• Nenhum resultado encontrado

A política nacional de saúde integral da população negra e suas particularidades

No documento Diamantina 2022 (páginas 97-108)

6 AS CONCEPÇÕES DOS FUTUROS PROFISSIONAIS DA SAÚDE SOBRE AS

6.4 Articulação de categorias – a análise de conteúdo

6.4.2 A política nacional de saúde integral da população negra e suas particularidades

Não, acredito que não haja diferença na conduta entre a população negra e outra população. (E30)

Não. Por que a ideia é parar com a segregação. (E3) Não sei dizer. (E29)

É importante ressaltar que a maioria dos discentes respondeu que não tinham qualquer tipo de informação sobre a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.

A maior parte dos estudantes desconhece a existência da Política Nacional e o que sabem, não tem um conhecimento aprofundado sobre a política.

A outra questão é: Como usuário dos Serviços de Saúde, você considera que ocorre discriminação na utilização destes serviços? Em caso afirmativo, comente a respeito.

Observou-se que as discussões em torno da discriminação são polarizadas, pois dos 36 (trinta e seis) respondentes, 28 (vinte e oito) responderam que sim, que ocorre discriminação na prestação de serviços públicos de saúde. 3 (três) responderam que não ocorre, 1 (um) respondeu que nunca sofreu discriminação e 1(um) respondeu que não sabe dizer.

Percebe-se claramente que as justificativas são diversas, pois retratam a ausência de conhecimento, uma menor presença de profissionais negros na saúde, quanto pelo racismo e discriminação.

Sim. Nunca presenciei, porém já li nas mídias sobre casos e como vivemos em um país racista EM TODOS os lugares haverá discriminação, nos serviços de saúde não seria diferente. (E23)

Sim. Um exemplo simples é medir dor do paciente diante da cor da pele, julgando indivíduos pretos mais resistentes à dor, isso é muito visto dentro das maternidades, olham as mulheres negras mais fortes para resistir a dor do parto e muitas vezes ocorre uma assistência desumana e negligente. (E10)

Sim, ainda hoje existe muito preconceito racial nos pontos de atendimento à saúde, talvez até por falta de conhecimento dos profissionais. (E30)

Sim. Percebo que, apesar dos recentes avanços da saúde pública, as desigualdades nas relações étnico-raciais atravessam os sujeitos que praticam o cuidado à saúde, sobretudo, devido ao ponto individual, ao ponto do senso comum, em que essas ideias ainda estão enraizadas no imaginário da população.

(E19)

Sim, apesar do SUS ser uma ferramenta para dirimir as desigualdades e discriminações, o racismo estrutural e perpassa pelas diversas relações. (E20) Em todo lugar há, quando se chega a algum local, a primeira coisa que se percebem é a cor da sua pele, o que mostrará se há discriminação são as pessoas que trabalham ou frequentam o local, não se pode generalizar, mas infelizmente é o ocorre na maioria das vezes. (E6)

Sim. Assim como em todos os ambientes, a recepção ao povo negro é, na maioria das vezes, negativa. Mesmo inconscientemente, a população branca usufrui, de certo modo, de um passaporte de cor, que lhes permite acesso livre, sem constrangimentos e com melhor tratamento em várias situações, que não são assim para o povo negro. (E16)

Sim. Devido à nossa formação social e cultural preconceituosa, e por termos uma parcela pequena de profissionais pretos que trabalham em posições predeterminadas para um tipo de cor específica. (E5)

Em minha percepção por questões étnicas não ocorre, mas percebo que isso ocorre em relação às classes sociais. (E9)

Acredito que exista discriminação na utilização dos serviços de saúde não por conta do serviço em si, mas por parte dos profissionais que estão ali presentes, visto que muitos não possuem uma formação humanizada ou infelizmente, trazem consigo preconceitos. (E21)

Estando diariamente dentro dos serviços de saúde, percebo com muita facilidade que essa discriminação acontece por parte de alguns profissionais. Percebo a diferença de tratamento, percebo a falta de ética médica, a falta de empatia, de humanidade, e muitas vezes percebo inclusive negligência. (E40)

A maioria dos discentes respondeu que sim, que existem discriminação nos acessos dos atendimentos de saúde. Porém, percebe-se a questão do racismo estrutural que está enraizada na sociedade, que trata a questão da discriminação como algo comum e não percebido. Isso ocorre devido ao mito da democracia racial existente na sociedade.

