Reconhecem os economistas queas bases fundamentais eessenciaisdavidaeconômicasão:aproduçãoe o consumo, istoé,o
homem
produz paraconsumir.Em verdade, tentando-se observar a atividade econô-mica, deduz-sequeoconsumoconstituiofime a produção o meio.
Em estudando a vida econômica, compreendendo os fatores que concorrem para a sua atividade, iremos en-contraros fatores permanentesda produção,comosejam:a natureza, através das matérias fornecidas pela terra, pelo mar, pela atmosfera, e o trabalho
—
êstedecorrenteda ação humana.
A
tais fatores costumamos economistas aditar um ter-ceiroelementoconstituído docapital.Entretanto, quem observar a evolução da vida econô-mica, conhecer a sua história, pesquisar as suas múltiplas manifestações, investigar o seu aperfeiçoamento, perceberá
—
17que, nestes últimosduzentosanos, surgiu
um
elemento novo que, de maneiradecisiva, tem concorrido para a eficiência demaior e melhor produção: é progressotécnico.O
progressotécnico,atravésdeseusmúltiplosprocessos e manifestações desenvolve,sem cessar,as matériasnaturaisutilisáveise osefeitosdotrabalhohumano.
Equeéo progressotécnico?
Não
seráoprogressocientíficoencaradonosfatos eco-nômicos? Atravésdo progresso técnico,ohomem
vai domi-nando as dificuldades. Derivado, como é,duma
atividade científica experimental,vai representaruma
capacidade de ação maiseficaz adquirida pelohomem
graças ao esfôrço intelectualsôbre os elementosmateriais.Perguntar-se-á:
—
se o progressotécnico não surgisse, nãointerviessenavidados povos, manifestar-se-iam os fenô-menos econômicos contemporâneos? Apresentar-se-iam nos seus efeitose nas suas reações,comoseapresentam,em
be-nefícioda humanidade?A
produçãoteriasidotão crescente?Quem,certamente,no exame de taisdetalhes, na pes-quisa detaisetantas circunstâncias,procura sentire obser-varovalordo progressotécnicocomofatordeterminanteda evoluçãoeconômica contemporânea, há-deconcluirque não
existirianenhum fenômenoeconômico esocialda época pre-sente senãoocorresseo progressotécnico,queprovocou
uma
produção semprecrescente,e, consequentemente,um
consu-mo,deigual sorte,sempreascencionalEnquanto constituem fatoresda produçãoa naturezae 18
—
o trabalho humano,
em
relaçãoao consumoos fatores con-correntes paraa suaconstituição são precisamente a produ-ção e as necessidades humanas. Eé issoclaro, pois,que ohomem
não poderá consumir oqueêlenãoproduz,e, inver-samente,não poderáêleproduzirutilidadequenãoconsome.A
análise de tudo leva-nos ao estudo do rendimento, comodecorrênciadaprecisãoe rapidezda açãohumanaem
dominar asdificuldades.Na
investigaçãodetaisrendimentos iremosconcluirquanto à sua origem,que provêmdaprópria natureza e constituem expressãodotrabalho humano.Não
há mais dúvida dequeo progressotécnicotrouxe melhoria de rendimentoem
cada hectare de terra, como, também se pode crêrque o progresso técnico levou aum
maior rendimentoo trabalhohumano. Écertoquehojenão seprocurainvestigar sefoiutilisadamatéria prima,masqual a quantidade absorvidanumahoradetrabalho.Considerando queo progresso do rendimento da natu-reza nãoé proporcional aodorendimentodotrabalho, per-gunta-se: qual dêles constituifator mais importante para o
homem?
Certamente, através da análise dos fatos econômicos irerrtos deduzirda maiorvalia
em
relaçãoaorendimentodo trabalho "humano,cuja medida irá determinaraquelas apre-ciações queAndré Siegfried exprimiu numasíntese da evo-lução humana: "Je m'imagine que, lorsque les homens, de chasseurs etnômadequ'ilsetaint,sontdevenus,auneolitique, agriculteurs et sedentaires, une crise de pareille magnitude—
19a duseproduire. Lechangementd'âge humainauquel nous assistons actuellement
me
parait d'aussigrande porteé: peut être dira-t-onplus tard,en enparlant, quec'estl'âgede la machine,comme
nous parlonsde l'âge paleolithiqueou neo-lithique".
Éo"século técnico",de quenosfalaSombart, que, atra-vésdeordens de progressos técnicos, tanto veiu refletir no aumentogeraldo mundo, no incrementode sua população, com a diminuiçãodemortalidade: "por
uma
parte, acrescen-taSombart, pelo aperfeiçoamento da higiene,dos meiosde lutacontra as endemias,edatécnicamédiaem
geral;e,por outra,pelo aperfeiçoamentodatécnicaprodutiva,edos trans-portes, que,aseu turno, abriram apossibilidadede assegu-rarasubsistênciaa tôda a população". (ElBurguês).Vivêndo o
homem
permanentementenodesejode satis-fazer as suas necessidades, esta atividade que poderiamos chamar deatividadeeconômica,leva-oa tomar contactocom omundo
exteriorea atuar sôbreêle. Daí considerarmosque tôda modificaçãodanatureza, provocada pelo trabalho hu-mano, conduz à produção, e, consequentemente, provoca o transporte.
