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A CPLP: da criação à actualidade o Futuro

No documento Adriano Moreira e o império português (páginas 182-200)

O Professor Adriano Moreira anteviu, como uma necessidade, a criação de um organismo agregador dos diferentes povos que comungam na maneira própria do português estar no mun-

2013, p. 162.

do. Trata-se de uma referência implícita ao luso-tropicalismo numa evidência de que, desin- tegrado o Império territorial, era possível e desejável perpetuar o Império cultural e afectivo, cujo elo mais importante é a língua lusa. O Professor assume o valor que continua a dar ao pensamento de Gilberto Freyre, o luso-tropicalismo. Verdadeiramente entusiasta da criação de um organismo que servisse tais fins, Adriano Moreira propôs a criação da CPLP quando ainda era Presidente da Sociedade de Geografia. Soubemo-lo quando nos avistámos com ele: “Quem teve a ideia da CPLP foi Portugal, foi a Sociedade de Geografia, era eu Presidente”.330 Pretendeu-se, assim, preservar a unidade linguística e cultural de uns tantos países que haviam feito parte do Império português. Sim, referimos cultural para dar um sentido mais amplo e ambicioso à Comunidade. Neste sentido, escreve Moisés de Lemos Martins: “[…] A afirmação de uma área cultural de influência, baseada numa língua comum, mas que transcende largamente a questão linguística, mobilizando mesmo povos inteiros, os seus governos, as organizações não-governa- mentais, a sociedade civil”.331

Na visão de alguns autores, a criação de uma Comunidade da Lusofonia era inevitável, podendo a mesma assumir a actual forma ou outra qualquer. As ligações afectivas e linguísticas entre os territórios tocados pela língua de Camões não permitiam outra saída que não fosse o aprofundamento desses sentimentos. Está nesta linha de pensamento o que escreve Victor Marques dos Santos:332

“A génese de uma ideia – O relacionamento informal estabelecido, ao longo de vários sé- culos, entre os povos que utilizam a língua como vector comunicacional, constitui o embrião da CPLP. No entanto, o “espírito de comunidade” que inspirou a sua génese precedeu, de mais de um século, a fase constitutiva actual.

Talvez possamos considerar como uma das primeiras manifestações concretas desse espí- rito “espírito de comunidade”, o interesse demonstrado pela Sociedade de Geografia de Lisboa sobre o acompanhamento da diáspora lusíada, através da recolha e do tratamento de dados sobre a comunidades portuguesas residentes no estrangeiro, processo cuja origem remonta à proposta de um “curso colonial”, avançada em 1878, e ao inquérito lançado, no ano seguinte, por Luciano Cordeiro”.333

Victor dos Santos segue, grosso modo, o pensamento de outros autores, no que respeita a esta questão. Tanto assim é que o autor remete para a obra de Óscar Soares Barata334. O au-

330 Vide Apêndice A.

331 MARTINS, Moisés de Lemos [et. al.], Comunicação e Lusofonia. Para uma abordagem crítica da cul-

tura e dos media, Campo das Letras, s/l., s/d., p. 79. Disponível em http://repositorium.sdum.uminho.pt/

bitstream/1822/29957/1/MM_lusocentrismo.pdf, consultado em 25 de Abril de 2015.

332 Professor Associado ISCSP – UTL.

333 SANTOS, Victor Marques dos - Portugal, a CPLP e a Lusofonia – Reflexões sobre a Dimensão Cultu-

ral da Política Externa [em linha], Texto da Oração de Sapiência Solene de Abertura do Ano Lectivo de

2004/2005 do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, profe- rida no Auditório Adriano Moreira, do ISCSP – UTL, em 12 de Janeiro de 2005, p. 72. Disponível em http:// www.infoeuropa.eurocid.pt/files/database/oooo33oo1-000034000/000033959.pdf. Consultado em 25 de Novembro de 2014.

tor não esqueceu, como não poderia, o papel de Adriano Moreira como impulsionador da CPLP. Escreve:

