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Um rural para viver, outro para visitar : o ambiente nas estratégias de desenvolvimento para as áreas rurais

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Academic year: 2021

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Elisabete Maria

Melo Figueiredo

Um Rural para viver, outro para visitar – o

ambiente nas estratégias de desenvolvimento

para as áreas rurais

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Universidade de Aveiro 2003

Departamento de Ambiente e Ordenamento

Elisabete Maria

Melo Figueiredo

Um Rural para viver, outro para visitar – o

ambiente nas estratégias de desenvolvimento

para as áreas rurais

Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de doutor em Ciências Aplicadas ao Ambiente, realizada sob orientação científica do Dr. Pedro Hespanha, Professor Associado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e do Dr. Artur da Rosa Pires, Professor Catedrático do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro.

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Prof. Doutor Artur da Rosa Pires

Professor catedrático do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro

Prof. Doutora Celeste de Oliveira Alves Coelho

Professora catedrática do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro

Prof. Doutor José Francisco Gandra Portela

Professor catedrático do Departamento de Economia e Sociologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Prof. Doutor Agostinho Mesquita Antunes de Carvalho

Professor associado com agregação do Instituto Superior de Ciências da Saúde – Sul, Cooperativa de Ensino Superior Egas Moniz

Prof. Doutor Pedro Manuel Teixeira Botelho Hespanha

Professor associado da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

Prof. Doutor Eduardo Anselmo Moreira Fernandes de Castro

Professor associado do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro

Prof. Doutora Maria Inês Abrunhosa Mansinho

Professora auxiliar do Departamento de Economia Agrícola e Sociologia Rural do Instituto Superior de Agronomia

Prof. Doutora Maria Teresa Fidélis da Silva

Professora auxiliar do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro

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E principalmente por tudo aquilo que partilhámos e cujo sentido não cabe em nenhuma palavra conhecida.

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sempre me demonstrou.

Ao Professor Doutor Artur da Rosa Pires agradeço a orientação e disponibilidade sempre demonstrada para com o meu trabalho, quer no âmbito desta tese, quer ao longo dos últimos anos.

Agradeço ao PRODEP-Formação a concessão de uma bolsa, entre 1996 e 1998, para a realização do trabalho.

A todos os meus colegas e ao Conselho Directivo do dAOUA agradeço o apoio que sob diversas formas me deram.

Gostaria igualmente de expressar a minha gratidão ao Arquitecto Carlos Guerra, Director do Parque Natural de Montesinho até 1998, pelo apoio dado e pela simpatia com que me recebeu e à Dr.ª Conceição Régua, técnica superior do mesmo Parque, que sempre se disponibilizou a facultar-me toda a informação pretendida. A minha gratidão estende-se aos restantes técnicos e funcionários do Parque Natural de Montesinho pelo acolhimento e auxílio prestado em diversas ocasiões, muito particularmente à Estela.

Ao Engenheiro Rui Caseiro, da Associação CoraNE, agradeço a disponibilização de informação sobre a associação, bem como o tempo que me dispensou. Ao Dr. João Carlos Pinho, da ADRIMAG e à Dr.ª Maria de S. José Sabino Nogueira, da ADDLAP, agradeço a enorme simpatia e o interesse que demonstraram para com o meu trabalho, que materializaram sob as mais variadas formas.

Aos Presidentes das Juntas de Freguesia da área do Parque Natural de Montesinho e da área da Serra da Freita, bem como aos Presidentes das Câmaras Municipais de Bragança, Vinhais, Arouca, S. Pedro do Sul e Vale de Cambra, quero agradecer o tempo e as preciosas informações que entenderam partilhar comigo.

Aos Directores das 22 Áreas Protegidas que acederam responder ao Inquérito por Questionário que lhes enviei, agradeço o tempo e o cuidado dispensado.

A cada um dos 421 inquiridos, residentes na Serra da Freita e no Parque Natural de Montesinho a quem roubei mais de uma hora do seu tempo, afastando-os dos seus afazeres quotidianos, quero agradecer as respostas que me deram, aquilo que me ensinaram e igualmente a coragem de permanecerem habitantes rurais.

Aos 300 visitantes inquiridos em ambas as áreas, agradeço também a disponibilidade que demonstraram para, sacrificando cerca de uma hora do seu tempo de lazer, conversarem comigo.

Ao Professor Marc Mormont agradeço ter-me recebido na Fondation Universitaire Luxembourgeoise de Belgique – Unité de Recherche et Enseignement en Sciences de L’Environnement – e de me ter possibilitado o contacto com especialistas na área da sociologia do ambiente e na área das políticas públicas no domínio do ambiente. Agradeço-lhe também a disponibilidade e as indicações úteis que me deu numa fase inicial do meu trabalho.

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Ao Professor Riley E. Dunlap, da Washington State University, quero agradecer o envio de bibliografia sobre o tema tratado e, principalmente, o carinho que me dedicou. À Dr.ª Ana Cláudia Vasconcelos agradeço a companhia durante a maior parte do trabalho de aplicação do inquérito por questionário aos residentes na Serra da Freita. À Arquitecta Mª José Curado agradeço o trabalho de digitalização da cartografia, assim com a sua generosidade. A Teresa Andresen, Teresa Fidélis, Eduardo Anselmo Castro, João Cabral, António Ferreira, Carlos Rodrigues, Isabel Ferreira, Sandra Valente, Fátima Alves e Jacob Keizer quero agradecer a amizade e o apoio que, sob variadíssimas formas, me foram demonstrando ao longo do trabalho.

Aos meus alunos quero agradecer o facto de me recordarem constantemente os desafios e o dinamismo da realidade social.

À Professora Doutora Celeste Coelho agradeço o apoio, a amizade e a generosidade permanentes.

A Filomena Martins, quero expressar a minha gratidão não apenas pela sua amizade, mas igualmente pelo facto de me ter permitido trabalhar, discutir e aprender com ela em muitas ocasiões.

Ao Fernando Nogueira, agradeço os comentários que foi fazendo ao trabalho, bem como os momentos e pensamentos partilhados.

Agradeço aos meus amigos e familiares todo o apoio e incentivo, mesmo se indirecto, que me deram nos últimos anos, em particular aos meus pais, António e Maria Augusta, à Sílvia, ao Quim, ao Guilherme, à São, à Cristina Sá, à Teresa Palma, à Isabel M. Martins Moreira, ao Pedro Ferrão e à Marta.

Gostaria de incluir nos agradecimentos os Professores Doutores Joaquim Gil Nave e Aida Valadas de Lima, meus professores de Sociologia Rural no ISCTE porque, embora sem intervenção directa neste trabalho, foram eles e o seu entusiasmo os principais responsáveis pelo meu interesse pelas áreas rurais como objecto de investigação.

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particularmente da sociologia, para a compreensão das representações sociais sobre os processos associados à protecção do ambiente e à promoção do desenvolvimento nas áreas rurais, tendo em conta as transformações que estas sofreram ao longo das últimas décadas.

