dos estabelecimentos de ensino para a realização do estudo piloto

Apêndice XI. Guião para os comentários do estudo piloto

Apêndice XII. Pedido para aprovação e aplicação do inquérito ao Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação – Nota metodológica Apêndice XIII. Matriz do questionário de investigação – Versão definitiva Apêndice XIV. Questionário de investigação – Versão definitiva

Apêndice XV. Identificação dos estabelecimentos de ensino do Alentejo participantes no estudo

Apêndice XVI. Contacto com os órgãos de gestão dos estabelecimentos de ensino do Alentejo para a aplicação do questionário

Apêndice XVII. Resultados do teste do Qui-Quadrado para identificação de diferenças significativas relativas a variáveis biográficas

Apêndice XVIII.Resultados do teste t de Student para identificação de diferenças significativas relativas a variáveis biográficas

Apêndice XIX. Resultados da análise da variância (ANOVA) para identificação de diferenças significativas relativas a variáveis biográficas

Qualquer que seja o domínio de atividade, a avaliação do desempenho profissional é reconhecida como importante para a gestão da qualidade, mas, ao mesmo tempo, revela-se difícil, provoca numerosas polémicas e pode mesmo gerar efeitos perversos não desejados.

Introdução

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1. Introdução

Num contexto de rápidas e profundas alterações a nível social, político e económico, em que a preocupação dos governantes e dos organismos internacionais com a eficácia dos sistemas educativos se tem vido a acentuar, levando a que as políticas e as práticas educativas sejam alvo de avaliação permanente, compreende-se que a avaliação do desempenho docente tenha ganho, ela própria, grande visibilidade. Justificada com a finalidade de proporcionar aos professores um adequado desenvolvimento profissional e de fomentar a qualidade do ensino por eles ministrado, visando contribuir para a qualidade da escola e da educação, a avaliação do desempenho docente emergiu, na última década e um pouco por todo o mundo, como uma exigência dos sistemas educativos, dos professores e respetivas organizações profissionais, mas também pela pressão social.

Com efeito, a escola não pode alhear-se da constante evolução social, tecnológica e científica da sociedade. Bem ao contrário, terá de se antecipar à mudança, sob pena de caminhar para o seu próprio insucesso, deixando por cumprir a função que a sociedade lhe confere – preparar os jovens de hoje para virem a enfrentar os desafios do amanhã – e que é, afinal, o grande objetivo de uma educação que se pretende de qualidade. A escola tem, para isso, e cada vez mais, de se revelar como uma organização aprendente e autorreflexiva, potenciadora das capacidades cognitivas, afetivas, estéticas e morais dos alunos, contribuindo para a participação e a satisfação da comunidade educativa, promovendo a aprendizagem e o desenvolvimento profissional dos seus agentes educativos, particularmente dos seus professores, influenciando positivamente o contexto social envolvente com a qualidade que confere ao serviço educativo que presta e com a adequação da sua oferta formativa.

Isso pressupõe professores de qualidade, competentes, eles próprios também criativos e reflexivos, já que a qualidade do desempenho docente é condição fundamental para uma educação de qualidade. A qualidade constitui, pois, uma preocupação primordial dos sistemas educativos. No entanto, o termo qualidade, há que o reconhecer, pode adquirir tantos significados quantos são aqueles que o utilizam e os contextos em que o fazem. Se não for definido um referencial que permita explicitar critérios de qualidade, esta poderá tornar-se num slogan equívoco ou ambíguo. Se remetermos esse referencial para

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tomadas de posição de natureza tão diversa, como filosófica, epistemológica, científica e técnica é difícil encontrar referenciais que sejam consensuais (Estrela, 2015a).

Com a implementação de sucessivas reformas educativas e reorganizações curriculares, em Portugal, exige-se dos professores uma intervenção cada vez mais diversificada e qualificada. Como tal, parece crescer a importância dada aos processos de avaliação do desempenho docente por parte de investigadores, de decisores políticos e dos próprios professores, como instrumento para promover a melhoria da qualidade da educação e, consequentemente, do ensino, da aprendizagem e da escola.

Neste sentido, a avaliação do desempenho docente afigura-se como um conceito emergente da política educativa atual (nacional e internacional), que visa potenciar oportunidades de aprendizagem e de desenvolvimento pessoal e profissional dos professores, com vista ao aprofundamento da qualidade destes profissionais e à melhoria do ensino, dos resultados escolares e das aprendizagens dos alunos e em sentido lato, da qualidade do serviço educativo prestado pela escola.

Como salienta Pacheco (2009) a avaliação do desempenho docente tornou-se “uma necessidade institucional, profissional e pessoal” (p. 47), mas não pode ser entendida como a solução para todos os problemas que afetam o ensino, principalmente se não se problematizarem, tal como sugere Flores (2010), os seus princípios, fins, procedimentos e efeitos.