“Ao longo deste processo, são particularmente significativas as propostas do Professor Adriano Moreira sobre a criação da Universidade Internacional Luís de Camões e, sobretudo, a sua proposta de organização de um Instituto Internacional da Língua Portuguesa, ideia esta que seria, posteriormente, “rebuscada” e “reinventada” por “outros arquitectos do edifício lusófono”. Com efeito, a proposta seria retomada e reformulada pelo Embaixador José Aparecido de Oliveira, e concretizada pelo Presidente do Brasil, José Sarney, antes mesmo, do próprio governo português ter lançado as bases do Instituto Camões, o que viria a acontecer em 1992”.335

Há, hoje, contudo, um apreço crescente pela língua portuguesa, mesmo nas regiões mais recônditas do globo. Na verdade, como tem referido muitas vezes Adriano Moreira, trata-se da circunstância de se encontrar utilidade na língua. Acontece que, devido à abertura geográfica que caracteriza o território português, este constitui uma porta de entrada na velha Europa. Tratar a questão da abertura de Portugal ao mar implica duas vertentes: uma, a de que Portugal se encontrar no extremo ocidental europeu, banhado pelo Atlântico, que lhe permitiu descobrir novas terras e novos povos, aos quais não deve nem pode virar as costas; a outra, talvez a de maior importância, o facto de o nosso país deter uma das maiores plataformas marítimas do mundo. Daqui resulta que o mar constitui uma matriz intrínseca à situação de ser português. O Dr. José Manuel Durão Barroso escreveu em 2006, acerca da CPLP, o seguinte:

“A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa existia já muito antes de ter sido institucio- nalizada há 10 anos em Lisboa, em 1996. A partilha da língua portuguesa, uma herança histórica e cultural, demonstrou ser um elo muito forte para aquilo que constitui hoje uma associação de oito países em quatro continentes. Por muito diversos que fossem e por mais longe que geograficamente se situassem, estes países sempre se sentiram como parte de uma comunidade cultural, mantendo ligações muito chegadas e cooperando em áreas de âmbito muito vasto”.336

A institucionalização da Comunidade tornou-se necessária no âmbito da intervenção organi- zada de um grupo de Estados, cada vez mais fortes, num mundo efectivamente globalizado. Per- tencer a uma Comunidade de afetos é, justamente, sentir-se em casa. A solidariedade que se gera torna-se o elo de coesão entre povos distintos mas “cúmplices”. Escreve ainda Durão Barroso:

“A solidariedade é um elemento chave da comunidade e assume particular importância cada vez que um dos seus membros entra em crise. Aconteceu no passado e ainda acontece hoje. Creio

sor Adriano Moreira, 2 vols., Lisboa, ISCSP-UTL, vol. I, pp. 67-68.

335 Id., Ibid.

336 BARROSO, José Manuel Durão, in LOPES, Luís Ferreira; SANTOS, Octávio dos, Os novos descobrimen-

tos, do Império à CPLP: Ensaios sobre História, Política, Economia e Cultura Lusófonas, (prefácio).

que nessas alturas a solidariedade e todas as acções da comunidade na assistência a um dos seus membros se revelam contribuições importantes para resolver a crise, ao mesmo tempo que servem para unir mais o conjunto”.337

A crença que se foi avolumando em vários espíritos mais abertos, como Moreira ou Bar- roso de que a Comunidade CPLP poderia ultrapassar a mera partilha linguística acabaria por se tornar realidade. Hoje, mercê da evolução das relações entre os diferentes membros da Comu- nidade, tornou-se possível cooperar em vários níveis do linguístico ao económico, do social ao cultural.

Uma das grandes características dos membros da CPLP é a de que todos são países ma- rítimos. Quer isto dizer que, para além do território terrestre, contam, também, com imensas zonas exclusivas marítimas que administram e das quais é possível obter recursos. Torna-se necessário, justamente pelo que acabámos de escrever, unir esforços no sentido da viragem para o mar que Portugal tão cedo experimentou e que parece ter abandonado com a adesão à CEE, em 1986. Na verdade, julgamos ser uma evidência, Portugal é tão atlântico como europeu. Situado no extremo ocidental da Europa, o país dos lusos foi, tradicionalmente, empurrado para o mar e excluído das grandes decisões europeias. As conferências de Berlim em 1885, os acordos de Versalhes em 1919 e os acordos do pós-Segunda Guerra Mundial são disso exemplo. Ora, numa perspetiva realista, diremos que o futuro de Portugal se encontra, em grande parte, no regresso ao Atlântico, nas relações com os mundos tropicalistas criados pelos portugueses e não só. Escreve Luís Ferreira Lopes:

“Comemorar os Descobrimentos Portugueses não deve constituir apenas uma oportunidade para conservar, defender e expandir a língua e a cultura portuguesas. Comemorar os Descobri- mentos Portugueses deve constituir também uma oportunidade para se concretizar algo que há já muito tempo se impõe: regressar ao mar.