Argumenta-se que a marginalização ou a fraca integração das áreas rurais portuguesas - particularmente das áreas rurais a que podemos chamar profundas ou remotas - nos modelos de desenvolvimento socioeconómico vigentes nas últimas décadas, tende a colocá-las, actualmente, como áreas centrais no contexto dos paradigmas de desenvolvimento emergentes e em processo de consolidação, nos quais o ambiente surge como um aspecto fundamental. A integração e a valorização actuais das áreas rurais são sobretudo processos exteriores a essas mesmas áreas e por esta razão, estes processos tendem a não ser compreendidos e aceites como legítimos por uma boa parte das populações rurais. Este facto conduz potencialmente a conflitos, sustentados em representações, práticas e legitimidades diversas, quer face ao ambiente, quer face ao desenvolvimento socioeconómico. A discussão sobre a oportunidade e as formas de integração das áreas rurais nos modelos de desenvolvimento actuais enquadra-se também no debate contemporâneo acerca dos processos associados à globalização, às transformações das sociedades modernas e à emergência da pós-modernidade. A tese estrutura-se em quatro partes principais. Na primeira, com base na revisão bibliográfica, procedemos à caracterização do debate actual sobre a emergência do ambiente como questão social e política nas sociedades contemporâneas em geral e na sociedade portuguesa em particular. Na segunda parte, ainda com base na revisão de literatura, procura-se analisar a passagem das áreas rurais de produtoras de alimentos a guardiãs do ambiente natural, tendo em conta as suas principais transformações, quer no âmbito das sociedades ocidentais, quer no contexto português. A terceira parte aborda a questão do lugar do ambiente nas políticas de desenvolvimento em geral e de desenvolvimento rural em particular, tendo por base a revisão bibliográfica e a análise da legislação e dos programas e medidas concebidos e implementados para as áreas rurais. Finalmente, na quarta parte, apresenta-se a análise empírica, baseada no estudo das representações e práticas face à protecção do ambiente e aos processos de desenvolvimento socioeconómico, dos residentes, visitantes e entidades político-administrativas e económicas das áreas da Serra da Freita e do Parque Natural de Montesinho.

As principais conclusões da tese revelam que existe um rural para viver e um rural para visitar, ou seja que as representações e práticas dos residentes e dos visitantes de ambas as áreas consideradas não são coincidentes, fazendo emergir dois universos paralelos e uma nova dicotomia rural/urbano. A investigação revela ainda que as representações e práticas dos residentes não são tidas em conta nos processos de elaboração e implementação de

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programas e medidas para as áreas rurais. Mais ainda, observa-se que as representações e práticas dos visitantes face àquelas áreas tendem a sobrepor-se às dos residentes nos programas e medidas que visam o mundo rural em Portugal. Face a isto, concluímos pela necessidade de um modelo de gestão das diversidades encontradas com capacidade para incorporar as diferentes necessidades, interesses e aspirações dos residentes e dos visitantes das áreas rurais. Recomenda-se que esse modelo se baseie numa negociação permanente entre os vários actores sociais e institucionais em presença. Recomenda-se igualmente que o desenvolvimento rural, em prol da sua eficácia, não ultrapasse os interesses e as necessidades das populações a que primeiramente se destina.

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particular, for the understanding of the social representations on the processes associated with the environment protection and with the development promotion in the rural areas, taking into account the transformations that they underwent along the last decades.

It is argued that the marginalisation or the weak integration of the Portuguese rural areas – in particular the ones that we can call remote – in the socio-economic development models prevailing in the last decades, tends to place them nowadays as central areas in the context of the emergent development paradigms and in consolidation process, in which the environment appears as a fundamental aspect. The present integration and valorisation of the rural areas are above all external processes to those same areas. For this reason these processes tend not to be understood and accepted as valid by a fair part of the rural populations. This fact leads potentially to conflicts, supported on several representations, practices and racionalities, either in view of the environment, or in view of the socio-economic development.

The discussion about the opportunity and the forms of integration of the rural areas in the present development models corresponds also to the contemporary debate concerning the processes associated with globalisation, the transformations of the modern societies and the emergency of postmodernity.

The thesis is structured in four main parts. In the first one, based on the bibliographical review, we characterise the present debate on the emergency of the environment as a social and political issue in the contemporary societies in general and in the Portuguese society in particular. In the second part, still based on the literature review, we analyse the passage of the rural areas from food producers to guardians of the natural environment, taking into account their main transformations, either in the ambit of the western societies, or in the Portuguese context. The third part deals with the question of the environment’s role in the development politics in general and the rural development ones in particular, based on the literature review and on the analysis of the legislation and the programs and measures conceived and implemented for the rural areas. Finally, in the fourth part, we present the empirical research, based on the analysis of the representations and practices in view of the environmental protection and the socio-economic development processes, of the residents, visitors and political-administrative and economic entities of the ‘Serra da Freita’ and the Natural Park of Montesinho areas.

The main conclusions of the thesis reveal that there is a rural to live in and a rural to visit. In other words, we bring to the fore that the representations and practices of the residents and visitors of both areas studied are not coincident, causing the emergence of two parallel universes and of a new rural/urban dichotomy. The research also reveals that the residents’ representations and practices are not considered in the decision-making processes related to the elaboration and

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implementation of programs and measures for the rural areas. All the more, it is observed that the visitors’ representations and practices concerning those areas tend to superimpose upon the residents ones in the programs and measures that have in view the rural space in Portugal. In the face of this, we infer the need of a management model of the diversities, with capacity to encompass the different needs, interests and aspirations of the residents and visitors of the rural areas. It is recommended that such a model should be based on a permanent negotiation among the several social and institutional actors in presence. We also propose that the rural development, if it intends to be an effective process, must not surpass the interests and the needs of the populations whom it is addressed in the first place.

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contribution des sciences sociales, la sociologie en particulier, pour la compréhension des représentations sociales sur les processus associés à la protection de l’environnement et à la promotion du développement dans les régions rurales, en considérant les transformations qu’elles ont subi le long des décennies dernières.

Il est argumenté que la marginalisation ou l’intégration faible des régions rurales portugaises – en particulier des régions rurales que nous pouvons appeler profondes – dans les modèles de développement socio-économique prédominantes dans les décennies dernières, a tendance à les placer, aujourd’hui, comme des régions centrales dans le contexte des paradigmes de développement émergents et en voie de consolidation, dans lesquels l’environnement paraît comme un aspect fondamental. L’ intégration et la valorisation actuelles des régions rurales sont surtout des processus extérieures à ces mêmes régions. Pour cette raison, ces processus ont tendance à ne pas être compris et acceptés comme légitimes pour la plupart des populations rurales. Ce fait aboutit potentiellement à des conflits, soutenus sur des représentations, pratiques et légitimités diverses, soit face à l’environnement, soit face au développement socio-économique.

La discussion au sujet de l’opportunité et les formes d’intégration des régions rurales dans les modèles de développement actuels correspond aussi au débat contemporain à propos des processus associés à la globalisation, aux transformations des sociétés modernes et à l’émergence de la postmodernité.

La thèse est structurée en quatre parties principales. Dans la première, fondée sur la révision bibliographique, nous caractérisons le présent débat sur l’émergence de l’environnement comme une question sociale et politique dans les sociétés contemporaines en général et dans la société portugaise en particulier. Dans la deuxième partie, fondée encore sur la révision de la littérature, nous analysons le passage des régions rurales de productrices de nourriture à des gardiens de l’environnement naturel, en considérant leurs transformations principales, soit dans le contexte des sociétés occidentales, soit dans le contexte portugais. La troisième partie aborde la question de la place de l’environnement dans les politiques de développement en général et de développement rural en particulier, fondée sur la révision bibliographique et l’analyse de la législation et des programmes et mesures conçus et accomplis pour les régions rurales. Finalement, dans la quatrième partie, nous présentons la recherche empirique, fondée sur l’analyse des représentations et pratiques face à la protection de l’environnement et aux processus de développement socio-économique, des résidents, visiteurs et entités politiques, administratives et économiques des régions de la ‘Serra da Freita’ et du Parc Naturel de Montesinho.

Les conclusions principales de la thèse révèlent qu’il y a un rural pour vivre et un rural pour visiter. Autrement dit, nous

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mettons en évidence que les représentations et pratiques des résidents et des visiteurs de les deux régions étudiées ne sont pas coïncidentes, causant l’émergence de deux univers parallèles et d’une nouvelle dichotomie rural/urbain. La recherche révèle encore que les représentations et pratiques des résidents ne sont pas considérées dans les processus de décision liés à l’élaboration et implémentation de programmes et mesures pour les régions rurales. Mieux encore, on observe que les représentations et pratiques des visiteurs face à ces régions ont tendance à se superposer à celles des résidents dans les programmes et mesures qui concernent le monde rural au Portugal. Sur ce, nous inférons le besoin d’un modèle de gestion des diversités rencontrées, avec capacité pour incorporer les différents besoins, intérêts et aspirations des résidents et des visiteurs des régions rurales. Il est recommandé qu’un tel modèle repose sur une négociation permanente parmi les plusieurs acteurs sociaux et institutionnels en présence. Nous proposons aussi que le développement rural, pour être un processus efficace, ne doit pas surpasser les intérêts et les besoins des populations auxquelles il se destine, tout d’abord.

