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2.1 Panorama dos Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil: geração, coleta, operação,

2.1.6 A coleta seletiva na destinação adequada dos RS

A coleta seletiva tem papel fundamental nos programas de gestão de resíduos sólidos por recuperar os resíduos descartados e encaminharem os mesmos para a reutilização e, principalmente, para a reciclagem.

A implantação de programas de coleta seletiva nos municípios promove diversos benefícios econômicos, ambientais e sociais, alguns mencionados anteriormente. Sua utilização é essencial para a viabilização dos princípios da economia circular e da corrente lixo zero, por promover o retorno dos materiais descartados pós-consumo ou gerados nos processos de produção e prestação de serviço, para o mesmo ou um novo ciclo produtivo.

A tabela 13 apresenta a evolução dos programas de coleta seletiva no Brasil, demonstrando um crescimento proporcional bastante elevado. Entretanto, em 2008 só representava 17,8% dos municípios brasileiros.

Tabela 13 - Evolução do número de programas de coleta seletiva no Brasil

Ano 1989 2000 2008

Nº de programas 58 451 994

% de aumento entre períodos - 677,6 120,4

Fonte: IBGE (2010). Elaborada por Humberto Ferreira Silva Minéu (Jun. 2016).

programas de coleta seletiva, enquanto a pesquisa do IBGE em 2000 apontou apenas cerca de

A existência de coleta seletiva no Brasil foi manifestada por 1.322 municípios, dos 3.765 que responderam de forma voluntária ao SNIS em 2014, independente do sistema de coleta adotado e da abrangência de cobertura, representando 35,1% dos municípios da amostra (o que equivale a 24% do total dos municípios brasileiros), contando ainda com 32,4% de municípios sem informação (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2016).

Dados bem diferentes foram apresentados pela Abrelpe (2014, p.30), informando que 3.608 municípios apresentaram alguma iniciativa de coleta seletiva, elevando para 64,8% dos municípios brasileiros com a existência de separação dos resíduos sólidos em 2014.

Em relação ao número de municípios com coleta seletiva no Brasil, independente dos critérios adotados, a tabela 14 apresenta informações compiladas de várias fontes, demonstrando a diversidade dos dados.

Esses números apresentam diferenças significativas entre fontes, conforme os critérios adotados (existência de qualquer iniciativa de coleta seletiva no município, percentual de cobertura, programa de coleta seletiva), o tamanho da amostra de municípios que integram o levantamento e a forma de resposta. Mesmo assim, tem-se que em todas as fontes os números demonstram a melhoria a cada ano dos dados referente à existência de coleta seletiva.

Tabela 14 - Número de municípios com coleta seletiva no Brasil

Fonte 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Cempre¹ 405 - 443 - 776 - (17%)927 - (18%)1.055 Abrelpe² (55,9%)3.109 (56,6%)3.152 (57,6%)3.207 (58,6%)3.263 (59,8%)3.326 (62,1%)3.459 (64,8%)3.608 (69,3%)3.859 -

SNIS³ (8,2%)675 (14,4%)801 (15,1%)842 (19,9%)1.111 (20,8%)1.161 (23,7%)1.322 (22,5%)1.256 -

Fonte: ¹CEMPRE REVIEW (2015, p. 31); CEMPRE INFORMA n. 136, jul/ago, 2014; CEMPRE INFORMA n. 147, mai/jun, 2016.

²ABRELPE. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2008 a 2015a. Disponível em: <http://www.abrelpe.org.br/panorama_edicoes.cfm>. Pesquisa com amostra dos municípios e o percentual sobre o total dos municípios.

³MINISTÉRIO DAS CIDADES. Diagnóstico do Manejo dos Resíduos Sólidos Urbanos 2009 a 2015. Disponível em: <http://www.snis.gov.br/diagnostico-residuos-solidos>. Dados obtidos mediante declaração voluntária, com percentual significativo de municípios que não respondem. O percentual foi calculado pelo autor sobre o total de municípios brasileiros.

