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A análise documental - os projetos pedagógicos

No documento Diamantina 2022 (páginas 57-81)

5 RESULTADO E DISCUSSÕES

5.2 A análise documental - os projetos pedagógicos

Após a análise das unidades curriculares, deu sequência na leitura das ementas, objetivos e referências citadas em cada unidade curricular, verificando a carga horária e o conteúdo a ser ministrado.

Devido às exigências do atual contexto da Covid-19, todos os PPCS da instituição tiveram a publicação de um adendo ao PPC vigente, denominado PPC da pandemia, por isso, foi necessária uma nova leitura em todos os novos Projetos para verificar as mudanças e alterações com relação às temáticas.

Verificou-se durante a análise documental que todos os Projetos Pedagógicos da instituição sofreram alteração em 2021 para adequação das práticas pedagógicas ao período da pandemia e o ensino de forma remota, sendo, assim, foi necessário reanalisar os projetos anteriores e os projetos atuais da pandemia, que são advindos do projeto original, para verificar as possíveis mudanças no projeto vigente e no projeto da pandemia. Então, serão apresentados os dados da análise dos dois projetos de cada curso.

Reforça-se aqui a necessidade de promover ações de combate ao racismo institucional e ao racismo estrutural, por meio da inclusão nos currículos, nas estruturas curriculares dos cursos da saúde, de disciplinas e conteúdos que reflitam sobre o conhecimento das relações étnico-raciais, assim como da saúde da população negra. Esses aspectos visam promover uma sensibilização sobre a importância da temática racial institucionalmente e para a formação e a atuação dos futuros profissionais de saúde.

Na formação profissional na área da saúde, a competência exigida se relaciona com o cuidado com o outro, que deverá mobilizar na prática conhecimentos e atitudes que permitam responder de forma satisfatória as demandas e necessidades dos indivíduos e coletividades (SANTOS, 2005).

gerais que capacitem para o exercício da profissão, pautadas na ética e no princípio da cidadania. (UFVJM, PPC, Enfermagem, 2020, p 17)

Uma das unidades curriculares (disciplina), denominada Cenários de Práticas no Território, ofertada no 1º período do curso, com uma carga horária de 30 horas, apresenta em sua referência básica, a bibliografia “Como e porque as desigualdades sociais fazem mal a saúde” da autora Rita Barata (2009), esta autora é pesquisadora referência nas questões das desigualdades sociais. Outra discussão citada na unidade curricular faz referência aos Determinantes Sociais, documento desenvolvido pela Fiocruz e pelo Ministério da Saúde em 2018.

De modo geral, a unidade curricular Sociologia, com a carga horária de 45 horas, ofertada no segundo período do curso, aborda sobre as correntes das origens históricas da sociedade brasileira. Nesta unidade, aparecem referências sobre as temáticas das desigualdades e das questões étnico-raciais e as obras citadas são: “Como e porque as desigualdades sociais fazem mal a saúde”, da autora Rita Barata (2009) e a obra “Casa grande e senzala” de Gilberto Freyre (2006).

O componente curricular: Saúde na Comunidade, ofertada no segundo período traz as necessidades individuais e coletivas de saúde da população, grupos vulneráveis [...]

considerando os condicionantes e determinantes sociais de saúde.

Nessa análise, percebe-se que existem propostas a serem trabalhadas, como as questões étnico-raciais e das desigualdades sociais e dos determinantes sociais, porém, os conteúdos aparecem inseridos de forma transversal com os demais conteúdos. Notou-se que não existe parte no texto do projeto e nas unidades curriculares, presente na estrutura curricular, tem o tema das Relações étnico-raciais como disciplina obrigatória ou optativa.

Constatou nessa análise que em nenhuma parte do texto aparece alguma referência sobre a Política da Saúde da População Negra.

O Projeto Pedagógico do curso de Farmácia encontra-se atualizado na página da Universidade, e teve sua atualização em dezembro de 2020. O documento apresenta em sua base legal de referência a Resolução CNE 01/2004 que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o ensino de História, Cultura afro-brasileira, africana e indígena.