Ao serem questionados se identificavam alguma relação entre raça/cor e saúde, o grupo se dividiu entre os que percebiam alguma relação e os que não. Nesse sentido, os participantes que consideraram alguma relação entre cor da pele e saúde, apresentaram estar ligadas às causas de origem econômica, biológica e uma parte atribuída aos fatores históricos e culturais.

Para esta questão, 38 (trinta e oito) estudantes participaram desta questão, sendo que destes 23 (vinte e três) responderam que sim, que existe relação entre os termos raça/cor e saúde.

Sim. Creio que em todos os campos da vida de uma pessoa negra exista essa relação. Infelizmente a cor terá relação com moradia, condições de emprego, saúde, lazer... E diversas outras coisas. Tudo isso, porque vivemos numa

sociedade racista e que carrega uma história recente de escravidão, desprender a sociedade disso é algo complexo. (E14)

Vimos exemplos recentes um pouco diferentes, mas que podemos comparar como a guerra na Ucrânia, onde os negros foram barrados e deixados por último ao tentarem fugir do país, de forma semelhante pode ocorrer na saúde, dar preferência aos brancos ou tratar com má qualidade os negros. (E9)

Sim, sem dúvida, cientificamente, isso é explicado pelos determinantes sociais em saúde (DSS), de modo que a saúde é um conceito amplo, não somente a ausência de doenças. Assim, o meio social no qual o indivíduo vive e como ele é tratado, devido à sua raça/cor, por exemplo, influencia diretamente na sua saúde. Desse, a raça/cor é definida como um DSS, sendo inegável a sua relação com a saúde.

(E15)

Acredito que a uma relação muito grande, principalmente doenças que vão acometer pessoas de determinada raça, e que não vão acometer a outra. (E10) Sim, devido à desvalorização da pessoa preta, infelizmente as mesmas tem menor acesso a profissionais de saúde. Além disso, devido à desigualdade social, que afeta uma grande parte da população preta, essas pessoas têm pouco recurso para recorrer a uma alimentação adequada, prática de exercício, exames, entre outros processos para melhora da qualidade de vida. (E8)

Sim. Determinadas patologias são mais prevalentes em certas populações, ocorre também de alguns fármacos mostrarem mais ou menos eficácia de acordo com a população. (E10)

Sim, porém, no que diz respeito à questão, há doenças que etiologicamente acometem mais certas etnias, e, indiretamente, em relação à renda e ao acesso a itens ou serviços que contribuem para a saúde no geral (como acesso ao saneamento básico, porém quero ressaltar que, a meu ver, isso não tem relação com a raça e, sim, com a desigualdade social crônica e políticas públicas voltadas para minorias em nosso país). (E10)

Sim, infelizmente na sociedade atual a discriminação é muito presente, fazendo com que o atendimento de saúde da população preta seja deficitário e, por vezes, até mesmo inexistente. (E27)

Acredito que existam algumas relações entre raça/cor e saúde no sentido de que existem doenças que ocorrem mais em um grupo de pessoas do que em outros. E,

sim, várias relações, e relações muito evidentes, conforme descrito nos itens acima. (E19)

Alguns estudantes responderam que existe uma relação indireta entre os termos raça cor e saúde.

Indiretamente, apenas. Entenda: existe relação direta entre financeiro e saúde.

Por sua vez, existe relação direta entre cor e dinheiro. Entre cor e saúde, há correlação estatística sim, mas a relação é INDIRETA. Se quiser ajudar na questão da saúde, o foco deve sempre ser desenvolvimento, acessibilidade, econômico. (E8)

Apenas 3(três) entrevistados responderam que não existe relação entre raça/cor e saúde. Essa polarização é devido a duas questões importantes que se viu durante a pesquisa bibliográfica, uma relacionada à questão socioeconômica e a outra devido à questão da ideologia democracia racial.

A próxima questão abordou a opinião dos estudantes: Os serviços de saúde são mais difíceis para a população negra? Comente. Para esta pergunta 37 (trinta e sete) estudantes responderam a essa questão e destes, 33 (trinta e três) afirmam que, sim, que os serviços de saúde são mais difíceis para os negros e argumentam que:

Sim, exatamente na questão de custeamento. (E1)

Sim, como citado a cima, infelizmente devido à desigualdade social, devido essas pessoas não conseguirem acesso por morarem em periferias e em áreas pobres, devido o difícil acesso dos mesmos para irem até um centro de saúde, dentre outros aspectos. (E2)

Sim, acesso precário e quando o consegue, ainda não é feito de forma integral, e mais do que isso, racismo no atendimento. (E4)

Não, mas há alguns limitadores, como a falta de conhecimento em relação aos direitos e benefícios de ter um serviço de saúde de qualidade. (E5)