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Resumo……….. iii

Abstract……….. v

Résumé……….. vii

Lista de quadros……… xiii

Lista de figuras……….. xiv

Abreviaturas utilizadas………. xxi

Capítulo I –Introdução……….. 1

1. Temática e objectivos de investigação……….. 1

2. Âmbito da investigação……… 4

3. Considerações metodológicas……… 15

4. Organização da tese………. 18

Capítulo II – A Emergência do Ambiente como Questão Social e Política nas Sociedades Contemporâneas……….. 23

1. Introdução……….. 23

2. Sociedade e ambiente………. 23

2.1. A questão ambiental como questão social……….. 23

2.2. A emergência do ambiente como questão social – principais aspectos… 31 2.3. Os valores subjacentes às crescentes preocupações sociais com o Ambiente……… 44

3. As respostas políticas às preocupações sociais com a questão ambiental………… 62

4. Do ambiente natural ao ambiente socializado – o valor do ambiente e da natureza nas sociedades modernas……….. 78

5. Conclusão………87

Capítulo III - A Emergência do Ambiente como Questão Social e Política em Portugal……… 91

1. Introdução……….. 91

2. Os Portugueses e as questões ambientais……….. 92

2.1. Transformações em termos de valores sociais em Portugal……….92

2.2. Consciência ou sensibilidade ambiental em Portugal?………..100

3. As respostas políticas em Portugal – da instabilidade à transversalidade da temática do ambiente……… 113

4. O valor social do ambiente e da natureza em Portugal……….. 120

5. Conclusão………125

Capítulo IV – As Áreas Rurais – De Produtoras de Alimentos a Reservas de Qualidade Ambiental?……… 129

1. Introdução………129

2. As áreas rurais como produtoras de alimentos e como reservas de mão-de-obra… 130 3. A multifuncionalidade das áreas rurais……….. 153

4. As áreas rurais no contexto da actual valorização social do ambiente e da natureza……….. 158

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4.2. A diversidade de procuras e consumos sociais do rural como reserva

de qualidade ambiental……….. 164

5. Funções ambientais das áreas rurais – uma nova dicotomia rural/urbano?……….. 170

6. Conclusão………174

Capítulo V – Áreas Rurais em Portugal – Análise das Principais Transformações……….. 181

1. Introdução………181

2. Transformações globais da sociedade e economia Portuguesas nas últimas quatro décadas……….. 182

3. Transformações das áreas rurais Portuguesas……… 193

3.1. Do vício da terra à desertificação social e económica das áreas rurais…. 193 3.2. As áreas rurais após o Estado Novo – da desertificação continuada à sua redescoberta social e institucional………. 199

4. As áreas rurais como reservas culturais e ambientais em Portugal………. 208

5. Conclusão………212

Capítulo VI - Ambiente e Desenvolvimento Rural - As Políticas……….. 217

1. Introdução………217

2. Os paradigmas de desenvolvimento rural e a questão ambiental………. 218

3. As políticas de desenvolvimento rural em Portugal………. 230

3.1. A longa identificação do rural com o agrícola………. 230

3.2. A União Europeia e a redescoberta das áreas rurais……… 238

3.3. Legitimidade e eficácia das políticas públicas para a protecção do ambiente e para o desenvolvimento das áreas rurais………251

4. A protecção do ambiente nas áreas rurais – uma nova subalternização do rural?… 259 4.1. A regulamentação de espaços protegidos como construção institucional do ambiente e da natureza………. 259

4.2. Áreas rurais protegidas em Portugal……….267

5. Conclusão………280

Capítulo VII – Hipóteses de Trabalho, Estudos de Caso e Metodologia Desenvolvida……….. 287

1. Introdução………287

2. Hipóteses de Trabalho……….. 287

3. Estudos de caso - O Parque Natural de Montesinho e a Serra da Freita……… 290

3.1. Razões da sua escolha……….. 290

3.2. Caracterização demográfica e socioeconómica da área do Parque Natural de Montesinho……… 295

3.3. Caracterização demográfica e socioeconómica da área da Serra da Freita……….. 318

4. Metodologia desenvolvida……… 339

4.1. Selecção e constituição das amostras………. 339

4.2. Elaboração dos instrumentos de recolha da informação……….. 353

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1. Introdução……….. 363

2. A instituição do Parque Natural de Montesinho – objectivos e consequências……. 364

3. A valorização do ambiente na área do Parque Natural de Montesinho……….. 371

3.1. A valorização institucional……….. 371

3.2. A valorização social………. 379

3.2.1. O lugar do ambiente no quotidiano dos habitantes………. 379

3.2.2. O lugar do ambiente nas procuras externas da área……….. 398

3.2.3. Tipificação das diversas valorizações do ambiente no Parque Natural de Montesinho………..412

4. As questões ambientais versus as questões do desenvolvimento socioeconómico – as representações dos habitantes e dos visitantes……….. 422

4.1. A secundarização das questões ambientais face às questões do desenvolvimento socioeconómico por parte dos habitantes………. 422

4.2 A sobrevalorização das questões ambientais face às questões do desenvolvimento socioeconómico por parte dos visitantes……….. 432

4.3 Conflitos de representações e práticas a propósito do rural vivido e do rural visitado………. 444

5. Conclusão……….. 452

Capítulo IX - A Serra da Freita – O Ambiente e o Desenvolvimento Rural…... 457

1. Introdução……….. 457

2. A valorização do ambiente na área da Serra da Freita……….. 458

2.1. A valorização institucional……….. 458

2.2. A valorização social………. 464

2.2.1. O lugar do ambiente no quotidiano dos habitantes………. 464

2.2.2. O lugar do ambiente nas procuras externas da área……….. 483

2.2.3. Tipificação das diversas valorizações sociais do ambiente na Serra da Freita……… 499

3. As questões ambientais versus as questões do desenvolvimento socioeconómico – as representações dos habitantes e dos visitantes……….. 506

3.1 A secundarização das questões ambientais face às questões do desenvolvimento socioeconómico por parte dos habitantes………. 506

3.2 A sobrevalorização das questões ambientais face às questões do desenvolvimento socioeconómico por parte dos visitantes……….. 515

3.3. Conflitos de representações e práticas a propósito do rural vivido e do rural visitado……….. 525

4. Conclusão……….. 529

Capítulo X – Um Rural para Viver, Outro para Visitar – Consequências nas Políticas de Desenvolvimento Rural e de Protecçãodo Ambiente……… 533

1. Introdução……….. 533

2. A importância e a valorização social e institucional do ambiente rural e suas Consequências………. 533

2.1. O rural face ao exterior ou o lugar do ambiente nas procuras e consumos externos – uma síntese……… 533

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2.2. O rural vivido e o rural visitado - Consequências para o desenvolvimento rural das áreas do Parque Natural de Montesinho e da Serra da Freita… 538 3. As políticas de desenvolvimento rural e de protecção ambiental face à

diversidade de representações das áreas rurais e do seu ambiente……….. 550

3.1 A incorporação das diferenças nas políticas de desenvolvimento rural e de protecção do ambiente……….. 550

3.2 A (im)possível gestão das diferenças………. 555

4. Conclusão……….. 558

Capítulo XI – Conclusões……… 561

(19)

Ecológico……… 11 Quadro 4.1 População rural no Mundo, segundo o nível de desenvolvimento

humano dos países………. 150 Quadro 7.1 Freguesias e lugares do PNM, freguesias e lugares estudados e

situação de integração………. 293 Quadro 7.2 Freguesias e lugares da SF, freguesias e lugares estudados e

situação de integração na área considerada Biótopo Corine……… 295 Quadro 7.19 Evolução do número do efectivo pecuário na área do PNM

