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3 POLÍTICA E AÇÕES DE INTERNACIONALIZAÇÃO UNIVERSITÁRIA DO GOVERNO LULA COM OS DEMAIS PAÍSES MEMBROS DOS BRICS

4 POLÍTICAS E AÇÕES DE INTERNACIONALIZAÇÃO UNIVERSITÁRIA DO GOVERNO DILMA COM OS DEMAIS PAÍSES MEMBROS DOS BRICS

4.2 AÇÕES DE INTERNACIONALIZAÇÃO UNIVERSITÁRIA DO BRASIL COM A ÍNDIA DURANTE O GOVERNO DILMA

O intercâmbio comercial entre o Brasil e a Índia passou de 1 bilhão de dólares, em 2003, no início do governo Lula, para 11,62 bilhões, em 2014, e ainda apresenta amplo potencial de crescimento, considerando-se o tamanho e o dinamismo das duas economias. Em 2014 a Índia ocupou a 8ª posição entre os principais parceiros comerciais do Brasil (BRASIL, 2017i).

Além da dimensão bilateral e comercial, Brasil e Índia mantêm estreita coordenação nas Nações Unidas e na Organização Mundial do Comércio – de que é exemplo a participação dos dois países no G-4 e no G-20 – e também integram os grupamentos IBAS (juntamente com a África do Sul) e BRICS (ao lado de China, Rússia e África do Sul), contribuindo para o aperfeiçoamento da nova arquitetura do sistema internacional. Logo, pode fazer sentido, além das reuniões rotineiras entre os países, que os encontros e visitas governamentais entre ambos os países tenham sido em maior número do que com a África do Sul, conforme pode ser observado no Quadro 13.

Quadro 13 – Relações bilaterais (visitas e reuniões) Brasil e Índia - Governo Dilma (2011-2016) (continua)

Ano Título

2011

Visita à Índia do ministro das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota em Nova Délhi

III Reunião do Diálogo Estratégico Brasil-Índia

V Reunião da Comissão Mista Brasil-Índia em Nova Délhi VII Reunião Ministerial do IBAS, Nova York

Sétima Reunião da Comissão Mista Trilateral do Fórum IBAS, em Nova Délhi, 8 de março Reunião de Ministros do Brasil, da África do Sul, da Índia e da China (BASIC): Mudança do Clima

Reunião Ministerial do IBAS na 66ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas V Cúpula do Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul (IBAS) em Pretória

(conclusão)

Ano Título

2012 Visita de Estado da presidente da República Dilma Rousseff à Índia

Visita à Índia do ministro da Defesa, Celso Amorim

Visita ao Brasil do primeiro-ministro Manmohan Singh (Rio+20)

Encontro Ministerial Índia-Brasil-África do Sul (IBAS) durante o Fórum Econômico Mundial

Reunião de Ministros do Brasil, da África do Sul, da Índia e da China (BASIC): Mudança do Clima

2013 VI Comissão Mista Brasil-Índia em Brasília

XVI Reunião de Ministros do Brasil, da África do Sul, da Índia e da China (BASIC) sobre o Clima

V Cúpula dos BRICS em Durban

Reunião de Chanceleres do IBAS à margem da 68ª Assembleia Geral da ONU 2014 Encontro entre a presidente Dilma Rousseff e o primeiro-ministro Narendra Modi 2015 20ª Reunião Ministerial do BASIC sobre Mudança do Clima

Reunião do G-4 sobre a Reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas

Reunião dos Ministros das Relações Exteriores dos BRICS em Nova York, à margem da 70ª Sessão Anual da Assembleia Geral das Nações Unidas

Reunião dos Mandatários dos BRICS em Antália, Turquia, à margem da Cúpula do G20 Visita à Índia do ministro Mauro Vieira, na 7ª Reunião da Comissão Mista de Cooperação Política, Econômica, Científica, Tecnológica e Cultural Brasil-Índia

2016 22ª Reunião Ministerial do BASIC sobre Mudança do Clima Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil (2003-2016).

A partir das aproximações e das semelhanças encontradas entre os dois países, foram firmados, ao longo do governo Dilma e durante as visitas governamentais, acordos gerais de cooperação do Brasil com a Índia, conforme pode ser observado no Quadro 14.