Não consigo dizer prontamente, pois tenho poucas informações acerca. (E6) Sim, acredito que o dinheiro está concentrado majoritariamente dentro da população branca e a falta de renda atrapalha o acesso a coisas como saneamento básico, comida e educação de qualidade, entre outros que influenciam diretamente na saúde da população. (E7)

Sim. É uma população que é mais “generalizada”, recebe menor atenção para as individualidades de cada pessoa. (E8)

Sim, infelizmente a população negra sofre preconceito de diferentes formas, além do preconceito pela cor, o preconceito por nível social, econômico, escolaridade e entendimento... (E9)

Não diretamente: como citei anteriormente, percebo mais dificuldade do acesso aos serviços de saúde por classes sociais mais baixas, mas decorre o fato da maior parte da população de classes sociais da base da pirâmide ser negra, decorrente dos fatores históricos da formação do Brasil. (E10)

Sim. Principalmente por (infelizmente) ser uma população que esta em maiores situações de vulnerabilidade. Historicamente a população negra já vem com uma carga de situações que favorecem essas situações e que dificultam o acesso a educação, boa alimentação, prática de atividades físicas, momentos de lazer, coeficientes que impactam na saúde dessa população. Levando em consideração esses fatores, as condições inseridas também irão dificultar o acesso aos serviços de saúde. (E11)

Sim, acredito que em vários setores a população negra sofre tal dificuldade, mas não me recordo de ter presenciado nenhuma situação. (E12)

Sim. (E13)

Sim, sem sombra de duvidas e só assistir ai qualquer noticiário que isso fica evidente. (E14)

Sim, já vi estudos que mostram indicadores de saúde da população negra com resultados insatisfatórios se comparado ao da população branca, então é de se pensar que o acesso à saúde pra essa população é prejudicado sim. (E15)

Sim, pois a discriminação permeia muitas vezes os profissionais que atendem, além de questões financeiras, diante do fato da maioria da população mais pobre e com menos acesso a boas condições ser negra ou parda. (E16)

Sim. Primeiro que grande parte da população pobre é negra, portanto essa categoria está, em sua maioria, sujeita a um atendimento em saúde precário.

Segundo que existem determinadas doenças que podem ou não ser mais frequentes na população negra e quando o profissional desconhece isso, o atendimento prestado pode ser falho. E, ainda, existem ideias errôneas de que a população negra é mais forte, suporta mais dor e, por isso algumas vezes essa população é submetida a procedimentos dolorosos sem nenhuma oportunidade de conforto. (E17)

Sim. Na maioria das vezes, a população negra é sujeita a condições de moradia, saneamento básico e trabalho que dificultam o acesso aos serviços de saúde ou evidenciam que os serviços de saúde, muitas vezes, negligenciam o cuidado dessa população. (E18)

Sim, pois a maior parte da população negra ainda vive em régios periféricas e acabam tendo menos acesso a saúde e o acesso muitas vezes limitado só ao sistema público.(E19)

Sim. (E20) Sim. (E21)

Certamente. Acredito que se o preconceito ainda exibe suas corporificações nos sujeitos inseridos em tal sociedade racista, imagino que os serviços a essa população também são impactados devido à falta de acesso. Ou seja, a violência simbólica determinando aspectos da cidadania da população negra no país.

(E22)

Sim, tanto em sentido de acesso quanto de prevenção e manutenção à saúde, a realidade material da população negra no Brasil é, em geral, precarizada e inobservada. (E23)

Como tudo na vida é mais difícil para a população negra, o acesso e atendimento nos serviços de saúde também são, já que nem todos os profissionais são éticos.

(E24)

É mais difícil sim, violência obstetrícia, por exemplo, ocorre muito mais vem mulheres pretas. (E25)

Não. (E26)

Sim, tanto por uma questão econômica como por uma questão discriminatória que acontece nos serviços de saúde. (E27)

Sim. A população negra já carrega uma carga muito grande de preconceito desde o passado, e isso se reflete em todos os âmbitos da vida hoje em dia, na saúde principalmente. Com toda a certeza as mulheres negras devem sofrer com grande frequência negligências durante a gestação, violências obstétricas durante o parto, e a criança quanto nasce sofre com o preconceito durante toda a sua vida, seja na saúde, na escola e etc. (E28)

Não, acredito que apesar de em alguns casos haver discriminação, os serviços de saúde estão disponíveis para todos. (E29)

Não tenho provas concretas, entretanto, acredito ser mais difícil devidos aos casos de discriminação. E(30)

