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3 POLÍTICA E AÇÕES DE INTERNACIONALIZAÇÃO UNIVERSITÁRIA DO GOVERNO LULA COM OS DEMAIS PAÍSES MEMBROS DOS BRICS

4 POLÍTICAS E AÇÕES DE INTERNACIONALIZAÇÃO UNIVERSITÁRIA DO GOVERNO DILMA COM OS DEMAIS PAÍSES MEMBROS DOS BRICS

4.4 AÇÕES DE INTERNACIONALIZAÇÃO UNIVERSITÁRIA DO BRASIL COM A ÁFRICA DO SUL DURANTE O GOVERNO DILMA

Apesar das diferenças, o Brasil e a África do Sul compartilham várias características: exibem índices alarmantes de concentração de renda e investem em políticas sociais de redistribuição de renda; exercem liderança regional; estão inseridos em esquemas de integração regional que deverão, necessariamente, ser considerados em suas escolhas de política externa; são grandes exportadores de commodities, que, junto com serviços, passaram a responder por fatia crescente de suas economias, aumentando a vulnerabilidade de suas contas externas; e seus governos demonstram, no momento, acentuada preocupação com o desempenho de suas indústrias e com a competição predatória dos produtos importados.

A parceria Brasil-África do Sul poderia ser demarcada com atuações de complementaridade. Durante o governo Lula, em 2010, Brasil e África do Sul estabeleceram parceria bilateral lançando o Programa Parceria Estratégica Bilateral, que envolvia ampla gama de temas, desde comércio e cooperação técnica até coordenação sobre governança global. O governo Dilma declarou a importância de reafirmar esse compromisso. Parceria Estratégica Bilateral lançada em julho de 2010 pelo presidente Lula. Foram realizadas visitas,

reuniões e encontros entre representantes dos dois países, embora em menor número que com os demais países, como se nota Quadro 19.

Quadro 19 – Relações Bilaterais (Visitas, reuniões, encontros) Brasil e África do Sul – Governo Dilma (2011-2016)

(continua)

Ano Título

2011 Reunião Ministerial do IBAS (Nova York, 11 de fevereiro)

Sétima Reunião da Comissão Mista Trilateral do Fórum IBAS (Nova Délhi, 8 de março)

Visita do ministro das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota, à África do Sul (24 de julho)

Reunião de Ministros do Brasil, da África do Sul, da Índia e da China (BASIC) sobre Mudança do Clima (Inhotim – MG, 26 e 27 de agosto)

Reunião Ministerial do IBAS à margem da 66ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (Nova York, 23 de setembro)

Visita da presidente Dilma Rousseff à África do Sul por ocasião da V Cúpula IBAS (Pretória, 18 de outubro)

2012 Encontro Ministerial Índia-Brasil-África do Sul (IBAS) à margem do Fórum Econômico Mundial (28 de janeiro)

Reunião de Ministros do Brasil, da África do Sul, da Índia e da China (BASIC) sobre Mudança do Clima (Brasília, 20 e 21 de setembro)

2013 V Reunião da Comissão Mista de Cooperação Brasil-África do Sul

Visita da presidente Dilma Rousseff à África do Sul, para participar da V Cúpula dos BRICS (Durban, março)

Visita ao Brasil da ministra de Relações Internacionais e Cooperação da República da África do Sul, Maite Nkoana-Mashabane (30 de julho)

XVI Reunião de Ministros do Brasil, da África do Sul, da Índia e da China (BASIC) sobre Mudança do Clima (Foz do Iguaçu, 15 e 16 de setembro)

(conclusão)

Ano Título

Reunião de Chanceleres do IBAS à margem da 68ª Assembleia Geral da ONU (Nova York, 25 de setembro)

2014 Visita ao Brasil do presidente da África do Sul, Jacob Zuma, para participar da VI Cúpula BRICS (16 de julho)

2015 20ª Reunião Ministerial do BASIC sobre Mudança do Clima (Nova York, 28 de junho) Reunião dos Ministros das Relações Exteriores dos BRICS em Nova York, à margem da 70ª Sessão Anual da Assembleia Geral das Nações Unidas (29 de setembro)

Reunião dos Mandatários dos BRICS em Antália, Turquia, à margem da Cúpula do G20 (15 de novembro)

2016 22ª Reunião Ministerial do BASIC sobre Mudança do Clima (Nova Délhi, 7 de abril) Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil (2003-2016).

As relações entre a presidente Dilma e o presidente Jacob Zuma, da África do Sul, foram cordiais, apesar do incidente quando da visita a Durban, em 2013. O presidente sul- africano fez Rousseff esperar por mais de uma hora. A presidente Dilma decidiu voltar ao hotel e cancelar sua participação no jantar de abertura da reunião dos BRICS. Incidentes como esses, porém, não afetaram as relações entre os dois países, embora tenha sido diminuto o número de memorandos assinados entre ambos, como se nota no Quadro 20.