O curso de Farmácia traz um texto específico sobre as Relações étnico-raciais descrito da seguinte forma: A estratégia para trabalhar as relações étnico-raciais será feita a partir da transversalidade entre as UCs, mas com uma abordagem mais direta em algumas UCs, como Antropologia Cultural, que deverá tratar da questão da consciência política e

histórica da diversidade brasileira, como forma de promover a igualdade da pessoa humana, à valorização das heranças culturais e estéticas dos povos de origem africana, a desconstrução de estereótipos e a superação de preconceito e discriminação. (UFVJM, PPC, Farmácia, 2020, p 79)

Por meio da reflexão, indagação e discussão das causas institucionais, históricas e discursivas do racismo, serão colocados em questão os mecanismos de construção das identidades nacionais e étnico-raciais, com ênfase na preocupação com as formas pelas quais as identidades nacionais e étnico-raciais dos discentes estão sendo construídas. É o único curso que menciona o racismo, porém não correlaciona a temática da Saúde da população negra. (UFVJM, PPC, Farmácia, 2020, p 79)

É apresentada em seu texto a informação de que o curso de graduação em Farmácia da UFVJM se insere em uma realidade regional de saúde, que figura com os índices mais desfavoráveis do estado de Minas Gerais.

Além de afirmar que o curso tem por objetivo formação de profissionais éticos, comprometidos com a realidade social, formados com profundo conhecimento que os capacitam a exercer de forma adequada e inovadora a prática profissional, busca contribuir para o enfrentamento e mudança da realidade de exclusão e vulnerabilidade social”. (UFVJM, PPC, Farmácia, 2020, p 79)

Na parte que trata do perfil do egresso, o documento afirma que a formação deverá ser pautada em princípios éticos e na compreensão da realidade social, cultural e econômica brasileira, em especial da região do Vale Jequitinhonha, conduzindo sua atuação para a transformação da realidade em benefício da sociedade.

O Projeto pedagógico do curso de graduação em Farmácia apresenta texto específico que informa sobre a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena.

No que diz respeito à educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira, africana e indígena, o PPC de graduação em Farmácia busca lidar com a diversidade étnico-racial como uma questão histórica e entender os processos sociais e os determinantes da manutenção de preconceitos e da desigualdade de oportunidades e, também, promover a preservação e a valorização cultural dessas populações.

A estratégia para trabalhar as relações étnico-raciais será feita a partir da transversalidade entre as UCs, mas com uma abordagem mais direta em algumas UCs, como Antropologia Cultural, que deverá tratar da questão da consciência política e histórica da diversidade brasileira, como forma de promover a igualdade da pessoa humana, à valorização das heranças culturais e estéticas dos povos de origem africana, a desconstrução de estereótipos e a superação de preconceito e discriminação. Por meio da reflexão, indagação e discussão das causas institucionais, históricas e discursivas do racismo, serão colocados em questão os mecanismos de construção das identidades nacionais e étnico-raciais, com ênfase na preocupação com as formas pelas quais as identidades nacionais e étnico-raciais dos discentes estão sendo construídas.

A valorização da cultura indígena e africana será trabalhada, por exemplo, nas UCs de Etnobotânica de Plantas Medicinais e Farmacobotânica, com o resgate do

conhecimento dos povos africanos e indígenas sobre a flora nativa e seus usos etnomedicinais. Além disso, sabe-se que o acesso em saúde no Brasil é, ainda uma questão complexa desde a criação do SUS, principalmente, para as populações quilombolas e indígenas, que historicamente têm sido marginalizadas neste processo (FREITAS et al., 2011; CONFALONIERI, 1989).

Assim, é necessário trazer à luz da formação dos profissionais de saúde a discussão de questões relacionadas ao processo de saúde/doença e o direito pleno e integral destas populações à saúde, lembrando que as políticas públicas em saúde devem buscar a inclusão destes grupos especiais, a fim de garantir equidade. Vários autores apontam que para se alcançar um processo adequado de assistência à saúde, as profissões devem investigar como a comunidade constrói suas representações do mundo e como elas interferem, por exemplo, diretamente nas práticas relacionadas à saúde em seu cotidiano e com o ambiente. Essa abordagem permite levantar e utilizar estratégias adequadas à realidade da comunidade para a prevenção e terapêutica das doenças, por exemplo, (CONFALONIERI, 1989; FALCÃO, 2002;