Sim . Acredito que a população negra seja mais marginalizada. (E31)

Depende. Não acho que essa dificuldade esteja relacionada a cor da população e, sim, a íntima relação entre a população de baixa renda ou baixo acesso aos serviços de saúde ser em grande parte da cor negra. Acredito que o problema está na população negra encontrar-se em situação de desamparo social. (E32) Sim, além de mais difíceis, são morosos e os profissionais extremamente reticentes em encostar em nossos corpos, além de parecer uma caixa de pandora no acesso aos serviços como um todo.(E33)

Sim, normalmente é uma população que não tem fácil acesso e quando tem não é tratada com devido respeito. (E34)

Sim, o acesso é mais limitado e o atendimento algumas vezes é ruim. (E35)

Com toda a certeza. Conforme comentado nos itens anteriores, as dificuldades são diversas: acesso (seja por morarem em locais periféricos, ou pela ausência de uma ESF no próprio bairro, ou ainda pelo fato de faltarem profissionais em muitas ESFs, especialmente periféricas); profissionais despreparados e/ou desinteressados em lidar com as peculiaridades dessa população; serviço de saúde/profissionais negligentes com a saúde da população negra, que, em muitas situações, abusam de sua posição, e não reconhecem o paciente como um sujeito de direitos, agindo como donos do conhecimento sobre o corpo e a vida de outras pessoas (que não tem nem o direito de questionar ou perguntar ou sequer participar da construção da sua própria saúde). (E36)

E os estudantes que acreditam que não são mais difíceis apresentam os seguintes argumentos:

Não consigo dizer pontualmente, pois tenho poucas informações acerca. (E6) Não, acredito que apesar de em alguns casos haver discriminação, os serviços de saúde estão disponíveis para todos. (E29)

Não tenho provas concretas, entretanto, acredito ser mais difícil devidos aos casos de discriminação. (E30)

Depende. Não acho que essa dificuldade esteja relacionada à cor da população e, sim, a íntima relação entre a população de baixa renda ou baixo acesso aos serviços de saúde ser em grande parte da cor negra. Acredito que o problema está na população negra encontrar-se em situação de desamparo social. (E33)

Não, mas há alguns limitadores, como a falta de conhecimento em relação aos direitos e benefícios de ter um serviço de saúde de qualidade. (E32)

Não diretamente: como citei anteriormente, percebo mais dificuldade do acesso aos serviços de saúde por classes sociais mais baixas, mas decorre o fato da maior parte da população de classes sociais da base da pirâmide ser negra, decorrente dos fatores históricos da formação do Brasil. (E10)

A autora Laura Lopez (2012, p. 121) explicita sobre o conceito do racismo institucional que nos articula com as questões da existência do racismo dentro das instituições. “O racismo institucional atual de forma difusa no funcionamento cotidiano de instituições e organizações provocando uma desigualdade na distribuição de serviços e benefícios e oportunidades aos diferentes segmentos da população do ponto vista racial”.

Quando questionados a respeito da inclusão do quesito raça/cor nos prontuários de saúde, observou-se que o grupo se divide entre aqueles que acreditam que o procedimento pode ajudar entender melhor as possíveis relações entre raça e saúde, e aqueles que acreditam que esse procedimento pode vir ameaçar o princípio da equidade e, ainda, o grupo que não tem opinião formada sobre o assunto.

Grande parte dos respondentes (29) afirma que sim, é importante esse instrumento e 8 (oito) estudantes declararam que essa questão da identificação da raça e cor nos atendimentos não é considerada importante, sendo no total 37 estudantes que responderam a essa questão. E, no processo histórico para implementação da política nacional, essa foi uma das conquistas celebradas pelos movimentos e pesquisadores das temáticas, uma vez que por meio desses dados foram possíveis comprovar o quanto a população negra é discriminada.

Entre os que expressam opinião contrária à coleta desse dado nos serviços de saúde, encontraram-se os seguintes argumentos: Não. Pois é mais relevante saber a situação socioeconômica. (E20)

Outros entrevistados afirmaram:

Não. É preciso igualdade, e para que exista a igualdade, é preciso que as pessoas aprendam a se respeitar como seres humanos antes de tudo. O respeito começa na criação dos filhos, onde os pais ensinam os seus filhos a respeitarem as pessoas com suas diferenças e nas políticas públicas de conscientização contra o racismo. Se a sociedade não mudar o jeito de pensar e o respeito para com os outros, de nada vai adiantar incluir a solicitação referente à raça/cor nos prontuários, porque o desrespeito dos racistas irá permanecer do mesmo jeito.