(1989–1996)……….. 314 Quadro 7.37 Evolução do número do efectivo pecuário na área da SF

(1989 – 1996)……… 336 Quadro 7.41 Distribuição do número de IQ por freguesia, na área do PNM………. 345 Quadro 7.46 Distribuição dos visitantes pelas zonas naturais do PNM e quotas

Estabelecidas……… 347 Quadro 7.47 Distribuição do número de IQ por freguesia, na área da SF……… 351 Quadro 7.51 Distribuição dos IQ visitantes pelos locais de interesse paisagístico

e natural da área da Serra da Freita………. 352 Quadro 10.1 Principais aspectos associados às figuras dominantes de gestão

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Lista de Figuras

Figura 1.1 Estrutura metodológica da investigação……….. 15

Figura 2.1 Processo de percepção do Espaço/Ambiente……… 31

Figura 2.2 Distinção de vários níveis de público organizado em torno dos problemas ambientais………. 34

Figura 2.3 Principais factores intervenientes na formação, alargamento e consolidação da sensibilidade e da consciência ambiental………. 38

Figura 2.4 Hierarquização das necessidades humanas, segundo Maslow………….. 55

Figura 2.5 Correntes principais das políticas ambientais na actualidade……….. 66

Figura 4.1 Processo cumulativo de declínio das áreas rurais………. 149

Figura 6.1 Alteração gradual da PAC para a PARCE………245

Figura 6.2 Principal objectivo de criação das AP portuguesas……… 269

Figura 6.3 Segundo objectivo de criação das AP portuguesas……….. 269

Figura 6.4 Importância do papel da população para a concretização dos objectivos da AP……….. 270

Figura 6.5 Problemas mais graves com que se debatem as AP……….270

Figura 6.6 Níveis de desenvolvimento social e económico da AP, sem a sua Instituição……….. 271

Figura 6.7 Razões apontadas para que a população considere a AP como um agente de desenvolvimento……… 272

Figura 6.8 Iniciativa da Proposta de Classificação da AP……… 272

Figura 6.9 Percepção pela população da distribuição dos benefícios da instituição da AP……….. 273

Figura 6.10 Existência e tipo de conflitos entre as populações locais e as AP……….. 274

Figura 6.11 Prioridade dada pelas populações locais aos objectivos de desenvolvimento socioeconómico versus a protecção do ambiente……. 274

Figura 6.12 Aumento do número de visitantes nos últimos cinco anos nas AP………. 276

Figura 6.13 Razões da visita às AP……… 277

Figura 6.14 Existência de conflitos entre os visitantes e a AP……….. 277

Figura 7.1 Localização das Áreas de Estudo………. 291

Figura 7.2 Zonas Naturais na Área do Parque Natural de Montesinho localização das sedes de freguesia e delimitação concelhia……… 297

Figura 7.3 Evolução da população nas freguesias do PNM entre 1960 e 2001 (concelho de Bragança)……….. 302

Figura 7.4 Evolução da população nas freguesias do PNM entre 1960 e 2001 (concelho de Vinhais)……….. 302

Figura 7.5 Evolução da população na área do PNM, conjunto das freguesias estudadas e concelhos de Vinhais e Bragança……….. 303

Figura 7.6 Estrutura etária na área do Parque Natural de Montesinho (2001)……… 305

(21)

Figura 7.10 Evolução da Condição Perante o Trabalho da população nas freguesias estudadas na área do Parque Natural de Montesinho (1981 – 1996)…… 309 Figura 7.11 População activa no Parque Natural de Montesinho, por sectores de

actividade (1981-1996)……… 310 Figura 7.12 População activa nas freguesias estudadas na área do Parque Natural

de Montesinho, por sectores de actividade (1981-1996)……….. 311 Figura 7.13 Número de blocos por exploração agrícola nas freguesias do Parque

Natural de Montesinho (concelho de Bragança – 1999)………313 Figura 7.14 Número de blocos por exploração agrícola nas freguesias do Parque

Natural de Montesinho (concelho de Vinhais – 1999)………313 Figura 7.15 Área Classificada como Biótopo Corine na Serra da Freita, localização

das sedes de freguesia e divisão concelhia……….321 Figura 7.16 Evolução da população nas freguesias da Serra da Freita entre 1960 e

2001……… 325 Figura 7.17 Evolução da população na área da SF, conjunto das freguesias

estudadas e concelhos e concelhos de Arouca, Vale de Cambra e

S. Pedro do Sul (1960 – 2001)……….. 326 Figura 7.18 Estrutura etária na área da Serra da Freita (2001)……… 329 Figura 7.19 Evolução da escolaridade na área da Serra da Freita (1981-2001)……… 330 Figura 7.20 Evolução da escolaridade nas freguesias estudadas na área da Serra

da Freita (1981-2001)………. 330 Figura 7.21 Evolução da Condição Perante o Trabalho da população na área da

Serra da Freita (1981 – 1991)……… 331 Figura 7.22 Evolução da Condição Perante o Trabalho da população nas

freguesias estudadas na área da Serra da Freita (1981-1991)……… 332 Figura 7.23 População activa na Serra da Freita, por sectores de actividade

(1981-1991)……….. 332 Figura 7.24 População activa nas freguesias estudadas na área da Serra da Freita,

por sectores de actividade (1981-1991)……….. 332 Figura 7.25 Número de blocos por exploração agrícola nas freguesias da área da

Serra da Freita (1999)………. 335 Figura 7.26 Freguesias estudadas na área do Parque Natural de Montesinho………. 343 Figura 7.27 Freguesias estudadas na área da Serra da Freita………. 349 Figura 8.1 Freguesias de Residência dos residentes inquiridos no PNM………. 380 Figura 8.2 Distribuição dos residentes na área do PNM por grupos etários…………. 380 Figura 8.3 Níveis de escolaridade dos residentes na área do PNM……….. 381 Figura 8.4 Distribuição dos residentes na área do PNM por grupos

socioeconómicos………. 381 Figura 8.5 Nível de Rendimentos do agregado doméstico dos residentes na

área do PNM………. 382 Figura 8.6 Posição Política dos residentes na área do PNM……….. 382

(22)

Figura 8.7 Nível de Materialismo dos residentes na área do PNM……… 383 Figura 8.8 Concepções de ambiente e natureza dos residentes na área do PNM….. 385 Figura 8.9 Concordância e motivações para a preservação do ambiente por parte

dos residentes na área do PNM……….386 Figura 8.10 Concordância e motivações para a preservação da natureza por parte

dos residentes na área do PNM……….387 Figura 8.11 Actores e Entidades considerados responsáveis pela protecção do

ambiente na área do PNM, por parte dos residentes……….390 Figura 8.12 Concordância com as regras do PNM relativas às actividades sujeitas

a autorização, por parte dos residentes………391 Figura 8.13 Concordância com as regras do PNM relativas às actividades sujeitas

a proibição, por parte dos residentes……….. 392 Figura 8.14 Comportamentos tidos pelos residentes antes e após a instituição do