É preciso – e urgente – regressar ao mar. E para regressar ao mar são necessários barcos. Como é possível que Portugal, país marítimo, com uma extensa faixa litoral, com uma vastíssima zona económica exclusiva, protagonista das Navegações e das Descobertas, não tenha hoje uma frota à medida das suas responsabilidades?”.338

Quando se pretende entender e avaliar o percurso da CPLP, há que ter em conta que se trata, como referem Adelino Torres e Manuel Ennes Ferreira, de um projecto condicionado339. Condicionado por factores diversos sendo que o primeiro deles é a diversidade de povos que integram o projecto. Para avaliar o percurso da CPLP de forma sistemática e metodologica- mente correcta, determinando os problemas e perspectivas da própria Organização, torna-se

337 Id., Ibid., (Prefácio).

338 LOPES, Luís Ferreira; SANTOS, Octávio dos, Os novos descobrimentos, do Império à CPLP: Ensaios

sobre História, Política, Economia e Cultura Lusófonas. Coimbra: Almedina, s/ed., 2006, p. 63.

339 TORRES, Adelino; FERREIRA, Manuel Ennes - A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa no con-

texto da globalização: problemas e perspectivas [em linha]. Disponível em http://www.repository.utl.

necessário ter em conta três factores:

“Em primeiro lugar o factor “mundial”, ou seja, de que modo a existência da CPLP é con- dicionada pelo contexto global em que está inserida e como a poderemos apreciar à luz de alguns debates teóricos contemporâneos que circunscrevem a questão do desenvolvimento e das relações internacionais;

Seguidamente, o factor “intra-comunitário”, quer dizer os elementos que estão na origem (ou resultam) do equilíbrio das relações entre os países dentro do espaço da CPLP. […].

Por último o factor “interno”, o qual corresponde às experiências nacionais e à óptica se- gundo a qual cada um dos países membros apreende o futuro da CPLP”.340

Será tendo em conta estes três itens de orientação metodológica que analisaremos a criação e a evolução da CPLP. Se é verdade que Portugal é um país europeu assumindo o lugar que por direito lhe pertence, não é menos verdade que vai muito para lá dessa condição. É também um país atlântico e partilha com todos os países a que deu origem a circunstância de ser banhado pelo mar, já o afirmámos. O mar deve constituir, como constituiu durante séculos, uma porta de saída e de entrada da Europa, sendo que esse mar que nunca pode ser esquecido transformou a CPLP num dos blocos económico-linguístico mais importantes no mundo global de que os portugueses foram pioneiros. Estas características, em consonância com a importância da língua, resultaram numa herança lusa que une muitos dos recantos por onde os portugueses andaram desde o século XV. Bem sabemos que, hoje, mercê da globalização da economia, da ciência e da própria política, os interesses pela herança deixada pelos portugueses no mundo resulta, antes de mais, da própria necessidade da cooperação económica e diplomática. A própria preservação da língua no espaço de influência portuguesa advém da necessidade de permutar conhecimentos e produtos. Escreve Adriano Moreira:

“Em 2005 o governo de Pequim (…) delegou no governo de Macau seguir as relações com os países da CPLP pra aproveitar a herança portuguesa, o objectivo é mundialmente diplomático

e económico, tal como sucede com o Japão em relação ao Brasil, o que muda radicalmente a cir-

cunstância, no interesse, no objectivo, na prioridade. Por isso, as instituições responsáveis pela língua, como as Universidades, a Academia de Letras do Brasil, a Academia de Ciências de Lisboa, ou o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, hoje instalado em Cabo Verde, proposto por mim no Recife, no Instituto de Gilberto, e criado por Sarney para que houvesse uma instituição em que todos os Estados estivessem em pé de igualdade, possuem uma função no domínio da investigação e do ensino, que não necessita de uma maior variedade de responsáveis e competências, embora se deva apoiar a manutenção de uma instituição igualitária em toda a CPLP”.341