(E26)

Não, pois isso não deve alterar o modo como o paciente deve ser atendido. (E27) Acredito que não vai trazer nenhum benefício significativo, a não ser em casos específicos onde se sabe que determinada etnia tolera melhor um fármaco, e que provavelmente serão ocorrências raras dada a miscigenação étnica brasileira.

(E28)

Não, essa informação não deveria ser importante para o atendimento ao usuário, todo mundo deveria ser tratado de forma igualitária referente à raça/cor. A não ser em caso de relação às doenças propensas para a população referente à essa solicitação, porém essa informação só é válida se quem o atender souber relacionar essas referências aos tipos de doenças que podem ser acometidas para a prevenção, promoção ou tratamento. (E8)

Não necessariamente, pois isso pode levar a uma discriminação prévia. (E2) Não. É uma opção sim, para fins epidemiológicos, mas não é nem de longe importante no quesito prestação de serviços em saúde. (E3)

Não tenho opinião formada sobre isso. (E18)

Um outro ponto interessante é sobre a questão da identidade racial que pode ser observada na argumentação do estudante:

Com certeza. O preenchimento desse quesito auxilia a entender as condições (de saúde/doença, socioeconômicas etc.) que mais acometem cada população, e, a partir disso, construir políticas para melhorá-las. Porém, estando em um país racista, esbarro diariamente em um problema em relação a isso: pessoas pretas retintas que não se declaram como pretas - se declaram como pardas ou qualquer outra cor. Comprovando sobre o desafio das pessoas se autorreconhecerem como negras e se autodeclarem corretamente. (E37)

Em complemento a questão anterior, perguntou sobre a obrigatoriedade das temáticas nos currículos: Os temas referentes à Saúde da População Negra e às Relações étnico-raciais devem ser obrigatórios nos currículos dos cursos da área de saúde? Obtiveram 34 (trinta e quatro) respostas e destes 31 (trinta e um) acreditam sim, que os conteúdos deveriam ser obrigatórios nos currículos e, apenas 3 (três) estudantes responderam que não deve ser obrigatório.

Acho válido. (E10)

Seria interessante. Mas se houvesse no mínimo uma disciplina eletiva que abordasse esse tema, já seria um avanço. (E8)

Com certeza. (E9)

Quanto a obrigatoriedade, acredito que isso deva ser melhor debatido dentro das coordenações dos próprios cursos, não me considero apto a sugerir uma alteração dessa. (E15)

Sim. Pelos mesmos motivos da resposta acima. (E6) Deveriam ser. (E5)

Não tenho opinião formada sobre isso. (E13)

Sim, em períodos iniciais, fazendo link com sociologia e antropologia. (E18) Sim, na minha opinião devem. (E19)

Sim. Estamos em um país de maioria negra (embora tantos não se reconheçam como tal). Para ser um profissional de saúde nesse país, é imprescindível estudar sobre esse tema se queremos que a saúde seja efetiva e que não reforce a discriminação racial. (E20)

Cabe destacar nas percepções dos futuros profissionais conhecimento sobre o racismo estrutural presente em todo o contexto social, ao apontarem a baixa presença de profissionais na área da saúde.

Sim, com relação ao médico/paciente, o indivíduo que chega ao estabelecimento de saúde, assim, que percebe que será atendido por um profissional preto, acaba menosprezando os mesmos por entenderem culturalmente que as pessoas pretas não têm a mesma capacidade que uma pessoa branca, pela pessoa branca ter tido acesso à educação bem antes das pessoas pretas. Com relação ao paciente/médico, por geralmente residirem nas periferias e em áreas pobres, além da descriminação acerca dessas pessoas, elas tendem a serem esquecidas pelo Sistema de Saúde, além da impossibilidade de levar à saúde entre elas e delas buscarem saúde. Em contrapartida, podemos salientar o atendimento feito pelas universidades públicas que conseguem abranger esse público com atendimento fisioterapêutico tanto com atendimentos na clínicaescola, como em PSF, ESF e hospital, além de atendimento nutricional, odontológico, entre outros. (E22) Sim. Devido à nossa formação social e cultural preconceituosa, e por termos uma parcela pequena de profissionais pretos que trabalham em posições predeterminadas para um tipo de cor específica. (E24)

Diante desta afirmação, observa-se a importância da Lei de Cotas que hoje faz com que essa realidade seja de fato alterada.

6.4.3 A Inclusão do tema saúde da população negra e das relações étnico-raciais nos

No documento Diamantina 2022 (páginas 97-108)