FREITAS et al., 2011). Esses aspectos serão abordados, sobretudo em UCs do eixo em saúde do curso, como Introdução à Saúde Coletiva, Assistência Farmacêutica, Parasitologia, Parasitologia Aplicada, Fundamentos de Hematologia e Citologia Clínica e Hematologia Clínica. Dessa forma, este currículo almeja superar a simples operação de adição de informações multiculturais na estrutura curricular, evitando tratar da discriminação étnico-racial de forma simplista. (UFVJM, PPC, Farmácia, 2020, p 80)

O Projeto pedagógico, deste curso, apresenta em quais unidades curriculares as questões das temáticas sobre as Relações Étnico-raciais serão abordadas: Antropologia Cultural, Etnobotânica de Plantas Medicinais, Farmacobotânica, Introdução em Saúde Coletiva, Assistência Farmacêutica, Parasitologia, Parasitologia Aplicada, Fundamentos de Hematologia, Citologia Clínica e Hematologia Clínica.

O curso de Fisioterapia apresenta Projeto Pedagógico atualizado em 2019. E o documento apresenta a questão das Relações Étnico-raciais, por meio da citação da referência a Resolução CNE 01/2004 que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o ensino de História, Cultura afro-brasileira, africana e indígena. Este projeto apresenta duas unidades curriculares que fazem correlação com as concepções sobre as Relações étnico-raciais: Disciplina de Antropologia e Ética em Fisioterapia.

No conteúdo do PPC, do curso de Fisioterapia, apresenta a questão Étnico-racial e descreve como será abordada a temática, sendo ela: na unidade curricular Ética em Fisioterapia, a educação das relações étnico-raciais pode ser trabalhada de forma aplicada por meio de reflexões sobre as questões éticas, morais e filosóficas que permeiam a postura profissional durante a oferta de cuidados à saúde.

A análise documental mostra que o projeto pedagógico apresenta uma proposta alinhada às DCNERER, entretanto em nenhuma parte do texto é citado alguma referência sobre a Saúde da População Negra. Porém foram encontrados trechos e palavras que sinalizam um alinhamento a questões étnico-raciais: Relações Étnico-raciais, escravidão,

discriminação, preconceito, ética, histórico, inclusão social, negros, brancos, diversidade cultural.

Na análise do Projeto do curso de Odontologia foi encontrado os seguintes resultados: o PPC publicado é do ano de 2009, portanto não apresenta a referência básica CNE 01/2004. No entanto, é ofertada a unidade curricular de Antropologia, que é uma disciplina de base para os cursos da saúde. Esta disciplina é ofertada no 1º período e possui a carga horária de 45 horas, nela é apresentado ementas de elementos que corroboram com as questões étnico-raciais: Fundamentos da Antropologia. Conceito Antropológico de cultura.

Diversidade cultural. A noção de modernidade X tradição. O estado nação e as minorias étnicas e as políticas públicas de ações afirmativas. Globalização e o multiculturalismo. A homogeneização cultural pretendida pelo capitalismo globalizado. Pensamento complexo.

Distinção cultural e natureza. Evolucionismo. Funcionalismo. Estruturalismo. Representação social das doenças segundo a cultura de um povo. Cultura material, imaterial e simbólica.

(UFVJM, Ementa disciplina Antropologia, 2021)

O curso também oferta em seu currículo à disciplina de Sociologia, ministrada atualmente no 2º período do curso, e apresenta uma carga horária de 45 horas. A ementa da disciplina descreve elementos sobre a formação da nossa sociedade que estabelecem elementos que interagem com as questões da formação e das relações sociais e seus conflitos:

Sociologia: autores e proposição teórica.

Os paradigmas clássicos da sociologia: socialização funcional dos indivíduos;

ação social e coesão social; conflitos de classe e mudança social. As origens históricas da sociedade brasileira. Sociologia da saúde e o nascimento da medicina social. Condicionantes sociais estabelecidas pelas relações de produção e pelas ideologias do trabalho. Trabalho, inclusão social e globalização.