Elaboração: Humberto Ferreira Silva Minéu (Jun. 2016). Atualizada em mai. 2017.

Comparando-se o ano de 2010, quando foi instituída a PNRS, nas três fontes com o último ano de divulgação da respectiva fonte dos dados, tem-se que todas apresentaram aumento no percentual de municípios com coleta seletiva, sendo de 138% no Cempre, 20% na Abrelpe e 49% no SNIS, ressaltando a redução no SNIS 2015.

Essas diferenças de dados entre fontes devem ser analisadas com ponderação, devido a diferenças metodológicas, contribuindo ao gerar dados que dimensionem o avanço ou o tamanho do desafio. Utilizam-se os dados do SNIS como referência para o presente trabalho, recordando que o mesmo adota como critério a declaração voluntária do município. Embora com uma proporção ainda baixa no país, de acordo com os dados do SNIS 2014, a coleta seletiva vem crescendo anualmente, com um aumento de 49,37% da massa coletada e 54,08% de municípios entre 2012 e 2014 (Tabela 15).

Tabela 15 - Massa de resíduos sólidos recolhida via coleta seletiva dos municípios participantes do SNIS em 2014, por agente executor, segundo faixa populacional

Faixa populacional Quantidadede municípios

Massa recolhida na coleta seletiva por executor (t/ano)

Total (t/ano) Pela

Prefeitura contratadasEmpresas

Catadores com apoio da prefeitura 1 (até 30 mil) 596 103.276 73.394 91.388 268.058 2 (30 a 100 mil) 220 35.748 83.925 179.899 299.572 3 (100.001 a 250 mil) 89 37.454 61.455 94.199 193.108 4 (250.001 a 1 milhão) 60 28.237 98.003 121.314 247.554 5 (1 a 3 milhões) 13 31.033 125.919 27.602 184.553 6 (> 3 milhões) 02 16.212 65.840 70.059 152.110 Total 2014 980 (18,7%)251.959 (37,8%)508.535 (43,5%)584.460 1.344.955(100,0%) Total 2013 692 207.252(21,1%) 448.367(45,6%) 327.147(33,3%) (100,0%)982.765 Total - 2012 636 (27,5%)248.401 395.795(44,0%) 256.164(28,5%) (100,0%)900.360

NOTA: Para a composição da tabela acima foi admitida a soma das parcelas - Cs23, Cs24 e Cs48 - somente dos municípios que se encontram dentro do intervalo de confiança aplicado ao indicador IN054. A redução do número de municípios se deu pela impossibilidade de discernir os valores por executor nos integrantes que responderam apenas o campo Cs26 que se refere ao total coletado seletivamente.

Fonte: MINISTÉRIO DAS CIDADES (2016).

A quantidade per capita coletada de material reciclável em 2014 alcançou 13,8 kg/hab./ano, equivalente a 0,037kg/hab./dia. Comparando-se com o RSU per capita de 1,05 kg/hab./dia, que equivale a 383 kg/hab/ano, obtém-se que a coleta seletiva representou em torno de 3,6% em 2014 (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2016).

Em relação aos agentes executores, ocorreu um aumento considerável da participação das entidades de catadores com apoio da prefeitura, que passaram a responder por 43,5% do material recolhido em 2014, enquanto em 2012 respondiam apenas por 28,5%. A ampliação da participação de entidades de catadores tem forte impacto econômico e social, sendo estimada a existência de 834 entidades (associações/cooperativas), em 561 municípios, com 23 mil pessoas associadas (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2016).

Essa ampliação sinaliza avanços após a implantação da PNRS e ao mesmo tempo demonstra o desafio considerando o total dos municípios do país (5.570). Considerando o número de programas e de municípios com coleta seletiva, o baixo percentual que a coleta seletiva representa do total de RSU e o número de pessoas envolvidas diretamente, tem-se uma noção do quanto de retorno econômico e geração de trabalho formal ainda tem a ser incrementados com a adoção da coleta seletiva por todo o Brasil.