Quadro 14 – Acordos, tratados e memorando de entendimentos Brasil e Índia Governo Dilma (2011-2014)

Data Título Área do acordo

08/03/2011 Acordo sobre Serviços Aéreos entre o Governo da República do Brasil e o Governo da República da Índia

Transporte Aéreo

30/03/2012 Memorando de Entendimento entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da Índia em Cooperação na Área de Biotecnologia (ANEXO T) Biotecnologia - tem cooperação em ciência, tecnologia e intercâmbio em informática Programa Executivo de Intercâmbios Culturais entre o

Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da Índia para o Período 2012-2014

Cooperação Cultural: artes visuais, cinema, música, teatro, dança, literatura

Memorando de Entendimento sobre Cooperação Técnica entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da Índia

Acordo-quadro geral de cooperação

15/10/2013 Protocolo Alterando a Convenção entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da Índia Destinada a Evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal em Matéria de Impostos sobre a Renda, Celebrada em Nova Délhi, em 26 de abril de 1988

Aduanas, Impostos e Tarifas

Acordo sobre Transferência de Pessoas Condenadas entre a República Federativa do Brasil e a República da Índia

Direito Penal

16/07/2014

Memorando de Entendimento entre o Ministério das Relações Exteriores da República Federativa do Brasil e o Ministério de Negócios Estrangeiros da República da Índia sobre o Estabelecimento de Mecanismo de Consulta sobre Assuntos Consulares e de Mobilidade

Relações Diplomáticas e Consulares

Memorando de Entendimento entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da Índia sobre Cooperação na Área de Meio Ambiente

Meio Ambiente

Fonte: Elaborado pela autora com base em Brasil (2003-2016).

Nos acordos celebrados em 30 de março de 2012, é notadamente percebido o incentivo político ao processo de cooperação acadêmica, científica e tecnológica, ou seja, ao estabelecimento de um processo e uma política de internacionalização universitária. No Memorando de Entendimento entre o Governo do Brasil e o Governo da Índia em Cooperação

na Área de Biotecnologia21, havia a previsão de cooperação universitária, uma vez que se previa cooperação científica e tecnológica na temática de biotecnologia. Nesse memorando, havia, explicitamente, o reconhecimento “de que essa colaboração promoverá a cooperação científica e apoiará as relaç es de amizade entre os dois países” (BRASIL, 2012b, p. 1-2). Além disso, expressava que a plataforma de cooperação seria bilateral, científica, por meio dos seguintes mecanismos:

a) intercâmbio de informação científica e tecnológica;

b) estabelecimento de rede, ou programa multi-institucional [...];

c) condução de projetos conjuntos de pesquisa por meio da colaboração institucional;

d) intercâmbio de cientistas, formandos, estudantes;

e) divulgação e compartilhamento de conhecimento por meio de reuniões científicas, seminários, simpósios e workshops; e

f) outras.

Em relação à cooperação científica e tecnológica, cabe citar a realização da I Reunião da Comissão Mista Brasil-Índia sobre Cooperação Científica e Tecnológica, em 22 e 23 de março de 2012, em Nova Délhi. A Comissão Mista é um mecanismo de relevância para o intercâmbio de experiências e programas e para o estabelecimento de novas parcerias científicas e corporativas nos campos de biocombustíveis de segunda geração e energias renováveis; nanotecnologia; biotecnologia; tecnologia da informação e de comunicações; inovação; cooperação no setor aeroespacial; e ciências do mar.

Os ministros de Ciência e Tecnologia de ambos os países saudaram o estabelecimento de um Programa de Cooperação Bilateral em Ciência, Tecnologia e Inovação para o biênio 2012-2014 e a assinatura do Memorando de Entendimento em Cooperação na Área de Biotecnologia entre Brasil e Índia. O memorando possibilitou a abertura de duas chamadas públicas para projetos conjuntos, com o intuito de fornecer apoio financeiro para atividades de pesquisa em ciência, tecnologia e inovação em áreas tais como agricultura (incluindo bioenergia), biomedicina e ciências médicas, engenharia (nanotecnologia e materiais), geociências (oceanografia e mudança do clima), matemática, tecnologias da informação e da comunicação e energias renováveis. Os projetos deveriam ser desenvolvidos em conjunto por pesquisadores brasileiros e indianos e ambos os ministros registraram que mais de 90 propostas já haviam sido recebidas (BRASIL, 2013a).

Na mesma ocasião, o lado brasileiro agradeceu o oferecimento indiano de cursos de treinamento na Índia para mais de 25 funcionários brasileiros, em diferentes áreas, como: diplomacia, energias renováveis e eficiência energética, administração pública, ciências da computação, língua inglesa, auditoria etc. O ministro brasileiro também mencionou o curso de curta duração ministrado desde 2012 por intermédio do Indian Council of Cultural Relations na Fundação Getúlio Vargas (BRASIL, 2013a).

Seguindo a mesma ideia, o lado indiano acrescentou informações sobre o estabelecimento do Centro de Estudos Indianos na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com quem pretendia desenvolver ativa cooperação. No sentido inverso, o ministro indiano saudou a criação do leitorado brasileiro na Universidade Jawaharlal Nehru, que fazia parte dos esforços empreendidos pelo Brasil para promover a língua portuguesa, a literatura e a cultura brasileiras na Índia (BRASIL, 2013a).