PNM……… 393 Figura 8.15 Aspectos associados ao quotidiano dos residentes do PNM, segundo

o contributo para a degradação do ambiente………. 394 Figura 8.16 Aspectos associados à manutenção das memórias e identidade

colectivas, segundo o contributo para a degradação do ambiente,

para os residentes da área do PNM………. 395 Figura 8.17 Aspectos associados à natureza e às procuras exteriores, segundo o

contributo para a degradação do ambiente, para os residentes do PNM.. 395 Figura 8.18 Áreas onde foram inquiridos os visitantes do PNM……… 398 Figura 8.19 Distribuição dos visitantes da área do PNM por grupos etários………….. 399 Figura 8.20 Níveis de escolaridade dos visitantes da área do PNM……….399 Figura 8.21 Distribuição dos visitantes do PNM por grupos socioeconómicos……….. 400 Figura 8.22 Nível de Rendimentos do agregado doméstico dos visitantes da área

do PNM……….. 400 Figura 8.23 Posição Política dos visitantes da área do PNM……….401 Figura 8.24 Nível de Materialismo dos visitantes da área do PNM……….. 401 Figura 8.25 Área geográfica de origem dos visitantes do PNM……….402 Figura 8.26 Concepções de ambiente e natureza dos visitantes do PNM……….. 403 Figura 8.27 Concordância e motivações para a preservação do ambiente por parte

dos visitantes do PNM………. 404 Figura 8.28 Concordância e motivações para a preservação da natureza, por parte

dos visitantes do PNM………. 404 Figura 8.29 Actores e Entidades considerados responsáveis pela protecção do

ambiente na área do PNM, pelos visitantes……… 405 Figura 8.30 Concordância com as regras do PNM relativas às actividades sujeitas

a autorização por parte dos visitantes……….. 407 Figura 8.31 Concordância com as regras do PNM relativas às actividades sujeitas

a proibição por parte dos visitantes……….. 407 Figura 8.32 Comportamentos tidos durante a visita ao PNM……… 408 Figura 8.33 Aspectos associados ao quotidiano dos habitantes do PNM, segundo

(23)

contributo para a degradação do ambiente, para os visitantes do PNM…. 411 Figura 8.36 Razões da visita ao PNM……….412 Figura 8.37 Concordância com as regras do PNM relativas às actividades sujeitas

a autorização, por tipo de inquirido……… 415 Figura 8.38 Concordância com as regras do PNM relativas às actividades sujeitas

a proibição, por tipo de inquirido ……….. 417 Figura 8.39 Aspectos associados ao quotidiano dos habitantes do PNM, segundo

o contributo para a degradação do ambiente, por tipo de inquirido………. 418 Figura 8.40 Aspectos associados à manutenção das memórias e identidade

colectivas, segundo o contributo para a degradação do ambiente na

área do PNM, por tipo de inquirido……… 418 Figura 8.41 Aspectos associados à natureza e às procuras exteriores, segundo

o contributo para a degradação do ambiente no PNM, por tipo

de inquirido……….419 Figura 8.42 Prioridade atribuída pelos residentes do PNM na relação protecção

do ambiente/promoção do desenvolvimento económico (a nível global e local)……….……….. 423 Figura 8.43 Caracterização da área do PNM em termos do desenvolvimento

socioeconómico, segundo os seus residentes……… 424 Figura 8.44 Principais necessidades sentidas em termos de equipamentos e

serviços pelos residentes da área do PNM……….. 425 Figura 8.45 Avaliação do contributo do PNM para o desenvolvimento

socioeconómico da área, por parte dos residentes……… 426 Figura 8.46 Razões associadas à avaliação do contributo do PNM para o

desenvolvimento da área, por parte dos residentes……….. 427 Figura 8.47 Posicionamento das áreas rurais por parte dos residentes do PNM…….. 429 Figura 8.48 Avaliação das áreas onde se vive melhor face a alguns aspectos,

segundo os residentes do PNM………. 430 Figura 8.49 Actores e Entidades considerados responsáveis pela promoção do

desenvolvimento económico na área do PNM, por parte dos residentes.. 430 Figura 8.50 Prioridade atribuída pelos visitantes do PNM na relação protecção

do ambiente/promoção do desenvolvimento económico (a nível global e local)……… 433 Figura 8.51 Caracterização da área do PNM em termos do desenvolvimento

socioeconómico, segundo os seus visitantes………. 435 Figura 8.52 Avaliação do contributo do PNM para o desenvolvimento

socioeconómico da área, por parte dos visitantes………. 437 Figura 8.53 Avaliação do contributo do PNM para o desenvolvimento

socioeconómico da área, por parte dos visitantes e residentes………….. 437 Figura 8.54 Posicionamento das áreas rurais por parte dos visitantes do PNM……… 439 Figura 8.55 Avaliação das áreas onde se vive melhor face a alguns aspectos,

(24)

Figura 8.56 Actores e Entidades considerados responsáveis pela promoção do desenvolvimento económico na área do PNM, por parte dos

visitantes……….. 441 Figura 8.57 Conhecimento da existência de conflitos entre a população e os

visitantes e o PNM……….. 446 Figura 8.58 Motivos dos conflitos entre a população e o PNM………..447 Figura 8.59 Principais beneficiários do PNM, segundo os residentes……….. 449 Figura 8.60 Principais beneficiários do PNM, segundo os visitantes……… 451 Figura 8.61 Principais beneficiários do PNM, segundo os visitantes e os residentes…451 Figura 9.1 Freguesias de residência dos residentes inquiridos na Serra da Freita…. 465 Figura 9.2 Distribuição dos residentes na Serra da Freita por grupos etários……….. 466 Figura 9.3 Níveis de escolaridade dos residentes na área da Serra da Freita……… 466 Figura 9.4 Distribuição dos residentes na área da Serra da Freita por grupos

socioeconómicos………. 467 Figura 9.5 Nível de Rendimentos do agregado doméstico dos residentes na área

da Serra da Freita……… 467 Figura 9.6 Posição Política dos residentes na área da Serra da Freita………. 468 Figura 9.7 Nível de Materialismo dos residentes na área da Serra da Freita……….. 468 Figura 9.8 Concepções de ambiente e natureza dos residentes na área da

Serra da Freita………. 470 Figura 9.9 Concordância e motivações para a preservação do ambiente, por

parte dos residentes da Serra da Freita……….. 472 Figura 9.10 Concordância e motivações para a preservação da natureza, por parte

dos residentes na área da Serra da Freita……….. 473 Figura 9.11 Actores e Entidades considerados responsáveis pela protecção do

ambiente na área da Serra da Freita, por parte dos residentes………….. 476 Figura 9.12 Concordância com a instituição na Serra da Freita de regras relativas

à autorização para desenvolver certas actividades, por parte dos

residentes……….. 477 Figura 9.13 Concordância com a instituição de regras relativas às actividades

sujeitas a proibição na Serra da Freita, por parte dos residentes………… 478 Figura 9.14 Comportamentos tidos pelos residentes da Serra da Freita na

actualidade e que gostariam de manter caso a área viesse a ser

protegida legalmente……….. 479 Figura 9.15 Aspectos associados ao quotidiano dos residentes da Serra da Freita,

segundo o contributo para a degradação do ambiente………. 480 Figura 9.16 Aspectos associados à manutenção das memórias e identidade

colectivas, segundo o contributo para a degradação do ambiente,

para os residentes da área da Serra da Freita……….. 480 Figura 9.17 Aspectos associados à natureza e às procuras exteriores, segundo o

contributo para a degradação do ambiente, para os residentes da Serra da Freita……… 481 Figura 9.18 Áreas onde foram inquiridos os visitantes da Serra da Freita………. 484 Figura 9.19 Distribuição dos visitantes da área da Serra da Freita por grupos etários. 485 Figura 9.20 Níveis de Escolaridade dos visitantes da área da Serra da Freita ………. 485

(25)

