• Nenhum resultado encontrado

A emergência do ambiente como questão social – principais aspectos

Capítulo II – A Emergência do Ambiente como Questão Social e Política

2. Sociedade e ambiente

2.2. A emergência do ambiente como questão social – principais aspectos

Na maior parte dos países ocidentais, foi no final dos anos sessenta, início dos anos setenta, que a opinião pública começou a despertar para os problemas da degradação ambiental15. Como dissemos anteriormente, para este despertar e consolidar das

15

Relativamente ao despertar da opinião pública dos países ocidentais para as questões e problemas ambientais há um extremo consenso entre os diversos autores consultados, tanto no que se refere ao momento, por assim dizer, desse despertar, como às suas causas. Desses autores, permitimo-nos destacar Dunlap e Van Liere (1980; 1981); O’Riordan (1981); Dwivedi (1986); Buttel (1986); Newby (1989); Buttel et al (1990); Dunlap (1991); Dunlap, Mertig e Mitchell (1991); Wynne (1992c); Dunlap e Jones (1992); Yearley (1992); Mormont (1993a); Champagne e Pagés (1994); Dunlap e Mertig

Capítulo II. – A emergência do ambiente como questão social e política nas sociedades contemporâneas

preocupações sociais relativamente ao ambiente, não foram alheios alguns acontecimentos políticos e científicos, assim como algumas catástrofes ambientais que segundo Mormont (1993a) serviram como sinais de alarme e como reveladores de que os recursos naturais, tal como os conhecemos, não são inesgotáveis ou infinitamente renováveis. Tais acontecimentos e catástrofes vieram igualmente colocar a ênfase na interdependência intransponível entre os recursos naturais (e a sua continuidade) e as formas de organização social.

Talvez a obra mais relevante neste domínio, pelo seu impacte na opinião pública, tenha sido o livro Silent Spring de Rachel Carson (1962). Neste, a autora chamava a atenção para a grande interdependência entre os sistemas sociais e os sistemas biofísicos e essencialmente para os perigos associados ao uso de determinadas substâncias químicas pela agricultura, quer em termos da saúde humana, quer em termos da continuidade dos ecossistemas. Outros trabalhos com impacte idêntico se seguiram, sendo de destacar o célebre Relatório Meadows ou Os Limites do Crescimento (Meadows, 1972) obra que preparou a primeira Conferência de sobre Ambiente e Desenvolvimento Humano ocorrida em 1972 em Estocolmo. Em 1987 surge outra obra relevante, no domínio das preocupações da opinião pública com o ambiente: o Relatório Brundtland ou Our Common Future (WCED, 1987), que além de ser um documento preparatório da Conferência do Rio de Janeiro em 1992, veio introduzir definitivamente o conceito de desenvolvimento sustentável na agenda pública e política, ou seja, a noção da necessidade de as sociedades actuais utilizarem os recursos naturais de modo a não comprometer a sua utilização pelas gerações vindouras.

No domínio dos debates internacionais consideramos como mais importantes, quer a Conferência de Estocolmo, quer a sua congénere realizada exactamente vinte anos depois – a Cimeira da Terra ou Eco’92 como ficou conhecida esta reunião acerca do Ambiente e do Desenvolvimento Humano, realizada no Rio de Janeiro. Esta última teve uma cobertura mediática sem precedentes, em termos das suas conclusões e resultados. Na sequência deste acontecimento muitas outras cimeiras e reuniões e debates internacionais se têm realizado para tentar medir (e em muitos casos ainda implementar) algumas das propostas então colocadas e/ou postas em prática pelos diversos países envolvidos16.

Paralelamente a estes (e outros) acontecimentos científicos e políticos, a ocorrência de catástrofes ambientais, um pouco por todo o mundo, desempenhou um papel muito importante no que se refere ao despertar da opinião pública para os problemas do ambiente,

(1995); Dunlap (1995); Figueiredo e Martins (1996a, 1996b e 1999); Bell (1998); Dunlap e Rosa (2000); Pepper (2000); Mela, Belloni e Davico (2001).