A unidade curricular Sociologia, com a carga horária de 45 horas, ofertada no segundo período do curso, aborda sobre as correntes das origens históricas da sociedade brasileira. Nesta unidade, aparecem referências sobre as temáticas das desigualdades e das questões étnico-raciais, com as obras citadas: “Como e porque as desigualdades sociais fazem mal a saúde” da autora Rita Barata (2009) e a obra “Casa grande e senzala” de Gilberto Freyre (2006).

O projeto apresenta em sua referência bibliográfica uma obra importante para a questão do conhecimento sobre a formação social brasileira do autor Gilberto Freyre, na obra Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal publicada em 1993 e com nova edição em 2006.

Foi encontrado na análise do projeto pedagógico, do curso de Fisioterapia, que o documento apresenta em seu conteúdo a referência da Resolução CNE/CP nº. 1, de 17 de junho de 2004, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e Indígena.

Esse documento apresenta um texto que correlaciona com as temáticas ao descrever nos seus objetivos: portanto, a efetividade do acesso aos cuidados de saúde deve ser analisada à luz das necessidades e dos contextos econômicos e culturais dos diferentes grupos da sociedade. (UFVJM, PPC, Fisioterapia, 2019, p. 19)

No conteúdo do PPC, é apresentada uma reflexão de como as questões raciais serão contempladas ao descrever “Espera-se que a implementação do PPC-2019, combinadas com ações pedagógicas consolidadas, fomente as seguintes metas:

A Educação das Relações Étnico-Raciais, bem como o tratamento de questões e temáticas que dizem respeito aos afrodescendentes serão incluídas nos conteúdos de disciplinas e atividades curriculares do Curso de Fisioterapia. Como percurso inicial, pretende-se estimular a reflexão, indagação e discussão dos determinantes sociais em saúde, do conceito antropológico de cultura, da diversidade cultural, da visão sociológica das relações de trabalho e inclusão social através das unidades curriculares que compõem os conhecimentos das Ciências Sociais e Humanas.

Diversidade cultural na sociedade contemporânea e suas manifestações são conteúdos abordados na unidade curricular Antropologia, permitem reflexões que estimulam o desenvolvimento de aprendizagens entre brancos e negros e trocas de conhecimentos para construção de uma sociedade justa, igual, equânime.

As relações étnico-raciais, a escravidão, a discriminação e o preconceito essencial são conteúdos que dialogam com o estudo da Sociologia. Assim como conteúdos relacionados às origens históricas da sociedade brasileira e inclusão social, que permitem empreender a reeducação das relações étnico-raciais na sociedade e fortalecer o processo de afirmação de identidades.

Na unidade curricular Ética em Fisioterapia a educação das relações étnico-raciais pode ser trabalhada de forma aplicada através de reflexões sobre as questões éticas, morais e filosóficas que permeiam a postura profissional durante a oferta de cuidados à saúde, da vida, discussões e problematizações sobre as distribuições desiguais das doenças e suas diversas representações sociais e culturais serão implementadas.

Na perspectiva de considerar os direitos fundamentais, especialmente o direito à saúde de qualidade, não como compensatória, supletiva, mas como direito e não de favores, a questão étnico-racial adquire uma centralidade histórica. Durante os módulos por ciclos da vida, discussões e problematizações sobre as distribuições desiguais das doenças e suas diversas representações sociais e culturais serão implementadas. (UFVJM, PPC, Fisioterapia, 2019, p. 19)

Em sua estrutura curricular, a unidade curricular Antropologia Cultural tem uma carga horária de 45 horas, que descreve em sua ementa de forma sucinta os conteúdos que serão trabalhados: Fundamentos da antropologia, Conceito antropológico de Cultura, Trabalho e a distinção cultura/natureza, Relação étnico-racial e aspectos etno-históricos de afrodescendentes e indígenas no Brasil, O processo saúde doença destacando a espiritualidade e a diversidade sociocultural. Na referência básica dessa disciplina, consta a adoção da

literatura: Rita Barata, autora do livro: “Como e porque as desigualdades sociais fazem mal à saúde", publicado em 2009, este livro é uma das referências utilizadas nesse trabalho.

