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3.1 Escolas Pedagógicas: abordagem histórica

3.1.4 A escola Tecnicista

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Também com o objetivo de se contrapor à concepção tradicional, surge a concepção behaviorista, comportamentalista ou tecnicista da Educação. O behaviorismo foi uma das primeiras linhas de estudo sobre o comportamento animal e teve origem nos estudos de Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936), na

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Psicóloga e pesquisadora nascida na Argentina em 1937 e radicada no México, Emília Ferrero foi aluna de Jean Piaget durante seu doutorado na Universidade de Genebra no final dos anos 1960 e é autora da teoria da psicogênese.

Rússia, e com John Broadus Watson46 (1878-1958), nos Estados Unidos. Watson publicou em 1913 um artigo ("Psychology as the behaviorist views it") que é tido como o “manifesto behaviorista”. Nesse texto, Watson ressaltava que o objeto de estudo da psicologia seria o "comportamento" e não mais a "mente", e sugeria que esta fosse uma ciência empírica, capaz de estabelecer generalizações amplas sobre o comportamento humano, com experimentos passíveis de cópia fiel em qualquer laboratório. O Behaviorismo é conhecido como uma teoria de estímulo-resposta. Watson, considerado o pai do Behaviorismo afirmava que o importante era o estudo do comportamento observável, não vendo necessidade alguma da menção de aspectos emocionais ou da subjetividade. A estes fatores, Watson denominava vida psíquica e avaliava se tratar de pura suposição.

A teoria defendida por Watson considera que todo estímulo produz uma resposta e que como os estímulos são fornecidos pelo ambiente, então, o comportamento do homem é determinado pelo ambiente: determinismo ambiental. O behaviorismo originou-se no positivismo de Augusto COMTE e recebeu influências do evolucionismo de Charles DARWIN.

No Brasil, o behaviorismo ficou mais conhecido com o nome de Escola Tecnicista e teve como seu maior teórico o psicólogo norte-americano Burrhus Frederick SKINNER47 (1904-1990). Skinner concebia que todos os homens controlam o comportamento e são controlados por ele e que o controle do comportamento deve ser analisado e controlado. Ele não negava a existência de processos mentais ou filosóficos, limitando-se, contudo, ao estudo de comportamentos manifestos ou mensuráveis. Para Skinner, a realidade é um fenômeno objetivo, o mundo já está construído e o homem é um produto do meio, pois o que o homem faz é o resultado de condições que podem ser especificadas. Nessa perspectiva, as ações humanas podem ser antecipadas e, até certo ponto, determinadas.

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Ao leitor interessado em aprofundar esse tema sugerimos a leitura de ComCiência – Revista Eletrônica de Jornalismo Científico. Reportagens: cronologia dos estudos do comportamento.

Disponível em www.comciencia.br Acesso em 11/09/2006, de WATSON, John Broadus. Psychology

as the behaviorist views it. The Psycological Rewieu, nº 20, p. 158-177, 1913 e de CIRINO, Sérgio Dias e FAZZI, E. H. . A pedagogia da autonomia de Paulo Freire e uma possível aproximação com a proposta de B. F. Skinner. In: Hérika de Mesquita Sadi; Nely Maria dos Santos de Castro. (Org.). Ciência do Comportamento - conhecer e avançar. Santo André: Esetec, 2003, v. 3, p. 17-23.

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Sugerimos a leitura de LUNA, SERGIO VASCONCELOS DE. CONTRIBUIÇÕES DE SKINNER PARA A EDUCAÇÃO. In: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO. São Paulo: INEP, n. 7/8, p. 123-151, jun., 1998.

O condicionamento operante ou instrumental é uma teoria desenvolvida por Skinner. A partir de experiências com animais como ratos, cães, galinhas e outros para estudos sobre aprendizagem, foi analisada a ação do estímulo que se segue à resposta, isto é, do reforço. O reforço serve, então, para alimentar a repetição do comportamento. Skinner aplicou o resultado dessas experiências à educação escolar e concluiu que também os indivíduos repetem o comportamento que for reforçado e evitam aquele que não for. Por isso, para a Escola Tecnicista, algumas respostas devem ser reforçadas e outras devem ser ignoradas. Tanto o reforço regular e contínuo quanto o irregular e variável são importantes. O cérebro humano funcionaria como um grande painel de controle, pois o ser humano se esforça para aumentar ao máximo seus ganhos e diminuir suas perdas.

A teoria tecnicista considera que o conhecimento é o resultado direto da experiência, por isso as aprendizagens desenvolvidas pelos estudantes são formadas a partir do planejamento cuidadoso dos ambientes para tal. Para a escola tecnicista, o conteúdo é transmitido e essa transmissão objetiva a competência do estudante. Nessa perspectiva, na escola, os reforços devem ser preparados pelo professor na forma de treinos, exercícios e práticas, objetivando o condicionamento.

Na concepção educacional tecnicista, a prioridade da escola é a mudança de comportamento dos indivíduos. Educação equivale a treinamento social nessa abordagem. Retomamos aqui as considerações que elaboramos na construção de nossa Dissertação de Mestrado, Da SILVA (2002),

As agências controladoras da sociedade dependem da escola, porque é nela que as novas gerações são formadas – é ela que educa formalmente. Através da experiência, do estímulo e da resposta, do controle e do direcionamento do comportamento humano, a escola oferece aos indivíduos as opções permitidas pela organização social em que se insere. O indivíduo passa, então, a incorporar o socialmente aceito como opção pessoal. (p. 121)

Essa concepção não se preocupa com o porquê e com o como se dá a aprendizagem, pois ela é vista como um fenômeno individual e é necessário que o estudante saiba o que dele se espera e qual o resultado ele conseguiu atingir. O que se propõe é fornecer uma técnica que explique como fazer o estudante estudar e alcançar mudanças em seu comportamento.

Quanto à avaliação, para os tecnicistas, ela deve estar diretamente relacionada aos objetivos estabelecidos.

Por fim, a concepção de educação, de acordo com o pensamento tecnicista é uma melhor organização de situações que necessitem de experiências para possibilitar a transmissão de conteúdos, envolvendo métodos e técnicas que objetivam a modelagem e o reforço do comportamento humano que seja útil e desejável socialmente. Em síntese, o tecnicismo é funcional, não se ocupa do subjetivo e valoriza a pesquisa empírica por entender que o condicionamento operante é o resultado de um processo de modelagem contínuo.

No Brasil, o tecnicismo se firmou no contexto de um projeto desenvolvimentista, que empunhava a bandeira de fazer a educação para o desenvolvimento e que reelaborou o “taylorismo” no espaço educacional. Esse é o momento da introdução da fragmentação do trabalho pedagógico e do esvaziamento e alienação do trabalho do professor. Essa concepção educacional deu excessiva ênfase ao planejamento, aos objetivos comportamentais e à visão da avaliação como meio de controlar o processo. Ao colocar a função do planejamento aos técnicos deixando aos professores a função de executar o planejado, o tecnicismo desvincula o pensar do fazer.

Desenvolveu-se aqui na década de 50, ancorada no progressivismo e ganhou autonomia nos anos 60. Esta concepção acabou sendo imposta às escolas pelos organismos oficiais nos anos 60, 70 e meados dos 80, pois era compatível com a orientação econômica, política e ideológica do Regime Militar.

3.1.5 A Escola Critico-Reprodutivista