Não é estranha à atitude da China, que encarregou Macau de se relacionar com os países

340 Id., Ibid.

341 MOREIRA, Adriano - Memórias do Outono Ocidental: Um Século sem Bússola, Almedina, Coimbra,

da CPLP, a utilidade da língua portuguesa nos planos económico e diplomático. A emergência de gigantes económicos, como o Brasil ou Angola, trouxe à China a necessidade da aproximação à identidade portuguesa. O próprio Japão entendeu isso muito cedo. Este país tornou-se obser- vador da CPLP. Esta visão é igualmente comprovada pelo crescente interesse das universidades japonesas em ministrar cursos de português.

Embora Portugal não seja, na União Europeia, um país com grande peso quanto à defini- ção de políticas, tem, contudo, uma situação geográfica e uma herança cultural muito impor- tantes para a própria União. Portugal interliga grandes espaços planetários, o que, apesar da sua exiguidade territorial, determina um enorme espaço cultural. Escreve Moreira:

“Portugal está na articulação da segurança do Atlântico Norte com a segurança do Atlântico Sul, na articulação destas seguranças com a segurança do Mediterrâneo, titular da soberania, em redefinição geral, no território continental e nos Arquipélagos da Madeira e dos Açores, obrigado com os Estados de língua portuguesa na CPLP, que tem no Atlântico Sul uma importante e poderosa presença”.342

Hoje, sempre que se pensa em Portugal, torna-se necessário pensar em duas das muitas dimensões: por um lado, a magnitude do espaço da lusofonia; por outro, na larga Plataforma Continental. .Nestes considerandos assim, queremos evidenciar a grandeza do mundo portu- guês assente tanto na herança cultural como na utilidade económica. Adriano Moreira reforça esta ideia do valor da Plataforma marítima portuguesa e do apetite que ela tem suscitado em poderes externos. Torna-se, portanto, necessário registar juridicamente essa Plataforma como espaço luso, face a uma crescente integração no espaço comunitário. Adriano Moreira percebeu desde muito cedo este perigo e fez eco dessa preocupação, tanto junto das autoridades na- cionais como das comunitárias. Considera o Professor que a Plataforma Portuguesa é território nacional que deve ser preservado na perspectiva da afirmação do mundo lusófono. A propósito desta questão, contou-nos o seguinte:

“O Presidente da Comissão Europeia veio cá a Portugal receber o título Honoris Causa da Técnica, antes desta fusão (fusão de Universidades) e eu era o Presidente do Conselho Geral, de maneira que tive de fazer o discurso. Eu disse as palavras amáveis do costume, mas aproveitei e disse assim: o senhor Presidente da Comissão Europeia anda a definir o mar europeu, nós andamos a definir a nossa Plataforma Continental que devia ter sido aprovada em 2013 e já foi transferida para 2015, se o senhor aprovar o mar europeu antes de nós termos aprovado a nossa Plataforma, eu lembro-me (ele é português) do mapa cor-de-rosa. Se, além disso, tivermos ainda a sorte de a Plataforma ser nossa e haver o mar europeu, não faça a mesma coisa que fizeram com a agricultu- ra, ficámos sem agricultura”.343

A visão que o Prof. Adriano Moreira mantém sobre o futuro de Portugal não é a de um

342 Id., Ibid., p. 200. 343 Vide Apêndice A.

país exíguo, sem voz e remetido à sua posição periférica de que muitos falam. Hoje, como se tem visto em inúmeras situações, Portugal não é um país longínquo do centro europeu que, tradicionalmente, é quem decide as políticas mais importantes. Não, já não é assim. O mundo lusófono iniciou um processo de “contágio” em várias direcções. A Guiné Equatorial pediu há uns anos a adesão à CPLP, baseando o seu pedido no passado histórico que ligou, em tempos, aquele território ao Império português. De facto, ainda que muito pouco reste da estada por- tuguesa naquelas paragens, o certo é que aquelas terras foram tocadas, primeiramente, pelos portugueses. É igualmente certo que a primeira vez que aparece registada em mapas a ilha de Bioko, actual Guiné Equatorial, foi por mão de Fernão do Pó, descobridor de parte da Guiné. O negócio de escravos que os portugueses desenvolveriam mais tarde contou, igualmente, com estes territórios como fornecedores de mão-de-obra negra. O rei português D. João II ter-se-á proclamado em 1493 “Senhor de Guiné” e o primeiro “Senhor de Corisco”.344