16

Entre 26 de Agosto e 4 de Setembro de 2002 realizou-se em Joanesburgo uma nova Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento Humano, igualmente muito divulgada pelos mass media. O objectivo essencial desta nova Cimeira da Terra foi a discussão da aplicação dos princípios da Agenda 21, estabelecidos na Eco’92. Não é possível ainda fazer o balanço deste evento, mas os media têm divulgado a fragilidade dos compromissos saídos desta conferência internacional.

como Bophal, Seveso e Chernobyl e toda uma multiplicidade de acontecimentos de maior ou menor dimensão envolvendo a degradação dos recursos naturais17. Não apenas o número destas catástrofes parece ter aumentado à medida que avançamos no tempo, como as suas consequências tendem a ser de maiores dimensões. Por outro lado, não podemos esquecer que a cobertura mediática a acontecimentos desta natureza também se alargou bastante nos últimos anos, o que parece ter contribuído para que a opinião pública percepcione estas catástrofes em termos do aumento do seu número e em termos da maior dimensão dos seus efeitos. Como refere Smil (1993: 5) “uma vez iniciadas as preocupações ambientais, os media ocidentais, tão diligentes na procura de acontecimentos catastróficos, mantiveram a atenção do público viva através de constantes fluxos de más notícias”. Deste modo, podemos avançar, desde já, que os mass media parecem ter desempenhado um papel crucial no despertar da preocupação da opinião pública com o ambiente. O seu desenvolvimento tornou possível a expansão de novas formas de pensar e de agir neste domínio (como em outros) e tornou igualmente possível o aumento do conhecimento (e.g. Spooner, 1983; Stallings, 1990; Burtscher, 1993; Schmidt, 2001). Contudo, não foram apenas os media a desempenhar este papel de formadores da opinião pública no que se refere ao ambiente, como veremos mais adiante neste ponto.

Como diz Dunlap (1995b: 63) “há cerca de um quarto de século, a qualidade ambiental começou a emergir como um dos principais problemas sociais. Aspectos como a protecção da vida selvagem e a poluição atmosférica, receberam a atenção de um pequeno número de conservadores e responsáveis pelos serviços de saúde, mas em meados dos anos 60, uma vasta série de ameaças à qualidade do ambiente começou a atrair a atenção dos media , dos políticos e do público. Em 1970, o ambiente tornou-se claramente uma grande preocupação social”. O autor refere-se aos EUA, país em que estas questões entraram na agenda pública e política, assim como no debate científico, mais cedo que na maior parte dos outros países ocidentais e desenvolvidos.

Temos falado de preocupação pública ou preocupação social com o ambiente. Estamos conscientes de que se trata de um conceito extremamente vasto e que, por isso mesmo, pode ser aplicado a um vasto leque de dados. Muitos teóricos da opinião pública têm dado importantes contributos para esclarecer o significado desta noção, entendendo-a frequentemente como a agregação das opiniões individuais. Parece-nos ser útil referir que faz sentido falar de opinião pública face a um determinado assunto quando existem níveis significativos de interesse, consenso e intensidade nessa opinião. Neste contexto, é

17 De facto, desde a década de sessenta têm ocorrido e sido divulgadas inúmeras catástrofes ambientais, de que o

acidente de Seveso em 1976, o do Bophal em 1984 e o de Chernobyl em 1986 constituem os melhores exemplos. Para além destes acidentes, podemos destacar ainda a contaminação por mercúrio da baia de Minamata, no Japão, na década de cinquenta, o afundamento, com derrame de hidrocarbonetos, do navio Exxon Valdez na costa do Alasca, a avaria de um reactor nuclear na central de Three Mille Island, nos Estados Unidos da América em 1979 ou a Guerra do Golfo em 1991 e a recente ofensiva contra o Iraque, em 2003.

Capítulo II. – A emergência do ambiente como questão social e política nas sociedades contemporâneas

importante distinguir vários níveis de público e respectivas opiniões, face a um dado problema. Tendo em conta os problemas ambientais, poderíamos esquematizar os níveis de opinião do público como exemplificado na figura 2.2.

