INGREDIENTES ENRIQUECEDORES DA PANIFICAÇÃO
AÇÚCAR
O açúcar é uma substância doce e cristalizável, essencial à panificação. Está presente na farinha de trigo em forma de carboidratos, mas não o suficiente para o desenvolvimento adequado do pão. A complementação é feita com açúcares provenientes de outras fontes. Como vemos, o termo açúcar serve para definir outros tipos de produtos que podem adoçar sem, necessariamente, serem derivados da cana-de
–açúcar. Vejamos:
NOME DO AÇÚCAR FONTES
Açúcar cristal e refinado Cana de açúcar Açúcar invertido Cana de açúcar
Glucose Milho
Mel Abelhas
Malte Cevada
Funções
Colaborar para melhorar o volume dos produtos. Produzir uma cor externa agradável.
Garantir a umidade do pão e sua maior conservação: os açúcares possuem grande capacidade de reter água na massa (poder higroscópico), aumentando assim a maciez do miolo e melhorando suas características de conservação pelo retardamento do processo de endurecimento do pão.
Fornecer o aroma.
Auxiliar a fonte de açúcar necessária à fermentação. Enriquecer o pão.
Quantidade de emprego do açúcar
A quantidade de açúcar a ser usada dependerá do tipo de pão que se deseja fazer pois, independente de funcionar como alimento do fermento, o açúcar é usado também como dulsificante e como conservador do produto final. Assim, o tipo de pão é que irá determinar a porcentagem a ser usada.
Porém, podemos tomar por base o seguinte: De 0,5% a 4% para massas de sal De 15% a 25% para massas doces
MELHORADORES (ADITIVOS)
Os melhoradores são componentes auxiliares utilizados na panificação. Eles equilibram a atividade enzimática da farinha, melhoram a conservação do produto e dão força à massa. São também conhecidos como aditivos ou reforçadores. Podem ser de origem biológica ou química, e são comercializados na forma pastosa ou em pó.
Funções
Proporcionar melhor retenção de gás. Facilitar o manuseio da massa.
Proporcionar textura mais suave e uniforme. Conservar a maciez do miolo.
Dar maior tolerância da massa à mistura e ao crescimento. Proporcionar um pão com casca mais fina e crocante.
Tipos de melhoradores
Os principais melhoradores utilizados atualmente na panificação são:
Oxidantes: os agentes oxidantes atuam sobre a rede de glúten, favorecendo as ligações químicas entre moléculas e melhor estruturação da rede. Os resultados são: reforço da propriedades mecânicas do glúten, ou seja, aumento da resistência da massa; e aumento da capacidade de retenção de gás na rede de glúten, tendo-se como efeito prático um maior volume do pão com alvéolos melhor distribuídos no miolo. Convém lembrar que métodos de mistura lenta e fermentação prolongada exigem menores ou nenhuma adição de Oxidantes, enquanto métodos rápidos necessitam de dosagens maiores. O principal agente oxidante usado em padarias é o ácido ascórbico (vitamina C).
Emulsificantes: os emulsificantes têm a propriedade de unir componentes que não se misturam, como água e óleo. Isso é possível devido à sua estrutura química hidrofílica (que se liga à água) e lipofíca (que se liga ao óleo). A presença de emulsificantes
usados na panificação são: estearoil 2 – lactato de sódio, polisorbato 80, polisorbato 60, lecitina, mono e deglicerídeos, esteres mono e diglicerídeos de ácido tartático.
Enzimas: a atividade enzimática da massa pode ser reforçada com a enzima alfa amilase. O resultado é o crescimento do pão, já que esta enzima tem a função de fornecer açúcar fermentável para a levedura. A alfa amilase está presente na massa, mas não em quantidade suficiente para seu pleno desenvolvimento . Por isso, é preciso conhecer as características da farinha, antes de usar este reforçador. Grãos de trigo colhidos em períodos úmidos têm maior concentração dessa enzima e uma superdosagem proporcionaria uma massa com excesso de açúcar. As conseqüências seriam pães com crostas avermelhadas, úmidos e murchos, devido ao cozimento precoce. Por outro lado, a deficiência de alfa amilase proporcionaria um pão de pouco volume e da cor pálida. As amilases podem ser obtidas de fungos, bactérias ou cereais (malte). As amilases fúngicas e de malte são as mais recomendadas para a panificação, pois se inativam em torno de 60ºC e não degradam completamente o amido. Já a amilase de origem bacteriana torna-se inativa a 80ºC.
Produtos unificados: produtos que reúnem em uma única fórmula os elementos oxidantes, emulsificantes e enzimas alfa amilase. Existem vários tipos de produtos unificados que se diferenciam basicamente no balanceamento dos componentes.
Quantidade de emprego dos aditivos
Considerando-se os diversos tipos de aditivos, as quantidades básicas de uso são as seguintes:
Sais minerais: 20 a 40g por saco de farinha.
Nas farinhas fortes, utilizar a quantidade mínima e nas farinhas fracas, a quantidade máxima recomendada.
Produtos enzimáticos: 5 a 10g por saco de farinha.
Nas farinhas fracas, que contêm maior quantidade de amido (fonte de açúcar), deve-se utilizar a quantidade mínima. Nas farinhas fortes (maior tempo de fermentação), utilizar a quantidade máxima.
Emulsificantes: 100g por saco de farinha.
Produtos unificados: 1% (500g por saco de farinha).
LEITE
O leite, como sabemos, é um líquido branco de sabor e odor universalmente conhecidos. Ele é indispensável à panificação, devendo estar presente em todas as receitas de pães classificados como massas especiais, pois aumenta de forma acentuada
Funções
Favorecer as propriedades físicas das massas acelerando sua formação, aumentando sua extensibilidade e diminuindo sua porosidade. Em mau estado de conservação, entretanto, pode diminuir a tolerância da massa e provocar sérios incidentes na produção.