Depois da imposição de um conjunto de reformas a que o governo daquele país esteve obrigado, acabou por ser admitido na Comunidade de Países de Língua Portuguesa na Cimeira de Díli em 23 de Julho de 2014. Contudo, parece que este alargamento pouco sustentado na base linguística e cultural comum aos restantes países não é consensual e parece alterar os pressupostos que presidiram à criação da própria CPLP. O Professor Adriano Moreira tem-se re- velado bastante crítico deste tipo de alargamentos. Escreveu recentemente o Professor:

“[…] O caso da Guiné Equatorial tem o significado não apenas de ferir a filosofia e a realida- de da CPLP como de vir apoiada numa motivação que não pode deixar de ser lida, com alarme, de que é uma nova diferente concepção estratégica que desponta, a qual exige atenção diplomática e política não apenas quanto à origem, que foi suficientemente determinante, mas quanto aos objectivos que a orientam, talvez de acordo com uma regra pouco recomendável, que é a de não ser a seta que procura o alvo, é o alvo que orienta a seta. Esse alvo não é seguramente o que foi devotada e trabalhosamente o que animou os esquecidos e devotados servidores do projecto, sem paralelo, da CPLP”.345

Com a adesão da Guiné Equatorial iniciou-se um processo de alargamento que vai muito para lá da ligação cultural e linguística dos povos, ainda que seja esse um dos primeiros argu- mentos dos novos países aderentes. Muitos outros territórios no planeta apresentam resquícios da língua e cultura portuguesas. Lembramo-nos de Goa, Damão, Diu, Ormuz, e tantas paragens onde os apelidos de família são os “Lopes”, os “Antunes” e tantos outros caracteristicamente portugueses. Para autores como Moreira, o alargamento da CPLP não deveria ultrapassar o mun- do que pertenceu ao Império Colonial português e que recebeu, por tal facto, a língua lusa como matriz. Escreve Adriano Moreira: “[é] o poder cultural, e não outro, que devidamente ajudado

344 República da Guiné Equatorial, História da Guiné Equatorial, Domínio Português [em linha]. Dispo-

nível em http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Historia_da_Guiné_Equatorial&oldid=39235728. Con- sultado em 5 de Dezembro de 2014.

345 MOREIRA, Adriano - A CPLP e o futuro [em linha]. Diário de Notícias. Lisboa: publicado a 22 de Julho de

2014. Disponível em http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=4039597. Consultado em 25 de Novembro de 2014.

deve presidir aos esforços e acompanhar a evolução” 346. Há, contudo, que tecer algumas con- siderações oportunas neste aspecto. A criação da CPLP teve, evidentemente, no seu início, o grande alicerce da língua e da cultura lusas. Tem-se tornado claro, desde a criação desta Orga- nização, que muitos países se mostram interessados na adesão à mesma. Apelam, em geral, ao legado histórico e às marcas linguísticas que ainda aí permanecem. Ainda que nos pressupostos iniciais da CPLP a força mais importante devesse ser a cultural e línguística, as outras vertentes como a económica não podem nem devem ser ignoradas. Estas devem constituir igualmente pontos de contacto fortes entre as Nações que constituem a Organização. O vector económico tem-se revelado uma característica forte nas relações entre os Estados da CPLP. Partindo das afinidades culturais, elaboram-se projectos de cooperação de extrema importância para a Co- munidade. Na medida em que a CPLP se transforme num bloco de grande interesse económico num mundo crescentemente globalizado, a pretensa adesão de outros Estados coloca-se como uma realidade plausível. Ainda que para os mais puristas defensores das bases ideológicas da Organização esse alargamento seja uma adulteração dos objectivos fundadores, não é mais

No documento Adriano Moreira e o império português (páginas 182-200)