Figura 9.23 Posição Política dos visitantes da área da Serra da Freita……….. 487 Figura 9.24 Nível de Materialismo dos visitantes da área da Serra da Freita…………. 487 Figura 9.25 Área geográfica de origem dos visitantes da Serra da Freita……….. 488 Figura 9.26 Concepções de ambiente e natureza dos visitantes da Serra da Freita… 489 Figura 9.27 Concordância e motivações para a preservação do ambiente por parte

dos visitantes da Serra da Freita……….. 490 Figura 9.28 Concordância e motivações para a preservação da natureza, por parte

dos visitantes da Serra da Freita ……….. 491 Figura 9.29 Actores e Entidades considerados responsáveis pela protecção do

ambiente na área da Serra da Freita pelos visitantes……… 492 Figura 9.30 Concordância com a eventualidade da existência de regras na Serra

da Freita, relativas às actividades sujeitas a autorização, por parte

dos visitantes……… 493 Figura 9.31 Concordância com a eventualidade da existência de regras na Serra

da Freita, relativas a actividades interditas, por parte dos visitantes…….. 494 Figura 9.32 Comportamentos tidos durante a visita à Serra da Freita………. 494 Figura 9.33 Aspectos associados ao quotidiano dos habitantes da Serra da Freita,

segundo o contributo para a degradação do ambiente – a visão

dos visitantes……….. 495 Figura 9.34 Aspectos associados à manutenção das memórias e identidade

colectivas, segundo o contributo para a degradação do ambiente,

para os visitantes da área da Serra da Freita……… 496 Figura 9.35 Aspectos associados à natureza e às procuras exteriores, segundo o

contributo para a degradação do ambiente, para os visitantes da

Serra da Freita………. 497 Figura 9.36 Razões da visita à Serra da Freita……… 497 Figura 9.37 Concordância com a eventual instituição na Serra da Freita de regras

relativas às actividades sujeitas a autorização, por tipo de inquiridos…… 501 Figura 9.38 Concordância com a eventual instituição na área da Serra da Freita de

regras relativas às actividades sujeitas a proibição, por tipo de inquirido.. 502 Figura 9.39 Aspectos associados ao quotidiano dos habitantes da Serra da Freita,

segundo o contributo para a degradação do ambiente, por tipo de

inquirido……… 503 Figura 9.40 Aspectos associados à manutenção das memórias e identidade

colectivas, segundo o contributo para a degradação do ambiente

na área da Serra da Freita, por tipo de inquirido……… 504 Figura 9.41 Aspectos associados à natureza e às procuras exteriores, segundo o

contributo para a degradação do ambiente na Serra da Freita, por tipo de inquirido……… 505 Figura 9.42 Prioridade atribuída pelos residentes da Serra da Freita na relação

protecção do ambiente/promoção do desenvolvimento económico

(26)

Figura 9.43 Caracterização da área da Serra da Freita em termos do

desenvolvimento socioeconómico, segundo os seus residentes………… 508 Figura 9.44 Principais necessidades sentidas em termos de equipamentos e

serviços pelos residentes da área da Serra da Freita……….. 509 Figura 9.45 Posicionamento das áreas rurais e urbanas, por parte dos residentes

da Serra da Freita……… 511 Figura 9.46 Avaliação das áreas onde se vive melhor face a alguns aspectos,

segundo os residentes da Serra da Freita……….. 512 Figura 9.47 Actores e Entidades considerados responsáveis pela promoção do

desenvolvimento económico na área da Serra da Freita, por parte dos Residentes……… 513 Figura 9.48 Prioridade atribuída pelos visitantes da Serra da Freita na relação

protecção do ambiente/promoção do desenvolvimento económico

(a nível global e local)………. 516 Figura 9.49 Caracterização da área da Serra da Freita em termos do

desenvolvimento socioeconómico, segundo os seus visitantes………….. 517 Figura 9.50 Posicionamento das áreas rurais por parte dos visitantes da Serra

da Freita……… 519 Figura 9.51 Avaliação das áreas onde se vive melhor face a alguns aspectos,

segundo os visitantes da Serra da Freita……… 520 Figura 9.52 Actores e Entidades considerados responsáveis pela promoção do

desenvolvimento económico na área da Serra da Freita, por parte

dos visitantes……… 522 Figura 9.53 Conhecimento da existência de conflitos entre a população e os

visitantes na área da Serra da Freita……… 526 Figura 10.1 Níveis de concordância manifestados pelos residentes e pelos

visitantes de ambas as áreas estudadas face às regulamentações

associadas às actividades sujeitas a autorização………. 541 Figura 10.2 Níveis de concordância manifestados pelos residentes e pelos

visitantes de ambas as áreas estudadas face às regulamentações

associadas às actividades interditas……… 542 Figura 10.3 Aspectos associados ao quotidiano dos habitantes, segundo o

contributo para a degradação do ambiente nas áreas estudadas,

por tipo de inquirido………. 543 Figura 10.4 Aspectos associados à manutenção das memórias e identidade

colectivas, segundo o contributo para a degradação do ambiente

nas áreas estudadas, por tipo de inquirido………. 543 Figura 10.5 Aspectos associados à natureza e às procuras externas, segundo o

contributo para a degradação do ambiente nas áreas estudadas, por

tipo de inquirido ……….. 544 Figura 10.6 Prioridade atribuída na relação protecção do ambiente/promoção do

desenvolvimento socioeconómico, a nível global e local, pelos

Inquiridos……….. 545 Figura 10.7 Proposta de um modelo desenvolvimento e gestão participados para

(27)

ADL Associação de Desenvolvimento Local

ADDLAP Associação de Desenvolvimento do Dão, Lafões e Alto Paiva

ADRIMAG Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Serras de Montemuro, Arada e Gralheira

AP Área(s) Protegida(s)

APP Área(s) de Paisagem Protegida BEI Banco Europeu de Investimento CCE Conselho das Comunidades Europeias CEB Ciclos do Ensino Básico

CITES Convention on International Trade in Endangered Species

CoraNE Associação de Desenvolvimento dos Concelhos da Raia Nordestina CRP Constituição da República Portuguesa

DGDR Direcção Geral de Desenvolvimento Rural DOP Denominação de Origem Protegida EFTA European Free Trade Association FAO Food and Agriculture Organization

FEDER Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional FEOGA Fundo Europeu de Organização e Garantia Agrícola FSE Fundo Social Europeu

HEP Human Exemptionalism Paradigm ICN Instituto de Conservação da Natureza

ICRW International Convention for the Regulation of Whaling IE Inquérito por Entrevista

IGP Indicação Geográfica Protegida

INTERREG Iniciativa Comunitária para a Promoção e Cooperação Transfronteiriça Inter-regional

IQ Inquérito por Questionário

IUCN International Union for the Conservation of Nature

LEADER Ligação entre Acções de Desenvolvimento e Economia Rural NEP New Ecological Paradigm

NIMBY Not in My Backyard

NOW New Oportunities for Women

OCDE Organization for the Economic Co-Operation and Development OMC Organização Mundial de Comércio

(28)

ONG Organizações Não Governamentais ONU Organização das Nações Unidas PAB Produto Agrícola Bruto

PAC Política Agrícola Comum

PARC Política Agrícola e Rural Comum

PARCE Política Agrícola e Rural Comum para a Europa PDM Plano Director Municipal

PIB Produto Interno Bruto PIF Plano Intercalar de Fomento

PF Plano(s) de Fomento

PN Parque(s) Natural(ais)

PNc Parque Nacional

PNDES Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social PNM Parque Natural de Montesinho

PNPG Parque Nacional da Peneda-Gerês

POAP Planos de Ordenamento das Áreas Protegidas PPDR Promoção do Potencial de Desenvolvimento Regional PROT Planos Regionais de Ordenamento do Território RAN Reserva Agrícola Nacional

REGIS Programa Comunitário de Desenvolvimento das Regiões Ultra-Periféricas REN Reserva Ecológica Nacional

RN Reserva(s) Natural(ais)

RNAP Rede Nacional de Áreas Protegidas

SF Serra da Freita

UE União Europeia

UNEP United Nations Environment Programme WWF World Wildlife Fund

(29)

Capítulo I – Introdução

1. Temática e objectivos de investigação

A temática desta tese relaciona-se com a qualificação das trajectórias de desenvolvimento rural, tendo em conta a nova centralidade das questões ambientais. Neste sentido, a tese apoia-se no contributo das ciências sociais, particularmente da sociologia, para a compreensão das representações sociais sobre os processos associados à protecção do ambiente e à promoção do desenvolvimento nas áreas rurais, tendo em conta as transformações que estas sofreram ao longo das últimas décadas. Este trabalho incide particularmente sobre os modos como os diferentes actores sociais e institucionais representam aqueles processos e sobre a forma como essas representações são (ou não) integradas na elaboração e implementação de políticas, programas e medidas para as áreas rurais. Neste contexto, não podemos, igualmente, negligenciar o debate acerca da centralidade actual das questões associadas ao ambiente naqueles processos e naquelas áreas. Não pode também ser ignorada a forma como as diferentes preocupações e necessidades sociais no domínio da protecção do ambiente e da promoção do desenvolvimento socioeconómico são traduzidas ao nível da concepção e concretização das intervenções.