Quadro 20 – Acordos, tratados e memorando de entendimentos Bilaterais Brasil e África do Sul – Governo Dilma (2013-2015)

Data Título Área do acordo

16/09/2013 Memorando de Entendimento entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da África do Sul sobre Cooperação na Área de Meio Ambiente (ANEXO V)

Meio Ambiente – é mencionada cooperação acadêmica, científica e tecnológica

31/07/2015 Protocolo Alterando a Convenção entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da África do Sul para Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal em Relação aos Impostos sobre a Renda, Celebrada em Pretória, em 8 de novembro de 2003

Economia/Impostos

Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil (2003-2016).

O protocolo de informações assinado em 2015 está relacionado com as dificuldades e a divergência que ambos os países estavam enfrentando na área de comércio internacional. A África do Sul mantinha barreiras dos sul-africanos a produtos brasileiros como a carne de porco, a pretexto de questões sanitárias. Os sul-africanos, com o protocolo, acenaram com uma possível remoção das barreiras em troca de maior abertura do mercado brasileiro de vinhos para os produtos daquele país.

No Memorando de Entendimento entre o Brasil e a África do Sul sobre Cooperação na Área de Meio Ambiente25, foi mencionada cooperação acadêmica, científica e tecnológica no referido tema, mas tal menção era genérica e propunha que ambas as partes poderiam organizar reuniões, trocar informações e promover pesquisas.

A dificuldade das relações do Brasil com a África do Sul pode ser exemplificada pela escassa participação no Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) e de Pós- Graduação (PEC-PG). Somente em 2017 notou-se a contemplação de um aluno sul-africano com uma bolsa desse programa (BRASIL, [2017]c). Por outro lado, de acordo com o Education South Africa (EDUCATION SOUTH AFRICA – EDUSA, [2018]), que é a associação nacional de acreditação de escolas de inglês, a facilidade de viajar e o preço inferior de passagem e hospedagem na África do Sul impacta o número de brasileiros que a escolhem como destino para estudar o idioma inglês. Segundo dados da EduSA, em 2014 a África do Sul recebeu 10 mil estudantes estrangeiros e 15% eram brasileiros que passaram, em média, de cinco a sete semanas estudando no país.

Em termos acadêmicos, é preciso ressaltar que os alunos brasileiros são atraídos não pelo ensino superior sul-africano, mas pela possibilidade de aprender ou aperfeiçoar o idioma inglês no país com um custo inferior ao que teriam para estudar nos Estados Unidos ou em outro país da América do Norte ou Europa.

Pelo Programa Ciência sem Fronteiras, a África do Sul recebeu 16 alunos bolsistas, sendo dois alunos de graduação sanduíche, dez de doutorado sanduíche e quatro estudantes de pós-doutorado. Os bolsistas brasileiros foram para as seguintes IES sul-africanas: Centre for Observational Oceanography, International Centre for Genetic Engineering and Biotechnology – Cape Town, Stellenbosch University, University of Cape Town, University of Kwazulu-Natal, University of Pretoria e University of the Witwatersrand (BRASIL, 2016b).

No âmbito institucional, ao analisarem-se as cinco principais IES sul-africanas, observou-se que somente no website da Universidade de Joanesburgo (University of Johannesburg) aparecem os convênios de acordo de cooperação acadêmica bilateral com as IES brasileiras, sendo elas: Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU), Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Por sua vez, as principais IES brasileiras mantêm convênios e acordos bilaterais com as IES sul-africanas, conforme pode ser observado no Quadro 21.

Quadro 21 – Convênios das IES brasileiras com IES Sul-africanas

IES Brasileiras Nº convênios

com IES Índia

IES sul-africana

USP 2 1) Univ. Cape Town

2) Stellenbosch Univ

UNICAMP 1 Universidade Stellenbosch

UFRJ 3 1) Cape Peninsula University of Technology

2) Universidade da Cidade do Cabo 3) Universidade de Pretoria

UFRGS 2 1) Universidade de Western Cape

2) Centro Nacional de Oncologia

UNB 1 1) University of Pretória

PUC-RIO 3 1) Nelson Mandela Metropolitan University

2) Stellenbosch University 3) University of Cape Town Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Cabe mencionar que, dentro dos países membros dos BRICS, a África do Sul mantém relações mais estreitas com a Índia, por ser este o sexto país na lista de destinos mais

procurados por alunos sul-africanos para estudo no exterior. Supõe-se que a escolha se deva a razões linguísticas (idioma inglês) e de acessibilidade tanto geográfica quanto financeira.

Por último, conclui-se que, em relação à África do Sul, durante o governo de Dilma Rousseff, o Brasil manteve uma relação de multinacionalização/ transnacionalização do ensino do ensino no âmbito do ensino superior ao atrair alunos sul-africanos pelos programas PEC-G/PEC-PG, mas, no âmbito de ensino-aprendizagem do idioma inglês, os alunos brasileiros recorrem àquele país para aprender o idioma. Justifica-se esta última parte pelo fato de que, de acordo com a EduSA ([2018]), a facilidade de viajar para a África do Sul, principalmente pelo fato de o valor ser mais acessível se comparado a outros países de língua inglesa, impacta o número de brasileiros que a escolhem como destino para estudar o idioma inglês.

4.5 AÇÕES CONJUNTAS DE INTERNACIONALIZAÇÃO UNIVERSITÁRIA DOS

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