Os dois lados registraram que o Centro de Cultura Indiana, estabelecido em São Paulo em maio de 2011, estava contribuindo para estreitar os laços entre os povos e tinha ofertado cursos regulares de danças clássicas indianas, yoga, idioma hindu e gastronomia. Na ocasião, o lado brasileiro reiterou seu compromisso de estabelecer futuramente um Centro Cultural Brasileiro na Índia (BRASIL, 2013a). Entretanto, não foram encontradas informações sobre a criação do centro até o final de ano de 2017.

Apesar de todo o discurso em apoio às relações de cooperação acadêmica com a Índia, o referido país não foi incluído como destino desde o lançamento do Programa Ciência sem Fronteiras. A assinatura do Memorando de Entendimento em Educação, no Âmbito do Programa Brasileiro Ciência sem Fronteiras, para recepção de estudantes bolsistas brasileiros na Índia, foi firmada em 2012, quando o programa já tinha mais de um ano (BRASIL, 2017i).

No âmbito nacional e setorial, o Programa Ciência sem Fronteiras enviou seis alunos bolsistas para as seguintes IES indianas: Birbal Sahni Institute Of Palaeobotany, Birla Institute of Technology and Science – Pilani Campus, Indian Institute of Technology Bombay, Institute of Chemical Technology Mumbai, Jawaharlal Nehru University e University of Bombay. Foi registrado que alguns estudantes brasileiros que se candidataram a vagas em universidades indianas encontraram dificuldades com o reconhecimento pela Índia de certificados de educação básica. O lado brasileiro pediu que as autoridades competentes indianas, inclusive a Associação de Universidades Indianas (AIU), estabelecessem canal de diálogo para resolver a questão o quanto antes (BRASIL, 2013a).

No âmbito institucional, as IES brasileiras mantêm convênios e acordos bilaterais com as IES indianas, conforme pode ser observado no Quadro 15.

Quadro 15 – Convênios das IES brasileiras com IES indianas

IES Brasileiras Nº Convênios

com IES Índia

IES Indiana

USP 5 1)Indian School of Mines

2)Azim Premji University

3)Ndraprastha Institute of Information Technology, Delhi

4)Indian Institute of Technology Delhi 5)Jawaharlal Nehru University

UNICAMP 4 1)Chitkara University

2)BIMTECH - Birla Institute of Management Technology

3)Tata Institute of Social Sciences 4)Lusophone Society of Goa

UFRJ 1 Amrita Vishwa Vidyapeetham University

UFRGS 1 Gokhale Institute of Politics & Economics

UNB 1 Sociedade Lusófona de GOA

PUC-RIO 4 1)Christ University

2)Indian Institute of Technology Kanpur 3)Lovely Professional University 4)Saurashtra University

PUC-SP 1 Chandigarh University

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

Percebe-se, assim, que os acordos institucionais se deram, em sua maioria, com IES na área de tecnologia ou de língua portuguesa (Sociedade Lusófona de GOA). Por outro lado, ao observarem-se as ações de internacionalização universitária propostas pelo governo indiano, nos níveis nacional e setorial, não foram encontrados programas e/ou projetos específicos com as instituições de ensino brasileiras, como os exemplificados anteriormente, UKIERI (UK – India Education Research Initiative), com Reino Unido, e USIEF (United States – India Educational Foundation), os com Estados Unidos.

No âmbito institucional, ao analisarem-se as cinco principais IES indianas, sendo elas voltadas para a área de tecnologia, foi encontrado somente um convênio de cooperação acadêmica, firmado entre o Indian Institute of Technology Bombay (IITB) e a Universidade Federal de Minas Gerais. Cabe mencionar que, dentro dos países membros dos BRICS, a Índia mantém relações mais estreitas com a Rússia e a África do Sul; por exemplo, mantém um programa de bolsas para alunos do continente Africano (INDIAN COUNCIL FOR CULTURAL RELATIONS – ICCR, 2017).

De acordo com o prof. dr. Nagarajan (2017, informação verbal22), “as relações de cooperação acadêmica com a Índia são fracas e difíceis de serem mantidas por questões políticas entre os dois países que, inclusive, dificulta o processo de visto para chineses estudarem na Índia. Por isso, nem temos muitos convênios de cooperação com a China”.

Por último, conclui-se que, em relação à Índia, houve episódios de multinacionalização do ensino superior com influência da Índia no Brasil, haja vista as ações isoladas de treinamento por parte de professores e instituições de ensino indianas no Brasil mencionadas anteriormente. Apesar de haver acordos de cooperação acadêmica, científica e tecnológica assinados entre os países, não houve um número significativo de ações de internacionalização em reciprocidade na prática, mas ações isoladas de treinamento por parte de professores e instituições de ensino indianas no Brasil.

4.3 AÇÕES DE INTERNACIONALIZAÇÃO UNIVERSITÁRIA DO BRASIL COM A

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