Ao analisar o Projeto pedagógico do curso de Nutrição, observa-se que o documento apresenta o seguinte texto: “A formação de um profissional de saúde que tenha conhecimento específico em Nutrição é extremamente desafiadora, pois o conceito de manter-se saudável é dinâmico e construído de forma diferente pelo próprio manter-ser humano de diferentes culturas”. (UFVJM, PPC Nutrição, 2007, p 7)

Esse documento apresenta e descreve quais os objetivos do curso com a formação dos seus egressos: Formar profissionais generalistas na área de Alimentação e Nutrição, tecnicamente qualificados, com visão humanística e crítica, para atuar em todas as áreas do conhecimento em que a alimentação e a nutrição se apresentem fundamentais para a promoção, prevenção, manutenção e recuperação da saúde, pautados em princípios éticos, com reflexão da realidade econômica, política, social e cultural. (UFVJM, PPC Nutrição, 2007, p 7)

Contribuir para a melhoria da alimentação e nutrição da população dos vales do Jequitinhonha e Mucuri. Assegurar o mais alto grau possível de qualidade na atenção prestada ao indivíduo e à coletividade, com responsabilidade e compromisso; Compreender a relação homem/alimento nas suas diversas dimensões: sociais, econômicas, culturais, políticas, antropológicas, psicológicas, sociológicas e biológicas. Conhecer os principais problemas de saúde e nutrição que afetam a população e os indivíduos na sociedade atual e seus determinantes.

Conhecer as principais formas preconizadas de intervenção nos problemas de saúde, alimentação e nutrição para as populações e indivíduos, Exercer a profissão, pautado em valores éticos e humanísticos tais como a solidariedade, o respeito à vida humana, a convivência com a pluralidade e diversidade de ideias e pensamentos.

(UFVJM, PPC Nutrição, 2007, p 7)

Esse texto apresenta em sua estrutura curricular as unidades curriculares: Nutrição em Saúde Pública, Sociologia. Estágio em Nutrição, Bioestatística e Epidemiologia e Nutrição e Saúde Pública. Todas apresentam unidades de registro que correlacionam as questões da temática Étnico-racial e suas particularidades.

O curso de Nutrição é o único que não faz referência às questões das relações étnico-raciais e sobre a Saúde da população negra, porém no adendo PPC da pandemia, apresenta uma alteração nos objetivos da disciplina de Sociologia em que traz a seguinte questão: Compreender a formação da sociedade ocidental a partir de grandes pensadores da sociologia; contribuir à formação crítica; analisar historicamente e contemporaneamente os fenômenos sociais e culturais e suas implicações no campo da saúde e relacionar com a pandemia ligada a COVID19. Porém não cita diretamente os efeitos da pandemia para a população Negra. (UFVJM, Ementa disciplina Sociologia, 2007)

Destaca-se que o Projeto do curso se encontra desatualizado e a versão publicada na página é anterior a aprovação das legislações utilizadas como fonte da pesquisa. De acordo com a análise do Projeto Pedagógico do curso de Nutrição, além da ausência da referência bibliográfica da Política Nacional da Saúde da População Negra, também não foi encontrada na estrutura curricular do curso, nenhuma disciplina que faça explicitação de conteúdos referentes à saúde da população negra.

O Projeto pedagógico do curso de graduação em Odontologia também está disponibilizado na homepage da Prograd. O PPC publicado é do ano de 2009, portanto não apresenta a referência básica CNE 01/2004.

O curso oferta a disciplina de Antropologia que apresenta em sua ementa:

Fundamentos da Antropologia''. Conceito Antropológico de cultura. Diversidade cultural. A noção de modernidade X tradição. O estado nação e as minorias étnicas e as políticas públicas de ações afirmativas. Globalização e o multiculturalismo. A homogeneização cultural pretendida pelo capitalismo globalizado. Pensamento complexo. Distinção cultural e natureza.

Evolucionismo. Funcionalismo. Estruturalismo. Representação social das doenças segundo a cultura de um povo. Cultura material, imaterial e simbólica. (UFVJM, Ementa disciplina:

Antropologia, 2009)

A unidade curricular de Sociologia traz em sua ementa:

Sociologia: autores e proposição teórica''. Os paradigmas clássicos da sociologia:

socialização funcional dos indivíduos; ação social e coesão social; conflitos de classe e mudança social. As origens históricas da sociedade brasileira. Sociologia da saúde e o nascimento da medicina social. Condicionantes sociais estabelecidas pelas relações de produção e pelas ideologias do trabalho. Trabalho, inclusão social e globalização. ( UFVJM, Ementa disciplina: Sociologia, 2009)

Como dito anteriormente, aparecem referências bibliográficas relacionadas às temáticas das desigualdades e das questões étnico-raciais. As obras citadas são: “Como e porque as desigualdades sociais fazem mal a saúde” da autora Rita Barata (2009) e a obra

“Casa grande e senzala” de Gilberto Freyre (2006).

