A COMPOSIÇÃO DOS NÚCLEOS DE SIGNIFICAÇÃO E SENTIDO

Após as etapas descritas por Aguiar (2006), valendo-se das entrevistas feitas com as professoras, obtiveram-se os seguintes núcleos de significação e sentido:

Quadro 16 – Núcleo de Significação e Sentido: O olhar do docente sobre a escola pesquisada e sobre as avaliações de larga escala

QUESTÕES PROPOSTAS

1 – Atualmente, o que a levou a ser professora nesta escola e neste nível de ensino? 2 – Como você vê o impacto dos resultados obtidos por esta escola no IDEB / ENEM

em sua prática?

PRÉ-INDICADORES Remoção, estou na área há vinte e três anos, eu gosto de diversificar, eu não gosto de ficar sempre na mesma coisa, os resultados das avaliações externas exercem cobrança

sobre nós e a escola, quando você se destaca, não quer ficar para baixo, acrescentar, eficácia da primazia, trabalho comprometido, liberdade para trabalhar, acolhimento da direção, conjunto, interagindo, comunidade, afinidade com crianças, essa escola foi casual, impactar minha prática não, minha prática é consciente, responder a questões de múltipla-escolha não é provar criticidade do aluno, eu não imaginava que eu viria para cá, eu até sabia que a escola era muito boa, não teve impacto, continuo com meu trabalho da mesma forma, o IDEB não me fez mudar de postura, cada ano a gente aperfeiçoa um pouquinho, minha análise não é atrelada ao IDEB, sempre ouvi dizer muito bem da escola, ela é próxima da minha casa, eu me sinto na obrigação de exigir um pouco mais, eu não quero atrapalhar, eu quero ajudar, eu sempre gostei de Ensino Médio, a faixa etária do Fundamental não me atrai, me identifiquei com o Colégio em função da organização, da disciplina, positivamente, preocupação de preparar o aluno, trabalhar o que está sendo exigido lá fora, os alunos cobram, a aplicabilidade do que eu trabalho no vestibular e no ENEM, eu prefiro trabalhar com adolescente, a relação pode ser mais de igual para igual, eu sou de uma família onde todos os homens são militares, eu me organizo com disciplina, com resultados positivos, há uma autoestima coletiva grande, influencia positivamente, defender um Colégio que apresenta bons resultados.

INDICADORES As professoras colaboradoras não escolheram estar nas escolas pesquisadas em função dos resultados do IDEB/ENEM, mas sim por se sentirem mais à vontade em trabalhar com crianças / adolescentes. No entanto, reconhecem que os índices divulgados trazem influência para o cotidiano escolar, embora tentem realizar suas

práticas para além dessas avaliações oficiais. NÚCLEO DE SIGNIFICAÇÃO E SENTIDO CONSTITUÍDO: O olhar do docente sobre a escola pesquisada e as avaliações de larga escala

Fonte: elaborado pelo próprio pesquisador.

Quadro 17 – Núcleo de Significação e Sentido: Concepções de Afetividade QUESTÕES PROPOSTAS

5 – Em seu processo de formação, você teve algum contato teórico com o tema da afetividade? Em que momento de sua formação?

6 – O que você compreende por afetividade?

PRÉ-INDICADORES Na questão de Psicologia, gostaríamos que tivesse mais, troca de carinho, troca de conhecimento, afago, carinho, levando todos como iguais tendo suas diferenças, mostrar a necessidade da escola, não coloco no colo, eu puxo, é quando você não dá menos do que poderia, em Psicologia, na especialização em Administração Escolar deveria entrar, propenso a receber e a ofertar, estar aberto a possibilidades, o professor afetivo é aquele que entende o aluno, ver o outro não como mais um, no Curso Normal, um misto de carinho e de ―puxar‖, tem que ser firme, saber exigir, saber cobrar, não tive contato, na especialização, ver o aluno na sua particularidade, melhor relação possível, o aluno se sentir bem-recebido, interação, liberdade, na disciplina Literatura Infantil, capacidade de me aproximar do aluno como pessoa, influenciar de alguma forma, na Faculdade a gente não tratou desse assunto, algum tipo de amor, é o aluno saber que eu estou ali por amor.

INDICADORES As concepções de afetividade são contraditórias, ora vinculadas a sentimento, ora a emoção. É muito presente a associação da afetividade à interação entre professores e alunos, com base no acolhimento do educando como pessoa única. A contradição poderia ser fruto de uma formação inicial que não preconiza relação vivencial com

o tema da afetividade e nem considera as interferências desse constructo na aprendizagem dos alunos.

NÚCLEO DE SIGNIFICAÇÃO E SENTIDO CONSTITUÍDO: Concepções de Afetividade

Fonte: elaborado pelo próprio pesquisador.

Quadro 18 – Núcleo de Significação e Sentido: Afetividade, interação e prática docente QUESTÕES PROPOSTAS

7 – Em sua concepção, quais são as manifestações de afetividade mais comuns no cotidiano da escola, por parte dos alunos?

8 – E por parte do professor?