Sendo a avaliação do desempenho docente considerada relevante para melhorar o ensino e o desempenho da escola não é sem debate e resistências que ela se insere na prática escolar – em todos os sistemas onde se introduz.

A cultura tradicional da escola – que tem muito peso – não sujeitava as práticas dos professores a dipositivos formais de avaliação e a sua progressão na carreira não dependia de quaisquer práticas avaliativas.

Em Portugal, a última década foi palco da manifestação de duas posições aparentemente (irre)conciliáveis: de um lado, a necessidade de promover uma dimensão avaliativa, com finalidades que ultrapassam claramente uma perspetiva pedagógica de formação, situando-a no terreno da administração, através da aplicação de um modelo de avaliação do desempenho docente; do outro lado, a necessidade de incrementar na prática profissional uma dimensão avaliativa (de reflexão, análise, questionamento, crítica e monitorização) em que a finalidade essencial é a perspetiva pedagógica de formação.

Introdução

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A política de avaliação que, nestes últimos anos, tem vindo a ser implementada em Portugal tem sofrido sucessivas alterações, devido à grande insatisfação que tem gerado, tendo sido amplamente contestada quer pelas organizações sindicais, quer pelos próprios professores, não só por a considerarem demasiado burocrática, como também por terem dúvidas sobre a sua exequibilidade, equidade e interesse para a promoção do seu desenvolvimento pessoal e profissional e para a melhoria do ensino, dos resultados escolares dos alunos e da qualidade do serviço educativo.

Vivemos esse período de contestação, de indignação, de descontentamento e tentámos compreendê-lo – pelas próprias funções que então desempenhávamos a nível do estágio pedagógico e depois de algumas décadas de experiência na orientação de professores estagiários e respetiva avaliação, constatamos que muitas são as opiniões e os fundamentos invocados para as justificar entre os professores.

Foi neste quadro que considerámos pertinente a realização do presente estudo, tendo em vista investigar como é que a avaliação do desempenho docente poderá, na perspetiva de professores, contribuir, por um lado, para a sua valorização e para o seu desenvolvimento pessoal e profissional e, consequentemente, para a melhoria da qualidade do serviço educativo e das aprendizagens dos alunos e, por outro, o que é que poderá trazer de relevante para a formação de professores, a qual tem sido tantas vezes acusada de ineficaz e tantas vezes remodelada, sem que se saiba com rigor quais as suas falhas, os seus sucessos, as suas necessidades de desenvolvimento ou de mudança. Além do aspeto profissional, a pertinência do estudo revelou-se também no entendimento da avaliação como uma necessidade organizacional, leitmotiv para a eficiência e qualidade da escola. Com efeito, os professores são atores fundamentais na escola enquanto “comunidade reflexiva e aprendente”.

Mas, o estudo adquire também relevância em termos da própria investigação educacional. Uma vez que estamos perante um novo quadro de avaliação do desempenho docente, os dados recolhidos, enraizados nas perceções dos principais atores no processo de avaliação, poderão dar informação, que facilite a tomada de decisão sobre os modelos e os procedimentos mais adequados para a eficácia da sua implementação.

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Nos últimos anos tem vindo a crescer significativamente o número de estudos que, tanto a nível internacional, como, mais recentemente, a nível nacional, se têm debruçado sobre a avaliação do desempenho docente.

Compreende-se que a temática da avaliação do desempenho docente tenha atraído a atenção de muitos investigadores, não apenas por ser uma área até então pouco explorada, mas também devido ao impacto social que a avaliação do desempenho docente motivou na sociedade portuguesa, devido ao quadro de conflito entre os professores e a tutela, tornando-se urgente indagar as causas de tanta insatisfação e desalento e, também, tentar encontrar alguns caminhos que tornassem o processo avaliativo mais adaptado à realidade da profissão docente e mais profícuo.

Como tivemos ocasião de verificar a partir da revisão de literatura efetuada sobre o tema, no caso concreto do nosso país eram à data da implementação da avaliação do desempenho docente poucos os estudos realizados quer no domínio das perspetivas de professores sobre a avaliação do seu desempenho, quer em relação aos efeitos da avaliação do desempenho docente na aprendizagem e no desenvolvimento pessoal e profissional dos professores e a sua relação com a melhoria do ensino, dos resultados escolares e da aprendizagem dos alunos, bem como do serviço educativo que prestam à escola.

No que referimos assentou a razão da escolha do tema central da investigação que nos propusemos levar a cabo e à qual se refere a presente tese, cujo título é, recordamos, o seguinte: Avaliação do Desempenho Docente: Sentidos e Desafios na Perspetiva de

Professores.

A questão de investigação emergiu da problemática investigativa plural antes explicitada, procurando-se, com o presente estudo, encontrar resposta para a questão de partida a seguir formulada:

• Quais as perceções de professores (avaliadores e avaliados) acerca do modo como a avaliação do desempenho docente deveria decorrer, tendo em conta o seu possível contributo para a promoção da qualidade do serviço educativo e a valorização do desenvolvimento pessoal e profissional dos professores?