O curso de Medicina da UFVJM é um dos cursos mais novos da instituição e teve início no ano de 2014. O início de funcionamento do curso ocorreu em 31/03/2014. O Projeto Pedagógico do Curso (PPC) de graduação em Medicina foi elaborado pela Comissão, então instituída, contando com a consultoria da Professora Janete Ricas, da Universidade Federal de São João Del Rei, sendo aprovado pela Resolução CONSEPE nº 17, de 02 de agosto de 2012.

A política de saúde no Brasil passou por um marco histórico com a instituição do Sistema Único de Saúde (SUS), cujas principais conquistas foram: a garantia da saúde como direito, a universalização do acesso, a equidade e a integralidade das ações. A criação do

Programa de Saúde da Família, em 1994, hoje Estratégia de Saúde da Família (ESF), constitui outra ação relevante, com o propósito de reorganizar o Sistema através da atenção básica e como estratégia de se avançar numa visão integral de saúde, não apenas do indivíduo, mas de todo o grupo familiar, valorizando-se o seu contexto. (UFVJM, PPC Medicina, 2012, p 7)

O Projeto Pedagógico do curso de Medicina menciona em seu texto

Considerando a realidade em que a UFVJM está inserida, este projeto assume o compromisso social com a atenção à saúde, considerando as necessidades demográficas, geográficas, culturais e epidemiológicas e determinantes socioculturais da região, através de ações de valorização acadêmica da prática comunitária e de apoio ao fortalecimento da rede pública de saúde.” correlacionando com a educação das relações étnico-raciais, o PDI da UFVJM expõe como um de seus princípios o “compromisso com a construção de uma sociedade justa, plural e livre de formas opressivas e discriminatórias (UFVJM, PPC Medicina, 2012, p.18).

Um ponto importante destacado é referente à Covid-19. Ressalta-se que o PPC da Pandemia (adendo) do curso de Medicina apresenta uma unidade curricular sobre a Covid-19, porém não faz nenhuma referência ao impacto da doença na população negra, que segundo dados das últimas pesquisas é a população mais atingida pela doença no Brasil. Dois cursos apresentam no novo projeto a questão da Covid-19. Várias pesquisas recentes confirmam que a população negra é a que mais foi afetada pelo novo vírus, devido a todos os condicionantes que foram apresentadas ao longo do texto.

Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e Indígena preconizadas na Resolução CNE/CP nº. 1/ 2004 orienta que os currículos apresentem as relações étnico-raciais de maneira a contemplar aspectos referentes à igualdade. Sendo assim, a questão étnico-racial assume grande importância no currículo, devendo interferir na construção das identidades dos discentes, na valoração de seus conhecimentos tradicionais e em suas perspectivas de atuação humana e profissional.

No que diz respeito à educação das relações étnico-raciais, o PDI, da UFVJM, expõe como um de seus princípios o “compromisso com a construção de uma sociedade justa, plural e livre de formas opressoras e discriminatórias” (UFVJM, PPC Medicina, 2012, p.18).

Tendo isso em vista, o Projeto Pedagógico do Curso de Medicina busca lidar com a diversidade étnico-racial como uma importante questão para a formação humanística dos futuros médicos. A sua estratégia para trabalhar as relações étnico-raciais e história e cultura afro-brasileira e indígena é a abordagem dentro dos módulos de desenvolvimento pessoal de forma transversal e como conteúdo destes módulos.

Os módulos em que apresentam unidades de registro que abordam as questões étnico-raciais são: Medicina Social e Preventiva, Medicina de Família e Comunidade, Legislação SUS, Epidemiologia, Bioestatística e Tecnologia da Informação, Desenvolvimento

No documento Diamantina 2022 (páginas 57-81)