Colaborar para retardar a ação fermentativa das massas. Melhorar a coloração da crosta dos alimentos forneados.
É um importante elemento de conservação dos produtos frescos obtidos a partir de massas fermentadas doces.
Composição Química
Água : 87%
Substâncias gordurosas: 4% Lactose (açúcar do leite): 5%
Substâncias azotadas (caseína na maioria): 3,4% Substâncias minerais: 0,6%
Leite líquido (in natura)
Este tipo requer cuidados especiais em sua estocagem, o que dificulta seu uso em relação ao leite em pó ou condensado. O leite líquido, por ser muito rico em matérias orgânicas, é facilmente atacado por microorganismos. Quando isso ocorre, há uma produção excessiva de ácido láctico no leite, resultando na fermentação láctica, que prejudica o desenvolvimento da fermentação pois inibi a ação da levedura.
Dicas para evitar problemas ao utilizar leite líquido
No caso de usar leite após a ordenha, é recomendável que ele passe por um processo de pasteurização. Isto faz com que seja eliminado alguns microorganismos concorrentes do fermento, e ainda garante uma vida útil maior ao líquido.
Quando utilizado em receita de fermentação biológica, é extremamente importante que o leite seja fervido e resfriado antes de ser usado, para evitar a ação do bacilo láctico.
Leite em pó (integral ou desnatado)
É o leite mais indicado para a panificação. Os motivos são: possui conservação maior;
Observação: O leite em pó não precisa ser diluído desde que seja misturado à farinha ou a
partes secas da receita. O desnatado em pó tem maior durabilidade que o leite integral em pó.
Leite condensado
O leite condensado é feito a partir do leite líquido: retira-se toda a água do leite, cerca de 87%, e no que sobrou adiciona-se açúcar (sacarose).
No caso de se utilizar este leite condensado, é necessário balancear o teor de açúcar original da receita.
Quantidade de emprego do leite
A quantidade de leite a ser usada dependerá do enriquecimento que se queira dar à massa. Deve-se considerar, entretanto, que quantidades inferiores ao mínimos estabelecidos não terão qualquer efeito benéfico.
Porcentagens mínimas e máximas:
Leite líquido – até a absorção total da farinha e no mínimo 50% da absorção. Leite em pó – de 1% a 6%.
OVO
O ovo compreende praticamente a casca, a clara e a gema. É tido como um importante ingrediente da panificação devido a sua atuação no sabor, maciez, cor e durabilidade dos produtos.
Funções
tem a capacidade de unir ingredientes diversos. Aumenta o valor nutritivo dos produtos.
Aumenta a maciez.
Possui poder emulsificante que facilita a formação da rede glutinosa da massa, tende a melhorar sua impermeabilidade e favorece o crescimento e a leveza dos produtos.
Graças a gema, o ovo tem apreciável poder corante que, além de seu aroma específico, contribui para fixar substâncias aromáticas que podem entrar na composição da massa.
Composição química
A composição química do ovo em porcentagem é de modo geral a seguinte: ÁGUA PROTEÍNAS LIPÍDIO
S
HIDRATO DE CARBONO
SUBSTÂNCIAS MINERAIS
Ovo com casca 65.5% 12.1% 10.5% 0.9% 10.9%
Ovo inteiro sem casca 73.6% 12.8% 11.8% 1.0% 0.8%
Gema 48.7% 16.6% 32.6% 1.0% 1.1%
Clara 87.9% 10.6% 0.9% - 0.6%
Conservação do ovos
Para conservar ovos com qualidade por mais de três dias, é recomendável que sejam guardados em refrigeração, a uma temperatura de +5 a ºC.
Controle de qualidade do ovo
Uma maneira fácil de verificar se o ovo está fresco é fazer a flutuação em água. À medida que o ovo envelhece, perde água e absorve ar. Aí é fácil descobrir sua idade, observe o seguinte:
O ovo fresco se mantém horizontalmente no fundo da água. Com 4 dias, a parte posterior do ovo começa a subir.
Com 4 semanas, o ovo se mantém vertical sobre sua ponta. O ovo que flutua já está muito velho, podendo estar estragado.
Ovos são comercializados em partes
Além do ovo natural, é possível comprar ovo nas seguintes formas:
Ovo líquido – quebrado e refrigerado. Este tipo é comercializado em partes: - integral – clara e gema
- somente a gema; - somente a clara.
Congelado – quebrado e imediatamente congelado.
Em pó – desidratado . O ovo em pó pode ser encontrado nas formas: - integral – clara e gema;
Os ovos refrigerados, porém são altamente perecíveis. Já os congelados têm uma durabilidade maior, podem ficar meses sem perder nenhum de seus componentes e nem prejudicar a qualidade para uso imediato.
Os ovos em pó são comercializados sob a forma spray drier, em que o ovo sofre um sistema de secagem, ou por liofilização, uma espécie de desidratação. No processo de spray drier, há uma sensível perda do poder emulsionador do ovo, o que não ocorre com a liofilização, que preserva todas as propriedades do ovo natural. O seu inconveniente é o custo altíssimo.
Quantidade de emprego do ovo
Porcentagem para pães: mínima = 5%
MALTE
O malte é um grão de cereal artificialmente germinado pela umidade e pelo calor. Ele é extraído principalmente dos grãos de cevada; outras fontes são o milho, arroz, trigo, etc.
Funções
Conferir maior desenvolvimento ao pão. Aumentar o valor nutritivo
Dar uma melhor cor ao alimento. Aumentar a conservação do produto.
Análise do malte
EXTRATO DE MALTE