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3.1 A Banda Marcial Ranulpho Paes de Barros

3.1.3 A banda: período de 2018 a 2019

A BMRPR desenvolve um trabalho social e artístico de suma importância com crianças e jovens oriundos da Escola Municipal Ranulpho Paes de Barros, da comunidade e alunos que estudam em outras unidades escolares, como da EMEB Tancredo Neves, EMEB Maria Eunice de Campo e Escola Estadual Marcelina de Campos, na cidade de Cuiabá. Vale ressaltar que as escolas referidas não possuem banda escolar e também se localizam nas proximidades da EMEB Ranulpho.

Figura 4 - Apresentação e divulgação do projeto na EMEB Ranulpho Paes de Barros.

Formada por um conjunto artístico e musical, a interação na banda estudada acontece desde os primeiros contatos dos integrantes antigos com os novos integrantes. No início de cada ano, um pequeno grupo de alunos executa músicas do repertório de seu domínio e também fala de suas experiências com a banda, e das motivações de pertencer ao grupo. Neste momento, os integrantes relatam as atividades realizadas pela banda, os espaços nos quais ela se apresenta e a sua importância na comunidade. Como complemento, também é apresentado um vídeo com informações acerca da banda. O objetivo principal desse primeiro contato com os alunos é despertar o interesse em participar do grupo. O candidato a aluno na banda precisa realizar sua inscrição e optar por qual instrumento quer aprender a tocar, ou, em qual naipe do conjunto artístico quer ser inserido.

O processo de socialização, para a participação dos alunos na banda, surge desde os âmbitos escolares, alguns alunos por fazerem parte da escola Ranulpho, incentivam outros colegas a se inscrever, principalmente aqueles que estudam na mesma turma. A curiosidade em saber como é o funcionamento do projeto, também, é um dos fatores determinante para o ingresso dos alunos.

A banda é composta por aproximadamente 70 alunos, reduzindo ou aumentando no decorrer do ano, como ocorre em qualquer projeto desta natureza. A escola oferece o ensino básico do terceiro ano até o nono ano do fundamental, a idade dos alunos em relação ao grupo que participa da banda compreende uma faixa-etária que vai dos 07 (sete) anos até aos 17 (dezessete) anos de idade; além disso, os participantes externos à escola também estão nesta faixa etária.

As aulas no projeto são direcionadas para a formação e preparo dos alunos na composição da banda escolar. O grupo tem buscado também ampliar as suas atividades de modo a organizar um cronograma que dê oportunidade na participação dos integrantes. O espaço constitui um fator determinante na dinâmica das aulas e dos encontros do grupo. Por falta de espaço para ministrar as aulas no ambiente escolar, as práticas dos alunos iniciantes e intermediários de instrumento de sopro, muitas vezes acontecem no espaço cedido pela igreja católica do bairro. Por consequência disso, torna-se um momento exaustivo o deslocamento, entre a escola e a igreja, dos instrumentos, estantes e materiais didáticos pelo professor e os alunos. Tanto no horário matutino como também no horário vespertino não é possível realizar as atividades da banda, pois a escola não tem um espaço destinado para as aulas de música, e o som produzido pelos instrumentos pode prejudicar o andamento das aulas regulares da escola. Na figura 5, é possível observar a turma dos alunos iniciantes de trompete no espaço da igreja e neste dia a aula foi realizada em local aberto.

Figura 5 - Aula de instrumento de sopro na igreja.

Fonte: Acervo do pesquisador.

A falta de uma sala ambiente com proteção acústica se torna um fator de extrema urgência para os ensaios do grupo e para as outras atividades realizadas no projeto.

No espaço aberto, são realizadas as práticas com e sem instrumentos musicais. Todos os alunos do projeto realizam, pelo menos duas vezes por semana, no horário noturno, a prática de marcha, às vezes também com o grupo completo, e em outras apenas o corpo musical. As aulas dos instrumentistas de percussão e das demais formações acontecem entre os horários das 17h até às 19h em local aberto nas dependências da escola.

Devido à necessidade de contribuir com o desenvolvimento pedagógico e a percepção das espacialidades, o próprio grupo, em conjunto com os professores, realizou a demarcação do espaço para a realização das práticas de marcha, alinhamento e cobertura, de modo a contribuir nas performances diversas realizadas pela banda. Embora seja um local escuro e com pouca iluminação para tal prática, este espaço é utilizado para o ensaio tanto da percussão, como também nas práticas de marcha. A aula da escola funciona nos três períodos, e nem sempre é possível realizar um ensaio em que exija maior tempo de prática. Assim, o único horário em que a banda consegue realizar as suas práticas é no intervalo das 17h às 19h, sendo um dos únicos horários propícios para realização de determinadas atividades. Observa-se na figura 8 o corpo musical posicionado em linhas e colunas com a formação da banda completa, ou seja, alunos iniciantes e alunos antigos tendo ensaio em conjunto de marcha e música. Como já mencionando anteriormente, o local é escuro e necessita de iluminação.

Figura 6 - Ensaio no espaço demarcado com linhas.

Fonte: Acervo do pesquisador.

As aulas são ministradas no contraturno escolar, sendo na segunda-feira e sexta-feira direcionada para os alunos do naipe de sopro. O horário das aulas dos alunos iniciantes acontece das 07h às 09h, e das 09h às 11h para os alunos veteranos. Já na sexta-feira, no período vespertino, os alunos iniciantes do naipe de sopro têm aula das 13h às 15h e, das 15h às 17h para os veteranos.

Na segunda-feira e quarta-feira, das 17h às 19h é realizada a prática de percussão em coletivo com alunos iniciantes e antigos. Na terça e quinta-feira acontece o ensaio com os alunos veteranos do naipe de sopro das 17h às 19h e na sexta-feira acontece o ensaio geral com os alunos veteranos de sopro e percussão das 17h às 19h.

No sábado acontece o ensaio geral de marcha, com músicas de marcha e músicas em que o grupo se organiza em formato de concerto. Durante a semana, as aulas acontecem em sala, na maioria das vezes os alunos do naipe de sopro praticam seus instrumentos em sala. Já os alunos de percussão de marcha, pelo fato da amplitude do som ser maior, as práticas acontecem em local aberto. Tanto as aulas como os ensaios do grupo podem sofrer mudanças por consequência do desenvolvimento dos integrantes, agenda de apresentações ou mesmo a disponibilidade de tempo dos monitores que atuam no projeto.