Figura 2.2 – Distinção de vários níveis de público organizado em torno dos problemas ambientais

Público Opositor Público Neutro Público simpatizante Público atento PROBLEMAS AMBIENTAIS Activistas ambientais

Fonte: Construído a partir de Dunlap (1995b)

Esta figura pretende ilustrar os vários níveis (ou órbitas) de público organizado em torno dos problemas ambientais. Assim, no coração do movimento de preocupação com as questões e problemas ambientais, encontramos os activistas, ou seja, os indivíduos que não só estão preocupados com os problemas como agem sobre eles, frequentemente através da sua divulgação e/ou através da pressão junto dos organismos políticos responsáveis pela sua minimização ou resolução. Em torno deste núcleo encontramos uma faixa que compreende o público atento, i.e., os indivíduos interessados e informados acerca dos assuntos ambientais. Este público atento apoia em geral as causas ambientais “assinando petições, votando em candidatos pró-ambiente e talvez contribuindo com dinheiro para campanhas ambientais específicas” (Dunlap, 1995b: 69). A terceira faixa, e também a mais larga, é constituída pelo público simpatizante, ou seja, pelos indivíduos que embora possam não dedicar muita atenção a estas questões, expressam algum apoio aos esforços desenvolvidos para proteger

e/ou melhorar a qualidade ambiental. No exterior destas três primeiras órbitas (que podemos designar como pró-ambientais) encontramos o público neutro e o público opositor. No primeiro caso, trata-se de indivíduos que têm pouco interesse pelas questões e problemas ambientais, não tendo igualmente uma opinião acerca dessas questões e/ou problemas. No segundo caso, como a própria designação indica, estamos perante um grupo de indivíduos que, em geral e em diversos graus, se opõe aos objectivos do movimento ambiental e possui opiniões que poderemos caracterizar como anti-ambientalistas. Como apresentação esquemática que é, a figura 2.2 esconde as diversas variações que podemos encontrar dentro de cada uma destas órbitas. Efectivamente, cada uma delas pode encerrar uma grande variedade de posições dos indivíduos que a compõe. Ao nível da sua composição interna, cada um destes públicos pode apresentar igualmente uma grande diversidade18. Ainda assim, parece-nos útil apontar a correspondência, mesmo que imperfeita, entre os tipos de públicos e os tipos de opinião que a figura 2.2 procura representar. Assim, os assuntos ambientais não são apenas salientes para os activistas, como também as suas opiniões nesta matéria possuem maior intensidade. As questões ambientais são também relativamente salientes para o público atento, enquanto que para o público simpatizante mas não atento, elas possuem menor importância. Este último tipo de público, no entanto, “parece responder numa direcção pró-ambiental quando questionado acerca de aspectos relacionados com o ambiente” (Dunlap, 1995b: 70). Quanto ao público neutro é legítimo esperar que não manifeste qualquer tipo de opinião, enquanto que relativamente ao público opositor se espera que exprima, em vários graus de intensidade, uma opinião anti-ambiental. Até agora temos vindo a argumentar que os principais motivos para o despertar da opinião pública para as questões ambientais, no mundo ocidental, foram as catástrofes e os acontecimentos políticos e científicos ocorridos nas últimas décadas, mediatizados pela atenção e discurso dos mass media e igualmente pela acção dos activistas ambientais. A esta preocupação alguns autores (e.g. Mormont, 1993a) têm chamado também consciência ambiental ou sensibilidade ambiental. No entanto, em nosso entender este conceito é demasiado específico para caracterizar uma opinião pública que é, como vimos, demasiado abrangente, quer em termos da sua composição, quer em termos da intensidade da atenção que dedica aos problemas e/ou questões ambientais. A grande questão que Mormont (1993a) coloca a propósito da consciência ambiental é justamente a de saber que tipo de modelos de análise podem dar conta da sua emergência e do seu conteúdo. Para este autor existem três grandes tipos de modelos explicativos, a saber:

1. em primeiro lugar, o autor avança a explicação mais frágil, que radica no pressuposto de que a consciência ambiental provém de uma percepção dos agentes sociais face à

