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Trata-se de uma lenda urbana. Lenda urbana é uma história que alguém inventa e muitos outros vão repassando. Esta não é uma história real. Diz-se que, quando a NASA iniciou o envio de astronautas ao espaço, descobriu que as canetas não funcionavam quando a gravidade era zero. Para resolver este enorme problema, foi contratada a Anderson Consulting (Accenture), e foram empregados 12 milhões de dólares. Conta-se que uma funcionária da limpeza da NASA comentou que não entendia porque não usavam um lápis para evitar tamanho gasto e, como isso foi ouvido por um cientista, logo se resolveu o problema. Ocorre que, no começo da exploração espacial, tanto americanos quanto soviéticos usavam lápis. O problema é que a poeira de grafite gerava transtornos na gravidade zero: havia o risco de ela ser aspirada ou entrar em equipamentos elétricos, causando curto-circuitos. A NASA não gastou nem podia gastar 12 bilhões de dólares em canetas. Isso é mais de 10% de todo o dinheiro já investido no projeto Apollo! Em 1968, as tais canetas surgiram. Curiosamente, o mérito foi da iniciativa privada: Paul C. Fisher investiu e pesquisou, por conta própria, uma caneta pressurizada a nitrogênio e que funcionava nas condições mais adversas possíveis. Elas são usadas até hoje por americanos e russos em todos os vôos espaciais. Se quiser, você, leitor pode comprar uma Fisher Space Pen. Ela custa 50 dólares. Não 12 bilhões. E só escreve

Neste trabalho, utilizamos uma abordagem qualitativa26 de pesquisa. Importante esclarecer que a ênfase dada à abordagem qualitativa não implicou em abandono total da perspectiva quantitativa. Utilizamos, como elementos de auxílio ao trabalho de pesquisa, os resultados objetivos obtidos em levantamentos estatísticos, sobre os quais nos debruçamos para avançar em interpretação mais ampla não circunscrita exclusivamente ao dado estatístico, na investigação da questão que delimitamos em nossa pesquisa. Optamos pela ênfase na abordagem qualitativa, por entender que esta escolha é a que melhor se adequa à natureza do problema estudado. Reiteramos GATTI(2006), quando avalia que

... metodologias cuidadosas, trazem subsídios concretos para a compreensão de fenômenos educacionais indo além dos casuísmos e contribuindo para a produção/enfrentamento de políticas educacionais, para planejamento, administração/gestão da educação, podendo ainda orientar ações pedagógicas de cunho mais geral ou específico. Permitem ainda desmistificar representações, preconceitos, “achômetros”, sobre fenômenos educacionais, construídos apenas a partir do senso comum do cotidiano, do marketing ou dos slogans. (p. 31)

Foi uma abordagem com ênfase qualitativa, porque não pretendíamos comprovar hipóteses fechadas. Tínhamos, isso sim, algumas suposições que construímos em função de nossa vivência pessoal e profissional, isto é, idéias gerais básicas estruturadas em nossas inter-relações sociais, pois nos entendemos como sujeito de processos e, portanto, premunida de crenças, valores, sentimentos e conhecimentos. Entretanto, na condição de pesquisadora numa abordagem qualitativa, não buscamos confirmar hipóteses elaboradas aprioristicamente, por entender que essa prática reduziria nossa capacidade interpretativa do fenômeno estudado, prejudicaria a isenção de nossas conclusões e anularia a contribuição que pretendemos dar diretamente à

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Sugerimos a leitura de ALVES, Alda Judith. O planejamento de pesquisas qualitativas em educação. Cadernos de Pesquisa. São Paulo: Nº 77, maio-1999, de MINAYO, Maria Cecília de Souza; NJAINE, Kathie ; ASSIS, Simone Gonçalves de . Cuidar cuidando dos rumos: sobre avaliação de programas sociais. 1a.. ed. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2004 e de WELLER, Wivian. A contribuição de Karl Mannheim para a pesquisa qualitativa: aspectos teóricos e metodológicos. Revista Sociologias, Porto Alegre, ano 7, nº 13, jan/jun 2005, p. 260-300.

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"Por isso, consideramos como válido o enfoque histórico-estrutural para minha realidade social que, empregando o método dialético, é capaz de assinalar as causas e as conseqüências dos problemas, suas contradições, suas relações, suas qualidades, suas dimensões quantitativas, se existem, e realizar através da ação um processo de transformação da realidade que interessa” (TRIVIÑOS, 1987).

atividade educacional que envolve jovens estudantes pobres e os professores que partilham saberes com eles.

Além disso, as hipóteses construídas, no decorrer da pesquisa, foram sendo reformuladas de maneira que a adaptação às circunstâncias que se apresentaram permitiram a efetivação do caráter de observação cuidadosa, não por considerar possível a neutralidade científica, mas por considerar de fundamental necessidade a garantia do rigor científico almejado, quanto à fidedignidade dos achados.

Nossa intervenção como pesquisadora, no contexto observado, foi mínima. Buscamos descrever, com riqueza de detalhes, as situações, e citar literalmente as falas, para com isto poder, inclusive, apreender a importância atribuída pelos participantes desta pesquisa ao fenômeno estudado.

Quanto às bases teóricas que orientaram a escolha metodológica que fizemos, entendemos que não deveriam ser as de enfoque estrutural- funcionalista, por não ser nossa intenção buscar, através da interpretação da questão central estudada, estabelecer normas gerais; também não se adequam às de enfoque fenomenológico, pois não pretendíamos privilegiar a discussão a respeito da formação da consciência do sujeito, nem a preocupação em particular com as características do fenômeno em questão. Isto posto, entendemos que o enfoque que melhor se adequava aos objetivos do estudo a que nos propusemos era o enfoque histórico-estrutural28, empregando o método dialético, pois assinalamos causas, conseqüências e contradições do problema estudado, avaliando o contexto educacional , a importância inegável da prática, bem como a possibilidade de intervenção na realidade estudada, e não só identificamos as características do fenômeno estudado.

Essa escolha embasa-se na concepção de que é a questão a ser estudada que define o método para efetivar tal estudo. Não se trata, portanto, de considerar os demais enfoques como equivocados, mas de considerar o enfoque histórico-estrutural como o mais adequado para a questão central.