Muito sinteticamente podemos referir que, no âmbito desta tese, entendemos o ambiente como o resultado da interacção entre o Homem e o meio biofísico. Assim, temos uma concepção de ambiente a que podemos chamar socio-biofísica, já que integra tanto os elementos sociais como os elementos naturais. Por outro lado, entende-se por desenvolvimento socioeconómico o conjunto das intervenções (essencialmente públicas) que resultam dos processos de tomada de decisão política e cujo objectivo é a melhoria generalizada das condições de vida dos indivíduos (nomeadamente em termos do aumento e/ou da melhoria da qualidade dos equipamentos e infra-estruturas; da criação de empregos, da dinamização de actividades económicas e sociais, entre outros aspectos).

As transformações recentes das sociedades ditas modernas e industrializadas, nas quais podemos incluir a sociedade portuguesa das últimas três décadas, suscitaram novos debates científicos e políticos acerca das relações entre os contextos e processos sociais e o meio biofísico. Este debate foi suscitado não apenas pela ocorrência de catástrofes e pelo aumento da gravidade dos problemas ambientais globais mas – e parcialmente em associação – por mutações mais ou menos profundas em termos de valores sociais. As preocupações sociais com o ambiente, como é referido, entre outros autores, por Marc Mormont (1994d), emergiram justamente no seio das sociedades fortemente urbanizadas e industrializadas, sendo os valores ambientalistas essencialmente defendidos por uma população a que podemos chamar urbana. A este aspecto não é alheio o facto de as áreas rurais, sobretudo

(30)

Capítulo I - Introdução

no nosso país, terem ficado geralmente afastadas dos processos e modelos de desenvolvimento dominantes até há cerca de duas décadas e que assentavam, entre outros, no pressuposto de que desenvolvimento era sinónimo de crescimento económico. Este afastamento das áreas rurais, ou esta marginalização (ou ainda, se quisermos, esta não integração) nos processos dominantes de desenvolvimento, colocou-as numa posição residual em termos produtivos, sociais e territoriais. Por oposição às áreas urbanas e industrializadas, as áreas rurais e predominantemente agrícolas (do ponto de vista da ocupação do solo mais que do ponto de vista económico e social) apresentam-se actualmente como áreas-reserva de qualidade ambiental e como áreas vitais para a sociedade entendida como um todo, sobretudo devido a esta sua nova função (e.g. CCE, 1988b). A maior parte das áreas rurais portuguesas são paradigmáticas dos processos que referimos, sendo que, como referem Santos e Reis (1995), a sua condição de afastamento dos processos de modernização, nos permite classificá-las como pré-modernas. Mas, como acrescentam os autores mencionados, uma boa parte das áreas rurais em Portugal, em virtude das novas preocupações sociais com o ambiente, reúne condições para ser recodificada em termos sociais e institucionais como pós-moderna.

O argumento central desta investigação é o de que a marginalização ou a fraca integração das áreas rurais portuguesas - particularmente das áreas rurais a que podemos chamar profundas ou remotas1 - nos modelos de desenvolvimento social e económico das últimas décadas, tende a colocá-las actualmente como áreas centrais no contexto dos paradigmas de desenvolvimento emergentes e em processo de consolidação, nos quais o ambiente surge como um aspecto fundamental. A integração das áreas rurais nestes paradigmas tem correspondência nos processos de valorização social e institucional de que são também alvo actualmente. Tanto a integração como a valorização actuais das áreas rurais são sobretudo processos exteriores a essas mesmas áreas no sentido em que não são originados localmente. Por esta razão, estes processos tendem a não ser compreendidos e aceites como legítimos por uma boa parte das populações rurais. Este facto conduz potencialmente a conflitos, sustentados em representações, práticas e legitimidades diversas quer face ao ambiente, quer face ao desenvolvimento socioeconómico. Argumentamos ainda que estes conflitos ocorrem essencialmente, de modo mais evidente, entre os habitantes das áreas rurais e o principal agente de protecção ambiental e de promoção do desenvolvimento rural – o Estado e seus representantes regionais e locais. Os conflitos ocorrem igualmente, embora de forma mais latente, entre os habitantes daquelas áreas e os seus visitantes (i.e., os utilizadores não rurais do espaço e do ambiente rural).

(31)

Aquilo que especificamente nos propomos estudar é o modo como o processo de marginalização das áreas rurais portuguesas, verificado ao longo das últimas décadas, potencia ou não a sua integração nos modelos de desenvolvimento emergentes, pela via da sua função de reservas de qualidade ambiental. Dito de outro modo, o que pretendemos analisar é a passagem das áreas rurais portuguesas de áreas essencialmente encaradas como produtoras de alimentos e/ou como reservas de mão-de-obra (para as actividades urbano-industriais sobretudo), para áreas cada vez mais entendidas como reservas ambientais e culturais e que, em consequência disso, são crescentemente consideradas como espaços importantes para a sobrevivência e reprodução da sociedade globalmente entendida. A discussão sobre a oportunidade e as formas de integração destas áreas nos modelos de desenvolvimento actuais enquadra-se também no debate contemporâneo acerca dos processos associados à globalização, às transformações das sociedades modernas e à emergência da pós-modernidade.

Neste contexto, são objectivos principais desta tese:

1. a clarificação do modo como a marginalização das áreas rurais portuguesas e a correspondente ausência de medidas de desenvolvimento socioeconómico para essas mesmas áreas as colocam hoje como centrais à luz dos paradigmas de desenvolvimento emergentes;

2. o conhecimento e a análise das representações dos vários actores sociais, associadas à protecção do ambiente e à promoção do desenvolvimento socioeconómico nas áreas rurais, muito particularmente as representações dos seus habitantes, dos seus visitantes e das instituições com capacidade de intervenção nessas áreas;

3. a demonstração do surgimento de uma nova dicotomia rural-urbano, motivada por representações e interesses diversos e divergentes face ao ambiente e ao desenvolvimento rural;

4. o esboço de uma tipologia das representações, interesses e práticas dos vários agentes em presença, de forma a tentar contribuir para o delinear de instrumentos de gestão das diferenças encontradas;

5. o delinear de propostas que visem a integração das diferentes representações, interesses e práticas nas políticas, programas e medidas que têm por objectivo a articulação da protecção do ambiente com a promoção do desenvolvimento socioeconómico nas áreas rurais.