18 No que se refere à composição interna dos públicos pró-ambientalistas e dos activistas do ambiente, ver o trabalho

Capítulo II. – A emergência do ambiente como questão social e política nas sociedades contemporâneas

degradação do ambiente físico e dos riscos que ela pode originar. Sem negar a evidência e a importância deste tipo de explicação, “podemos dizer que o simples assumir que a consciência ambiental se forma apenas a partir da percepção que os indivíduos têm da degradação do ambiente não é suficiente para abarcar toda a complexidade das diferentes reacções desses indivíduos” (Mormont, 1993a: 31), nem sequer nos dá a dimensão total da relação entre as condições de vida dos actores sociais e a importância que para eles assume a degradação da qualidade ambiental; 2. uma segunda explicação, mais frequentemente utilizada, faz apelo a um modelo social

de análise que encara a consciência ambiental como uma característica estrutural de certos grupos sociais. Estes são normalmente identificados como pertencentes à classe média (e.g. Lowe e Goyder, 1983). Colocando a análise da consciência ambiental como uma análise dos movimentos sociais, parecem ignorar-se e de certa forma ocultar-se as contradições reais que podem estar na origem destes movimentos, com particular destaque para aquelas que se encontram subjacentes aos movimentos de carácter ambiental. Estas contradições derivam das relações com a natureza e por isso mesmo não podem ser somente analisadas de um ponto de vista estritamente social, uma vez que a natureza possui também um carácter extra social, que o modelo de análise considerado “não consegue identificar, tendendo assim, a explicar estas contradições como tensões puramente sociais entre sistemas de valores, éticas ou interesses sociais” (Mormont , 1993a: 31);

3. segundo o autor mencionado, uma terceira via de explicação deverá ser desenvolvida, no sentido de procurar compreender de forma mais eficaz quais as ligações que, na interface entre os sistemas sociais e os sistemas biofísicos, nos dão conta da consciência ou sensibilidade ambiental. Esta questão chama a atenção para um aspecto já salientado no capítulo I, ou seja, a necessidade de encontrar modelos explicativos no âmbito da análise cientifíco-social, que integrem tanto elementos sociais como elementos naturais e que comportem, em consequência, variáveis muito heterogéneas.

Apesar de não existir nenhuma explicação consensual quanto aos modelos de análise a adoptar, nem quanto ao que podemos entender por consciência e sensibilidade ambiental, parece-nos útil separar aquilo que Mormont parece unir. Entendemos, então, por consciência ambiental a articulação entre a preocupação com os problemas ambientais e um comportamento adequado a essa preocupação. Dito de outro modo, a consciência ambiental une atitudes pró-ambientais a práticas consistentes com essas atitudes19. Nem sempre, no

entanto, se observa a existência de consistência entre atitudes ambientalistas e

19 A propósito da diferença entre atitudes e comportamentos ambientais e também da consistência entre estes dois

comportamentos. Nestes casos, o conceito de sensibilidade ambiental parece-nos o mais correcto, uma vez que indicia um certo nível de preocupação mas sem o correspondente desenvolvimento de práticas a ela associadas. No entender de Veitch e Arkellin (1995) a distinção entre atitudes e comportamentos e a análise da consistência entre umas e outros é fundamental, uma vez que ela coloca “em questão a capacidade de prever comportamentos [apenas] com base no conhecimento das atitudes” (idem: 108). No fundo, a consciência ambiental pressupõe a existência de uma relação entre o pensar e o agir verde, enquanto que a sensibilidade ambiental pressupõe apenas a existência do pensar verde (e.g. Figueiredo e Martins, 1996c e 1996d)20.

Feita esta distinção entre consciência e sensibilidade ambiental, cremos ser importante analisar quais os factores que estão subjacentes ao alargamento de ambos os fenómenos nas sociedades contemporâneas, ou dito de outra forma, ao alastrar das preocupações sociais com o ambiente. Genericamente podemos dizer que a formação da sensibilidade para as questões ambientais assenta, como sugerimos já, nas representações que os indivíduos têm dos problemas ambientais como ameaças ou como riscos às suas condições de vida e ao quadro de valores a elas associado. Estas representações são também fomentadas por uma série de actores e de instituições que, como vimos anteriormente, são portadores de uma série de informações mais ou menos objectivas sobre os problemas e as questões ambientais e mobilizam, consequentemente, determinadas percepções. Estas informações e representações num primeiro momento, parecem difundir-se em domínios e/ou grupos sociais específicos (i.e. entre os activistas ambientais e o público atento, para usar a terminologia precedente) para progressivamente se alargarem à generalidade da opinião pública. Este alargamento, como já percebemos, não se processa de forma linear, uma vez que nele intervêm diversos interesses e valores que diversificam as formas de apropriação das informações e representações difundidas.

