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A Estrutura Formal da Investigação Criminal

No documento Direito Penal e Processual Penal (2012-2015) (páginas 144-146)

1. Razão de Ordem – A efectiva direcção da Investigação Criminal

Através da Lei 15/2001, de 5 de Junho, que entrou em vigor em 5 de Julho desse mesmo ano, foi aprovado o Regime Geral das Infracções Tributárias actualmente em vigor.

A entrada em vigor desse diploma teve como consequência a revogação do Regime Jurídico da Infracções Fiscais Não Aduaneiras, aprovado pelo DL 20-A/90, de 15 de Janeiro.

Para além de tudo o mais que é conhecido e que não será abordado, até pelo seu desinteresse actual, na presente exposição – a aprovação do novo Regime provocou uma alteração ao nível da estruturação da investigação criminal.

Nos termos das disposições combinadas dos artºs 42º a 45º e 47º a investigação criminal era realizada em Processo de Averiguações sendo a competência para a respectiva tramitação do Director Distrital de Finanças da área da consumação do crime.

Findo esse processo os autos eram remetidos ao Ministério Público que Acusava ou Arquivava o processo só podendo proceder a actos de Inquérito quando – “subsistiam razões para «dúvidas quanto à atitude a tomar»” e devendo tais actos cingir-se aos indispensáveis ao «esclarecimento da situação».

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Com a entrada em vigor do RGIT o denominado – “processo de averiguações”‖ foi extinto passando a reger nesta matéria o disposto no artº 40º deste diploma que dispõe taxativamente que: – “Adquirida a notícia de um crime tributário procede-se a Inquérito, sob direcção do Ministério Público, com as finalidades e nos termos do disposto no Código de Processo Penal.”‖

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Consequentemente, a direcção da investigação criminal em matéria de criminalidade tributária foi harmonizada com as regras do Código de Processo Penal, passando o Ministério Público a ter um maior e efectivo controlo – logo, responsabilidade – da Investigação.

Nestes termos no quadro legal vigente é o Ministério Público que tem a efectiva direcção da investigação criminal.

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL (2012-2015)

A Direcção da Investigação Criminal na Criminalidade Tributária

2. A Estrutura Formal da Investigação Criminal

Como é sabido, não obstante lhe estar cometida a direcção da investigação criminal, nesta, como noutras áreas, o Ministério Público delega a prática dos actos de Inquérito em Órgãos de Polícia Criminal.

A direcção material da investigação criminal implica, pois, a necessária compreensão da estrutura formal de execução das diligências de Inquérito e que é necessário descodificar.

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A matéria referente à Delegação de poderes para a investigação está contida, essencialmente, em 3 instrumentos jurídicos:

- Circular 6/2002, da PGR; - Lei 49/2008, de 27 de Agosto; - RGIT.

A Circular 6/2002 ocupa para o Ministério Público um lugar central nesta matéria.

Para o que interessa à presente exposição tem relevância o disposto no ponto IV. 2 al. a) que dispõe: – “Nos termos do nº 4 do artº 270º Código de Processo Penal Delego genericamente a competência para a investigação de: a) crimes de natureza fiscal: aduaneiros, não aduaneiros, e contra a segurança social, nos órgãos de polícia criminal específicos, previstos na legislação respectiva; (…).”

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Sendo uma circular interna do Ministério Público a mesma não vincula outras entidades, designadamente a Magistratura Judicial, razão pela qual se impõe analisar esta Circular à luz do tecido legal em vigor.

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A legislação a que se reporta, numa leitura actualizada, esta Circular, é, actualmente composta pela Lei 49/2008 e pelo RGIT.

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A Lei 49/2008, também conhecida como Lei da Organização da Investigação Criminal, veio estabelecer regras de especialização em matéria de investigação.

Por um lado, dividiu os OPC´s em órgãos de competência genérica e específica, cabendo na primeira categoria a Polícia Judiciária, a G.N.R. e a P.S.P. (artº 3º, nº 1, als. a) a c)) e na segunda todos os outros cfr. artº 3º, nº 2.

Por outro lado, estabeleceu regras de delegação de competência em razão do valor objecto do crime – artº 7º, nº 4.

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Da conjugação destas duas opções resultaram para a Investigação da Criminalidade Tributária as seguintes regras de delegação de competências.

1. A competência para investigação de Crime Tributários – os previstos nos artºs 87º a 107º do RGIT – de valor superior a €500.000,00 encontra-se cometida quer à Polícia Judiciária quer Unidade de Acção Fiscal da Guarda Nacional Republicana.

A competência será fixada em concreto pelo critério de aquisição da notícia do crime ou por determinação do Ministério Público.

É o que resulta do disposto no artº 7º, nº 4, al. a) e nº 5, desse diploma. *

2. A competência para a investigação dos restantes crimes Tributários é dos OPC´s de competência específica, que este diploma não menciona mas que constam, em concreto do RGIT, terceiro diploma fundamental nesta sede.

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Nos termos do disposto no artº 41 do RGIT a competência para a investigação está delegada: a) Relativamente aos crimes aduaneiros, a competência está delegada no director da direcção de serviços antifraude, nos processos por crimes que venham a ser iniciados no exercício das suas atribuições ou no exercício das atribuições das alfândegas e na Brigada Fiscal da Guarda Nacional Republicana, nos processos por crimes que venham a ser indiciados por estes no exercício das suas atribuições;

b) Relativamente aos crimes fiscais, a competência está delegada no diretor de finanças que exercer funções na área onde o crime tiver sido cometido ou no diretor da Unidade dos Grandes Contribuintes, ou no diretor da Direção de Serviços de Investigação da Fraude e de Ações Especiais nos processos por crimes que venham a ser indiciados por estas no exercício das suas atribuições;

c) Relativamente aos crimes contra a segurança social, a competência está delegada nos presidentes das pessoas colectivas de direito público a quem estejam cometidas as atribuições nas áreas dos contribuintes e dos beneficiários.

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É, pois, este o quadro legal de repartição/delegação de competências para a Investigação Criminal da Criminalidade Tributária.

No documento Direito Penal e Processual Penal (2012-2015) (páginas 144-146)

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