Para além dos objectivos mencionados, são também finalidades desta tese:

a) o esclarecimento do modo como as questões ambientais se constituem cada vez mais como questões sociais nas sociedades modernas, nas quais incluímos Portugal;

(32)

Capítulo I - Introdução

b) a contribuição para a compreensão das crescentes preocupações sociais com o ambiente, assim como das crescentes procuras e consumos de bens ambientais nas sociedades contemporâneas em geral e na sociedade portuguesa em particular; c) a explicitação dos processos de marginalização e integração posterior das áreas rurais

em Portugal, no contexto das transformações ocorridas na sociedade portuguesa nos últimos quarenta a cinquenta anos;

d) a contribuição para a compreensão dos processos de desenvolvimento rural em Portugal, tendo em conta a forma como aqueles integram as questões ambientais; e) a análise da existência de uma crescente identificação social e institucional entre

espaços rurais e espaços naturais;

f) a tentativa de demonstração que a centralidade das áreas rurais para os novos paradigmas de desenvolvimento não parece corresponder a uma aceitação ou a um reconhecimento da legitimidade da identificação social e institucional das áreas rurais como reservas ambientais, por parte da generalidade dos seus habitantes;

g) a análise da identificação anteriormente mencionada, como um processo exterior às áreas rurais e a sua capacidade para gerar conflitos sociais (de forma evidente ou latente), tanto no seio das próprias áreas rurais, como na relação das suas dinâmicas com as dinâmicas sociais e institucionais exteriores;

h) a demonstração de que tais conflitos radicam sobretudo em representações e práticas diferenciadas face às áreas rurais, ao seu ambiente e face aos processos de desenvolvimento social e económico experimentados pelos vários actores em presença nessas áreas;

i) a explicitação que a principal causa para a existência de conflitos não radica no não reconhecimento do valor e importância dos elementos naturais e dos aspectos ambientais, por parte dos habitantes das áreas rurais, mas antes no não reconhecimento da legitimidade das procuras e dos consumos externos;

2. Âmbito da investigação

Esta tese apoia-se na mobilização de um conjunto de conhecimentos da área das ciências sociais, essencialmente da sociologia do ambiente, da sociologia rural e do desenvolvimento rural, como domínios capazes de contribuir para a compreensão das questões que o argumento principal deste trabalho coloca. Obviamente, cada uma das áreas apontadas contribui de modo específico para o esclarecimento e validação desse mesmo argumento. Assim, a sociologia do ambiente revela-se fundamental na análise das interacções entre os actores sociais e os elementos naturais, permitindo compreender e explicitar não só a natureza particular dessas interacções, como as representações e as práticas que são construídas e desenvolvidas a partir delas.

(33)

No que se refere ao contributo da sociologia rural, ele situa-se, nesta tese, principalmente ao nível da compreensão das transformações ocorridas nas áreas rurais ao longo dos tempos, permitindo explicitar as causas, tendências e orientações dessas transformações, bem como a composição e recomposição sucessiva das áreas rurais em termos sociais, económicos e demográficos. Situa-se também ao nível da análise da alteração das suas funções (e da forma como são encaradas) no âmbito da sociedade globalmente considerada e ainda dos impactes de tais transformações na organização interna e nas relações com o exterior, das sociedades rurais. As teorias relativas ao desenvolvimento rural orientam a compreensão e análise dos processos de tomada de decisão e de implementação dos vários programas e medidas para as áreas rurais, os aspectos privilegiados nesses processos e as consequências que deles decorreram e decorrem. Mais ainda, estas teorias permitem a discussão do processo de elaboração das políticas públicas, assim como a produção de recomendações no que se refere a esse processo. Se em relação aos dois últimos contributos, a literatura científica é bastante rica e, podemos dizê-lo, encontra-se razoavelmente consolidada, no caso da sociologia do ambiente estamos perante uma área de investigação ainda pouco desenvolvida na maior parte dos países europeus (e principalmente em Portugal). Efectivamente, uma constatação imediata para quem, como nós, procura realizar uma investigação sobre o ambiente no domínio das ciências sociais, é a de que estas análises se encontram ainda pouco desenvolvidas e escassamente consolidadas, ficando tal a dever-se ao seu carácter de campo de investigação recente. Neste sentido, parece-nos pertinente fazer aqui um pequeno ponto de situação, relativo ao debate corrente no âmbito da sociologia do ambiente.

Podemos dizer que a história das ciências sociais em geral, e da sociologia em particular, até à actualidade tem sido marcada por uma ruptura sistemática com o mundo natural2. Esta prolongada ruptura entre a sociologia e o estudo das questões naturais (e consequentemente ambientais), ocorre, num primeiro momento, por razões de distanciamento e demarcação das ciências sociais face às ciências naturais, ou seja, por razões relacionadas com a necessidade de afirmação da especificidade dos seus objectos de estudo, dos seus métodos e das suas técnicas de investigação. Como refere Buttel (1986: 359) “a história da sociologia é a crónica das suas relações ambíguas com a biologia e as outras ciências naturais”.

Se observarmos os contributos dos chamados fundadores da sociologia (ou seja, Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber) veremos que os aspectos naturais e os aspectos de articulação entre estes e os contextos sociais (i.e. as dimensões ambientais) detém pouca

2 Excluímos parcialmente desta ‘tradição de ruptura’ entre as ciências sociais e o mundo natural, disciplinas como a

Antropologia e a Geografia Humana que, pelo carácter do seu objecto de estudo, não puderam nunca negligenciar a relação entre o Homem e a natureza.

(34)

Capítulo I - Introdução

relevância nas suas análises3. Todavia, qualquer um dos três autores mencionados reconhece, sem a explorar devidamente – ou mesmo sem a tornar evidente – a necessidade de ancorar os factos sociais no espaço físico e natural em que têm lugar. Assim, “no campo sociológico a primeira definição sistemática da relação sociedade/natureza é expressa por Émile Durkheim, que procura definir a relação existente entre o mundo da natureza e os factos sociais. Durkheim reconhece que os factos sociais têm uma espécie de alocação física, graças à existência de um substrato sobre o qual assenta toda a vida social, que, por um lado, é determinado pelas características daquele a que hoje chamaríamos o território, nas suas componentes espaciais e climáticas e por outro lado, se constitui com base na amplitude e na densidade da população que aí vive. Este substrato, por sua vez, é capaz de influenciar a constituição e as próprias características dos factos que formam a sociedade.” (Mela, Belloni e Davico, 2001: 56).

Mela, Belloni e Davico (2001) consideram que apesar deste reconhecimento de Durkheim, prevaleceu a incapacidade ou a impossibilidade de integrar plenamente na sua análise as duas esferas. Esta posição não encontrará desenvolvimentos significativos no pensamento sociológico da época, nem em Max Weber (apesar deste autor procurar compreender as formações sociais que estão indubitavelmente localizadas num dado território: como a família, a aldeia, a nação), nem em Karl Marx que tende a interpretar a relação estrutura/supra estrutura essencialmente em termos das relações económicas e de poder, muito embora estas dimensões também se realizem histórica e territorialmente. Podemos encontrar perspectivas semelhantes sobre a integração dos aspectos naturais no que pode ser designado como as primeiras análises sociológicas em Kalaora e Lárrere (1989), Kalaora, (1993); Benton e Redclift (1994), Goldblatt (1996), Buttel (2000), Franklin (2002) e Cudworth (2003). A este respeito Dunlap e Catton Jr. (1994a: 14) referem que o “legado de Durkheim sugeria que o ambiente físico devia ser ignorado, enquanto o legado de Weber sugeria que podia ser ignorado, porque era pouco importante para a vida social”4. Assim, apesar de Durkheim distinguir o social do físico, do biológico e do mineral e de considerar que a sociedade é, em certa medida, um fenómeno da natureza, toda a sua análise “sugere que a natureza é tanto uma pré-condição para a sociedade como uma realidade dela separada” (Redclift e Woodgate, 1994: 51). Estes autores sugerem ainda que a ênfase de Durkheim na explicação dos factos sociais através apenas dos próprios factos sociais, permite fundamentar a sociologia moderna em diversos dos seus aspectos, mas não acomoda

3 Ver a propósito dos contributos dos fundadores da sociologia para a análise das questões ambientais os trabalhos de

Lutas Craveiro (1993); Redclift e Woodgate (1994); Buttel (2000); Mela, Belloni, Davico (2001); Franklin (2002) e Cudworth (2003).

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Irwin (2001) refere justamente que Durkheim e Weber foram os principais responsáveis pela exclusão do natural do social. A título de exemplo este autor diz-nos que “a primeira reunião da Associação Alemã de Sociologia (ocorrida em

1910) conteve um debate bastante vivo sobre se a discussão sociológica deveria dar algum crédito às categorias ‘naturais’ como ‘raça’ ou biologia. Max Weber foi um dos mais vigorosos opositores à inclusão destes elementos na sociologia”

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