No processo de formação, de alargamento e consolidação da sensibilidade ambiental não podemos negligenciar, então, o papel de um conjunto de factores, como os apresentados na figura 2.3. Se por um lado, estes factores condicionam a formação de uma opinião pública pró-ambiental, eles são, por sua vez, igualmente condicionados, com maior ou menor intensidade, pela apropriação que a opinião pública faz das questões e problemas relativos ao ambiente. Isto significa que não é possível estabelecer uma relação linear de causa-efeito entre o conjunto de factores apresentado na figura e a emergência de uma sensibilidade ou consciência ambiental, mas que antes se estabelece um processo de forte interacção. Por outro lado, esta interacção não se observa apenas entre o conjunto de factores e a opinião

20A este respeito, Redclift (1997: 41) diz-nos que “alcançar mesmo modestos objectivos ambientais requer alterações

significativas no comportamento humano. Mas como devem ser realizadas essas alterações de comportamento? (…). Todos possuímos evidências de que as percepções influenciam os comportamentos em sentidos por vezes perversos”.

Capítulo II. – A emergência do ambiente como questão social e política nas sociedades contemporâneas

pública, mas também entre os próprios factores, determinando, deste modo, o potencial reforço, para alguns deles, da influência que têm na formação e consolidação da sensibilidade ambiental (e.g. Figueiredo e Martins, 1994: 1996a; 1996b e 1996c). No início deste ponto fizemos referência a algumas das catástrofes ambientais e acontecimentos políticos e científicos que, como dissemos serviram de sinais de alarme para a opinião pública, na medida em que deram sentido e visibilidade às inquietações emergentes e se constituíram, de certa forma como a materialização das ameaças. Acreditamos ser indiscutível o seu papel neste domínio, embora reconheçamos que na sua difusão junto do público, como referimos já, os mass media tenham tido um papel de extrema importância.

Figura 2.3 – Principais factores intervenientes na formação, alargamento e consolidação da sensibilidade e da consciência ambiental

Processos de educação formal

Acção dos Catástrofes / Mass Media / acontecimentos

políticos e científicos SENSIBILIDADE DA OPINIÃO

PÚBLICA PARA AS QUESTÕES/

/PROBLEMAS AMBIENTAIS

Discurso e prática política Publicidade e institucional

Acção das ONG

Fonte: Adaptado de Figueiredo e Martins (1996c)

Geralmente, os estudos no âmbito das ciências sociais relativos ao alcance e natureza dos efeitos dos meios de comunicação de massas (e.g. Juan, 1993) reconhecem o enorme poder de influência desses meios na sociedade. Esse poder parece ser exercido através de vários aspectos, dos quais destacamos:

ƒ a monopolização dos tempos livres dos indivíduos; ƒ o contributo para a formação da opinião pública; e

ƒ o facto de serem as principais fontes de informação nas sociedades modernas.

Em consequência disto, os mass media podem ser também crescentemente entendidos como meios de socialização nas sociedades ocidentais, mercê das diversas transformações ocorridas nessas mesmas sociedades, muito particularmente no seio de instituições sociais como a família. Com base neste entendimento será inegável que os media condicionam as percepções e interpretações que os indivíduos têm da realidade e reintegram-nos na

sociedade, através da cultura colectiva, realizando assim, igualmente, aquilo a que podemos chamar uma função de coesão social. Como refere Juan (1993: 191) ”as mensagens dos meios de comunicação de massas contribuem para formar uma concepção do mundo, sendo evidente que participam na determinação das atitudes, já que através das mensagens o receptor da informação, recebe a representação das tarefas, as funções, as instituições e as relações que lhes são atribuídas na sociedade”. A crescente função de socialização atribuída aos media, no domínio dos problemas ambientais integra-se assim neste quadro geral. Muito do seu contributo para a socialização dos indivíduos neste domínio fica a dever-se à utilização de um discurso muito particular. A linguagem mediática utilizada (da qual destacamos o seu veículo mais poderoso – a imagem) tem um papel determinante na dramatização e exacerbação dos problemas ambientais divulgados junto da opinião pública. A importância decisiva dos mass media no domínio da divulgação dos problemas ambientais é salientada por diversos autores21. Todos estes autores, embora analisem na maior parte dos casos a actuação dos media face a questões ambientais específicas (e.g. as chuvas