Tôda invenção técnica põe constantemente o
homem
econômicoem
contacto comarealidade, sustentaVierkandt, eêste domíniodohomem
sôbre a natureza criaasformas com que semanifestaa vidaeconômica, através dosmodos e sistemasda produção, adistribuição, asorganizaçõesde tôdaíndole.20
—
Eis porque se deve considerar a real importância dos transportes na vida econômica: com seu valor financeiroe técnico,constituem, sem dúvida,
um
dos grandes problemas daépoca. Suaorganização,comreflexona produção, éde enormesignificado prático.Indiscutivelmente,a naturezadafunçãodaprópria orga-nização dostransportesdeve constituir
um
marco da econo-miageral.Diz-nos Bonaviaquea"Humanidadeestáatarefada, es-timulandoa natureza e aajudandoa transformar a semente
em
fruto,o mineralem
metal.A
matéria é maisdesejávelem um
determinadolugarqueem
outro,em uma
época do ano queem
outra,e, assim, sedesenvolveotransporte,a distri-buição,e todoo mecanismocomercial".A
função dos trans-portes, continua Bonavia, é levaras mercadorias depontos nos quais sua utilidadeé relativamente,baixa para aqueles outrosnosquaisé relativamentealta".Claroestáqueos serviçosdetransportesconstituem
uma
partevitaldacorrentedeutilidadesque comprendeosistema econômico.Emverdade,subsistena produçãoaatividadepelaqual ohomem,procura novos meios para satisfazersuas necessi-dades, transformando a matériatomada à natureza e pon-do-a
em
condiçõesdeserutilizada. Eaproduçãouma
"cria-çãodeutilidades",na expressãode Zamora,paraquemtais utilidades podemconsistir: a) notransportedecoisasdeum
sítio
em
quenãosãoúteis,aolugarem
queserãoutilizadas.—
21criando, dest'arte, a utilidade espacial; b) na conservação das coisas por longo tempo, para usá-lasquando,
em
ver-dade, forem úteis, constituindo a utilidade temporal; c) na transformação das matérias primas,como propósitode lhes daruma
formaadequada aofimaquesedestinamcriando, dêste modo,a utilidadeformal.
Eiremos melhor observar osreflexosdovalordos trans-portes se fizermos rápido apanhado da evolução humana, através de evolução do processo econômico. Verificaremos que tôdas as sociedades que antecederam ao capitalismo, desde oclã primitivo,composto porváriasdezenas de pes-soas,atéà sociedadefeudal, integradapor milharesde indi-víduos,foram organismos fechados, que, quase inteiramente, se bastavam asi mesmos, sem necessidade de trocas. Era certoque,
em
taissociedades, seobservava, dealguma ma-neira, a divisão dotrabalho, masos benseram produzidos exclusivamente para o consumodireto da comunidade pro-dutora, entre cujosmembros eramdistribuidos.Com
o surgimentodo capitalismo, coma utilização da riqueza, novas formas e fórmulas se manifestaram, levando a modificações no regime econômico,que poderemosdestacar sob alguns dosseguintes aspectos: a)jánãoseproduz para o consumodiretodosprodutos,mas comoobjetivodetroca;b) ocorre,por assimdizer,
uma
limitaçãodaatividadeda pro-duçãoem
relaçãoaum
determinadobem
ou aum
número reduzidodebens, pela unidade produtora;c) a interligação entreuma
unidade produtora e outra para efeito detroca 22—
de bens produzidosconstitui ponto vital de subsistência; d) osefeitos da produção determinaramos recursos quetanto beneficiam aos elementos participantes da própriaatividade de
uma
emprêsa.Com
o aparecimento desta novaera,aqueZamora de-nomina de "era da utilização das riquezas", está evidente queos transportestiveramum
papel muitoparticularem
sua funçãodereduzirao mínimoos efeitos doobstáculoda dis-tância."Efetivamente, ladistancia esun obstáculoque la orga-nizacióndelostransportes tienecomofin,ycomoefecto pra-tico, eldereducirlo;enelcumplimientodecomoenesta fun-ción,eltransportistadebe,sinrecurriramedidasarbitrarias, inspirarse amplamiente en lascircunstancias econômicasdei tiempo ydei lugary tender a favorecerel acceso a las re-giones másalejadas deloscentros de produción". (Paul de Croote).
Considere-se que,comadestruiçãoou reduçãodo obstá-culodadistância, comoseopera a criaçãodenovas utilida-desdolugar,-êste princípioparece decorrentedo fundamento de queo "transportecumpresua verdadeira missãoquando beneficiaaos consumidores,extendendo omercadoe fazendo desaparecer asvantagens quetalvezrepresentem
um
semi-monopólio, queos produtores individuaispodem derivar da situação". (Bonavia).Eis porque o princípio da necessidade do transporte é vitalna vida econômica,cujanecessidadesesitua,
em
síntese,—
23nodespachodemercadoriasoudepessoasde
um
lugarpara outro.
Quantoàs formasquereveste, naprática,esta necessi-dade, são variadas. Para suasatisfaçãoexistemdiversos mo-dosdetransportes, oriundosdetécnicas diversas.
Daíconeiderar-se, de
modo
exclusivo, quetôda organi-zação detransporte constitui fatorpreponderantedaprópria organizaçãoeconômica.24
—
III