A questão que enformou os nossos propósitos permitiu-nos trilhar um percurso mais linear, facilitando-nos a consecução dos objetivos a que nos propusemos.

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Tendo por base a problemática e a questão de partida antes configuradas, e visando determinar as perspetivas dos professores inquiridos relativamente ao modo como a avaliação do desempenho docente deveria decorrer, bem como às qualidades ou atributos que devem caracterizar o perfil profissional de um bom professor, delinearam- se os objetivos de investigação a seguir explicitados:

• Conhecer quais são os desafios da avaliação do desempenho docente.

• Averiguar quem devem ser os avaliadores a envolver na avaliação do desempenho docente e qual o perfil que devem revelar.

• Indagar quais os critérios e instrumentos que devem ser privilegiados na avaliação do desempenho docente.

• Perceber se outros intervenientes, para além dos avaliadores, deverão fazer parte do processo avaliativo.

• Identificar as dificuldades e os constrangimentos da avaliação do desempenho docente.

• Entender se a observação de aulas é uma estratégia supervisiva fundamental a incluir no âmbito da avaliação do desempenho docente.

• Identificar as qualidades ou atributos que devem caracterizar o perfil profissional de um bom professor.

• Identificar os aspetos mais positivos da avaliação do desempenho docente. • Identificar os aspetos menos positivos ou desfavoráveis da avaliação do

desempenho docente.

• Comparar as perspetivas de professores avaliadores e avaliados acerca dos aspetos mais positivos e menos positivos da avaliação do desempenho docente. • Derivar contributos tendentes ao desenvolvimento de um modelo de avaliação

do desempenho docente mais adaptado à realidade da profissão docente, mais inovador e mais profícuo.

O que, em suma, de fundamental se esperava deste estudo era que dele pudessem ser derivados contributos capazes de assegurar uma avaliação do desempenho docente potenciadora de um ensino mais proficiente, mais criativo e mais refletido, condição

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necessária para levar os alunos a aprenderem e a desenvolverem-se de forma mais efetiva.

A investigação encontra-se organizada, para além da introdução, em duas partes, uma dedicada à fundamentação teórica e normativa da avaliação do desempenho docente e outra focada na metodologia seguida e na consequente apresentação, interpretação e discussão dos dados recolhidos. Terminamos com um espaço de conclusões seguido das considerações finais, bem como das referências bibliográficas e legislativas. No último ponto deste trabalho surge um conjunto de anexos e apêndices complementares, que serão incluídos no Volume 2.

Construído a partir da revisão de literatura que serviu de suporte teórico, dividimos o enquadramento teórico e normativo em três capítulos. No primeiro procurámos situar a avaliação do desempenho docente entre a necessidade de promover o desenvolvimento profissional dos professores e a necessidade de satisfazer os interesses da política educativa. No segundo, integram-se e analisam-se as perspetivas atuais da avaliação do desempenho docente, em termos de investigação e de políticas educativas. Finalmente, no terceiro abordámos o que designamos por desafios da e para a avaliação do desempenho docente, especificando os domínios da profissionalidade docente e a sua relação com a avaliação do desempenho docente e desta com a formação contínua de professores.

A segunda parte divide-se também em três capítulos em que o primeiro remete para a explicitação e justificação da metodologia. O segundo capítulo inclui os resultados obtidos que são apresentados e interpretados. O terceiro capítulo integra a discussão dos resultados obtidos à luz dos objetivos da investigação.

Nas sínteses conclusivas são destacadas as conclusões mais significativas que nos pareceu legítimo retirar do estudo realizado.

Enunciam-se nas considerações finais algumas das limitações do estudo e apresentam-se as implicações pedagógicas e as reflexões que considerámos oportunas e pertinentes, mas que mais não são do que hipóteses provisórias e inacabadas. Apresentam-se, também, algumas sugestões de áreas de estudo a desenvolver posteriormente, tornadas pertinentes dada a natureza exploratória da presente investigação.

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Nas referências bibliográficas1 são apresentados todos os livros, artigos científicos, revistas e publicações online, consultados e referenciados que estiveram na base da consecução desta investigação. Nas referências legislativas são apresentados todos os normativos e suportes legislativos consultados e referenciados que estiveram na base da consecução desta investigação.

Incluem-se nos anexos os documentos fundamentais que estiveram subjacentes à conceção, recolha, análise e interpretação dos dados e nos apêndices os documentos produzidos pela investigadora e que serviram de suporte à concretização do estudo empírico, considerados excessivos para constarem do corpo do trabalho, mas que constituem um valioso complemento informativo e elucidativo.

1 Na referenciação tomou-se por base as normas preconizadas pela American Psychological Association (vulgarmente conhecidas por normas APA).

PARTE I