10 – A afetividade mostra-se presente em suas práticas pedagógicas? De que maneira? PRÉ-INDICADORES Em uma discussão, em um debate, até na hora do lanche,

acaba mudando por conta das coisas novas que a gente vai inserindo, não exatamente para melhorar o índice do IDEB, é trazer o aluno discriminado para perto de você, eu tento fazer o meu melhor em qualquer escola, eu me sinto mais à vontade para trabalhar, explicando a matéria detalhadamente. Afago, contato físico, gostando de alguma atividade, você abraça, mostrar o conteúdo no concreto, muita cartinha, beijo, falam muito obrigado, ouvindo o aluno, respeitando a opinião do aluno, gestos simples, dizer que estão de parabéns, mostrar ao aluno o que ele tem que cumprir, quando participam da aula, preocupação com a tarefa de casa, quando o professor fala não só da matéria, mas fala de conviver, gosta do professor, abraço, beijo, carinho no cabelo, bilhete na caixa de giz, tentando descobrir o porquê de o aluno não estar aprendendo, exaltar as ações positivas, resgatar a referência do aluno de alguma forma positiva, conhecer o aluno, aproximar-se do aluno, expressões no rosto, implicam uns com os outros, compreendendo que o que o aluno faz (salvo exceções raras) não é direcionado ao professor / matéria e sim à

vida, tendo paciência, tom de voz mais amoroso, respeitando o aluno, estar disponível.

INDICADORES As professoras reconhecem que sua prática evoluiu com o tempo pelas conquistas da própria maturidade profissional. Nesse sentido, não são perceptíveis alterações no modo de se ensinar por conta das avaliações em larga escala. As docentes ainda não conseguem verbalizar situações práticas de sala de aula que mostrem a interferência da afetividade na mediação da aprendizagem, embora suas práticas demonstrem preocupação com o aluno e com o modo como esse aluno poderá ser impactado pela aprendizagem.

No discurso das professoras, é forte a associação de manifestações de afetividade a contatos de natureza física. O aluno manifestaria a afetividade em relação aos pares e aos docentes (e aos docentes como materialização da escola) a partir do toque, do contato. O professor manifesta afetividade a partir do toque, do respeito ao aluno e da consideração do discente como pessoa singular.

NÚCLEO DE SIGNIFICAÇÃO E SENTIDO CONSTITUÍDO: Afetividade, interação e prática docentes

Quadro 19 – Núcleo de Significação e Sentido: Afetividade, aprendizagem e desempenho em avaliações de larga escala

QUESTÕES PROPOSTAS

3 – Na sua percepção houve alguma mudança na postura dos alunos e da escola, frente ao processo ensino-aprendizagem, em função dos resultados obtidos no IDEB / ENEM?

4 – E em relação à sua prática? Você acredita que alguma coisa mudou em função dos resultados do IDEB / ENEM? O quê?

9 – Na sua percepção, a afetividade exerce algum papel na relação professor-aluno? 11 – Em sua concepção, de que modo a afetividade pode interferir na aquisição de

conhecimento por parte do aluno?

12 – Você acredita que a afetividade e as interações sociais entre professores e alunos influenciam nos resultados obtidos por esta escola no IDEB / ENEM? De que modo

você percebe isso?

PRÉ-INDICADORES Aprendizagem significativa, inter-relação vida- pedagógico-acadêmico, criando a consciência de que o aluno é um sujeito, criando pré-disposição para aprender, despertando no aluno o interesse pela disciplina, aproximando o aluno do professor e do conteúdo, criando vínculo entre aluno-professor-conteúdo, há influência, não consegui diagnosticar nada disso, os alunos não se preocupam muito, a escola sempre teve essa preocupação, o ritmo de trabalho, os alunos aprendem a lidar com o IDEB pela participação nas atividades, ainda não está bom, a escola pública tem que melhorar, mudou com certeza, eu sempre procurei me adequar ao que se espera, o ENEM tem uma representatividade grande, a minha prática vem mudando de acordo com a minha vivência, a minha preocupação é que o menos brilhante em Matemática consiga entender, a organização da escola, tudo funciona bem, interfere, a escola tem muitos projetos, nos projetos há ligação maior entre professores e alunos, eu não vejo que os alunos tenham contato com esses resultados, eles querem estar preparados para o ENEM, os alunos comentam que a escola deveria ter um resultado superior,

influencia não só no ENEM ou no IDEB, mas os resultados dentro das disciplinas escolares, proximidade, os alunos estão olhando o ENEM com outros olhos, houve uma mudança de filosofia nas instâncias superiores, nas práticas de sala – não sei no ENEM / IDEB.

INDICADORES As professoras sinalizam que a afetividade interfere na aprendizagem dos alunos, a partir do momento que dispara situações que pré-disponham os discentes à aquisição do conhecimento. Além disso, pode-se entrever no discurso das docentes a noção de que a afetividade pode ser um disparador de interesse pelos objetos de conhecimento. Na concepção das professoras, os resultados das avaliações em larga escala não afetariam de modo consciente os alunos, mas afetam – ainda que de forma sutil, para algumas – a organização das escolas. Afetivamente, os resultados impactam no modo como as professoras passam a perceber a escola e a sua prática, embora enfatizem que não pautam sua prática em razão dos índices apresentados pelo Governo.

NÚCLEO DE SIGNIFICAÇÃO E SENTIDO CONSTITUÍDO: Afetividade, aprendizagem e desempenho em avaliações de larga escala

Fonte: elaborado pelo próprio pesquisador.